31 janeiro 2007

O Indivíduo

Faz tempo que não ponho nada aqui d'O Indivíduo, site que leio diariamente, assim como o do meu xará do De Gustibus...

Achei interessante a abordagem que o Pedro fez de uma das facetas do antiamericanismo europeu.

Certos comentários que a gente costuma ver por aí de pessoas querendo fingir uma superioridade cultural são muito divertidos e falam muito mais sobra a verdadeira bagagem cultural da pessoa do que qualquer coisa. Outro dia li no blog de uma colunista de um grande jornal brasileiro algo tipo "odeio Miami, cidade que não tem um museu".

Miami é uma cidade mais injustiçadas do mundo. Paraíso de corruptos e da classe média do terceiro mundo, a cidade pegou a fama de brega com uma certa razão. Mas daí a tomar a parte pelo todo vai uma distância cósmica. Uma simples googleada revelaria à pessoa que Miami tem sim seus museus e suas galerias de arte e tudo mais. Não é culpa de Miami que as pessoas do terceiro mundo que a visitam somente estão interessadas em iPod e Nike Shox.

Outro fato engraçado foi quando voltei de St. Petersburg, FL e comentei quão interessante fora minha visita ao museu de Salvador Dali que fica naquela cidade. Um conhecido, daqueles que acham que cultura só pode vir da Europa, comentou com aquele ar de empáfia:

- Nunca iria imaginar que pudesse haver um museu de Salvador Dali na Flórida.

Pois é, e de quem é a ignorância neste caso?

30 janeiro 2007

Fascismo tupiniquim

Acostumados a desprezar tudo de relevante neste mundo, vamos deixando as pequenas coisas passarem até que a situação chega num ponto onde não é mais possível perceber qualquer vestígio de liberdade no mundo que nos rodeia.


Acostumada a representar a raça negra, a cantora Margareth Menezes encara uma polêmica envolvendo a música Rasta Man. Duas entidades rastafaris da Bahia, Nova Flor e Aspiral do Reggae, protocolaram uma ação no Ministério Público pedindo para que a canção seja proibida de tocar nas rádios. Segundo o documento, que está na 2ª Promotoria de Justiça da Cidadania e Combate ao Racismo, a obra é "racista, discriminatória e incentivadora do preconceito".

O centro da polêmica seria o refrão, com versos como "esse cara dança reggae / reggae / meio maluco, mas um homem bom". A faixa foi composta por Augusto Conceição e Fábio Alcântara. A ação pede ainda que Margareth Menezes se retrate.

Reparem como o tal "centro da polêmica" não tem nenhuma menção à raça do tal sujeito que dança reggae. Mas nada disso interessa: se algo desagrada a um grupo qualquer, é logo tachado de racismo, como se apreciadores e dançarinos de reggae constituíssem uma etnia.

Pensando bem, por que meu espanto se até membros de patidos políticos já se consideram membros de uma raça?

Uma palhaçada.

Al Gore fugiu da raia

Na hora de defender suas teses tão solidamente fundamentadas, Al Gore pediu licença, fingiu que ia cagar e saiu de fininho.


Al Gore is traveling around the world telling us how we must fundamentally change our civilization due to the threat of global warming. Last week he was in Denmark to disseminate this message. But if we are to embark on the costliest political project ever, maybe we should make sure it rests on solid ground. It should be based on the best facts, not just the convenient ones. This was the background for the biggest Danish newspaper, Jyllands-Posten, to set up an investigative interview with Mr. Gore. And for this, the paper thought it would be obvious to team up with Bjorn Lomborg, author of "The Skeptical Environmentalist," who has provided one of the clearest counterpoints to Mr. Gore's tune.

The interview had been scheduled for months. The day before the interview Mr. Gore's agent thought Gore-meets-Lomborg would be great. Yet an hour later, he came back to tell us that Bjorn Lomborg should be excluded from the interview because he's been very critical of Mr. Gore's message about global warming and has questioned Mr. Gore's evenhandedness. According to the agent, Mr. Gore only wanted to have questions about his book and documentary, and only asked by a reporter. These conditions were immediately accepted by Jyllands-Posten. Yet an hour later we received an email from the agent saying that the interview was now cancelled. What happened?

Claro que a pergunta "What happened?" é meramente retórica.

É impressionante como certos conceitos são imutáveis. O livrinho que eu li do Eric Hoffer, "The True Believer: Thoughts on the Nature of Mass Movements" descreve com perfeição o comportamento do Sr. Gore: aqueles que pretendem liderar movimentos revolucionários devem fugir a todo custo do confronto racional. Movimentos revolucionários somente se criam na crença das pessoas de que a situação atual é insuportável e de que o cenário prometido pelo pretenso líder é o nirvana.

29 janeiro 2007

Como se curar da bananice

Deixo apenas as imagens da bela Suíça...


GENEBRA









GRUYERES







LAUSANNE









LUCERNE









MONTREUX











ST. MORITZ









VEVEY







ZURICH



















Não tem apedeuta que estrague isso!

28 janeiro 2007

Você sabe que vive numa republiqueta quando...

... a imprensa procura o Ministério das Relações Exteriores para se pronunciar sobre ataques à bandeira brasileira, feitos por um ilustre desconhecido apresentador de uma rede local de TV a cabo de uma cidadezinha americana.

O apresentador do programa, Cristopher Antal, conhecido como “O Gambá”, arranca uma bandeira do Brasil de uma árvore, ofende os brasileiros, joga a bandeira no chão e, aparentemente, urina sobre ela.

(...)

Em Brasília, o Ministério de Relações Exteriores informou que já teve conhecimento do incidente, mas não vai se manifestar sobre o assunto.

Só faltava agora o Lula pedir explicações ao Bush.

PS.: É realmente uma maldade do tal Antal fazer isso com a bandeira de um país cujo povo respeita tanto a bandeira americana.

Tem gente que gosta

Do Paul Krugman.

Eu, na posição de não-acadêmico, só o conheço por artigos de jornais e revistas que sinceramente eram puro lixo ideológico.

No Selva Brasilis encontrei mais esta pérola do Krugman mandando ver no falecido Friedman.

Reparem na desonestidade deste trecho:


Similar questions about the lack of clear evidence that Friedman's ideas actually work in practice can be raised, with even more force, for Latin America. A decade ago it was common to cite the success of the Chilean economy, where Augusto Pinochet's Chicago-educated advisers turned to free-market policies after Pinochet seized power in 1973, as proof that Friedman-inspired policies showed the path to successful economic development. But although other Latin nations, from Mexico to Argentina, have followed Chile's lead in freeing up trade, privatizing industries, and deregulating, Chile's success story has not been replicated.

On the contrary, the perception of most Latin Americans is that "neoliberal" policies have been a failure: the promised takeoff in economic growth never arrived, while income inequality has worsened. I don't mean to blame everything that has gone wrong in Latin America on the Chicago School, or to idealize what went before; but there is a striking contrast between the perception that Friedman was vindicated and the actual results in economies that turned from the interventionist policies of the early postwar decades to laissez-faire.

Como um economista do gabarito de Krugman afirma que algum país latinoamericano possa ter sequer chegado perto do liberalismo? Ele não pode não saber disso. Ele sabe que isso é mentira mas sua ideologia é mais forte do que qualquer coisa, provando que, como ele mesmo afirmou neste próprio artigo, "there's an important difference between the rigor of his work as a professional economist and the looser, sometimes questionable logic of his pronouncements as a public intellectual."

