30 janeiro 2008

O "Pudê"

O Adolfo detalhou aqui, de forma infinitamente mais competente, uma observação que eu fiz aqui (ou no blog antigo): no Brasil, não se consideram a educação, o respeito pelos outros e pela lei coisas dignas da elite, de quem tem o "pudê". Aí o Uóxinton, quando quer aparentar ser uma pessoa bem-sucedida, avança sinal de trânsito, não diz obrigado nem bom dia pra ninguém. A Suelen, recém-formada e querendo tirar uma onda de gente grande, não diz obrigado para o ascensorista e muito menos bom dia. A completa falta de educação vai se propagando de forma absurda até gerar uma massa de mal-educados e grosseiros que fazem da Selva isso que ela é hoje.

27 janeiro 2008

Você já foi à Bahia?

Não? Ah, deixa para ir depois. Enquanto isso visite Paris.

Nada melhor que fatos para botar abaixo preconceitos e cismas.

Tirando um ou outro problema - mais relacionado com imigrantes que com franceses propriamente dito - foi uma gratíssima experiência.

Deixando de lado os monumentos, museus e construções fantásticos, vários pontos da cidade são aquilo que a Lapa no Rio de Janeiro (já falei que odeio a Lapa?) pensa ser e não chega nem perto: um lugar agradável para encontrar gente, conversar, tomar um vinho e comer uma besteira.

Os garçons.

Fui preparado para quebrar pau com eles. Fica pra próxima. Todos os garçons com os quais eu tive contato foram, no mínimo, atenciosos. Alguns foram mesmo muito simpáticos!

Uma pena o Euro estar tão alto em relação ao Real, pois Paris é como Nova Iorque: uma cidade para se visitar regularmente.

14 janeiro 2008

Como eu dizia...

Com os problemas internos praticamente resolvidos, nosso grande líder volta os olhos para os irmãos mais necessitados:

HAVANA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai oferecer a Cuba US$ 1 bilhão em crédito para financiar a alimentação, construir estradas, explorar o níquel e para outros projetos, durante a visita desta segunda-feira, afirmaram diplomatas brasileiros.

Curioso para mim (tenho dificuldade para entender as coisas) é como um presidente que vem reclamando ultimamente da perda da receita da CPMF, agora distribui dinheiro para seu coleguinha barbudo.

E os nossos "formadores de opinião"? Cadê eles?

E aquela patota que adora reclamar de entreguismo diante de qualquer privatização? Cadê ela?

São perguntas meramente retóricas, claro...

12 janeiro 2008

Outra parada técnica

Por motivos profissionais ausentar-me-ei (ugh!) por duas semanas. Talvez role alguma atualização mas não garanto nada. Durante o dia estarei em treinamento e no resto do tempo... Bem, o curso é em Paris. You can figure...

Fui!

Nunca antes nestepaiz

Confirmado em SP o segundo caso de febre amarela no país este ano

Apesar de ter sido lançado um alerta internacional, estou muito tranquilo por dois motivos:

1) Temporão garantiu que tudo está sob controle. Todos sabemos que este governo e credibilidade têm tudo a ver.

2) O motivo mais importante: por causa das minhas viagens à Venezuela, ano passado tomei minha vacina. Eh! Eh! Eh!

Preparando para o futuro

Nosso governo federal, depois de já ter resolvido tudo que o incomodava internamente, agora volta suas baterias para o mundo. Em breve todos neste planetinha poderão conhecer o novo-brasileiro, moldado para representar com extrema fidelidade aquele que nos lidera:

BRASÍLIA - Após a polêmica em torno da prova de inglês, que, isoladamente, deixou de ser eliminatória, o próximo concurso para diplomatas do Itamaraty vem com novas alterações que tentam amenizar o grau de dificuldade para ingresso na carreira. A principal delas é a redução da nota mínima de 60% para 50% de aproveitamento na terceira etapa do concurso. O teste de segunda língua estrangeira - espanhol, francês ou outros cinco idiomas que não o inglês - deixará de contar pontos na fase eliminatória, ganhando caráter meramente classificatório.

A prova de segunda língua estrangeira contém outra inovação. Além do espanhol e do francês, únicas opções até o ano passado, os candidatos agora poderão optar entre alemão, árabe, chinês (mandarim), japonês ou russo.

