30 setembro 2006

O problema das estatísticas

O problema das estatísticas não é propriamente delas. O problema é quando resultados de estudos caem nas mãos de pessoas estúpidas.

Quando isso acontece temos uma reedição da piada do português e do aquário.

Por exemplo, um estudo do Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita Albert Einstein chegou aos seguintes números:

"Dois em cada dez executivos, em média, são hipertensos, apresentam acúmulo excessivo de gordura no fígado e mantêm um consumo de álcool acima do razoável (mais de 14 latas de cerveja numa semana, por exemplo). Na média, o grupo estudado também possui níveis preocupantes de colesterol e triglicérides."

E também esses:

"Mais de 50% dos presidentes e vices apresentam um índice alto de LDL (acima de 130), uma proporção muito superior à verificada nos demais grupos de executivos, de apenas 35%.

Outro exemplo é o sedentarismo. Seis em cada dez presidentes estão sedentários. Entre gerentes e executivos, a proporção do problema é de cinco em dez.

Segundo o hospital, os presidentes também aparecem em primeiro lugar no quesito sobrepeso, com 70%, contra uma taxa de 60% dos demais. O consumo de álcool entre presidentes e vices é de 18%, ultrapassando gerentes e diretores (12%) e a média da população brasileira, que gira em torno de 15%.
"

A conclusão tirada do estudo (espero que esta conclusão seja obra do jornalista. Desses já não espero mais nada mesmo):

Subir na carreira pode fazer mal à saúde, mostra pesquisa do Albert Einstein

O tal brasileiro comum

É moda agora entre os "intelequituais" e a "classe mérdia" dizer que a reeleição do Lula é culpa, principalmente, do "brasileiro comum".

Primeiro preciso de um esclarecimento: o que seria um brasileiro incomum?

Voltando ao assunto da culpa da reeleição, como diria o poeta: "No cu, pardal!"

Esse tal "brasileiro comum" de que vocês falam sempre esteve por aí e o Lula sempre perdeu.

Somente depois que o PT conseguiu seduzir a "classe mérdia" e obteve a quase totalidade - quando não o silêncio cúmplice - do apoio da intelectualidade é que ele conseguiu chegar ao poder.

Somente depois que se acabou de vez com qualquer vestígio de moralidade que este país tinha é que essa quadrilha agora pode roubar à vontade sem medo de ser feliz.

Somente depois que a "classe mérdia" abriu mão de seu papel na sociedade e abraçou com entusiasmo o papel de proletário bem remunerado é que o tal "brasileiro comum" se viu sem rumo, desorientado.

Portanto, não me venham com essa. O que está aí, a reeleição iminente do Supremo Apedeuta, é obra da tal "zelite".

Lula não está no poder apesar da "zelite" mas por causa dela.

Portanto, deixem de choramingar nos meus ouvidos e apreciem sua obra-prima porque, como dizem os meliantes cariocas:

"Perdeu, preibói!"

29 setembro 2006

Sobre o debate de ontem

Não vi.

Brasil, il, il - Parte 3

Segundo uma colunista de economia de um grande jornal carioca o Brasil, a terceira democracia do mundo, dá aula para as demais. Vejamos:

"SÃO PAULO - O estudante de direito Adriano Saddi Lemos Oliveira, de 23 anos, é suspeito de mandar matar a mãe, a empresária do ramo imobiliário Marisa Saddi, de 46 anos. O crime ocorreu na noite de 27 de julho em Vargem Grande Paulista, a 47 quilômetros da capital. Ele estaria com medo da mãe gastar o dinheiro da família com um namorado. A polícia vai pedir a prisão preventiva dele nesta sexta-feira, mas o rapaz não poderá permanecer preso por causa da lei eleitoral, que só permite prisões em flagrante.

Em depoimento à polícia nesta quinta-feira, ele confessou o crime e foi indiciado por homicídio qualificado. A polícia diz que chegou até Adriano por um acaso, depois de prender o motorista da família, Cristiano Borges Ferreira, por tráfico de droga. A morte teria sido encomendada ao motorista por R$ 40 mil. O dinheiro foi pago com a venda de um carro da família, um Audi, para não levantar suspeita.
"

Dizer que uma aldeia que tem uma lei que permite que um homicida confesso fique livre por causa de eleição pode dar aula de democracia aos demais países só pode ser piada.