Como diz a célebre frase, "a ideologia é a prostituição da inteligência". E essa puta além de tudo é mau caráter, fazendo vários ataques pessoais a quem não está mais aqui para se defender.

Krugman mostrou sua verdadeira natureza. É um merda!

26 janeiro 2007

Virou bagunça

Parece que agora qualquer um escreve pro Instituto Milenium. Daqui a pouco teremos artigos até do Zé Dirceu...

Banco Central e os juros

Concordo - quem sou eu? - com tudo que Gustavo Franco escreveu aqui.

Somos os campeões mundiais de juros, como fomos de inflação, e da mesma forma como ocorria antes do Plano Real prevalece certa tendência de se culpar o médico pela doença, como se a culpa fosse do Banco Central e se a caneta de seu presidente tivesse o poder nos trazer juros de primeiro mundo. Muita gente acha que é crueldade, ou deficiência de vontade política. E muitos acham também que o salário mínimo podia ser de mil dólares, ou dois mil, por que não? E que o câmbio também deveria ser colocado no nível que os exportadores querem, por que eles merecem e empregos estão sendo destruídos. Não há limite para a vontade de fazer o Bem.

Mas fato é que existem fatores objetivos que dão limites muito claros ao que o BC pode fazer com juros e câmbio. Os economistas designam simplificadamente esse conjunto de fatores, o estado geral de saúde do organismo econômico, em particular do setor público, por “fundamentos”.

Os “fundamentos” eram péssimos no tempo da inflação, e muita gente se enganava com a ilusão de que a inflação era “inercial” e que não tínhamos uma infecção a combater. Quando abandonamos essa cantilinária e atacamos o problema em seus “fundamentos”, tivemos sucesso em deixar para trás a hiperinflação. Mas a doença não desapareceu por inteiro, e que o que dela restou, uma versão menor, porém mais resistente da mesma bactéria, é exatamente o que provoca a patologia dos juros altos. E, novamente, tem gente querendo negar a existência da bactéria, e achando que o doente está pronto para correr os 100 metros, e crescer 5%, ou 6%, quem sabe mais.

O Brasil não tem juros altos por que o BC é monetarista ou neoliberal, mas por que o crédito público no Brasil é muito ruim. Nossas contas públicas estão muito desarrumadas para qualquer padrão internacional, à direita ou à esquerda, não obstante o progresso que fizemos. Muita gente se esforça em dizer o contrário, que está tudo bem, que não há problema, da mesma forma como se dizia antigamente que déficits e impressão de papel pintado não provocavam inflação. A capacidade de enganar é crucial para a manutenção de uma doença sem tratamento.

O link para a página do Gustavo Franco peguei no De Gustibus...

A massa

Ando completamente sem saco. Deixo vocês com um texto do Rodrigo Constantino.

Como já vimos acima, essa massa não pensa, mas age por instinto. Não existe pensamento coletivo, apenas individual. Essas pessoas se tornam massa de manobra para grupos oportunistas, e acabam defendendo como solução para os problemas do mundo uma receita que justamente agrava tais problemas, como o maior controle governamental. São tão dominados por desejos cegos e irracionais que nem sequer percebem as contradições intrínsecas às suas ideologias dogmáticas. Acusam os Estados Unidos de explorador comercial ao mesmo tempo que tal país tem déficit com quase todos os demais países, importando mais bens que exportando. Acusam a globalização mas esquecem que o socialismo sempre foi globalizante, através do Comintern, só que não era uma globalização via livre mercado, e sim imposta a base de violência e terror. Acusam o comércio internacional ao mesmo tempo que culpam o embargo a Cuba como causa da miséria da ilha presídio. Defendem a democracia ao lado de ditadores socialistas. Condendam os ricos durante uma manifestação com orçamento milionário. Criticam os subsídios agrícolas enquanto estendem tapete vermelho a Bovè, maior símbolo desses subsídios. Clamam por liberdade de expressão ao lado de tiranos que suprimem tal liberdade em seus quintais. Se intitulam pacifistas enquanto jogam coquetéis Molotov em policiais. Chamam Bush de terrorista enquanto apóiam o ex-ditador genocida do Iraque.

Não há bom senso, não há lógica. Apenas um bando de marionetes sendo usado para propósitos obscuros de poucos e poderosos grupos. A ignorância é um excelente ingrediente para o populismo demagógico, e criando-se poucos e bem definidos bodes expiatórios, assim como depositando fé messiânica nos chavões nobres do altruísmo estatal e na retórica, governos de esquerda vão vencendo eleições mundo afora, e tomando o poder. Não precisam convencer ninguém através da capacidade administrativa, do currículo, histórico ou programas concretos e lógicos. Basta inflar o discurso com as expressões decoradas através de um processo pavloviano, encher de emoção as falas e cuspir mensagens supostamente nobres, bem intencionadas. O resto, a psicologia de massas se incumbe, num mundo onde a estupidez é infinita e o raciocínio independente é mais raro que diamante.

21 janeiro 2007

O mestre da retórica

A moda agora parece ser dizer que Lula é bom de retórica.

Alto lá!

Desde quando bravata e conversa fiada podem ser consideradas retórica?

Retórica é uma técnica válida sim para o debate, mas deve se manter dentro dos limites da lógica e da verdade.

Quando alguém mente descaradamente ao público, ele não está exercitando retórica porcaria nenhuma! Está é exercendo a boa e velha pilantragem.

Esse novo atributo do presidente parece mais é desculpa esfarrapada de quem se viu enrolado pelo ex-torneiro mecânico.

Run Forrest, run!

Reparem neste post do Paulo como estamos indo bem na corrida mundial.

***

Muitas pessoas ficam impressionadas com preço do iPod no Brasil. Muitas culpam o governo por isso mas, na minha modesta opinião, o governo colabora apenas no aumento do custo do produto. Quem define o preço final que um produto terá no mercado é o consumidor.

É muito importante diferenciar custo de preço nessas horas. O preço pelo qual um produto pode ser vendido, após calculados os custos envolvidos, depende do consumidor.

Se o comerciante chegasse à conclusão de que nenhum brasileiro pagaria 330 dólares para ter um iPod, ou ele não importaria o produto pois a margem de lucro não seria interessante, ou ele tentaria de alguma forma reduzir os custos.

Acontece que os comerciantes sabem que o consumidor brasileiro está disposto a pagar o suficiente para cobrir os custos e ainda garantir uma boa margem de lucro. É por isso que o iPod chega aqui por 330 dólares.

Claro que se os custos fossem menores, a concorrência poderia fazer com que o preço final do produto também caísse. Mas esta não é uma relação automática. Se o comerciante, por alguma razão qualquer, obtivesse uma isenção de impostos para iPod, ele poderia muito bem embolsar a diferença já que ele sabe que o consumidor está disposto a pagar os 330 dólares.

Alguns fatores, porém, poderiam baixar o preço do produto:

1) Concorrência.

Se todas as lojas obtiverem isenção de impostos para iPod e a loja do lado reduzir seu preço de venda para 300 dólares, o comerciante terá que baixar o seu também e abrir mão do excedente que iria embolsar, sob pena de não vender mais nenhuma unidade.

2) Promoções para atrair os mais comedidos.

Acredite, muitas pessoas acham 330 dólares muito dinheiro e não pagariam isso por algo tão supérfluo. Estas pessoas precisam ser incentivadas a comprar o produto mediante promoções que tornem o preço do produto mais compatível com seus valores.

3) Promoções para diminuir o custo de oportunidade de adquirir um segundo iPod.

