A Globonews tem em sua grade um programa interessante chamado Via Brasil.
Apesar do tom hipócrita homem-do-povo-desdentado-analfabeto-que-possui-grande-sabedoria que é presente em praticamente todos os programas da televisão brasileira, o programa tem uma enorme utilidade: mostrar que alguns lugares do Brasil são pobres - alguns paupérrimos, na verdade - somente por causa das pessoas que habitam este país.
Fico imaginando estados como Rio Grande do Norte e Ceará, para citar apenas dois, nas mãos dos americanos e sua espetacular capacidade de gerar riqueza. Para se ter uma idéia, estou falando de um povo que consegue construir uma atração turística em torno de uma marmota.
Isso não é pouca coisa! :-)
Exemplos mais relevantes do modo agressivo como os EUA trabalham o turismo são as praias do Hawaii e as da Flórida: um show de infraestrutura.
Freqüentemente neste programa são exibidas praias desertas belíssimas. Lugares que turistas do mundo inteiro buscam para passar suas férias.
Aqui um parênteses: por turista eu digo aquele que viaja com sua família, gasta, gasta, gasta, gasta muito e - principalmente - volta ou indica mais gente. Aquele tipo que viaja atrás de prostitutas deve ser enxotado. Aquele que viaja com dinheirinho contadinho não é para ser espantado mas não pode ser o foco. Em lugares como Aruba e Hawaii era comum conversar com pessoas que estavam na sua sexta, sétima ou até décima viagem.
Voltando ao assunto, é triste ver que temos em nossas mãos matéria-prima para fazer um produto que turistas do mundo inteiro estão ávidos por consumir. E dispostos a pagar muito para isso.
Temos que copiar o que os principais destinos turísticos do mundo implementaram: hotéis com ampla e sofisticada infraestrutura, capazes de oferecer conforto e segurança para seus hóspedes. Tudo isso, claro, a um preço razoável. Não faz sentido um turista despencar para uma pousada aqui no Brasil, pagar mais de US$150.00 por uma diária e ter que dormir num quarto sem ar-condicionado quando ele pode pagar US$70.00 por um apartamento totalmente mobiliado em Waikiki, o ponto mais badalado de Honolulu. Ou pagar US$100.00 por uma diária de hotel na praia mais badalada Aruba, com direito a café da manhã, academia, etc.
Outra coisa que precisa ser mudada por aqui é essa idéia de que o atraso é bom. Claro que a esmagadora maioria das pessoas que acham que seus balneários devem continuar imaculados não gostariam de viver lá. Afinal de contas, quem gosta de viver em lugares com energia elétrica precária, saneamento básico ruim ou inexistente, nada de TV a cabo, sem banda larga, sem cinemas, nada de teatros e, last but not least, sem comércio ambundante?
Eu não gosto. E certamente nem os advogados do atraso.
Mas muitos não se incomodam de achar que os moradores dos balneários devem viver nestas condições para que o paraíso bucólico e imaculado seja assim mantido.