30 novembro 2006

PIBosta

Política no Bananão tem me interessado pouco ultimamente, mas este comentário do Mantega é surreal:


Foi um pouco decepcionante o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre. Eu esperava um crescimento maior.

Quem ouve este comentário acha que ele é um Zé Mané qualquer (bem, não estaria de todo errado...) que não tem nada, absolutamente nada, a ver com a coisa toda. É como se fosse apenas um espectador e não o ministro de uma das pastas mais importantes do governo.

Periga, se você ligar para a sala dele e perguntar se é do Ministério da Fazenda, ele responder "Lamento, número errado".

Mas o melhor - claro! - foi o comentário do Nosso Guia:

Não estou mais pensando em 2006. Estou pensando em 2007, 2008, 2009, 2010. Estamos tomando todas as medidas para que o Brasil tenha um crescimento mais vigoroso.

Traduzindo para o português do mundo real:

Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários! Vocês brasileiros são todos otários!

Eu só sei que me prometeram o "Espetáculo do Crescimento" e até agora só rolou o "Cirque du Soleil" e a calcinha da Angélica.

De novo: tá comemorando o quê?

Lembram do meu post entitulado "Tá comemorando o quê?" sobre o resultado das eleições americanas deste ano?

Pois é, comemora isso agora! (Via De Gustibus...)

Just last week, Democratic congressional leaders signaled they might oppose new trade agreements with Colombia and Peru. Who, if anyone, would benefit is unclear. As The Washington Post reported, the agreements' darkened prospects have already led to layoffs in Colombia.

Se o presidente americano - esqueçam que é o Buxi por um momento, é possível? - perder a autonomia para assinar acordos comerciais, a coisa pode ficar esquisita para os produtores dos países subdesenvolvidos.

Quando você perder seu emprego porque a empresa na qual você trabalhava perdeu contratos de exportação para os EUA, talvez passe pela sua cabecinha oca que festejar a derrota dos Republicanos pode não ter sido muito brilhante.

Juros

É possível para o Brasil falar em corte drástico de juros sem simultâneo corte de gastos públicos?

(Isso não é uma pergunta retórica!)

Hoje no Bom dia Brasil um professor de economista disse:

Se nós tivéssemos tido uma taxa de juros quatro pontos percentuais mais baixa, provavelmente nós teríamos crescido 3% a mais. Logo, mais de 5% esse ano.

Gostaria, a mero título de curiosidade, de ver as contas que ele fez para chegar nesse número. Será que ele considerou todas as variáveis macro-econômicas ou congelou tudo e analisou apenas a redução de juros sugerida como se uma coisa não afetasse a outra?

Aliás, o pessoal do De Gustibus... ou do Selva Brasilis poderia fazer um post tipo "juros for dummies" explicando por que os juros não caem na velocidade que os especialistas, FIESP e sindicatos querem. Maldade do BC? Falta de condições concretas? Temor de que um surto de gastança do governo dispare a inflação?

Calvin

Eu acho esta uma das mais brilhantes tirinhas do Calvin (já postei aqui antes):



Talvez minha admiração seja devida ao fato dela representar com uma exatidão impressionante o modo como o brasileiro encara o mundo real, distorcendo-o para que ele se encaixe na sua perspectiva - geralmente obtusa.

29 novembro 2006

Maradona e o guaraná

Lembram daquele comercial em que o Maradona aparece vestindo a camisa da seleção brasileira e cantando o hino nacional?

Pois então. O brasileiro está tão imbecilizado que uma empresa brasileira paga uma grana horrível para um cheirador-de-pó argentino sacanear a seleção brasileira e o hino nacional e nego ainda acha graça.

Helloooooo, dumb asses!

Maradona estava tendo um pesadelo, logo - duh! - cantar o hino nacional vestindo a camisa da seleção é considerada uma coisa ruim!

A imbecilidade está chegando a um ponto tal que o brasileiro ri na rodinha sem perceber que os demais estão rindo dele e não com ele.

Adorei o termo!

Chateus! :-)

E esse aforismo está sensacional:

Os chateus só vão tomar tendência e tratar de seus assuntos sem charlatanismo, quando o amor que eles professam pela Ciência for maior do que a aversão que têm da Fé.

28 novembro 2006

Você pode ser mais religioso do que pensa

Tente responder usando argumentos puramente científicos:

Por que minha vida teria o mesmo valor que a do Bill Gates? Numa situação em que um ateu devesse me matar para que Bill Gates vivesse, caberia algum dilema moral?

Por que um ateu seria contra a pena de morte? Se não passamos de estruturas biológicas, quais argumentos justificariam a manutenção da vida de alguém cujo propósito e exterminar outras pessoas?

Perguntas interessantes para as quais não tenho resposta ainda.

Turistas

O Paulo encontrou um post de uma figura (não vou colocar o link porque achei o site horroroso) que acha que o filme Turistas (também não vou colocar link para este lixo) faz parte de uma estratégia de propaganda do governo Bush para abalar a indústria do turismo nacional. Duvidam que alguém possa descer tão baixo?

Atenção, crianças, não é caso de dizer que é "fato", o Brasil é violento mesmo, blablablá... Temos que entender a fonte dessa propaganda. A Fox é mestra no ultra-nacionalismo norte-americano. O canal de voz da prepotência de Bush. Não sejamos ingênuos.

Este "Turistas" é um filme bastante "oportuno" já que o verão vem chegando. E com ele viriam chegando também os turistas estrangeiros ao Rio de Janeiro. Este filme cai como uma bomba na indústria do turismo nacional. Mas, quem se importa com isso?

Adorei o "atenção, crianças". Confere uma certa autoridade, própria de quem sabe tudo e tudo vê. Quem discordar é porque é ingênuo e não consegue enxergar o plano que os malditos ianques estão tramando contra nós.

Mas vamos aos fatos: em post recente mostrei, através de uma rápida pesquisa, que em termos de indústria turística o Brasil nem mesmo faz cócegas em países como Estados Unidos, França e Espanha. Não estamos nem mesmo entre os Top 25 destinos de turistas internacionais, segundo a Organização Mundial de Tursimo. Portanto, se os EUA realmente gastaram dinheiro para atacar um cachorro moribundo como a gente, eles fazem jus ao rótulo de burro que o mundo subdesenvolvido lhes grudou na testa.

Nem dá para dizer que isso é fruto do antiamericanismo que impera no Brasil. O que existe aqui é uma mistura de inveja, recalque e admiração que faz com que vejamos os mais agressivos comentários vindos de pessoas que se propõem a esperar meses por uma chance de fazer uma entrevista para obtenção de visto de entrada nos Estados Unidos. Pessoalmente eu não costumo encarar uma fila de meses para entrar num país que eu desgosto.

Para ter uma superficial idéia do "antiamericanismo" que rola por aqui, as filas para entrevista de visto chegam a cerca de 3 meses.

As companhias aéreas americanas saem com seus aviões lotados para os EUA, não importando a época do ano, e empresas como a American Airlines estão disponibilizando vôos extras para atender à demanda.

Last, but not least, as facilidades para comprar um bilhete vêm sendo gradativamente reduzidas: inicialmente comprava-se um bilhete em 10x sem juros; logo depois mudou-se para 10x com juros ou 5x sem juros; atualmente somente está disponível o plano de 5x sem juros.

