15 janeiro 2007

Reinaldo Azevedo em três atos

Bravo!

Sexobras 1
Pedem-me que comente o projeto do governo federal de instalar máquinas com camisinhas nas escolas. Querem que eu diga o quê? Tenho 45 anos. Já (ou ainda) sou de um tempo em que se acreditava que a escola tivesse um valor, vá lá, iluminista. Supunha-se que havia algo a aprender e a ensinar lá. Hoje em dia? Basta o proselitismo. Se tudo der certo e se resolverem problemas técnicos, não tarda, e se botar um laptop na mão de cada analfabeto funcional do país. É o Brasil de Lula.

Sexobras 2
A camisinha nas escolas pode coibir a expansão da AIDS? Claro que não! Vai ampliar. É óbvio que se trata de um convite. Numa idade pautada pela emulação, pela competição, somada à cultura machista, o que se faz é incentivar o sexo precoce e irresponsável. Com ou sem camisinha. Será uma janela a mais para a síndrome, para outras doenças sexualmente transmissíveis e para a gravidez precoce. Há mais: o Estado passa a invadir, obviamente, o espaço da moralidade privada, assumindo a orientação que diz respeito à educação familiar.

Sexobras 3
Por falar no assunto, vem aí o Carnaval. Daqui a pouco, começam as propagandas na TV, se é que já não começaram, incentivando o “sexo responsável”. Entende-se por responsável manter relações sexuais com pessoas estranhas desde que haja a proteção da camisinha. Temos um governo que substituiu a escolha moral — porque sempre será isso — por um pedaço de látex. E ainda acham um absurdo a Igreja Católica não aplaudir a iniciativa... Estatizaram o baixo ventre do brasileiro. O país precisa de um Pai Patrão que decida até o que o cidadão faz com a sua genitália. Sempre achei que o povo não sabe direito onde tem o nariz. A coisa, vê-se, é mais séria.