Brasil, il, il - Parte 2

Marcos Pontes: astronauta

Anousheh Ansari: turista espacial

26 setembro 2006

Pra variar... Fred Reed

Fred fala sobre os problemas culturais na América:

"Other uneases brood over the landscape. Women dominate domestic politics and so we have the Fear State. With them security security security trumps liberty or taking chances of any sort, and so we must ban pocket knives. They are afraid of guns, want kids to wear helmets on bikes, and think tag is a violent and dangerous game. Yes, there are exceptions, but fewer day by day. We must fill in the deep ends of swimming pools and fear second-hand smoke and things that go bump in the night. I suspect a lot of this vague anxiety stems from the lack of a settled and satisfying place in society."

(...)

"A thing about society now is that nobody knows the rules any longer, if there are rules. In the past, from about the lower middle class and up, women behaved as ladies and men as gentlemen, concepts now identified with oppression. Even the lower classes were usually courteous after their fashion. The arrangement had its uses. When general agreement enforces consideration of others, life is better. You can go for days without wanting to strangle anybody.

Today, many people are civil, but many aren’t. You don’t know what to expect. Do you respond to abuse by being abusive in return? Or get walked over? That is the question. We now have Road Rage. In the streets you find people pushing onto the subway like piglets looking to suckle, and throwing the finger. Women are worse, apparently confusing ill-bred pugnacity with virility. (Men are careful how they treat each other, as there are consequences. Women do not suffer consequences. It must be nice.)

Further, the ghetto rules everywhere, seeps in, or threatens. Americans are not social climbers, but social descenders, rappelling deliberately into the grubby depths. On the radio one hears regularly such lyrical confections as “Muthahfucka, muthafucka, she a ho, shit.” Ah, but the chief rule of discourse today is that one must never offend the offensive. You must never suggest that they straighten up and mind their manners, mouth, grammar, and work ethic.
"

24 setembro 2006

Somos um país imaturo

Dizem que o Brasil é o que é porque é jovem e, portanto, imaturo.

Concordo com o imaturo, mas não porque seja jovem. É imaturo porque é retardado.

Momento jabá

Este jabá eu faço de graça.

Se você está com um dindim sobrando e está procurando um lugar para passar suas férias ou celebrar seu aniversário de casamento, experimente Aruba. Clima constante - quente - durante todo o ano, praias de águas calmas e cristalinas e um povo incrivelmente hospitaleiro (dude, estou falando de um lugar onde motoristas de ônibus e táxi são bacanas!!! You know what I mean?).

Jandira NÃO!

Comunista, abortista e baranga.

Precisa mais?

Ainda Wal-mart

23 setembro 2006

Wal-mart

Paulo faz um bom apanhado aqui.

Apesar de eu também achar as lojas do Target mais agradáveis, sempre dou uma checada no Wal-mart também. Há uma boa quantidade de marcas ofertadas tanto por uma quanto por outra cadeia e, nestes casos, quase que invariavelmente os preços do Wal-mart são mais atrativos.

Vocação turística

Diálogo 1 - Guichê da imigração dos Estados Unidos em Aruba:

Agente: Destination?
Eu: Brasil, Rio de Janeiro.
Agente: Why did you come to Aruba?
Eu: Vacations.
Agente, supreso: Vacations???
Eu: Yes, vacations. Aruba has amazing beaches, much better than in Rio, in my opinion.
Agente: Yes, but women are much better in Rio.

Diálogo 2 - Comissário de bordo e turista americanos conversam no desembarque no Rio:

Comissário, em tom jocoso: If you get yourself in trouble, look for for help. Help, remember this word.
Turista, em tom idem: Eh! Eh! Eh!


Turismo é "com nóis" mesmo!

Democracia

A grande vantagem da Democracia é que os governantes acabam representando fidedignamente o seu povo.

Se analisarmos a maioria dos povos que vemos por aí (people from Big Banana, included) essa característica deixa de ser uma vantagem e até se torna um gravíssimo defeito.

É, eu sei. Volto de viagem sempre de mau humor. Nenhum humor é capaz de sobreviver ao desembarque no Terminal 1 do Aeroporto Tom Jobim e a uma viagem pela Linha Vermelha.

Isso para não falar no panorama político pelo qual já não me interesso faz tempo.

Eleições? Blah!

Sou um ferrenho defensor da abstenção. Não, não é do voto nulo, mas da abstenção mesmo. Só voltarei a votar "nestepais" quando o voto for facultativo, ou seja, um direito.