Não conheço caso de empresa que dificulte a venda de produtos que as pessoas não têm muito interesse em comprar. Mas sabe como são os ianques: burriiiiinhos...

É muita vontade de dizer coisas boas

Otimismo de empresários é o maior desde 2005

Ou o periódico utiliza um template do tipo:

Otimismo de/dos ............ é o maior desde ..........

Ou essa foi uma patética tentativa de fazer parecer que os empresários otimistas como nunca.

27 novembro 2006

Dawkins, o charlatão

Eu sou um cético. Acredito muito na capacidade de criação - e destruição - do ser humano porque temos evidências concretas ao nosso redor - minha mente de engenheiro funciona desta forma, fazer o quê? - mas tenho tenho muitas dúvidas sobre religião (Por que estamos aqui? Para onde vamos? Etc.) assim como sobre assuntos da esfera científica. Procuro manter a mente aberta para todas as possibilidades, sem fechar porta alguma.

Não tenho a mesma fé em Deus que algumas pessoas que eu conheço, mas também não descarto sua existência apenas porque não conseguiram prová-la cientificamente. Conheço muita gente inteligente e religiosa que possui bons argumentos para sê-lo, para afirmar que a religião é coisa de gente ignorante.

Se acompanharmos a evolução da ciência, perceberemos que muita coisa desconhecida e misteriosa no passado é hoje banal. Houve um dia em que achar que Terra era plana não soava tão ridículo quanto soa hoje. Quantas vezes não se descobriu a menor partícula existente?

Para essas descobertas acontecerem foi necessário que o homem continuasse sempre perseguindo as respostas, mesmo quando ele nem tinha certeza de que elas existiam.

O que não entra na minha cabeça é a rusga entre cientistas e a religião. Além do fato de cada área buscar respostas para perguntas diferentes, cabe à ciência perseguir todas as respostas possíveis. É inconcebível um cientista sentar sobre um determinado assunto e decretar que sobre este não cabem mais questionamentos. Ainda mais sobre assuntos tão controversos como o surgimento da vida.

Para mim, pessoas como Richard Dawkins (sei que estou correndo o risco de ferir a sensibilidade de muitos fiéis) fazem um mal enorme para a ciência apesar de atrairem a atenção de milhões de pessoas para sua causa. O problema, ao meu ver, é que atraem pessoas que não querem respostas mas apenas aquelas que buscam uma legitimação para seus pontos de vista. Ele se converteu em um líder religioso onde o Deus é o não-Deus.

O site do sujeito faz jus ao seus status de pop star. Na verdade é mais elaborado que muitos sites de celebridades por aí. De onde vem essa grana? Por que mais interesse em combater a religião que avançar nas respostas que ainda não temos? O site dele é destinado a fomentar a polêmica porque é disso que ele vive e foi graças a ela que ele se tornou - provavelmente - um milionário. O atrito é que vende; o conflito é que mantém seu nome em ebulição e faz os convites para palestras e entrevistas pipocarem.

Para mim, Richard Dawkins está para a ciência assim como o Bispo Macedo está para a religião.

26 novembro 2006

Irrefutável

"O mundo é feito pelo esforço dos inteligentes, mas são os imbecis que o desfrutam."

Stupidity everywhere

Buy Nothing Day

Every November, for 24 hours, we remember that no one was born to shop. If you’ve never taken part in Buy Nothing Day, or if you’ve taken part in the past but haven’t really committed to doing it again, consider this: 2006 will go down as the year in which mainstream dialogue about global warming finally reached its critical mass. What better way to bring the Year of Global Warming to a close than to point in the direction of real alternatives to the unbridled consumption that has created this quagmire?

Não é que o garotinho da foto abaixo está certo?

I see...

Delfim Neto

Os melhores momentos do programa Globonews Painel, ao qual me referi num post anterior, ficaram por conta do Delfim Neto. O trecho comparando as eleições na Irlanda e no Brasil foi impagável. Vou citar de cabeça, procurando manter a idéia central:

Na Irlanda o candidato a primeiro-ministro chega para a população e diz "Vocês vejam lá o que vão fazer, hein: se eu for eleito vou fazer isso tudo com vocês". O irlandês, como é burro, vai lá, vota no sujeito e ele salva a Irlanda. Mas o brasileiro é esperto. Aqui os dois candidatos nunca disseram o que iam fazer, só ficavam falando de crescer, crescer".

Neoliberalismo radical

Não consigo deixar de me surpreender com as manifestações de liberalismo exibidas pelo nosso país. Aquele-cujo-nome-é-uma-ironia-ambulante tem razão: o Brasil precisa exorcizar o fantasma de Friedman que nos assombra e nos mantém na miséria.

Esta lei, por exemplo, é muito frouxa! Vou citar alguns pequenos exemplos de buracos:

Art. 4o Os preços dos produtos e serviços expostos à venda devem ficar sempre visíveis aos consumidores enquanto o estabelecimento estiver aberto ao público.

Parágrafo único. A montagem, rearranjo ou limpeza, se em horário de funcionamento, deve ser feito sem prejuízo das informações relativas aos preços de produtos ou serviços expostos à venda.

Por que apenas enquanto o estabelecimento estiver aberto? E se eu, consumidor, quiser dar uma volta de madrugada para olhar vitrines? É uma questão de cidadania fazer com que os estabelecimentos mantenham os preços visíveis durante as 24 horas de todos os dias da semana!

Tem mais permissividade do governo para com os empresários:

Art. 5o Na hipótese de afixação de preços de bens e serviços para o consumidor, em vitrines e no comércio em geral, de que trata o inciso I do art. 2o da Lei no 10.962, de 2004, a etiqueta ou similar afixada diretamente no produto exposto à venda deverá ter sua face principal voltada ao consumidor, a fim de garantir a pronta visualização do preço, independentemente de solicitação do consumidor ou intervenção do comerciante.

Isso é um erro: as estiquetas devem ser do tipo holográficas, daquelas que o consumidor pode ler de qualquer ângulo que esteja em relação ao produto. Do jeito frouxo que está, os empresários irão colocar as estiquetas apenas voltadas para uma direção, fazendo com que os consumidores tenham que se deslocar até que o preço esteja visível.

Para a finalizar, uma crueldade com as pessoas com necessidades especiais:

Art. 7o Na hipótese de utilização do código de barras para apreçamento, os fornecedores deverão disponibilizar, na área de vendas, para consulta de preços pelo consumidor, equipamentos de leitura ótica em perfeito estado de funcionamento.

(...)

§ 2o Os leitores óticos deverão ser dispostos na área de vendas, observada a distância máxima de quinze metros entre qualquer produto e a leitora ótica mais próxima.

Quinze longos e intermináveis metros?! Se o governo estivesse realmente preocupado com o bem-estar dos cidadãos portadores de necessidades especiais, ele iria fazer com que os estabelecimentos mantivessem funcionários circulando, ao menos de 15 em 15 segundos, pelos corredores do estabelecimento (o uso de patins é aceitável) com leitores portáteis.

Isso tudo é resultado dessas políticas neoliberais que tomam conta do Brasil desde a década de 90.

Economics for dummies

É o que deveria ler o pessoal do governo e boa parte da imprensa "especializada". O primeiro porque achava que isso podeira funcionar e esta última por acreditar na conversa fiada:

RIO - A decisão de aumentar a mistura do álcool anidro na gasolina, de 20% para 23%, que deveria reduzir o preço do combustível, ainda não surtiu efeito no bolso dos proprietários de veículos.

