29 março 2010

Muita estrada pela frente

O Brasil tem muita estrada pela frente antes de se tornar algo parecido com uma civilização onde impera o Estado de Direito. Enquanto a intervenção estatal na programação de um canal de TV privado for considerada uma medida positiva, não há esperança alguma. Enquanto o Estado puder determinar até onde vai a liberdade de expressão, podem tirar o cavalinho da chuva.

Não sabe de nada, mas isso não é problema

Hoje tropecei numa matéria no Globo sobre a falta de comprometimento dos profissionais com as empresas nas quais trabalham. Mas o post não é sobre isso. Nos comentários, como de hábito, vemos um show de ignorância:


A depressão caminha, em todo o mundo, para se tornar a doença prevalente nos trabalhadores. Na França os suicídios de empregados batem todos os recordes.Este é o glorioso neoliberalismo.

Escapa ao pobre infeliz que se há uma coisa que não existe na França é liberlismo, principalmente em relação ao mercado de trabalho. Por outro lado, nos EUA, país ainda mais liberal que os demais neste sentido, os empregados gozam de vários benefícios que em países de terceiro mundo só se obtém através de leis. Aliás, muitos dos benefícios existentes nas empresas onde eu trabalhei vieram da matriz americana.

Resumo: o cara não sabe como é o mercado de trabalho na França - do enorme desemprego existente na faixa abaixo de 26 anos, não sabe o que é liberalismo, enfim, não conhece nada de nada. É esse tipo de gente - e são muitos! - que vota no PT e depois, quando o angu encaroça, vem dizer que a culpa do PT estar no poder é do povão que não sabe votar e blá-blá-blá.

E assim vamos...

27 março 2010

Recadinho

Um recadinho de T.S. Eliot para comunistas, socialistas, liberais, libertários, anarquistas e congêneres:

It is impossible to design a system so perfect that no one needs to be good.

Circo macabro

Procurei manter o máximo de alienação em relação ao tal julgamento, mas, embora tenha conseguido escapar dos noticiários de TV, aos quais já não assisto mesmo, foi impossível não dar de cara, nos portais de internet por aí, com fotos de pessoas que pareciam estar torcendo numa partida de futebol ou na escolha de alguma miss. Este triste espetáculo armado em torno de tão lamentável tragédia dificulta argumentar contra as palavras de Neil Postman, no livro Amusing ourselves to death:

The problem is not that television presents us with entertaining subject matter but that all subject matter is presented as entertaining.

26 março 2010

Jornalismo engajado e seus eufemismos

Aqui na Fossa-chamada-Brasil, o governo não cria projetos de lei autoritários ou totalitários, mas apenas polêmicos (palavra cuidadosamente escolhida para dar a entender que o assunto é questão de opinião).

Para nossa engajada imprensa, lutar contra o Mal é fazer troça do Jorgibuxi.

Cu do mundo!

23 março 2010

Sejamos sinceros

Esse negócio de inauguração de obra render votos fala mais sobre o caráter e a capacidade cognitiva dos eleitores do que sobre os políticos que põem em prática tal estratégia.

22 março 2010

Politicamente incorreto?

Todo apreciador de filme tosco e/ou escatológico se acha a fina flor do politicamente incorreto. O filme pode não contrariar uma única linha da cartilha do moderninho, mas se ele mostra gente sendo estraçalhada com abundante uso de ketchup, Beavis e Butthead regozijam-se.

20 março 2010

Disse e repito

Disse mil vezes e repito mais mil vezes se necessário: Lula não é causa, é conseqüência.

O ex-tesoureiro petista foi homenageado pela turma de futuros administradores por seu principal talento - a capacidade de arrumar dinheiro. Conta o presidente da comissão de formatura: “A gente ficou sabendo que o Delúbio gostava de participar desse tipo de festa, inclusive ajudando financeiramente. Fomos até sua fazenda e fizemos o convite para ele ser o nosso padrinho. Ele topou na hora e, aí, a gente perguntou se ele poderia dar uma ajudazinha nas despesas. Ele perguntou de quanto. Deixamos por conta dele”. Dias depois do convite, em novembro, o ex-tesoureiro depositou 6 000 reais, o equivalente a 13% das despesas da festa, na conta da comissão. “A gente sabe que a fama dele é horrível, mas fazer o quê, se ele pode bancar a festa?”, justifica Cezar Barros.

14 março 2010

Algo no ar

De uma hora para outra o nome do Eike Batista começou a freqüentar "a mídia" de modo muito esquisito. Até fábulas sobre como ele começou do zero...

Pausa para gargalhar...

Voltando: até fábulas sobre como ele começou do zero podemos ler em portais "respeitáveis" como o G1:

Eike é filho de Eliezer Batista, um ex-ministro de Minas e Energia. Apesar dessa herança, ele diz que, em termos de dinheiro, começou do zero. Esse mineiro radicado no Rio já rodou o mundo, mas no começou no mato. Foi lá que ele descobriu o mapa da mina.

Ah, e também podemos ler como ele é um cara que está preocupado com todos ao seu redor:

Não adianta ele querer ficar bem e nossos filhos ficarem bem. Todo mundo tem que ficar bem. É isso que ele pensa.

Tem algo muito estranho no ar...

Nunca me enganou

Parece que o mundo agora "descobre" que Lula é mau-mau-mau. Não é bem assim. Ainda mais na política, as pessoas batem somente quando todos já estão batendo. E se limitam a aplaudir quando todos estão aplaudindo. No mundo de hoje ninguém quer ser o radical que vai contra a maré.