Esta é para quem acha que um iPod vale 330 dólares mas não pagaria os mesmos 330 dólares pelo segundo. Imagine uma família com dois filhos jovens que compra um iPod para o primogênito mas dá uma outra coisa mais barata para o filho mais novo. Uma promoção que baixe consideravelmente o preço do iPod fará com que a família decida comprar um também para o filho mais novo a fim de acabar com as brigas e com a ciumeira.

Engraçado

Se você é um católico e diz que é contra o aborto, você é um tapado religioso, obscurantista e privado de qualquer racionalidade.

Se você é um ex-político que diz que mundo vai acabar em poucos anos se humanidade não se arrepender dos seus pecados e voltar a viver como na idade da pedra, você é uma pessoa sensata e esclarecida.

The sky is falling!

O que realmente me deixa perplexo na turma que vive a gritar "O petróleo vai acabar! A humanidade vai entrar em colapso!" é a visão que eles têm da humanidade como algo passivo diante da natureza, coisa que nunca fomos e nunca seremos (desde que os ambientalistas não dominem o mundo, claro!).

Imagino que um grupo similar de histéricos devia gritar "O carvão vai acabar! A humanidade vai entrar em colapso!"

E aí veio a energia elétrica; e o petróleo; e a energia atômica; e a eólica.

A história da humanidade está repleta de exemplos de como ela doma ou, na por das hipóteses, se adapta à natureza. Até mesmo animais se adaptam e fazem o necessário para sobreviver.

Somente estes ambientalistas histéricos parecem dispostos a morrerem de fome no acampamento porque esqueceram o abridor de latas em casa:

- E agora, Munford? O que faremos?
- Não sei, Dwayne! É o fim da humanidade como a conhecemos! Aaaaaaaargh!

20 janeiro 2007

Ubiratan Iorio na Globonews

É apenas no finalzinho do vídeo, mas a entrevista do professor Ubiratan Iorio vale cada segundo da espera.

(Via De Gustibus...)

Fred e as artes

Fred Reed fala algo que eu sempre quis dizer sobre alguns artistas e críticos profissionais ou amadores.

I ask you this: Suppose I went pub-crawling in London and stumbled on an unknown play by Shakespeare, the equal of Lear and unquestionably genuine. Maybe Shakespeare had left his driver’s license with it. Suppose further that I sent it to New York, and to the English department at Harvard (which these days might or might not have heard of Shakespeare) and told them that it was my senior essay in creative writing at Texas A&M.

Are you sufficiently hallucinatory to expect an explosion of appreciation? “My god, we’ve found genius in the outback!” or maybe, “Geez, this kid writes like he’d actually been there!”

No. There would be condescension and polite silence. The perfessors don’t think old Bill is good because he is good, which they are not capable of ascertaining, but because he is Bill. You could show them a pizza order signed “Willybill S.,”on decayed parchment, tell them that it was found at Stratford, and they would wet themselves with emotion. Double cheese, anchovies.

Fact is, most art isn’t. Let some cultural executioner hang anybody in a museum, and he becomes Art, sort of by appointment. The critics will then make a career of sitting around appreciating themselves for appreciating him. Criticism is about critics; the art is barely necessary.

19 janeiro 2007

Dá para escrever um tratado sobre isso!

Brasil vende o iPod Nano mais caro do mundo

Um levantamento realizado pelo banco australiano Commonwealth Bank, um dos maiores bancos da Austrália, usou a última versão do player de música da Apple - o fino modelo iPod Nano - para comparar moedas mundiais e o poder de compra em 26 países.

A conclusão: o Brasil é o lugar mais caro do mundo para se comprar o aparelho, segundo a pesquisa.

Coisa de país rico!

Olha que interessante

Se a medida proposta pelo ilustríssimo parlamentar de Belo Horizonte for aprovada, teremos uma bizarra situação: será mais fácil entrar com um celular num presídio do que num cinema.

Coisas da selva...

18 janeiro 2007

Banner

Acabo de ser presenteado pelo Flamarion com um banner maneiríssimo:


Reality is out there


Caso queira adicioná-lo à sua página, copie o trecho html da caixa de texo ao lado (abaixo do e-mail).

Saco cheio

Não tenho mais saco para essas palhaçadas típicas de Odorico Paraguaçu:

Vem de Belo Horizonte a primeira tentativa concreta no país de acabar com uma das grandes pragas da vida moderna: os celulares no cinema. A Câmara Municipal da capital mineira aprovou em primeira instância, por unanimidade, um projeto de lei do vereador Délio Malheiros (PV) que cria o Estatuto do Cinéfilo - que prevê, entre outras medidas, o confisco dos aparelhos na entrada das salas, com devolução ao final das sessões.

(...)

Se o projeto for aprovado definitivamente, os cinemas de Belo Horizonte terão um prazo de 90 dias para se adaptar às novidades. Segundo notícia do portal mineiro Uai, o estatuto foi recebido de forma negativa pelos donos de cinema. O presidente do Sindicato das Empresas Cinematográficas Exibidoras de Belo Horizonte, Contagem e Betim, Pedro Olivotto, reclamou que faltou discussão sobre o projeto e que seu teor é punitivo. Ele diz também não ser viável banir os celulares das salas, por causa do constrangimento que seria revistar os espectadores.

Malheiros rebate afirmando que a revista não seria necessária, se forem instalados equipamentos como detectores de metais ou bloqueadores de sinais. E diz também que a idéia do Estatuto não é punir os exibidores, mas disciplinar a relação dos espectadores com os prestadores de serviços, torná-la mais transparente, adaptá-la aos princípios do Código de Defesa do Consumidor.

E o brasileiro, como todo bom amante do Estado:

Na opinião deste blogueiro, que sempre fez campanha contra celulares e a favor dos bons modos no cinema, a idéia do estatuto é muito bem-vinda e poderia muito bem ser estendida a todo Brasil a partir de um projeto de lei federal.

16 janeiro 2007

Vamos apagar o Sol!!!

Se esta não for mais uma declaração desses cientistas em busca de notoriedade que existem por aí, teremos que tomar alguma atitude... Contra o Sol!

"O aquecimento global é resultado da elevada e prolongada atividade solar que aconteceu na maior parte do século passado, e não se deve ao efeito estufa", disse o cientista à agência russa Novosti. Contrariando a opinião da maioria das organizações de defesa do meio-ambiente, o cientista russo afirmou que a atividade industrial não influencia de forma determinante no clima do planeta, que ao longo dos séculos passou por períodos de aquecimento e esfriamento.

15 janeiro 2007

Mine your own business

Dizer o quê?

Reinaldo Azevedo em três atos

Bravo!

Sexobras 1
Pedem-me que comente o projeto do governo federal de instalar máquinas com camisinhas nas escolas. Querem que eu diga o quê? Tenho 45 anos. Já (ou ainda) sou de um tempo em que se acreditava que a escola tivesse um valor, vá lá, iluminista. Supunha-se que havia algo a aprender e a ensinar lá. Hoje em dia? Basta o proselitismo. Se tudo der certo e se resolverem problemas técnicos, não tarda, e se botar um laptop na mão de cada analfabeto funcional do país. É o Brasil de Lula.

Sexobras 2
A camisinha nas escolas pode coibir a expansão da AIDS? Claro que não! Vai ampliar. É óbvio que se trata de um convite. Numa idade pautada pela emulação, pela competição, somada à cultura machista, o que se faz é incentivar o sexo precoce e irresponsável. Com ou sem camisinha. Será uma janela a mais para a síndrome, para outras doenças sexualmente transmissíveis e para a gravidez precoce. Há mais: o Estado passa a invadir, obviamente, o espaço da moralidade privada, assumindo a orientação que diz respeito à educação familiar.