Re-post

Isso não é um país, é um estudo de caso.

Painel

Quem tiver Globonews não deixe de ver o Painel que vai ser reprisado hoje (confira os horários no site do canal). Giannetti, Delfim Neto e Luiz Gonzaga Belluzzo discutem o futuro da economia do Brasil. Giannetti foi o único a dizer que do jeito que está não tem jeito. Delfin e Belluzzo concordaram que é preciso alinhar a economia com as urnas ("nenhum político tem mandato para fazer isso que vocês [economistas] querem").

Peço ajuda dos economistas que freqüentam este boteco para me entender como isso é possível.

Bem talvez a resposta o próprio Giannetti tenha dado: a população está elegendo políticos que não estão comprometidos com crescimento.

Giannetti também disse - e eu concordo - que o que diferencia um verdadeiro estadista dos demais políticos é justamente fazer o que tem que ser feito mesmo que isso possa colocar em risco seu futuro político.

Impossível não lembrar de figuras como Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

25 novembro 2006

Aquele cujo nome é uma ironia ambulante

Ao contrário de muita gente, consegui deixar de ler as besteiras que Veríssimo escreve. O chato é que os seus textos, quando ele se dispõe a fazer propaganda, são tão grosseiros que nem estimulante é refutá-los. É coisa para iniciante, um tédio.

Vejo agora que ele resolveu dar uma contribuição à causa, fazendo comentários sobre o economista Milton Friedman (nada como chutar cachorro morto, né?). Rodrigo tratou de esculachá-lo devidamente.

24 novembro 2006

Competição

As três maiores marcas de guaraná brasileiras só podem estar travando uma competição para decidir quem faz o comercial mais idiota.

E está difícil escolher a campeã...

Liberals' whining

Reality continues to ruin my life.

Calvin, from Calvin & Hobbes cartoon

Liberals' mantra

Why should I have to WORK for everything?! It's like saying I don't deserve it!

Calvin, from Calvin & Hobbes cartoon.

23 novembro 2006

Coisas que te fazem comprar um livro

Declarações como essa de C.S. Lewis:

Não tenha medo da palavra ‘autoridade’. Se você acredita em algo por causa da autoridade de alguém significa apenas que você acredita porque a pessoa que lhe deu a informação é confiável. Noventa e nove por cento das coisas em que acreditamos são cridas em função da autoridade de alguém. (…) O homem comum acredita no sistema solar, nos átomos, na evolução e na circulação do sangue por causa da autoridade de alguém - porque os cientistas o afirmam. A única prova que temos de qualquer declaração histórica é também a autoridade. Nenhum de nós testemunhou a conquista normanda ou a derrota da Invencível Armada. Nenhum de nós poderia provar pela lógica pura que essas coisas aconteceram como se pode provar uma equação matemática. Acreditamos nelas simplesmente porque algumas testemunhas deixaram relatos escritos a seu respeito: na verdade, acreditamos nelas por causa de uma autoridade. Um homem que demonstrasse ceticismo em relação à autoridade em outros assuntos, como certas pessoas o fazem em relação à religião, teria de se contentar com não saber absolutamente nada.

Previsibilidade

O Brasil vem se tornando um lugar de uma previsibilidade incrível. Hoje, ao ouvir a chamada no Bom dia Brasil "Crime choca o Rio de Janeiro", imediatamente deduzi:

1 - Onde se lê Rio de Janeiro, leia-se bairros nobres da Zona Sul (não me venham com Botafogo, Flamengo ou Urca!).

2 - A vítima era alguém conhecido pois todos sabemos que morte de anônimo não choca ninguém por essas bandas.

Não deu outra:

1 - Local: Leblon
2 - Vítima: socialite ex-esposa do vice-presidente do grupo Gerdau

É um tédio só...

21 novembro 2006

Governo sabe tuuuuuudo - parte II

Fui alertado de que a reportagem que eu comentei no post anterior não procedia porque o governo não impede que o usuário instale outro sistema operacional. Conforme sugerido, fiz uma pesquisa adiciona e descobri que o governo apenas exige - sob pena de perda de suporte técnico - que o sistema operacional seja "Software livre de código aberto com permissão de uso, estudo, alteração, e execução e distribuição". Ou seja, não pode ser o Windows.

Não discuto a legitimidade da imposição, mas que ela existe, existe.


O mais bizarro eu descobri fazendo a tal pesquisa. Existe uma portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia que determina como deve ser a configuração do tal computador popular.

É sério. (O Paulo vai adorar essa!)

É o orgasmo para um burocrata: a tal portaria definine características mínimas de hardware e quais aplicativos devem vir instalados no computador.

Surreal! Imagine quantas pessoas não esitveram e estão envolvidas nisso...

Um trecho do anexo da portaria merece especial atenção:

O suporte a ser prestado aos usuários das soluções do Programa Computador para Todos será de responsabilidade da empresa credenciada para fornecer tais soluções, durante o período de 1 (um) ano. Compreende a assistência técnica ao hardware e o suporte ao pacote de software que compõe a solução. Para o usuário final deve ser transparente a questão do problema ser de hardware ou de software, ou seja, a rede de assistência deve garantir o funcionamento da sua solução.

Nem quero saber quanto este suporte "gratuito" está custando aos cofres públicos.

Voltado ao resultado da pesquisa, esta é uma prova da incapacidade do governo para tomar certas decisões: se 73% dos beneficiários está removendo o sistema operacional e os aplicativos pré-instalados é porque estes softwares não são interessantes. Faz sentido: a maioria das empresas usa software Windows e estar familiarizado com estes softwares é abrir portas no mercado de trabalho, coisa que, aliás, deveria ser do interesse do governo. Para piorar a situação, o governo paga, de forma direta ou indireta, pelo suporte que seria prestado ao sistema operacional livre e aos aplicativos mas esses produtos são desinstalados ou não utilizados.

Reparem na grandiosidade da cagada: o governo paga por algo que não é utilizado enquanto que os beneficiários ficam sem suporte por instalar produtos mais interessantes do ponto de vista prático.

Claramente um desperdício de dinheiro público.

Um governo sério deveria buscar uma alternativa junto à Microsoft para obter licenças dos seus produtos. Só consigo enxergar dois motivos para esse programa continuar do jeito que está:

1) Ideológico: por questão de ideologia o governo decide manter a imposição do software livre, se recusando a negociar com a MegaUltraCapitalista Microsoft que, na verdade, fornece os produtos que os beneficiários realmente desejam.

2) Corrupção: existe algum tipo de conluio com as empresas credenciadas pelo programa.

PS: Este post parte da premissa, questionável, de que este programa de financiamento é uma atribuição válida do governo federal.

Governo sabe tuuuuuudo

Isso é o que acontece quando o Estado acha que sabe o que é melhor para os outros:

SÃO PAULO - A Associação Brasileira das Empresas de Software - Abes, divulgou um estudo nesta semana, segundo o qual que aponta que 73% dos usuários que adquiriram seu primeiro PC por meio do programa governamental Computador Para Todos trocaram o sistema aberto Linux, requisito do programa, pelo Windows.

Agora a pergunta que fica é: por que diabos o governo precisa determinar a utilização de um sistema operacional específico? Me parece bastante evidente que a esmagadora maioria dos beneficiários do programa não deseja o Linux em seus computadores.

20 novembro 2006

Ah, as pesquisas...