Acreditar que Lula é/era um "grande estadista" é de uma ingenuidade incompatível com os requisitos para ocupar um alto cargo no cenário político internacional. Na minha visão, Lula, inofensivo em termos internacionais, dada a insignificância do Brasil, foi adotado pelos grandes players mundiais como o mascote do grupo. Bastava que lhe dirigissem uma ou duas palavras elogiosas e o ex-sindicalista se arreganhava todo, como o meu cachorro atrás de um cafuné. E a reboque ia a imprensa local e muitos intelectuais, movidos pelo complexto de vira-lata, nossa marca registrada.

Mas talk is cheap, já diz o velho ditado. Na hora de decidir questões relevantes, o mascote era levado para o seu cercadinho.

Aconteceu que o mascote foi ficando abusado e passou a acreditar nos elogios fáceis que lhe chegavam aos ouvidos. Impulsionado pelos constantemente altos índices de aprovação no Brasil, passou a dizer o que lhe dava na telha, o que sabemos não ser nada bom. Assim como o mascote que encoxa as visitas ou ameaça morder a todos, Lula vai lentamente sendo colocado no seu devido lugar.

E como alguém já começou a bater, alguns, que certamente já tinham má idéia do presidente brasileiro, se sentem mais a vontade para dar seus socos e pontapés também, incluside lembrando-se quem foi o fundador do Foro de São Paulo, essa entidade, até então, secreta.

De onde vem essa militância radical? A hipótese de um presidente latino-americano que o conhece bem, também decepcionado, aponta para sua ignorância: "Esse homem é de uma penosa fragilidade intelectual. Continua sendo um sindicalista preso à superstição da luta de classes. Não entende nenhum assunto complexo, carece de capacidade de fixar a atenção, tem lacunas culturais terríveis e por isso aceita a análise dos marxistas radicais que lhe explicaram a realidade como um combate entre bons e maus." Sua frase final, dita com tristeza, foi lapidar: "Parecia que Lula, com sua simpatia e pelo bom momento que seu país atravessa, converteria o Brasil na grande potência latino-americana. Falso. Ele destruiu essa possibilidade ao se alinhar com os Castro, Chávez e Ahmadinejad. Nenhum país sério confia mais no Brasil". Muito lamentável.

Lamentável mesmo é imaginar que possa haver alguém no cenário político internacional tão idiota a ponto de ser enrolado por alguém como Lula. Ou que ninguém teve coragem bastante para confrontá-lo quando ele era o mascote queridinho do "primeiro mundo."

13 março 2010

Screwed by the "We do no evil" company

Parece que a Google "we do no evil" vai acabar com o suporte a FTP do Blogger para publicação de blogs. Aparentemente as opções são usar algo como xxx.blogger.com ou hospedar meu domínio na Google (não me diga!). Acho que isso vai acabar antecipando uma decisão que eu já venho matutanto há um certo tempo...

Canalhice se aprende cedo

Ou vem do berço, talvez.

Não invadimos, ocupamos a reitoria que é nossa. A universidade é dos estudantes, é para os estudantes. Se nós entramos na reitoria foi para sermos ouvidos.

Não nos enche de esperança ver universitários lutando por uma educação melhor?

03 março 2010

Curioso

Enquanto a esquerda, no mundo todo, entendeu o quão inexorável era o capitalismo os liberais ainda insistem no discurso que surgiu em mil novecentos e lá vai fusquinha. Não deixa de ser irônico ver que foram os esquerdistas que perceberam que todos agem de acordo com seus interesses e não estão dispostos a se privar de nada em nome de um hipotético futuro glorioso para a humanidade.

Há 57 anos...

Nascia meu vizinho.

02 março 2010

Fanáticos

Quando alguém se suicida porque algum pastor maluco disse que o mundo ia acabar, a religião é logo alçada ao patamar de maior flagelo do mundo.

Mas e quando o mensageiro do apocalipse é um cientista?

01 março 2010

Zidane

Nunca compartilhei da empolgação que parte da imprensa sentia pelo futebol do Zidane. Achava-o um bom jogador com alguns ótimos momentos - e isso temos aos montes todos os dias. Mas agora ele ganhou meu respeito.

Por outro lado, Tiger Woods e seu teatrinho... Sem comentários.

CNN

No meio de toda essa tragédia, foi curioso ver um certo desapontamento nos correspondentes e apresentadores da CNN quando a tsunami não chegou no Hawaii.

Discurso e prática

A justificativa - ou uma das - para a existência de bancos estatais sempre foi a de que estes levariam serviços bancários a regiões que não interessam aos bancos privados, como pequenas cidades do interior. Em outras palavras, usando o jargão populista, os bancos estatais democratizam o acesso aos serviços bancários. Ou deveriam::

BRASÍLIA - Apesar das flagrantes desigualdades entre as regiões brasileiras, é nas maiores praças bancárias do país que os cidadãos parecem sentir mais falta da presença dos bancos. No estado de São Paulo, por exemplo, há nove municípios sem bancos, apesar de concentrar 6.789 unidades, ou pouco mais de um terço de todos que existem no país, segundo dados do Banco Central (BC) até novembro de 2009. Por outro lado, o estado tem 2.464 postos de atendimento bancário (supermercados, padarias, bancas de jornal).É o que mostra reportagem de Vivian Oswald, publicada no GLOBO, na edição desta segunda-feira.