Um reacionário qualquer poderia achar que isso é um absurdo, que atividades que requerem relações com outros povos deveriam ter como pré-requisito o bom entendimento das línguas mais faladas por aí. Tal pensamento obtuso só mostra que os "pogreçistas" que nos gorvernam estão anos-luz à frente da direita conservadora excludente. Leiam e tentem aprender algo:

O diretor-geral do instituto, embaixador Fernando Reis, diz que as alterações não reduzirão o nível de excelência dos aprovados.

Viu? Endendeu a lógica impecável ou preciso pedir ao grande embaixador que faça diagramas?

06 janeiro 2008

Manchete

O Globo deveria ser mais enfático na sua militância!

A manchete desta notícia deveria ser: Marajá mata desempregado a tiros.

Só lamento que o direito ao porte de arma, concedido para promotores, não seja estendido ao resto da população.

Cultura nômade

E lá vão as pessoas aprendendo (será?) do pior jeito possível: sentindo na pele os efeitos de teorias esdrúxulas.

Não durou nem seis meses a alegria dos comerciantes que montaram bares e lanchonetes no entorno do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, no Engenho de Dentro. Com o término dos Jogos Pan-Americanos, em julho, todos esperavam lucrar com os jogos de clubes do Rio ou em eventos organizados no estádio. Mas, em vez disso, o Engenhão foi abandonado e os clientes antigos, moradores do bairro, voltaram a ser a única fonte de renda.

- O bairro não tem atrativo. Nossa esperança sempre foi um aumento das vendas com a construção do estádio. O Pan foi ótimo, mas o sonho acabou e tudo voltou a ser como antes. Fora do estádio não existe estrutura e, lá dentro, não acontece nada, os portões só ficam fechados - reclama o comerciante João Carlos Ramos, dono de um bar no bairro há mais de 16 anos.

No meu tempo de garoto - eu morava em um bairro próximo ao Engenhão - havia um razoável comércio local. Tínhamos um supermercado Guanabara, açougue, lanchonetes, papelaria!, etc. Não porque havia um estádio de futebol por perto ou qualquer outra atração, mas porque o bairro era decente o bastante para receber famílias de classes média e média baixa como a minha.

E até mesmo algumas famílias mais abastadas.

Todas essas famílias geravam um consumo que fazia o comércio local sobreviver mais que satisfatoriamente. O mesmo acontecia com outros bairros da redondeza.

Mas as coisas foram se deteriorando de tal forma que as famílias que tinham alguma condição fugiram desses bairros para outros com melhores condições. "Coincidentemente" essas eram as mesmas famílias que mantinham o comércio local aquecido. Sem consumo o comércio local não conseguiu se manter e o resultado é um só: fechamento de estabelecimentos.

Ubiratan esculachou

O Ubiratan Iorio não deixou nem caco do Pochmann para contar a história...

A aberração em pauta partiu de um campeão em cometê-las, o economista Márcio Pochmann, presidente do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -, que, depois de, em seu discurso de posse, ter declarado que o Estado brasileiro seria “raquítico” e de, uma vez no cargo, ter iniciado um expurgo a que podemos chamar de “petetização” do IPEA, saiu-se, na semana passada, com esta asneira, digna de figurar entre as maiores tolices já pronunciadas por uma figura pública: “Não há, do ponto de vista técnico, motivo para alguém trabalhar mais do que quatro horas por dia durante três dias por semana”...

Ponto de vista “técnico”? Tamanha jericada teria que suscitar, naturalmente, reações indignadas por parte de quem, por bons princípios e por experiência, sabe que o trabalho é essencial para o homem. Assim, por exemplo, reagiu o jornalista Reinaldo Azevedo à parvoíce do ex-secretário da ex-prefeita Marta Suplicy - colocado no IPEA, ao que tudo indica, para estragá-lo: “Pochmann é um daqueles casos em que o trabalho conta como massa negativa. Se ele trabalhar a metade, renderá sempre o dobro. O ideal, de fato, é que não faça nada para que atinja a produtividade 100”.