Acaba de sair no Globo uma pesquisa que indica os EUA como "o país mais hostil a visitantes".

E lá vamos nós novamente:

A pesquisa, que consultou 2.011 viajantes internacionais de 16 diferentes países, foi conduzida pela RT Strategies para a Discover America Partnership, grupo lançado em setembro para promover viagens aos EUA e melhorar a imagem do país no exterior.

Qual o problema deste método? É que ele não avalia realmente qual país impõe mais dificuladades aos visitantes e sim qual país "dentre aqueles visitados pelos viajantes" oferece mais dificuldades. Não sei se alguém já tentou tirar visto para a Austrália mas, na última vez que eu dei uma olhada, era um pé no saco também.

Um exemplo da falha desse método, por exemplo, é que se me fosse perguntado qual o país mais pentelho que eu já visitei eu responderia Estados Unidos da América. Todos os demais países que eu já visitei não exigiam visto. E também não tiveram dois aviões entrando pelas janelas de seus prédios. Mas se me perguntassem qual o país mais pentelho do mundo, eu teria que responder: não sei.

A falha do método é tão flagrante que contradiz o volume de visitantes que escolhem os Estados Unidos como destino de suas viagens:

1o. lugar: França, com 75.1 milhões de visitantes
2o. lugar: Espanha, com 52.4 milhões de visitantes
3o. lugar: Estados Unidos, com 46.1 milhões de visitantes

Dados da Organização Mundial de Turismo referentes ao ano de 2004.

Se levarmos em consideração que França e Espanha, dada sua localização, são acessíveis a um número muito maior de estrangeiros - provenientes de outros países da Europa - do que os Estados Unidos, este 3o. lugar ganha outros contornos.

Ou seja: se a pesquisa estiver minimamente correta, o mundo é composto por um bando de masoquistas que sentem um desejo incontrolável de serem esculachados pelos agentes da imigração americana.

O tempo de espera para agendamento de entrevista para obtenção do visto é um dado objetivo que pode ser efetivamente medido. O mesmo não podemos dizer em relação à critérios subjetivos que dependem da percepção de cada indivíduo. Eu, que tenho mais de 20 entradas nos EUA, nunca me senti agredido ou ameaçado por nenhum oficial. Muito pelo contrário, alguns até brincam - na sua pobre ignorância - perguntando o que alguém do Brasil poderia ver de interessante nos EUA. Na pior das hipósteses foram diretos e objetivos.

Dependendo de como foi a viagem eu chego no destino com um determinado humor, o que afeta minha percepção de grosseria ou simpatia.

Ainda mais quando já vamos pré-dispostos a achar qualquer questionamento como algo ofensivo.

Para quem reclama do rigor, não custa lembrar esses numerozinhos: 9/11.

19 novembro 2006

Fábula

(Perdão pela mediocridade do estilo, mas vá lá...)

Diz a lenda que, um dia, no setor de controle de entrada de estrangeiros de um certo país latino-americano, se deu o seguinte episódio:

- Passaporte, por favor.
- Aqui está.
- Seja bem-vinda senhora... O que? Você de novo! Sra. Meritocracia, o que devemos fazer para deixar claro que a senhora é persona non grata "nestepaís"?
- Mas ainda?!
- Ainda, não! Sempre! Figuras como a senhora em nada se enquadram na nossa sociedade, muito pelo contrário: podem minar nossos valores mais prezados!
- Ah, mas eu queria tanto me estabelecer "nestepaís" um pouquinho. Eu acho que poderia ser tão útil aqui.
- De onde a senhora tirou essas idéias absurdas?
- Eu acompanho um pouco a mídia local e não pude deixar de perceber que, mesmo timidamente, algumas pessoas afirmam que gostariam da minha companhia.
- Deve ter havido algum engano. Provavelmente a senhora deve ter lido panfletos de propaganda dos inimigos do nosso maior ícone, a Sra. Mediocridade. Pessoalmente, eu gostaria de perseguir esses subversivos mas detalhes burocráticos me impedem. Ainda bem que eles são minoria. Posso garantir que sua companhia não é bem-vinda aqui.
- Puxa, mas tantos outros países apreciam minha companhia. Fazem de tudo para que eu continue por lá, cultivam minha presença.
- Azar o deles, minha senhora. Aqui temos outras prioridades.
- E o que eu faço agora?
- A senhora tem duas alternativas: voltar no mesmo pé ou entrar na Sala de Conversão.
- Sala de Conversão?!
- É, um projeto piloto resultado do esforço unificado das nossas maravilhosas universidades públicas.
- É o único jeito?
- Sim.
- Bem, então eu topo. Já venho querendo visitar "estepaís" faz tanto tempo. Não vou voltar daqui.

A Sra. Meritocracia entra na Sala de Conversão. Trata-se de um cubículo com um alto-falante na parede que cita repetidamente trechos de trabalhos dos intelectuais mais importantes "destepaís".

Cinco horas depois:

- A Sra. já pode sair.
- Já? Como o tempo passou rápido!
- Aqui está seu passaporte. Boa estada.

Pouco depois, chegando ao hotel:

- Bom dia, eu tenho uma reserva.
- Bom dia, senhora. Qual seu nome, por favor?
- Sra. Indolência.

Se a realidade desmente suas convicções...

... que se mude a realidade, ora bolas!

It's often preached and taken as gospel that the only way black people can progress is through racial politics and government programs, but how true is that? Let's look at it.

In 1940, poverty among black families was 87 percent and fell to 47 percent by 1960. Would someone tell me what anti-poverty program or civil-rights legislation accounted for this economic advance that exceeded any other 20-year interval? A significant chunk of that progress occurred through migration from rural areas in the South to big Northern cities. Between 1960 and 1980, black poverty fell roughly 17 percent and fell one percent during the '70s. Might this have been a continuation of a trend starting much earlier, or was it a miracle of the civil-rights movement or President Johnson's War on Poverty?

Dr. Thomas Sowell's research points out that in various skilled trades, the incomes of blacks relative to whites more than doubled between 1936 and 1959. What's more, the rise of blacks in professional and other high-level occupations was greater during the five years preceding the Civil Rights Act of 1964 than the five years afterward.

Ao ler um texto desses há quatro alternativas possíveis:

1) Confrontar os números e, caso eles se confirmem, concordar com o fato de que negros não precisam de políticas públicas especiais para se desenvolver;

2) Confrontar os números e, caso eles estejam errados, mostrar que somente através de políticas públicas especiais os negros conseguiram se desenvolver, logo tais políticas devem ser mantidas e ampliadas;

3) Ignorar completamente os argumentos e chamar Walter Williams e Thomas Sowell de racistas, nojentos e imundos. Aviso que essa alternativa tem falhas: ambos são negões!

4) Ignorar completamente os argumentos e chamar Walter Williams e Thomas Sowell de negros vendidos e lacaios dos brancos.

Ainda Friedman

É sério: a entrevista que eu mencionei no post anterior vai te ensinar mais sobre economia do que boa parte dos colunistas de economia dos nossos jornais.

Milton Friedman e porque estamos ferrados

Trecho de uma estrevista publicada no Estadão (via De Gustibus...):

Mas é verdade que um mercado competitivo não significa o conjunto todo da sociedade. Grande parte depende das qualidades da população e da nação na forma como organizam os aspectos da sociedade que não estão ligados ao mercado.