Sexobras 3
Por falar no assunto, vem aí o Carnaval. Daqui a pouco, começam as propagandas na TV, se é que já não começaram, incentivando o “sexo responsável”. Entende-se por responsável manter relações sexuais com pessoas estranhas desde que haja a proteção da camisinha. Temos um governo que substituiu a escolha moral — porque sempre será isso — por um pedaço de látex. E ainda acham um absurdo a Igreja Católica não aplaudir a iniciativa... Estatizaram o baixo ventre do brasileiro. O país precisa de um Pai Patrão que decida até o que o cidadão faz com a sua genitália. Sempre achei que o povo não sabe direito onde tem o nariz. A coisa, vê-se, é mais séria.

Não é pro teu bico, selvagem!

Sensacional este texto do Janer Cristaldo! (Via De Gustibus...)


A reportagem entrevistava em Nova York, em um elegante apartamento, a porta-voz da ONG que conseguiu sepultar a represa. Não sei se a moça percebeu a ironia, mas o repórter a filma enchendo um copo de límpida água de torneira. O repórter quer saber porque privar milhões de pessoas de água limpa. A moça dizia mais ou menos o seguinte (cito de memória): não queremos que aquelas populações adquiram os hábitos de consumo do Ocidente. É como se dissesse: esses hábitos do Ocidente são privilégios de ocidentais. Vocês aí, continuem catando esterco de vaca.

Isto já foi motivo de discussões com amigos e assunto para posts aqui: o modo como pessoas que vivem em grandes centros veneram - e até incentivam - o atraso de comunidades paupérrimas que vivem em condições inadmissíveis para o século em que vivemos. Muitos por exemplo, acham maravilhoso passar as férias em cidades onde as pessoas subsistem basicamente da pesca, um trabalho certamente desgastante e mal remunerado.

Qualquer tentativa de modernizar o lugar e dar uma condição de vida mais digna à população local é motivo de indignação e, em casos extremos, até mesmo veto.

E o pior de tudo é o argumento mais comum daqueles que idolatram o atraso (dos outros):

Ah, mas eles são felizes assim!

14 janeiro 2007

Posições e suas conseqüências

Aproveitando o gancho deste ótimo texto do Paulo, quero também falar sobre assumir a responsabilidade das posições que são tomadas. Mas não falo de guerra e sim do liberalismo, ou melhor, sua forma mais radical, o libertarianismo.

Assim como é muito cômodo para o pacifista adotar posições cujas conseqüências ele nunca vai sofrer, é muito cômodo para um libertário bem nascido, bem educado e preparado para encarar o mercado de trabalho pregar que o Estado não tem que prover nada e tudo deve ser fornecido pela iniciativa privada. Num mundo ideal eu tendo a concordar com esta posição, mas qual seria a conseqüência de algo assim para os muitos milhões de brasileiros que HOJE não tem a mais mínima condição de brigar por um emprego decente?

É aí, como já disse anteriormente, que reside minha desesperança: o estado seria capaz de prover educação e saúde minimamente decentes que possibilitem o crescimento dos indivíduos que assim desejem. Temos exemplos disso em outros países, embora possamos alegar que sejam menos eficientes que a iniciativa privada.

Uma vez formados, não haveria razão para que os indivíduos continuassem a depender do estado para qualquer coisa que seja.

No longo prazo, até mesmo de serviços básicos como educação e saúde, o Estado poderia se retirar pois, em tese, teríamos uma população plenamente capaz de adquirir esses serviços. As raras exceções poderiam ser tratadas caso a caso.

Os vagabundos que se danem.

A grande sinuca é que na prática o Estado só faz crescer. Políticos tendem a ampliar seus poderes e não diminuí-los (em países onde a população é educada, essa é uma tarefa mais difícil) . Para nós brasileiros a coisa é ainda pior: além do estado só crescer, ele desempenha TODAS as atividades na qual se mete de forma corrupta e/ou extremamente ineficiente, o que tende a gerar uma radicalização do discurso dos liberais. Para piorar, nossa classe intelectual, que poderia fazer alguma pressão, ou está atrás de mamatas governamentais ou é idiota demais para entender qualquer coisa mais complexa que a tabuada de dois. Ou ambos.

Assim, terminamos custeando um Estado caro que mantém enorme parcela da população em algo próximo ao analfabetismo e em condições precárias de saúde.

Resumindo: temos o pior dos dois mundos.

Junto com alguns vizinhos na América do Sul, o Brasil se tornou o sonho de todo político populista e totalitário: uma massa de votantes comprável a preço baixíssimo capaz de garantir maioria nas eleições. O termo que eu uso para designar isso é plantação de pobre. Assim como a soja, semeia-se, cultiva-se e, como agora mostrou Lula, colhe-se de quatro em quatro anos.

12 janeiro 2007

O tédio de quem está topo - II

Viver num país onde tudo funciona sem problemas faz com que algumas instituições procurem expandir os direitos dos cidadãos. Uma vez que estes já contam com saúde, educação, segurança, emprego, etc., a idéia é ampliar esse conjunto de direitos o máximo possível. Para isso, temos um Ministério Público vigilante e um judiciário rápido e preparado para lidar com as questões relevantes que atormentam a sociedade.

Pode babar de inveja, Suíça!

SÃO PAULO - O juiz substituto da 1ª Vara Federal de Guarulhos, Antônio André Muniz Mascarenhas de Souza, acatou um pedido do Ministério Público Federal e determinou que a União fiscalize o uso de estrangeirismos em promoções e liquidações comerciais. A liminar de alcance nacional foi proferida no dia 8 de janeiro se baseia no Código de Defesa do Consumidor e determina que termos como "off", "sale" e "summer" venham acompanhados da tradução para o português com o mesmo destaque. A determinação também vale para informações referentes à qualidade, características, quantidade, composição, preço, garantia, validade, origem e riscos dos produtos.

O tédio de quem está topo

Tão difícil quanto subir e continuar no topo, já dizia alguém.

O Brasil, país onde a educação alcançou o estágio último de evolução, agora se dá o luxo de expandir as atividades extra-curriculares nas escolas.

BRASÍLIA - As campanhas de prevenção à Aids e demais doenças sexualmente transmissíveis terão um reforço significativo em 2007. Os ministérios da Educação e da Saúde serão aliados em um projeto pedagógico que levará preservativos ao ambiente escolar. As camisinhas, antes distribuídas em postos de saúde, estarão acessíveis aos adolescentes nas próprias escolas.

Para isso, haverá um concurso nacional voltado para os centros federais de educação tecnológica, os Cefets. Eles serão responsáveis pela elaboração de um projeto pedagógico e de uma máquina, semelhante às de refrigerantes, da qual os alunos retirarão os preservativos.

Em breve Jãozinho escreverá um bilhetinho de amor para Mariazinha:

"Mariazinha, vossê çabe qui eu ti amu muito, de paichão. Axo que está na ora de nóis partir pra algu mais çério. A gente podíamos faser séquiçu oge de noite, né? Já descolei camizinha na máquina da escola. Comprei treis! HuaHuaHuaHuaHua!"

10 janeiro 2007

Em busca de seu recorde

Brasileiro é mesmo um povo invejoso.

Tudo que a menina queria fazer era quebrar o recorde mundial e levar o nome do Brasil pro livro dos recordes.

Depois de f**er com um na Espanha ela quis f**er com 5 milhões no Brasil.