Pra finalizar esse post desabafo, faço minhas as palavras do Fábio:

"Se a população brasileira tivesse um flash de compreensão do rídiculo absoluto que é ser brasileiro, as pessoas sairiam correndo pelas ruas, desesperadas, chorando e arrancando os cabelos."

19 setembro 2006

Insulto à inteligência

Sabem por que me irrito com "intelectuais" de esquerda? Porque eles sempre apostam na estupidez da sua platéia. E me sinto insultado quando ouço um deles falar.

Ontem estava zapeando e parei no show do Bill Maher que, como todos sabem, o-d-e-i-a George W. Bush.


Pelo que percebi, o "debate" era sobre tortura.

Numa outra ocasião em que assisti a seu show ele tinha dois convidados, sendo que um era Christopher Hitchens. Nos poucos minutos em que eu consegui ver do programa, ele fez o Bill Maher recorrer a todos os recursos listados por Schopenhauer para vencer um debate e mais alguns.

Desta vez ele não se arriscou: todos os três convidados eram histericamente anti-Bush, o que já lhes conferia todas as credenciais para falar sobre qualquer coisa desde a Guerra no Iraque até religião, passando por engenharia genética e pesquisa aeroespacial.

Eis então que uma baranga solta essa pérola (citando de cabeça):

"Nenhum estudo científico jamais comprovou que a utilização de tortura fornece informações valiosas."

Neste momento mudei de canal. Detesto que insultem minha inteligência.

09 setembro 2006

Cultura e mercado II

Quem tem mais chance de obter patrocínio estatal, Supla ou Nelson Freire?

Xô responsabilidade!

Bastou alguém dizer (a verdade) que pais que deixam seus filhos passarem a madrugada nas casas noturnas são negligentes e aquela gente bronzeada mostrou seu valor: no Globo de hoje dezenas de cartas indignadas reclamando que a juíza não tem o direito de exigir que os pais tenham qualquer responsabilidade sobre a vida dos seus pimpolhos.

Se o pimpolho consegue burlar eventuais esquemas de fiscalização e entra na boate permitida apenas para adultos, a culpa é do Estado que não fiscalizou como deveria e não do papi e da mami que deixaram uma criança de 16 anos chegar às 2 da manhã numa casa noturna.

Esse é o homo bananus em ação: avesso a qualquer responsabilidade ("é muito difícil", "é impossível seguir todos os passos de um adolescente") e pronto para passar para terceiros suas atribuições.

Hoje esta a família-padrão carioca: papai, mamãe, babá(s) e filhote(s).

Num badalado restaurante aqui do Rio vi uma mesa com pai, mãe, babá e filho. Este somente se dirigia, carinhosamente diga-se de passagem, à babá. Papi e mami se concentravam nos seus pratos e mal dirigiam o olhar ao garoto. Gostaria de dizer que isso é uma triste exceção, mas vejo o mesmo na Lagoa, na praia, nos cinemas, shoppings, etc.

A classe média terceirizou o pátrio poder e depois se escandaliza com as conseqüências.

Aguardemos a próxima "fatalidade".

08 setembro 2006

O que sabemos?

O charlatão diz: tudo.

O cientista diz: pouco, muito pouco. Mas estamos buscando respostas.

Cada caso é um caso

Já repararam que Pinochet é sempre - devidamente - tratado como "ditador" mas Fidel geralmente é tratado como "líder" pela nossa imprensa?

HAVANA - O líder cubano Fidel Castro...

SANTIAGO - O ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet, ...

Interessante...

Estado laico

O Estado laico é visto como uma das coisas mais fantásticas que a humanidade já produziu.

Religião nas escolas? Nem pensar!

Isso é uma volta ao "obscurantismo da idade média"!

Bem, parece que até mesmo essa obra maravilhosa da humanidade tem seu aspecto seletivo:


"Para evitar que esse tipo de impressão de imigrantes árabes seja perpetrada, a Espanha desenvolve um projeto para que a religião islâmica seja ensinada na escola. Assim, todos os estudantes – espanhóis e estrangeiros, católicos ou muçulmanos – aprenderão os ensinamentos do Islã. A comunidade islâmica apóia o projeto e acredita que esse será o primeiro passo para (re)construir a confiança entre pessoas de diferentes culturas que moram na Espanha."