Ou seja, temos muito que trabalhar!

News

1) Tem novo blog no pedaço. O nome é sensacional, daqueles que despertam aquela invejazinha tipo "droga, por que não pensei nisso?": Selva Brasilis. Tive ótimas referências sobre autor.

2) Para quem não percebeu, mudei o cabeçalho do site. Acho que "Reality is out there" expressa melhor a visão que tenho "destepaís": um lugar onde as pessoas vivem em seu próprio mundo de faz-de-conta que não se parece nadinha com o mundo real.

17 novembro 2006

Bono e seus bonetes

Na cúpula do G20 em Melbourne (via Acredite Se Quiser):


Os primeiros manifestantes que chegaram à área da cúpula nesta sexta-feira montaram uma "embaixada" de orações na frente das barricadas. Eles pretendem acampar durante três dias e três noites. Alguns membros vão comer apenas arroz e água para demonstrar solidariedade com os pobres.

Quando li isso a primeira coisa que veio à minha cabeça foram as falas do rabugento House ao confrontar um médico (Sebastian) que se dedicava à causa da Tuberculose na África que se recusava a ter tratamento de ponta enquanto o mesmo tratamento era negado aos demais doentes africanos:

House: You are not the same as them (African TB patients). Your life is not the same, and you're cheapening everything they're going through by pretending you are!
Sebastian: I am the same, I'm not special.
House: You can't demand to be treated like any Third World sick person, and call a press conference!

País das maravilhas

O repórter Joe Sharkey está dando especial atenção no seu blog ao caso do acidente aéreo envolvendo o avião Legacy e o B737 da Gol.

Por mais duras que sejam as colocações (como chamar o Brasil de "rabbit hole in Wonderland") nossas "otoridades" estão se esmerando para fazer jus a elas.

No mesmo dia do acidente eu disse que iriam usar a nacionalidade dos pilotos para tentar jogar sobre eles a culpa do acidente. A cada dia que passa parece estar em andamento uma verdadeira "cover-ass operation".

São casos como esse que evidenciam o abismo que existe entre um país de primeiro mundo - no sentido amplo do termo - e uma republiqueta. Reter cidadãos estrangeiros sem acusação formal (a alegação é de que SE eles forem culpados ficará muito difícil ir atrás deles) é a maior prova de atraso que um país pode fornecer para o mundo.

Por essas e outras, sair gritando "sou brasileiro, com muito orgulho" só deve fazer sentido do lado de cá do "rabbit hole in Wonderland".

Pato Donald

Muito engraçado...

16 novembro 2006

E lá vêm eles novamente...

Essa patota é fogo. Decididamente eles não engoliram o resultado de referendo (ou consulta popular, ou sei lá o quê) sobre o Estatuto do Desarmamento. Foi divulgado hoje um estudo de um "especialista" (como eles adoram o termo) que procura provar:

1 - Pobreza gera violência
2 - Armas geram violência

Fui dar uma lida no tal estudo e me pareceu extremamente superficial. Alguns pontos me deixaram intrigado:

Não sei o porquê, mas o autor não detalhou os dados referentes às armas de fogo em todos os anos como fez com homicídios em geral. Este detalhamento é importantíssimo se o objetivo do estudo é provar que as políticas de desarmamento foram eficazes.

O estudo alega que "as mortes por armas de fogo, depois de longo período onde as cifras só aumentavam, caíram de 39.325 para 37.113". Ora, se neste balaio de gatos estão desde homicídios até as ações legais da polícia, passando por acidentes e suicídios (!!!!) não podemos tirar uma conclusão definitiva sobre o efeito das políticas públicas em relação aos homicídios já que os dados dos anos anteriores não foram detalhados. A diminuição de mortes de 39.325 para 37.113 pode ter sido em função da polícia ter matado menos criminosos em confrontos, da diminuição de suicídios ou da redução do número de acidentes com armas de fogo. Nenhum destes teria relação com políticas públicas de desarmamento.


Certamente nada disso é problema pois mesmo antes de chegar às considerações finais o autor já tinha descoberto que tudo ficou maravilhoso (" ocorreram 37.113 mortes") depois do início das políticas públicas de desarmamento.

O mundo ficou menos brilhante

Milton Friedman

O ceticismo

Concordo com cada palavra do Pedro:

Quem preconiza o ceticismo religioso e ao mesmo tempo condena o ceticismo político é, na mais generosa das hipóteses, um idiota.

Também nunca entendi pessoas tão céticas em relação à religião devotarem tanta fé na pureza dos ideais de pessoas como eu e você.

Minha teoria de botequim vocês devem lembrar: a necessidade de um sentido para a vida humana é algo gravado em nossa alma (ou genes, sei lá). Quando o homem moderno, por força da cultura anti-religiosa dos dias de hoje, descartou a religião como fonte de respostas para esse sentido, criou-se um vácuo que foi preenchido por figuras mundanas: políticos, celebridades, etc. A comparação ganha ainda mais sentido se você reparar que, para a maioria dos militantes políticos, a polarização esquerda/direita tem praticamente as mesmas propriedades da polarização Deus/Satanás.

Concordo com Pedro: não acreditar em Jesus Cristo como salvador é perfeitamente aceitável, mas deixar de acreditar em Jesus para ter a mesma fé em Lula, por exemplo, é idiotice.

15 novembro 2006

Nem comuni$ta, nem $ociali$ta

Concordo 100% com Reinaldo Azevedo:

Já lhes disse o que penso desses herdeiros modernos do bolchevismo. Um dos erros consiste em acusá-los de “socialistas”, de “comunistas”. Eu acho que eles continuam totalitários, violentos, potencialmente homicidas. Mas o movimento que está em curso no Brasil — e em boa parte dos países da América Latina — usa o comunismo e o socialismo como fachada. Ou ainda: usam um crime para lavar outro. Dizem-se comunistas e socialistas para que possam ser ladrões. O que não quer dizer que não nos mandariam todos para a cadeia ou não nos fuzilariam por crime de opinião. Se puderem, eles o farão.
Acho até que muitos, entre um vinho caro e um charuto cubano, devem fazer pouco dos militontos que lhes servem de bucha de canhão...

Dois pesos...

Diálogo real, ligeiramente adaptado pois estou citando de cabeça. Não posso divulgar os nomes dos envolvidos por questões éticas:

- Dizem que Saddam não era isso tudo de ruim, não. Eu sei que era uma ditadura, mas no tempo dele as universidades iraquianas se desenvolveram muito.
- Que interessante! O mesmo aconteceu com o Chile na época do Pinochet. Era uma ditadura mas o país se desenvolveu bastante e hoje é o mais avançado da América do Sul.
- Ah não, o caso do Pinochet era diferente.
- Ué, por quê?

Término do diálogo por incapacidade de prover uma resposta diferente de "Porque Pinochet é de direita."

Este é um caso clássico - com outro exemplo apontado pelo meu xará no final deste post - de quando as análises viram meras discussões políticas, mesmo neste caso em que a pessoa em questão nem era militante de coisa alguma. Acontece que o pensamento foi corrompido de tal forma que, diante de uma situação qualquer, primeiro analisam-se os agentes envolvidos (esquerda, direita, homem, mulher, pobre, rico, etc.) para depois adotar a linha de "raciocínio" adequada.