Pobre incompreendida...

Nova seita

Trechos que ouvi do líder da nova seita que surge no pedaço:

"Quero divulgar a palavra pelo mundo."

"Além do filme, há também meu livro que é best seller na lista do New York Times e também estou treinando 1000 palestrantes para me ajudar a divulgar a palavra pelo mundo."

"Estão querendo calar aqueles que têm a verdade."

Quem acha que o "pastor" é mais um da turma do Bispo Macedo se enganou. Estes foram trechos da entrevista que Al Gore concedeu ao programa Milênio, na Globonews.

Al Gore, pelo visto, é o "pastor" da Seita do Aquecimento Global que prega que o fim do mundo está próximo.

O tom de pregação e a idolatria do entrevistador (o fraquíssimo Jorge Pontual que chegou a perguntar se o entrevistado "não era uma pessoa boa demais para a política". Até o Gore ficou constrangido com tamanha babada!) deram o toque patético ao programa.

09 janeiro 2007

O efeito de um bocão

Um conhecido que trabalha em Caracas me disse que as ações da empresa de telecomunicações CANTV despencaram 35% depois do discurso do Chapolim. E que o dólar disparou, passando a valer 4000 bolívares (antes era 2900 bolívares e quando eu fui lá em junho era pouco mais de 2100 bolívares).

08 janeiro 2007

That's science

Assumindo que a coisa toda é mesmo efetiva e não apenas mais um grupo de cientistas atrás de verbas (é, cientista também tem seus interesses), esta notícia só vem mostrar como é extremamente importante manter a cautela nas questões que envolvem vidas humanas inocentes.

Sim, porque depois de ter matado centenas ou milhares de bebês a troco de nada não dá para chegar e dizer "Oops! My bad, guys!"

Saddam, o fofo

Gandpa Saddam, ou Vô Saddam, em momento íntimo:

"Vou atacá-los com armas químicas e matar todos eles", disse uma voz identificada pela promotoria como de Majeed, primo e assessor de Saddam. "Quem vai falar alguma coisa? A comunidade internacional? Dane-se a comunidade internacional", continuou a voz.

"Sim, é eficaz, especialmente em quem não usar a máscara imediatamente", disse em outra gravaçãouma voz identificada como sendo de Saddam Hussein. "Senhor, isso extermina milhares?", perguntou em seguida uma voz. "Sim, extermina milhares e os impede de comer ou beber, e eles terão de desocupar suas casas sem levar nada com eles, até que possamos finalmente eliminá-los", respondeu a voz identificada como de Saddam.

Nem sei se a tal fita é autêntica, mas que é verossímil é.

07 janeiro 2007

Nação de escravos

Reinaldo Azevedo resumiu numa frase um traço que eu sempre observei por aqui.

"O Brasil carnavalizou a servidão voluntária. Virou um estilo de vida."

A bajulação com o objetivo de obter algum benefício direto, apesar de condenável, tem lá suas razões. Observo aqui no Rio de Janeiro - talvez seja assim no Brasil todo - uma certa satisfação que as "pessoas comuns" sentem em servir aqueles considerados importantes.

Acho que um dos maiores exemplos disso ocorrem justamente nesta época do Carnaval, onde celebridades de todos os quilates surgem nas comunidades para assumir seus postos de madrinhas, musas e destaques das escolas de samba, sob os olhares mais que satisfeitos dos moradores que efetivamente "ralaram" o ano todo para botar a escola na rua.

Muitas vezes essas celebridades desbancam pessoas da comunidade, mas em nenhum momento o serviçal nato vê nisso algo a ser condenado. Exageraria até, afirmando que o próprio desbancado se sente orgulhoso por ter cedido seu lugar a uma pessoa tão importante.

Aqui no Rio, há uma expressão para designar aquele que alguns acreditam ser um bom lugar para freqüentar: "é cheio de global". Pessoas pagam pequenas fortunas e são submetidas a um tratamento deplorável apenas para freqüentar esses lugares.

A satisfação com que um "plebeu" carioca serve a alguém "importante" é inversamente proporcional, geralmente, àquela que ele tem em servir um outro plebeu, mesmo que este seja seu trabalho.

Da celebridade ele não espera nada, apenas que ela lhe deixe cumprir seu papel de serviçal prestativo e eficiente. Muitas vezes de graça.


A comovente satisfação do plebeu por estar ao lado da sinhazinha

Saddam

Eu não ia escrever MESMO mais nada sobre ele, mas é que este texto do Uncle Filthy está supimpa!

A tendência dos políticos e da mídia americana a compará-lo a Hitler sempre me pareceu peculiarmente ridícula, mas isso não quer dizer que Hussein tenha sido vítima indefesa das maquinações malíguinas do Ocidente, ou –menos ainda- que W. seja tão criminoso quanto ele, afirmação que já ouvi de muitos idiotinhas nesses últimos 40 meses. As guerras, repressão e genocídios de Hussein causaram bem mais de um milhão de vítimas, em estimativa modesta –a maioria das quais iraquianos. Não é surpresa que Hussein tenha tomado Stálin por modelo para sua carreira –ambos se especializaram em matar ainda mais compatriotas do que mataram inimigos (e mataram muitos inimigos, para começar). Dizer que seu julgamento foi imperfeito, ou, ainda pior, que o veredicto foi injusto é simplesmente mais uma tentativa de explorar politicamente o quiproquó iraquiano para atacar W. Como sabem os dois leitores que me restam, não sou grande fã de W., da guerrinha dele ou, em especial, da maneira como a guerra foi e vem sendo conduzida. Mas supor que isso torne “injusto” o veredicto contra Hussein? Injusto é que o féladaputa só possa ser enforçado uma vez.

Novo blog na lista

Quem também acha que "o ser humano não pode ser só isso" deve dar uma olhada no blog do Julio Lemos.

Lá você vai encontrar passagens ótimas como esta:

O homem de critério, dotado de ‘inteligência moral’, para usar a concepção grega, sabe muito bem que o mal é perfeitamente possível (ele está onde deveria estar outra coisa, mas é previsível), e ocorre todos os dias diante – e dentro – de si. Ele tem uma consciência viva do mal pois sabe que a qualquer momento pode praticá-lo; e nada do que é humano lhe é estranho.

Já o moralista da transgressão escandaliza-se e não compreende, nem a pauladas, como é possível alguém viver desprendido dos parâmetros do hedonismo, sequer aplicáveis aos animais. Para ele o “homem virtuoso” pode ser explicado através de umas noções confusas de interesse próprio, egoísmo, uma vez que ele vê nos outros a si mesmo, como num espelho – aquele velho chavão atribuído ao Weltanschauung machadiano. O freudiano vai encontrar o motivo do seu agir em noções antropológicas pré-históricas (início do séc. XX). Aliás, toda a psicologia do séc. XIX para cá é pautada num modelo de homem acossado de patologias, como observou E. Voegelin.

O problema é visceral: ele simplesmente não tem presentes as condições de possibilidade para uma compreensão da virtude. Sua formulação interna da ética reside num labirinto de confusões auto-complacentes de quem, já que não logrou viver como pensa, acabou por pensar como vive. Sua vida interior é um emaranhado de “é que...”, “desculpe-me, mas eu...”, “é que não deu tempo...”, uma eterna auto-justificativa.