Azevedo, a meu ver, foi bondoso com o economista. Um sujeito que profere um absurdo desses não pode possuir princípios morais que o capacitem sequer a chupar um picolé, quanto mais a ocupar a presidência de uma instituição séria como sempre foi o IPEA! Compôs o petista, da maneira mais errada possível, um hino à vagabundagem, ao mesmo tempo em que demonstrou que entende tanto de economia quanto um asno sonolento de equações diferenciais, e que conhece tanto de história quanto uma pulga pululante de mecânica quântica...

Aprendendo a ler

Aprenda a ler textos mal-intencionados:

Da mesma forma, nossos militares de hoje não têm qualquer responsabilidade por crimes de 30, 40 anos atrás. Mas, se não aceitam a apuração e divulgação dos fatos históricos, as Forças Armadas continuam contaminadas com a culpa da geração anterior. A esquerda do século XXI também permanece contagiada por possíveis crimes cometidos, ainda não expostos à luz da verdade.

Nos trechos grifados reside o ponto principal da armadilha que está sendo preparada.

Fotografia

Eu curto fotografia. Detesto Sebastião Salgado.

Notei que o perfil mais comum do admirador dele e aquele culpado por usufruir de alguma riqueza enquanto tantos outros morrem de fome. Coisa de elite brasileira e gente do primeiro mundo que adora um "povo da floresta".

Se você sente alguma culpa pela pobreza de terceiros, sem ter sido o responsável por ela, você provavelmente tem problemas. Outra vez generalizando, pessoas que eu conheço com este perfil geralmente sofrem horrores com a fome na África e pouco ou nada fazem para que a vida de sua empregada, tão pertinho, seja um pouco menos sofrida.

As fotos de Sebastião Salgado representam para estas pobres almas o resgate de uma consciência perdida, sei lá. Como minha consciência anda funcionando muito bem, não consigo ver nada de interessante no jeito como ele retrata as pessoas.

Mas ei! Isso é minha opinião. Alguém, ao ler este texto, pode sentir uma compulsão de escrever para mim perguntando "Quem é você para criticar o renomado Sebastião Salgado?"

Poupe seu esforço.

Metamorfose ambulante

Seguindo o exemplo do nosso presidente, a metamorfose ambulante, André Petri manda:

O ministro da Justiça, Tarso Genro, já anunciou o seu. Até o fim do mês, vai lançar o remédio ao qual toda autoridade recorre na emergência: pacote. O tal pacote deve prever penas mais duras, talvez até com o polêmico confisco do carro do reincidente. Seria ótimo se funcionasse, mas o problema brasileiro no trânsito, como em tudo o que se refere ao crime, está onde sempre esteve: na impunidade. No país onde é preciso repetir o óbvio, é óbvio que pena mais dura nunca resolveu nada. Fosse assim, pena de morte seria barbárie, mas eficaz, e não é. O que combate a impunidade é uma coisa singela: punição. Pode até ser pequena, mas tem de existir.

Poucos parágrafos depois, após falar sobre um caso de atropelamento:


Num caso recente, alguém apostaria um vintém na prisão do promotor Wagner Juarez Grossi? Em outubro passado, o promotor atropelou e matou um casal e uma criança de 7 anos em Araçatuba, no interior paulista. Estava com "embriaguez moderada". Se pegar menos de quatro anos de prisão, Gross não irá para a cadeia. Será triplo homicídio punido com serviços à comunidade.

Ora, afinal de contas a punição deve ser dura ou "pode até ser pequena, mas tem que existir"?

Decida-se, por favor.

Se o promotor for condenado a trabalhos comunitários, aí estará a punição pequena que você disse funcionar perfeitamente no primeiro trecho. Não vejo motivo para tanta indignação.

Isso é o que acontece quando você realmente presta atenção no que esse pessoal fala... Pfui!

05 janeiro 2008

TV

São coisas como as insuportáveis chamadas nos intervalos comerciais do Canal de TV a Cabo Sony que despertam no ser humano o instinto assassino (aquela vontade de matar o locutor, dono de uma voz boçal, usando métodos dexterianos) e criam um nicho de mercado para aqueles dispositivos que permitem ao proprietário gravar programas de TV sem os intervalos comerciais.