É por isso que Pinochet é um ditador nojento e Fidel um líder carismático; ter orgulho de ser negro é um ato louvável de amor à sua etnia e ter orgulho de ser branco é racismo abjeto; jogar papel na rua da janela do ônibus é falta de orientação e da janela do carrão é descaso pelo meio-ambiente e desconsideração, típica dos riquinhos, pelas pessoas com as quais compartilham o espaço público.

Reality in your face

Estou me deivertindo com a seção de comentários que O Globo criou para suas notícias. A falta de noção de boa parte dos leitores do jornal em relação a o que é o mundo real é espetacular. Cada dia que passa me convenço de que habitamos uma Matrix onde o Brasil é um país de extrema relevância no cenário mundial, um verdadeiro big player, e onde a cidade do Rio de Janeiro é mundialmente reconhecida por suas belíssimas praias.

Pausa para me recuperar...

Há algum tempo atrás o jornal relatou que o departamento de estado (ou sei lá que órgão era) americano estava alertando os turistas daquele país para os perigos de visitar o Rio de Janeiro. Como de costume, o espírito nacionalista se rebelou. Comentários irados condenavam o alerta, com aqueles argumentos elaboradíssimos que vocês já devem conhecer: uns diziam que era inveja dos americanos; outros diziam que era arrogância e outros - que provavelmente jamais tinham colocado a cara fora da cidade do Rio - alegavam que o Rio era tão perigoso quanto New York. Este último motivou um comentário de alguém aparentemente equilibrado e ponderado (cito de cabeça):

Gente, Nova York pode se dar esse luxo [ser tão violenta quanto o Rio] porque ela não é uma cidade turística como o Rio de Janeiro.

Apesar deste comentário ferir violentamente o senso comum do turista por vocação que vos escreve, deixei pra lá. Hoje, com um tempinho livre, resolvi fazer uma pesquisa básica. Tive problemas pois não consegui encontrar dados anualizados que mostrassem a entrada de turistas na cidade do Rio de Janeiro (só encontrei na Riotur dados de 2006 até Junho). Por isso fiz uma aproximação extremamente grosseira que ainda assim prova meu ponto:

Rio de Janeiro:

Visitantes domésticos: 3.624.000 *
Visitantes internacionais: 1.356.000 **
Total: 4.980.000

(*) Como a Riotur não tem os dados do ano 2005 (pelo menos não encontrei), peguei o maior valor mensal (Janeiro, aprox. 302 mil turistas) e multipliquei por 12. Uma aproximação bem grosseira se formos levar em conta que em Fevereiro foram 240 mil, mas tudo bem.

(**) Pelo mesmo motivo acima, peguei o maior valor mensal (Janeiro, 113 mil) e multipliquei por 12. Outra aproximação bem grosseira se formos levar em conta que em Junho o valor cai para 75 mil.

Ou seja, o total de turistas obtido é como se o Rio de Janeiro tivesse uma atividade turística, ao longo de todo o ano, igual ao seu melhor mês.

New York:

Como o ano não acabou ainda, só temos forecasts (previsões) para 2006 no site de turismo da cidade. Não vou dar mole para gringo, não. Vou usar o pior indicador desde 1998:

Visitantes internacionais e domésticos (1998): 33.100.000

E olha que eu realmente esfolei os gringos porque o total de 2005 foi de 42.600.000 e o esperado para 2006 é de 44.400.000.

Ou seja o turismo da Cidade Maravilhosa é quase 1/7 do turismo na Grande Maçã.

E nem vou entrar no mérito da qualidade dos turistas que vêm para cá...

Não é demérito nenhum estar atrás de uma grande potência como os EUA no quesito turismo. Acontece que, para pelo menos chegarmos perto da grana que eles movimentam com essa atividade (os turistas gastaram 22.8 bilhões de dólares somente em New York no ano de 2005), temos que parar de brincar de faz de conta e começar a trabalhar sério.

Percebam a diferença (dados de 2004. Fonte: Organização Mundial de Turismo):

United States:

International Tourism Receipts (US$ million): 74,481
Market share in the region (%): 56.6

Brazil:

International Tourism Receipts (US$ million): 3,222
Market share in the region (%): 2.4

Globalização

Meu xará indicou um estudo feito pelo Federal Reserve Bank de Dallas sobre globalização. Vale uma lida.

O Brasil se encontra no grupo dos países menos globalizados (Grupo I). Repare nos gráficos da página 12 como, "coincidentemente", os países deste grupo apresentam os piores indicadores entre todos os grupos analisados.

E assim a gente vai levando...

Nego só pode estar de sacanagem

Estava eu procurando material para fazer um post sobre o pessoal que mora nos melhores bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro (Ipanema, Leblon e cercanias) e não tem a menor idéia do que seja viver por exemplo em Cascadura ou Madureira. Acidentalmente caí na página da Wikitravel destinada ao Rio de Janeiro. Uma peça de ficção:

Na medida que o turista passa a conhecer a cidade do Rio de Janeiro, alguns tabus começam a ser quebrados como por exemplo a respeito do transporte. Cicular na cidade do Rio de Janeiro é muito fácil. Seja pela rapidez e conforto do metrô, aerobarcos e catamarãs, seja pelo baixo valor do táxi, comparado a outras cidades, seja pela longa distância e baixas tarifas cobradas pelos ônibus em relação a outras cidades.

Portanto, não se preocupe quanto ao transporte. Dispondo de um mínimo de dinheiro, você poderá fazer passeios por qualquer um dos transportes sem gastar muito como você poderia gastar em outras cidades.

Engraçado que a página da Wikipedia destinada ao Rio: diz justamente o contrário:

A cidade do Rio de Janeiro possui, em proporção a seu tamanho como metrópole, o pior sistema de transportes por ônibus do mundo (...)

Trabalho infantil

O Brasil precisa se decidir: afinal é contra ou a favor do trabalho infantil? Ou é apenas contra o trabalho infantil que não é glamouroso, tipo arrumar a cama e ajudar nas demais tarefas de casa? (Juro que já vi uma propaganda do governo federal dizendo que era exploração fazer uma criança arrumar sua própria cama)

Nascida em Jundiaí, numa família de classe média, Carolina sonhava em ser modelo desde criança. Após vencer um concurso realizado no interior, foi "descoberta" por uma olheira de agência e começou a trabalhar com 13 anos.

A morte do Superman

Nós observamos, perplexos, as tragédias (via De Gustibus...) que vão acontecendo no mundo ao nosso redor e fica a pergunta: será que o Super-homem de Nietzsche finalmente encontrou sua Kriptonita?

Monopólios são sempre danosos

O da ética também...

14 novembro 2006

O Barney paga o pato pelo pai bebezão

O articulista da Falha exige que este programa tenha um conteúdo repleto de ironia, espírito crítico e leveza!

Mas espere, vejamos a opinião do articulista sobre a paternidade:

Estive na praia com as crianças e a babá, e por maior, por enorme que seja a ajuda oferecida por enfermeiras e babás a pais e mães, em especial os relativamente idosos como é o caso deste blogueiro, no feriado não tem jeito: as crianças querem, precisam e exigem atenção direta de quem os pôs no mundo.

Pessoalmente, não encararia a paternidade se não fosse a constante, ininterrupta presença de babás dentro de casa. Como estudar, como ler, como sair, como viver, sem ter ninguém cuidando de crianças? Conheço alguns workaholics que, na verdade, encontram no escritório um refúgio em face das tarefas, imensamente mais exaustivas e estressantes, que as espreitam dentro de casa.