Li e reli o texto na busca de alguma crítica exigindo a tal separação de Estado e religião, mas não encontrei nenhuma.

Talvez os intelectuais espanhóis estejam berrando muito em relação a este projeto. Ou tavlez estejam ocupados demais separando o Estado do cristianismo.

A gente nunca sabe...

O triste é saber que, além de nos odiarem, o terroristas devem, com razão, desprezar um inimigo tão pusilânime.

Ah, a Ciência

"NORWICH, Inglaterra - O aquecimento global no próximo século pode significar um retorno às temperaturas vistas na era dos dinossauros, e que levaram metade das espécies à extinção, disse um cientista nesta quinta-feira."

A senha aqui é "disse um cientista".

Patético como a
frase ganha quase um tom de profecia feita pelo pajé da tribo. Mas como no caso quem fez foi "um cientista", logo a coisa só pode ser séria.

Uma curiosidade que tenho é como se fazem medições como estas:

"- Não apenas os índices de dióxido de carbono estarão em seu maior nível em 24 milhões de anos, mas a média das temperaturas globais serão maiores do que há dez milhões de anos - disse o pesquisador Chris Thomas, da Universidade de York."

07 setembro 2006

Cultura e mercado

"Conseguir um lugar ao sol no horizonte que se anuncia para o próximo século, dependerá muito mais de nossa capacidade deproduzir inteligência. Este é o caminho, a alternativa das alternativas; a produção e o investimento no pensar, no saber, no olhar aguçado e agudo sobre o que nos interessa neste quadro e o que não nos servirá. O investimento na educação deverá se dar de tal forma que possa equiparar-lhe, em importância, ao poder de sedução exercido pelos mecanismos publicitários. A pesquisa é absolutamente necessária, mesmo e, principalmente, a que não resulta em sucesso e eficácia comercial. Antes mandava-se um texto para a polícia federal, hoje ao patrocinador. Antes obedecia-se aos interesses ideológicos do poder, hoje aos interesses mercadológicos. É preciso desvincular a produção intelectual da noção de sucesso em massa. Uma doença rara não venderá muito remédio, mas saber lidar com ela é, em última análise, conhecer mais sobre o corpo e avançar a medicina. Não haverá saúde pública enquanto a medicina servir ao lucro privado."

Este trecho foi tirado de um
texto do Leo Jaime publicado, sei lá quando, no Globo. Nada tenho contra a figura do Leo Jaime - pelo contrário, fui em muitas festinhas na década de 80 embaladas pelas suas músicas - mas o texto veio parar na minha caixa postal e como eu já estava querendo falar sobre o assunto, ele vai servir de exemplo.

Todo o parágrafo, aliás todo o texto, pode ser resumido na parte em vermelho.


O que examente a frase quer dizer? Que a produção intelectual vai ser gratuita? Que o produtor intelectual vai ceder seu tempo e labor gratuitamente para que brasileiros adquiram cultura?

Claro que não.

Basicamente, "desvincular a produção intelectual da noção de sucesso em massa" significa que o artista não precisa agradar a ninguém para que ele seja remunerado pelo seu trabalho. Bastam alguns bons contatos com empresas estatais ou políticos e a verba está garantida. Sem exigência de qualidade, aprovação dos consumidores, etc.

Sim, é triste ouvir o tipo de música que toca nas rádios hoje em dia mas elas tocam porque o público quer. É de uma arrogância sem par querer decidir pelas pessoas que música elas devem ouvir, a que filmes e peças devem assisitir ou que livros devem ler.

O artista que não quer se submeter ao mercado e exige financiamento estatal, quer que nós paguemos pelo seu trabalho, gostemos ou não dele.

É como se fosse um funcionário público cujo emprego e salário independem da qualidade e utilidade do serviço prestado.

Eis um exemplo via FYI.

Olavão

Como discordar disso?