Surge o dogma da impossibilidade do bem; como ele não pode ser racionalmente defendido, os que o sustentam esgrimem argumentos de autoridade, partem para as vias de fato, vociferam, soltam um risinho irônico. Não adianta. Aos 40 anos de idade estão fritos; mais tarde dão nesses aposentados que não fazem nada o dia inteiro, vazios, banais, “Hmmm, chocolate... Doh! Marge, precisamos comprar mais sorvete napolitano” [H. Simpson, geladeira,1991].

A ruína do Brasil - e do mundo - é o homem-massa

O Brasil jamais será algo que preste enquanto essa classe média aí estiver.

Muitos esquerdinhas criticam a classe média pela sua suposta insensibilidade para com os pobrinhos.

Eu não: minha bronca com a classe média brasileira é devida ao fato dela se entregar de corpo e alma à ignorância, cultivando uma aversão quase patológica ao conhecimento e à cultura genuínos, a ponto de nem mais ser capaz de compreender por que os ricos são ricos e os pobres são pobres.

Gasset, em seu espetacular A Rebelião das Massas, magistralmente captou a existência do homem-massa, que é incapaz de compreender que a civilização da qual ele participa - e que lhe provê uma série de bens e confortos - não esteve sempre presente e precisa de constante e atenciosa manutenção.

Este trecho do livro, retrata com perturbadora fidelidade a nossa elite:

Porque, de fato, o homem vulgar, ao se encontrar com este mundo técnica e socialmente tão perfeito, pensa que foi criado pela Natureza, e nunca se lembra dos esforços geniais de indivíduos excepcionais que a sua criação pressupõe. Menos ainda admitirá a idéia de que todas essas facilidades continuam se apoiando em certas virtudes raras dos homens, cuja menor falta ocasionaria o imediato desaparecimento dessa magnífica construção.

Isso nos leva a apontar no diagrama psicológico do homem-massa atual dois primeiros traços: a livre expansão de seus desejos vitais, portanto, de sua pessoa, e a radical ingratidão para com tudo que tornou possível a facilidade de sua existência. Essas duas características compõem a conhecida psicologia de criança mimada. E, de fato, quem a utilizasse como quadrícula para ver através dela a alma das massas atuais não erraria.

Minha tese é, portanto, a seguinte: a própria perfeição com que o século XIX organizou certas esferas da vida é a origem do fato de que as massas beneficiárias não a considerem como organização, mas como natureza. Assim se explica e se define o absurdo estado de ânimo que essas massas revelam: não se preocupam com nada além do seu bem-estar e ao mesmo tempo não são solidárias com as causas desse bem-estar. Como não vêem nas vantagens da civilização uma invenção e uma construção prodigiosas, que só podem ser mantidas com grandes esforços e cuidados, acham que seu papel se resume em exigi-las peremptoriamente, como se fossem direitos naturais. Nas agitações provocadas pela escassez as massas populares costumam procurar pão, e o meio que empregam costuma ser o de destruir as padarias.

Força Nacional vira piada

Até que não demorou muito.

Militares não são conhecidos pelo senso de humor desbragado, mas basta falar da Força Nacional de Segurança Pública para que aflore o lado pândego de cada um. "Força Nacional Tabajara", "Força Nacional da Mentira" e "polícia cenográfica" são alguns dos apelidos aplicados por policiais e pesquisadores ao grupo militar criado pelo governo em 2004.

O codinome Tabajara foi dado à Força Nacional por um militar, que prefere não ver seu nome revelado, porque os dois comandantes do grupo, um coronel e um capitão, não estavam em Brasília na última semana. Segundo esse oficial, qualquer cabo sabe que os dois comandantes não podem se ausentar ao mesmo tempo. Aqueles que não têm tanta animosidade contra a força limitam o elogio a uma frase lacônica --"ela não é inócua".

(...)

"Policiar o Rio com homens de outros Estados não tem o menor cabimento porque eles não conhecem o local, os criminosos nem a forma como eles agem", diz o coronel reformado da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho, que foi titular da Secretaria Nacional de Segurança Pública no governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo Silva Filho, a força terá um efeito puramente cenográfico. "Usar essa força no Rio de Janeiro é como passar mercúrio cromo em fratura exposta", compara.

Sensacional

Este cartoon (via De Gustibus...)resume toda a minha descrença na eficiência das grandes corporações. Eu já passei por tantas situações similares que até penso, às vezes, que o Scott Adams trabalha comigo disfarçado.

E o Fidel, hein?

Vai morrer sendo chamado de "líder cubano" pela nossa imprensa...

Exercendo a vocação turística

06 janeiro 2007

Cabral, herança maldita e Freakonomics

Virou moda: o governante acaba de tomar posse e logo diz que tem em suas mãos uma herança maldita. Ou, em outras palavras, um baú de problemas.

O governador afirma que recebeu o estado de Rosinha Garotinho como um "baú de problemas" e "cheio de gambiarras". Seus secretários Joaquim Levy (Fazenda) e Sérgio Rui Barbosa (Planejamento) buscam soluções para organizar as finanças do Rio.

Ué, não sabia disso antes de se candidatar?

Mas nem tudo está perdido: nosso governador é chegado a uma leitura interessante. Aparentemente leu o livro Freakonomics.

Cabral citou o livro ‘Freakonomics’ como inspiração para campanha de planejamento familiar. O autor argumenta que a autorização do aborto nos EUA, nos anos 70, reduziu a criminalidade. O governador, no entanto, considera a posição de Levitt "radical".

Bem, eu também li o livro e não vi nenhuma "posição" tomada pelo autor. Muito pelo contrário, se bem me lembro. Exibir dados que relacionam fatos - ou relacionariam, já que a questão acabou se tornando polêmica - não é adotar uma posição.

Afirmar isso é como se disséssemos, após mostrar que um corpo cai ao ser largado, que nossa posição é a favor da lei da gravidade.

França

Como sempre, metida com os piores tipos que esse nosso planetinha hospeda.

WTF?! (*)

Nunca fui freqüentador do Blog do Noblat. Não que tenha alguma restrição ou coisa parecida era apenas falta de vontade mesmo. Hoje tava dando uma olhada na página do Globo é vi o link para o blog dele. Resolvi dar uma conferida...

Bad move.

Dou logo de cara com um post digno do Zuenir Ventura.

Os cariocas que me perdoem: o Rio é a cidade mais bonita do Brasil - e talvez do mundo, Veneza à parte. Mas Salvador deixa o Rio no chinelo quando se trata de "alto astral".

WTF?!

Este é o tipo comentário tolot que nos permite tirar apenas duas conclusões sobre o autor:

(A) É um ignorante soberbo, já que é bem improvável que ele conheça todas as cidades do mundo. Assim sendo, optou pelo famoso "o que eu desconheço não exsite." Expressão muito mais cuidadosa seria "o Rio é a cidade mais bonita que eu conheço", o que não deixa de ser igualmente triste anyway.

(B) É um demagogo atrás de simpatia dos leitores, caminho escolhido por 9 entre 10 colunistas dos meios de comunicação. É muito comum em textos de cronistas ou colunistas de futilidades do dia a dia, mas foi a primeira vez que li algo do tipo em um blog político.

Mas o mais engraçado foi a discussão nos comentários envolvendo os cariocas que realmente é um povo alucinado. Quanto mais ignorante um carioca é em relação ao mundo, mais ênfase ele coloca na defesa de que o Rio é a cidade mais bonita do mundo.

Anyway, acho que não volto mais lá... Para questões políticas o melhor blog ainda é o do Reinaldo Azevedo.

PS: No texto tem um "mal humor" que creio ser inadmissível para quem vive da escrita. Achei que ia passar em branco nos comentários mas, até onde tive paciência de ler (é divertido ver a ignorância soberba somente até certo ponto, depois enche), dois leitores comentaram sobre o erro.