Aaah, agora entendo. O autor deve ter ficado extremamente irritado pelo fato dos seus pimpolhos terem lhe roubado tão precioso tempo fazendo-o com que assistisse ao dinossauro roxo quando tudo que ele queria era estudar, ler, sair, enfim... Viver.

A birra não passou de um ato de revolta de uma criança contra outra.

Post anterior

No post anterior comentei sobre o comercial da Claro. Claro que, a partir dele, não dá para afirmar se os autores são racistas ou não. No máximo dá para dizer que se apegaram a um estereótipo e nada mais.

Muitas vezes, onde não se vê nada é porque não há nada mesmo para ver...

Racismo?

Comercial da Claro:

Um jovem branco toca a esfera que tem o logotipo da empresa e uma banda de rock começa a tocar ao seu redor.

Uma mulher branca toca a esfera que tem o logotipo da empresa e uma orquestra começa a tocar ao seu redor.

Um homem negro toca a esfera que tem o logotipo da empresa e aparece ao seu redor... Uma escola de samba!


Esse é o mesmo tipo de gente que faz cara de nojo e diz que acha o racismo nojento quando lê que, durante uma discussão de trânsito, alguém chamou alguém de "nego safado".


By the way, Claro, sou mulato e o-d-e-i-o samba! :-))))

13 novembro 2006

Coisa de primeiro mundo

Agora, no moderno e progressista Brasil, il, il, as "otoridadi" poderão determinar, com base nos seus isentos e apurados critérios de avaliação, se o motorista está alcoolizado ou não. O curioso é que países com índice de corrupção policial infinitamente inferiores aos nossos nem sequer cogitam punir seus cidadãos com base em critérios subjetivos mas aqui no Bananão os agentes do Estado estão sempre acima de qualquer suspeita.

O que vai ter de blitz por aí não está no gibi.

Texto horroroso!

Sinceramente não sei de onde saiu esse cara (nem me dei o trabalho de Googlar), mas dos três ou quatro textos seus que li, nunca encontrei um sequer que tenha qualidade técnica razoável. As afirmações que ele faz como se fossem verdades indiscutíveis não se sustentam ante a mais simples análise:


Aconteça o que acontecer na economia, a culpa é sempre dos gastos públicos. Essa bem poderia ser a lei econômica geral do neoliberal de plantão. Anda meio fora de uso mundo afora. Nem mesmo o FMI fica mais martelando na tecla. Mas, aqui em Pindorama, tal é a pressão que até unha encravada é culpa do gasto público... perdão, da “gastança”.

Pelo amor de Deus! O gasto governamental fez até com que vários conservadores americanos passassem a criticar o governo Republicano. Basta olhar atentamente para o mundo, sem o filtro ideológico, para enxergar a crescente preocupação dos governos dos países desenvolvidos com o gasto público. Não, não "anda meio fora de uso mundo afora", muito pelo contrário.


Dê uma olhadinha em volta e observe, por favor, se há, entre eles, alguém que dependa do Estado para o que for. Já resolveram tudo no mundo privado. Seus filhos estão em escolas particulares e seus casos de saúde são tratados em hospitais-hotéis, garantidos por planos de saúde privados (O sistema público de saúde só é lembrado quando a doença exige tratamento caro e sofisticado, normalmente oferecido por centros públicos de excelência, mas isso deixa pra lá.) O fim de semana é dentro de shoppings climatizados e suas casas, de muros altos, grades e porteiros eletrônicos em série, são protegidas por empresas particulares de segurança.

Em resumo, quem ataca incondicionalmente o gasto público não precisa do Estado.

Isso beira o deboche! Tudo que a classe média gostaria é de não precisar pagar escola para seus filhos, plano de saúde para suas fámílias e contar com a proteção do Estado. Mas justamente porque o Estado decidiu gastar mal o dinheiro que arrecada, a classe média precisa pagar duas vezes por esses serviços. Que centros de execelência são esses? Por que nosso Vice-presidente não os encontrou e foi se tratar no exterior?

Já que ele considera a Fipe-USP insuspeita, o que ele teria a dizer da recomendação desse estudo:
As simulações realizadas mostraram que é inviável simplificar o sistema tributário se a necessidade de recursos do governo não diminuir em relação à base tributável: a carga tributária em 2004 alcançou o recorde de 36,7% do PIB e a racionalização do sistema tributário requer que a carga tributária total diminua para 28% do PIB.

Voltando ao texto do No Mínimo, esse trecho:


Além disso, pessoas com renda de até dois salários mínimos empenham o equivalente a 48% de sua renda com impostos, taxas e contribuições. Já os que ganham mais de 30 mínimos, são taxados em 26% de seus rendimentos.

Pode fazer mais sentido se você trouxer esta informação (do mesmo estudo apontado por mim) para a análise:


A condição econômica da maioria da população brasileira favorece esse fenômeno. 75% dela têm rendimento inferior a R$ 500/mês, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002/3: são 37 milhões de famílias abrangendo 132 milhões de pessoas. Apesar de renda tão baixa, as aspirações de consumo são elevadas, levando-as a ter um padrão de gasto incompatível com suas rendas. Até as classes de 10 salários mínimos (R$ 2000/mês em 2003) a despesa total supera a renda familiar em proporção tão mais elevada quanto mais pobre a família. A despesa com alimentação absorve mais de 20% da renda da família, chegando a 57% nas que recebem até 2 salários mínimos.

Ora, se uma família que ganha até 10 salários mínimos tem despesa total superior à sua renda familiar é bem provável que a proporção de impostos em relação a renda total seja mais elevada do que quem não compromete toda a sua renda com consumo que é altamente taxado. Por exemplo:

Supondo uma carga tributária comum de 40%:

Família A: renda familiar = 100.00; gasto com consumo = 100.00

Valor comprometido com impostos: 40.00, que representam 40% da renda familiar

Familía B: renda familiar = 500.00; gasto com consumo = 200.00

Valor comprometido com impostos: 80.00, que representam 16% da renda familiar

Família C: renda familiar = 500.00; gasto com consumo = 400.00

Valor comprometido com impostos: 160.00, que representam 32% da renda familiar

As famílias B e C possuem a mesma renda familiar mas como a família C consome mais, ela paga mais impostos do que a família B. Poderíamos dizer que o problema não é o imposto em si, mas sim o fato de a família A comprometer toda sua renda com consumo. O triste é que ainda assim provavelmente não está tendo suas necessidades plenamente atendidas.

Pesquisas devem ser analisadas como um todo. Pegar apenas um dado para fazer valer um ponto de vista é, no mínimo, descuido.

12 novembro 2006

Tá comemorando o quê?

É divertido ver a ralé dos países subdesenvolvidos comemorando a vitória dos Democratas nos EUA. Parecem que esqueceram do histórico protecionista dos Democratas cujas alianças com os sindicatos americanos sempre causaram danos às empresas dos países subdesenvolvidos que tentavam exportar para os Estados Unidos.

Gugu-dadá

Meu xará relata algo que, apesar de soar inacreditável, é bem verossímil se lembrarmos que papais e mamães são chamados pelos seus pimpolhos (com idade entre 25 e 30 anos) quando estes se metem em encrencas com seus coleguinhas na noite. Perdi a conta de quantas vezes vi entrevistas de pais zelosos dizendo que as fraturas que seu filhinhos causaram em outras pessoas não passavam de peraltice, que eles eram bons garotos.