04 janeiro 2008

É muito engraçado

Morro de rir ao ver os bárbaros bananenses querendo tirar uma onda de civilizados:

RIO - Uma rede Wi-Fi para garantir acesso sem fio à internet permitirá que moradores e turistas que circulam pela orla de Copacabana (e possuem computadores equipados com placas de comunicação wireless) naveguem de graça pelo mundo virtual, a partir de maio deste ano. O sinal da 'nuvem' Wi-Fi será inicialmente restrito à Avenida Atlântica, via da beira-mar, podendo chegar à Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

Batizado de "Orla Digital", o projeto foi anunciado oficialmente nesta quinta-feira pelo governador Sérgio Cabral, que explicou como vai usar a conectividade para incrementar o turismo na cidade do Rio, além de fortalecer as ações de segurança pública no bairro de Copacabana.

(...)

- A Atlântica é a grande vitrine do Brasil para o mundo. Na Europa, não se anda em cidades que não sejam dotadas de uma nuvem wireless para conexão à internet. E não se trata apenas de receber os turistas com maior conforto. Há pesquisas internacionais mostrando que este tipo de iniciativa reduz a violência em 30% e esperamos fazer o mesmo aqui, colocando câmeras de videomonitoramento para operar através desta rede e rastrear as ações criminosas. Vamos organizar um seminário durante a fase de implantação da rede, para integrar a secretaria de segurança pública no projeto - explicou Cardoso.

Isso tudo é muito engraçado!

Será que na "Europa" (não acham engraçado o modo como as pessoas falam "a Europa" como se fosse um único país e não aquele bando de nações?) há pessoas morrendo nas filas dos hospitais? Será que há pessoas sendo assassinadas às pencas?

Imagino o gringo Stanley sentando num banquinho de Copacabana, abrindo seu notebook, conectando a ele sua máquina fotográfica digital e enviando as fotos maravilhosas que ele acaba de tirar para seus familiares.

Stanley não terá nem tempo de esperar o boot do Windows terminar.

Supondo que ele consiga (por sorte ele sentou perto de uma cabine da PM que estava com policiais dentro!), que fotos lindas ele poderá mandar para seus amigos e familiares:

Eis a grande vitrine do Brasil...

02 janeiro 2008

Velhos ditados

Não sei quem inventou o ditado "pimenta nos olhos dos outros é refresco" mas poderia ter sido um brasileiro, ou melhor, um carioca.

A situação na Cidade Asquerosa, digo Maravilhosa, está ruim há muito tempo. Isso, claro!, se você não considerar que a cidade engloba apenas os bairros do Leblon, Ipanema e Copacabana.

Para quem mora na Zona Norte como eu, sair de casa à noite há muito é uma atividade que requer planejamento de rotas, horários, etc. Não que isso vá impedir algo, mas o intuito é tentar reduzir as probabilidades.

Sempre que celebridades ou seus parentes sofrem algo que é comum para o resto dos mortais (os jornais, principalmente O Globo, não noticiam nada que possa abalar a imagem cor de rosa desta pocilga) a gente tem que ouvir aquele lenga lenga de deixar a cidade, endurecer as penas, mudar as leis, bla bla bla bla.

Vai todo mundo pro @#%^&^%$#!

O Toledo disse que "estão acabando com o Rio de Janeiro".

O Rio já acabou faz tempo, Lídio... É que o cheiro só chegou ao "oitavo andar da Avenida Atlântica" agora.

Recomendo fazer como o resto dos cariocas: relaxa e goza!

01 janeiro 2008

Lendas urbanas

Circulou na Internet durante um tempo um e-mail com uma estorinha sobre uma caneta especial desenvolvida a pedido da NASA. A caneta, com propriedades que atendiam a uma necessidade específica, teria custado uma fortuna. Os russos, por sua vez, teriam resovido o mesmo problema usando o lápis.

Ao ler o e-mail, existem duas reações possíveis:

1) Dar aquela risadinha típica de quando vemos algo engraçadinho e deletar ou repassar a piadinha.

2) Reforçar a certeza de que o mundo hoje está nas mãos de completos imbecis (yankees) e que seria muito melhor para todos se a União Soviética ainda estivesse por aí, firme e forte.

Se você está no time da segunda reação, lamento. Além de ter tendências totalitárias ou vocação para idiota útil, você acreditou numa das muitas cascatas que inundam a internet.

Melhor sorte na próxima!