(*) WTF?! : What the fuck?! Em português: "Que porra é essa?!"

Esclarecimento

Relendo o post Jogando pra torcida, notei que posso ter passado a impressão de que eu acho que o governo do casal Garotinho não tenha sido horroroso. Sim, ele foi horroroso como foram horrorosos os governos anteriores e como deverá ser horroroso o governo do Sérgio Cabral.

O que eu quis enfatizar naquele post foi o fato de a implicância do carioca com o casal Garotinho ser fruto menos da incompetência destes como governadores que da influência do beautiful people do Rio de Janeiro que se viu colocado em segundo plano pelos governadores em prol de uma estratégia de governo voltada para o populismo.

Mas o Sérgio Cabral já está ajeitando as coisas para vocês, galera suingue sangue bom.

Irretocável II

É também este outro texto do meu xará que complementa o texto anterior do Paulo Guedes.

Há, no Brasil, uma regra difundida mas que é (i) ineficiente economicamente e (ii) bastante sofrível, moralmente. Trata-se da regra da “mão na cabeça do coitadinho”, uma extensão da famosa regra de Gérson para uma classe de pessoas que se auto-denominam “injustiçados” (”alguém tem que dar um jeitinho…na minha situação). Fingem desconhecer o fato de que pessoas reagem a incentivos e se apresentam como vítimas das mais diversas conspirações: dos judeus, dos capitalistas, dos japoneses, dos chineses, dos empregadores, dos professores, dos coronéis, etc.

(...)

Em um país caracterizado pelo gosto à cultura do “coitadinho”, a última que veremos é uma classe empresarial realmente empreendedora. O resultado mais provável é uma população de pedintes, de mão estendida, requisitando ajuda para si, claro, todos orgulhosos de estarem em posição quadrúpede sem perceberem o perigo que correm…

Irretocável

Este texto do Paulo Guedes.

As economias de mercado são essencialmente mecanismos para a mobilização de recursos, instrumentos de coordenação de esforços produtivos. De um lado, temos os recursos econômicos: tecnologia, instalações industriais, mão-de-obra aperfeiçoada por educação e treinamento, organizações empresariais, instituições públicas e recursos naturais. A mobilização, a coordenação e o uso eficiente desses recursos pela lógica dos mercados produzem, por outro lado, uma fronteira de possibilidades de produção de bens e serviços. A invasão desse espaço por uma lógica de extorsão, baseada em poder político ou pressões de grupos de interesse, interrompe o mecanismo de criação de riqueza. Derruba a capacidade produtiva do país para bem abaixo das possibilidades permitidas em uma economia de mercado, por ineficiência, capacidade ociosa ou má alocação de recursos.

É um desastre quando a extorsão começa a se tornar parte da lógica da vida em sociedade, na tentativa de usar o Estado para apropriação de fatias da renda nacional. Repare nos efeitos sociais incendiários: uma elite de servidores públicos do Poder Legislativo tenta aumentar seus vencimentos em 90%, diante da inflação de 3% ao ano, enquanto outra elite, a do Poder Judiciário, com vencimentos mensais em torno de R$ 24 mil, contesta a pretensão do Legislativo, mas reivindica para si novos aumentos e vantagens adicionais.

Os sinais da nova lógica se irradiam. Um jovem da zona rural observa resultados mais rápidos filiando-se ao MST e invadindo terras em vez de cursar Agronomia para melhorar suas qualificações. Os sindicalistas acreditam que passeatas e manifestações, em vez de horas de trabalho e aperfeiçoamento profissional, sejam a chave para melhores remunerações. Empresários e grupos de interesse aproximam-se do Estado em busca de favores especiais. E, na semana passada, assistimos à vergonhosa disputa entre artistas e atletas por recursos de incentivos fiscais num país de miseráveis.

05 janeiro 2007

Jogando pra torcida

Nunca fui com a cara do novo governador do Rio de Janeiro. Quando ele prometeu combater a criminalidade o discurso me soou mais falso que nota de 3 dólares.

Pois bem, malandro certamente ele é.

Uma das broncas que a zelite carioca tinha do casal Garotinho é que ele adotou com tática deixar de lado a Zona Sul e abraçar o populismo. Mais ou menos o que Lula fez em âmbito federal. Isso desagradou imensamente o beautiful people carioca, cujas colunas de jornais não paravam de malhar "simpático" casal.

O novo governador, como não é bobo nem nada, sabe que mais importante (e mais fácil de implementar) do que o estado estar seguro é o beutiful people dizer que ele está seguro.

Se todo mundo tem um preço, colunista está sempre em promoção.

Pois bem: acabo de fazer o trajeto Botafogo / Maracanã e não vi uma única viatura policial nas ruas depois do Túnel Santa Bárbara (antes dele não lembro). Mesmo em pontos onde era comum a presença. Provavelmente todas foram deslocadas para as partes mais nobres da cidade a fim de aumentar a sensação de segurança dos formadores de opinião.

Em breve estaremos lendo como o novo governador competentemente reverteu o quadro instaurado pelo maléfico casal Garotinho.

E nós que vivemos aquém do Túnel Rebouças só nusfu.

04 janeiro 2007

Do jeito que eu gosto

Longe de mim querer pautar os textos de alguém, mas é este tipo de crítica que eu acho que Olavo faz melhor nos jornais: cultural.

Curiosamente, a erudição em detalhes irrelevantes, de ordem folclórica, histórica ou filológica, não ofende a ninguém. É até um mérito. O que o sujeito não pode é mostrar um conhecimento extensivo das obras maiores, um obsceno domínio dos problemas essenciais em várias áreas do pensamento ou das ciências. Em qualquer discussão pública, a familiaridade com o status quaestionis é não somente desnecessária como inconveniente. Um bom sujeito consente em ignorar tudo o que seus colegas de universidade e mídia ignoram, de modo a não pegá-los jamais de surpresa. Se você diz algo que eles não sabem, isto prova que você é um ignorante, um amador enxerido. Ou então é um louco que anda vendo coisas.

E ninguém se escandaliza

Deixemos a corrupção e a roubalheira de lado por um momento. Por que ninguém se mostra indignado com interferências como esta de um poder no outro?

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interferiu pessoalmente na sucessão da Câmara, na noite desta quarta-feira, ao se encontrar, separadamente, com o candidato do PT à Presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), e, mais tarde, com o presidente da Câmara e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Segundo interlocutores do presidente, Lula quis saber da situação na Casa e disse que "não quer brincadeira" na disputa, reafirmando o discurso de que é importante a base estar unida e que não pode haver surpresas, como uma derrota. Mas assessores negam que Lula tenha pedido para algum dos candidatos desistir.

Este tipo de deformação é incrivelmente danoso ao regime democrático que, para não correr o risco de se tornar uma tirania, deve manter seus poderes independentes entre si.

Quando um poder toma conta de um outro, estamos a caminho da tirania.

Quando um poder toma conta dos outros dois, já estaremos na tirania sem saber.

02 janeiro 2007

Soy bufón pero no soy estúpido

Só aqui no Bananão é que nego se dá o luxo de ser bufão E estúpido!

Se você acompanhou a troca acalorada de insultos entre a Venezuela e os Estados Unidos nos últimos 12 meses, poderia ser facilmente perdoado por assumir que a relação comercial entre os dois países é igualmente frágil.

Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Enquanto o presidente venezuelano, Hugo Chávez, lança ataque atrás de ataque contra a Casa Branca, e vice-versa, o comércio entre os dois países está na verdade se fortalecendo.