"Um país não pode sobreviver por muito tempo sem alguma vida intelectual na qual ele se enxergue e se reconheça como unidade histórica, cultural e espiritual. Isso falta totalmente no Brasil de hoje. As discussões públicas entre pessoas supostamente letradas perdem-se em fatos isolados, em tagarelice ideológica sem nenhum proveito ou na exteriorização fortuita de impressões grupais totalmente alienadas. Já não apreendem nem a nação como conjunto, nem muito menos a sua situação no mundo, na civilização, na História. O Brasil tornou-se invisível a si mesmo, e na treva geral crescem monstros. Talvez o mais feio deles seja justamente a esperança cretina de livrar-se de todos os outros a curto prazo, mediante ações práticas na esfera política, saltando sobre a necessidade prévia da restauração intelectual. Nenhum ser humano ou país está mais louco do que aquele que acredita poder resolver todos os seus problemas primeiro, para tornar-se inteligente depois. A inteligência não é o adorno do vitorioso, é o caminho da vitória. Não é a cereja do bolo, é a fórmula do bolo. Quando chegarão os brasileiros a compreender uma coisa tão óbvia? Quando chegarão a compreender que nem tudo pode ser resolvido com formulinhas prontas, com pragmatismos rotineiros, com improvisos imediatistas ou mesmo com técnicas da moda, por avançadas que sejam, se não há por trás delas uma inteligência bem formada, poderosa, capaz de transcendê-las infinitamente e por isso, só por isso, capaz de manejá-las com acerto? A sólida estupidez do petismo triunfante é a culminação de pelo menos cem anos de desprezo ao conhecimento. A aposta obsessivamente repetida no poder mágico da ignorância esperta levou finalmente ao resultado inevitável: a bancarrota cultural, moral e política."

Eu, o iconoclasta

É senso comum atualmente atacar a religião como sinônimo de atraso e até mesmo limitação intelectual. Diversas reportagens pipocam nos jornais e TVs mostrando como líderes religiosos de diversas correntes exploram a ignorância do seu rebanho em benefício próprio.

Nesse verdadeiro saco de gatos entram desde o pastor e pai-de-santo picaretas até religiosos cujas vidas se resumem ao exercício puro da sua fé.

Na TV vemos apresentadores e celebridades com cara - e cérebro - de ameba vomitando superioridade sobre esses "pobres ignorantes" que se afundaram no obscuantismo da religião.

Hoje pela manhã ligo a televisão e vejo uma reportagem sobre Jonh Lennon que diz:

"Um documentário mostra a guerra entre John Lennon e o presidente dos EUA Richard Nixon. Nos anos 1970, o ex-Beatle foi perseguido pela CIA. Nem assim parou de desafiar os poderosos e lutar pela paz."

Como alguém com mais de 13 anos pode levar a sério uma coisa dessas?

É clara - pelo menos para um cínico como eu - que a idéia é alimentar o fogo que está se apagando (leia-se cheques depositados na conta da viúva Yoko).

Daí vem meu espanto: pessoas tão esclarecidas, tão modernas e tão superiores ao obscurantismo religioso adotam cada ídolo que pelamordedeus!

Para alguém que escreveu "imagine no possessions", bem que ele poderia viver mais modestamente:


John Lennon pensando na sua próxima música

Mansão? Mansão? Bem, sejamos justos: ele disse "I wonder if you can" e não "I wonder if we can".

É segredo!

"Bush confirmou a existência de prisões secretas mas não disse onde elas estão..."

Mais ou menos assim começou a reportagem hoje no Bom dia Brasil (estou citando de cabeça).

Sério.

O repórter, pelo visto, acredita mesmo na famosa (e paradoxal, já que ele ao mesmo tempo é tido como gênio do mal) burrice do presidente americano.

E o festival de besteiras continua...

Como de costume, após uma tragédia, temos os "especialistas":

"- Minha opinião é que elas não estariam no veículo acidentado, nem acompanhadas de uma pessoa possivelmente embriagada, se sua entrada não tivesse sido pemitida na casa noturna."

"Brilhante" relação de causa e efeito estabelecida - pasmem! - por um juiz. Ora, por que devemos parar na casa noturna? Vamos responsbilizar a Honda porque eles não estariam no carro se ela não o tivesse fabricado. E a prefeitura (ou munícipio, sei lá) porque se a via pública não existisse, os jovens não estariam circulando nela. E se a árvore não tivesse sido plantada o carro não colidiria com ela. Esperem! Podemos também responsabilizar todos os fabricantes de bebida cujas marcas são vendidas na boate. Afinal, se elas não tivessem sido produzidas, os jovens não as teriam bebido e não estariam alcoolizados.

06 setembro 2006

Coisa complexa

Quem quiser ver um belo exemplo de "raciocício complexo", deve dar uma olhada na coluna do Elio Gáspari de hoje no Globo (sorry, depois que eles passaram para o formato novo, não dá mais para fornecer o link).