Aqui.

Ben Shneiderman

Foi esta entrevista que eu mencionei no post Computador e eu.

Pena que o entrevistador tenha sido tão fraco...

Historiador de esquerda

Não sei o por quê, mas eu às vezes gosto de ver algumas entrevistas de ícones do pensamento esquerdista (paradoxo, eu sei). O que eu acho mais interessante é a capacidade que essas pessoas têm de assumir que o QI dos seus espectadores está no mesmo nível do de um hamster.
Não se enganem, isso é um talento.

Eu, sempre que vou falar algo, imagino um ouvinte inteligente que vai questionar minhas palavras com um argumento pertinente e, em certas ocasiões, me mantenho calado. Essas pessoas não possuem a mesma limitação Elas assumem uma estupidez absoluta da sua platéia e disparam um monte de inverdades e absurdos que fariam corar o mais cara-de-pau dos vigaristas.

E quando você acha que ele vai ser esculachado, rá! Ele é alçado ao posto de pensador eminente.

Por exemplo, este historiador, assumidamente de esquerda e que admite fazer doutrinação dos seus alunos, com a cara mais dura possível, nos diz que não existe uma esquerda ativa nos Estados Unidos atualmente. E, pasmem!, que jornais como o New York Times e Washington Post colaboraram com a administração Bush.

É um talento, é um talento.

01 janeiro 2007

Borboleta

Foi impressão minha ou o Lula, no seu discurso de posse, recitou a estorinha da borboleta como se fosse algo inédito que tivesse saído do fundo do seu coraçãozinho operário?

Eu pedi forças... E Deus deu-me dificuldades para fazer-me forte.
Eu pedi sabedoria... E Deus deu-me problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade... E Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem... E Deus deu-me obstáculos para superar.
Eu pedi amor... E Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores... E Deus deu-me oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi... Mas eu recebi tudo de que precisava.

Esse ano começou maravilhosamente bem!

Via Brasil

A Globonews tem em sua grade um programa interessante chamado Via Brasil.

Apesar do tom hipócrita homem-do-povo-desdentado-analfabeto-que-possui-grande-sabedoria que é presente em praticamente todos os programas da televisão brasileira, o programa tem uma enorme utilidade: mostrar que alguns lugares do Brasil são pobres - alguns paupérrimos, na verdade - somente por causa das pessoas que habitam este país.

Fico imaginando estados como Rio Grande do Norte e Ceará, para citar apenas dois, nas mãos dos americanos e sua espetacular capacidade de gerar riqueza. Para se ter uma idéia, estou falando de um povo que consegue construir uma atração turística em torno de uma marmota.

Isso não é pouca coisa! :-)

Exemplos mais relevantes do modo agressivo como os EUA trabalham o turismo são as praias do Hawaii e as da Flórida: um show de infraestrutura.

Freqüentemente neste programa são exibidas praias desertas belíssimas. Lugares que turistas do mundo inteiro buscam para passar suas férias.

Aqui um parênteses: por turista eu digo aquele que viaja com sua família, gasta, gasta, gasta, gasta muito e - principalmente - volta ou indica mais gente. Aquele tipo que viaja atrás de prostitutas deve ser enxotado. Aquele que viaja com dinheirinho contadinho não é para ser espantado mas não pode ser o foco. Em lugares como Aruba e Hawaii era comum conversar com pessoas que estavam na sua sexta, sétima ou até décima viagem.

Voltando ao assunto, é triste ver que temos em nossas mãos matéria-prima para fazer um produto que turistas do mundo inteiro estão ávidos por consumir. E dispostos a pagar muito para isso.

Temos que copiar o que os principais destinos turísticos do mundo implementaram: hotéis com ampla e sofisticada infraestrutura, capazes de oferecer conforto e segurança para seus hóspedes. Tudo isso, claro, a um preço razoável. Não faz sentido um turista despencar para uma pousada aqui no Brasil, pagar mais de US$150.00 por uma diária e ter que dormir num quarto sem ar-condicionado quando ele pode pagar US$70.00 por um apartamento totalmente mobiliado em Waikiki, o ponto mais badalado de Honolulu. Ou pagar US$100.00 por uma diária de hotel na praia mais badalada Aruba, com direito a café da manhã, academia, etc.

Outra coisa que precisa ser mudada por aqui é essa idéia de que o atraso é bom. Claro que a esmagadora maioria das pessoas que acham que seus balneários devem continuar imaculados não gostariam de viver lá. Afinal de contas, quem gosta de viver em lugares com energia elétrica precária, saneamento básico ruim ou inexistente, nada de TV a cabo, sem banda larga, sem cinemas, nada de teatros e, last but not least, sem comércio ambundante?

Eu não gosto. E certamente nem os advogados do atraso.

Mas muitos não se incomodam de achar que os moradores dos balneários devem viver nestas condições para que o paraíso bucólico e imaculado seja assim mantido.

Saddam

Não ia falar mais nada sobre o assunto, mas achei este post muito interessante.

4. O julgamento de Saddam é um julgamento pelos vencedores, mas por comparação com outros casos, até é dos julgamentos pelos vencedores aquele que menos críticas merece. Saddam, ao contrário de outros criminosos de guerra, foi julgado pelos tribunais do seu país, por juízes do seu país, por crimes que ninguém contesta, à luz de leis compatíveis com aquelas que vigoravam no seu país à data dos crimes e foi condenado a uma pena compatível com o sistema jurídico iraquiano.

VIP

Atualmente no Rio de Janeiro, até torneio de porrinha tem área VIP.

O pior é que muitas vezes a única coisa que ela oferece de especial é uma grade que mantém a patuléia longe da aristocracia.

Coisa de gente que gosta de povão, de mistura e de curtir junto à massa, entende?

Outro mundo

Brasília é um outro mundo.

Vendo alguns trechos da posse do Lulla, foi impossível não perceber a excitação autêntica dos papagaios de pirata que acompanhavam o presidente e seus Blue Caps no interior da Câmara.

Republiqueta das bananas nem é mais suficiente para descrever o Bananão.

Reciprocidade

O governo da Bolívia deu uma mostra de como se lida com esses ianques:

- A Bolívia, por mais que seja um país pequeno, tem dignidade ... por isso concordo plenamente que passe do grupo um para o grupo três de vistos a cidadão dos Estados Unidos com base na reciprocidade - disse o presidente Evo Morales durante uma reunião ministerial que convocou para a meia-noite (no horário local) de segunda-feira e foi transmitida pela tevê.

De acordo com a nova classificação de vistos, na lista um estão os países que não requerem visto de entrada, na dois aqueles que requerem visto sem consulta e na três, visto com consulta.

Os americanos agora passam para a lista três, e vão precisar, a partir desta segunda-feira, um visto com consulta para entrar na Bolívia, tal como ocorre com os bolivianos que pretendam viajar aos EUA.

A posição da Bolívia faz todo o sentido do mundo. A Bolívia, um país rico e desenvolvido, além de ser um dos maiores destinos turísticos do mundo, atrai muitas pessoas que querem viver lá ilegalmente. Se eles deixarem as pessoas entrarem sem controle, principalmente oriundas do paupérrimo Estados Unidos da América, vai tudo virar bagunça.

Segundo informações vindas de Washington, o presidente Bush está tão preocupado com essa decisão que nem dormiu direito de ontem pra hoje. Mandou convocar uma reunião de emergência com a cúpula do governo para resolver esse gravíssimo problema ASAP.