Agora falando sério, se você não é cadastrado não perca seu tempo. A coluna é panfleto da pior qualidade. Não sei porque o Elio Gaspari é tão respeitado. Seus melhores textos ficam no nível do que leio por aí na Internet, algumas vezes até abaixo. E os piores... Bem, os piores são muito vagabundos mesmo.

Será que tem algo a ver com o fato dele ser de esquerda?

Hmm...

Quem diria?

Parece sonho, mas finalmente vejos cartas no Globo apontando os verdadeiros responsáveis pela tragédia deste fim de semana na Lagoa: os pais.

Até dá uma pontinha de esperança de que um dia venhamos a ser algo parecido com uma civilização.

Nah, quem eu estou tentando enganar?

05 setembro 2006

E a história se repete

Mais um acidente que tira a vida de cinco jovens.

Uma vez mais a inexplicável perplexidade. Inexplicável porque tragédias como esta não deveriam causar perplexidade quando tudo conspira para que elas aconteçam. Ao contrário, o que me causa perplexidade é que não ocorram com mais frequência.

E mais uma vez as discussões não passam de jogo de cena, cada um querendo parecer muderno, progressista e, para variar, as pessoas chegam à conclusão de que precisamos de mais... Leis!

Como se já não tivéssemos o bastante.

Uma ou outra pessoa - raramente um especialista! - chama a atenção para a responsabilidade dos pais, mas a regra é: precisamos de mais leis, menos impunidade e fiscalização das casas noturnas.


E somos obrigados a ouvir, milhares de vezes, o mantra dos mudernos: conscientização!

Esta
carta publicada no Globo de hoje resume tudo. Repare que em nenhum momento a preocupada mãe sequer ventila a hipótese de chamar para si a responsabilidade de fazer com que seus filhos não freqüentem casas noturnas. De todas as cartas publicadas no jornal hoje, creio que apenas duas ou três fazem referência à responsabilidade dos pais. O resto é a lenga-lenga de sempre: mais ação do governo.

Vai entender

Num de seus surtos contra a religião (não entendo como um ateu pode desprender tanta energia contra algo em que não acredita) Janer Cristaldo escreveu um texto que até tem alguns bons pontos, mas este aqui:

"Só é crime o que a lei define como crime. Se a lei não define aborto como crime, então não é crime. Há quem condene o aborto em nome de um tal de direito natural, como se direito fosse algo escrito em tábuas eternas pendendo em algum desvão da eternidade. Ora, direito é construção feita por homens e cada país a erige como bem entende. As atuais objeções ao aborto são quizílias de fundamentalistas, que até hoje não aceitaram a idéia de um Estado laico. Confundem preceito moral com preceito legal e querem impor, teocraticamente, sua visão de mundo a todos os cidadãos."

Basta ler os textos do próprio Cristaldo para perceber que ele mesmo classificaria este raciocínio como, no mínimo, tosco se este não estivesse relacionado com a religião.

O Jõao Luiz Mauad fez uma boa argumentação
aqui.

04 setembro 2006

Direita ou esquerda

Sou obrigado a discordar do texto do Paulo Guedes publicado hoje no Globo sob o título "Nem esquerda nem direita". Pareceu menos uma postura balanceada que uma tentativa de angariar simpatia da esquerda.

Ao definir o conjunto de leis que irá reger uma sociedade é fundamental sim o modo como se vê o ser humano. Se pensamos que o ser humano pode ser cruel, preguiçoso, indolente e vil, iremos criar dispositivos legais que impeçam os piores de causar males à sociedade quando, por ventura, chegarem ao poder. Por outro lado, se achamos que o ser humano é intrinsecamente bom e altruísta e que basta uma ordem social corretamente desenhada para que tudo funcione, iremos desprezar esses freios legais e, quando os piores tomarem o poder, estarão com a faca e o queijo na mão para agir.

Para que as "interações de milhões de pessoas tomando decisões, cooperando nas empresas, competindo nos mercados e atuando à base da reciprocidade e de outras normas culturais, cuidando de sua vida diária" possa resultar em algo sadio e produtivo é necessário, antes um framework legal, corretamente desenhado, que irá reger todas essas interações. Como exemplos práticos temos a Constituição dos Estados Unidos da América e a nossa Constituição Cidadã.

Não precisa falar mais nada.