Não sei quanto aos demais lugares, mas no Rio de Janeiro está se tornando cada vez mais normal, na classe média para cima, negligenciar os filhos quando pequenos, entregando-os à guarda permanente de babás e mimá-los depois de adultos como que buscando uma compensação. Inventaram até um termo para designar esses adultos infatilizados: adultescente.

Santas coincidências, Batman!




Hipóteses:

1) A revista Época é uma subsidiária da revista Focus
2) A revista Época plagiou o logotipo da revista Focus
3) A revista Focus plagiou o logotipo da revista Época
4) Mera coincidência

Update: Não era mesmo coincidência. A hipótese mais correta é a 1. Ver aqui. Valeu, Luis Afonso!

Tá feia a coisa

Conforme já comentei aqui anteriormente, o jornal Globo disponibiliza agora em seu site um espaço para que os leitores façam comentários sobre as notícias. É algo interessante que pode dar uma pequena amostra da reação de um determinado ssegmento da sociedade à um determinado assunto.

Partindo do princípio de que as pessoas que ali comentam possuem pelo menos acesso a um computador e à Internet, creio não ser exagero assumir que não pertencem ao que se qualifica por aí de povão.

Partindo desta premissa e analisando o teor dos comentários, não resta hoje outra alternativa a não ser concordar com o texto de Olavo de Carvalho que eu coloquei aqui ontem.

O primarismo dos comentários, escritos às vezes num português capenga e mal articulado, nos faz duvidar de que eles tenham sido escritos por um adulto alfabetizado. O apego aos clichês e preconceitos tolos, assim como a busca por aprovação e admiração (principalmente nas reportagens sobre celebridades internacionais que tecem algum comentário sobre o Brasil), expõem toda a imaturidade de um povo que foi levado à beira da demência.

Basta algum estrangeiro criticar algo que todo brasileiro critica e chovem comentários raivosos (ainda mais se o gringo for americano) bradando que o infeliz é um imbecil, que sofre de inveja incurável por não viver num país tão maravilhoso, etc.

Isso só pode ser uma patologia.

É curioso que, mesmo após viajar razoavelmente por aí, nunca vi um povo tão determinado a moldar uma imagem de si para o exterior, nem mesmo os tais arrogantes ianques. Novamente, é uma busca por aprovação e admiração. Se internamente fazemos de tudo para que "estepais" seja uma merda, por outro lado exigimos do resto do mundo que todos nos considerem um lugar especial.

Essa infantilidade coletiva não é normal.

Quando o assunto é política, os comentários que vemos hoje são os mesmos da época em que o mundo era mais compartimentado e o acesso à informação era mais precário. Com a quantidade de informação disponibilizada hoje pela Internet é inconcebível que um adulto ainda nutra alguma simpatia por figuras como Fidel Castro ou que ainda achem que o socialismo é o caminho para algo diferente da miséria. Estamos vendo o mundo com os mesmos olhos de décadas atrás, como se o resto do mundo tivesse seguido em frente e nós tivéssemos optado por ficar ruminando idéias que o mundo já tratou de dar o devido destino: a lixeira.

Vivemos na nossa Matrix particular.

E o mais preocupante é que não parece existir uma porta de saída para essa situação. Aqueles que deveriam ser o farol intelectual da população são os próprios irradiadores dessas idéias. A única diferença é que se expressam num português melhorzinho. Semanas atrás caí no Blog de uma jornalista do Globo - lamento sem propaganda grátis - aparentemente freqüentado por outros jornalistas do jornal e também, pelo que pude observar, por pessoas de altíssima formação acadêmica (mestres e doutores). Poderia arriscar, sem medo de errar, que ali está uma parte do que se considera a nata intelectual "destepais".

Sem nenhuma surpresa, constatei que o nível dos comentários no Blog acompanha o dos comentários no jornal. Ou melhor, os leitores é que nada mais fazem do que repetir o que lêem e ouvem nos meios de comunicação.

Lá podemos ver os mesmos velhos clichês amaldiçoando o capitalismo e louvando o socialismo; a demonização dos Estados Unidos como grande responsável pela miséria em que nós e outros países pobres vivemos; Fidel Castro louvado como guerreiro que defende os humildes dos imperialistas e por último, mas não menos relevante, a tola associação esquerda=bem / direita=mal.

E com isso, a cada ano que passa mais pobres nos tornamos, mais ignorantes, menos cientes do que se passa no mundo real e vamos nos parecendo, cada vez menos, com uma civilização. Não duvido que num futuro remoto voltemos adotar a paulada na cabeça como tática de conquista amorosa.

Mas - claro! - afirmando que este é o melhor lugar do mundo para se viver.


Brasileiro do futuro

11 novembro 2006

E tudo muda de figura...

O que não faz uma vitória Democrata...

Citando representantes do Pentágono, o jornal [NYTimes] disse que o presidente do Conselho da junta de chefes, general Peter Pace, definiu uma equipe com os militares mais inteligentes e inovadores. O time foi encarregado de avaliar temas como Iraque e Afeganistão, entre outros.

Eh! Eh! Eh!

Daqui a pouco o Bush, porque malandramente pediu sugestões ao Democratas sobre o conflito Iraque (sabendo que estes não têm nenhuma), se tornará uma pessoa humilde que sabe reconhecer seus erros e pedir ajuda aos mais capacitados quando necessário.

Eu hein!

Li alguns libertários americanos dizendo que votariam nos Democratas (via FYI) por causa da agenda anti-capitalista dos Republicanos. Sinceramente, eu estou ca**ndo e andando para quem ganha ou deixa de ganhar por lá, mas este pensamento é - deixa eu escolher uma palavra leve - idiota.

Acho que a vida dos libertários é e sempre será mais ou menos como a dos esquerdistas por aqui: votam em Fulano para tirar Beltrano do poder. Aí se decepcionam com Beltrano e votam em Ciclano para tirá-lo do poder. E se decepcionam com o Ciclano...

Se eles estavam decepcionados com a agenda Republicana esperem para ver o que virá pela frente. Já se fala até em socialização da medicina.

Eh! Eh! Eh!

Cambada de caipiras

Caipira.

Esta é a palavra que consigo pensar pra descrever o comportamento da zelite carioca quando da passagem do Cirque du Soleil no Rio de Janeiro.

(Quem tiver acesso ao Globo Digital é só dar uma olhada na reportagem da página 3 do Segundo Caderno, com título "Os famosos foram ao circo. Mas nem todos gostaram")

Só faltou o aleijadinho correndo pela cidade e gritando:

- O cirrrco! O cirrrco está chegando!

Depois reclaman quando os gringos vão embora sacaneando a gente...

Brasil, il, il

Minha homenagem a este povo maravilhoso!


Perguntas idiotas

Após o desfecho do espetacular seqüestro - breve em um cinema perto de você - em que reféns e seqüestrador saíram ilesos, uma repórter do Globonews perguntou ao comandante da PM:

- Este foi o melhor desfecho?

Será que ela esperava que o comandante dissesse "Infelizmente não. Eu pessoalmente preferiria que o seqüestrador e pelo menos metade dos reféns tivessem sido mortos, mas não dá para ganhar sempre..."

O Brasil contra a filosofia

Outro dia, meu filho de dezessete anos me disse: “Pai, no Brasil nunca vi alguém que acreditasse em alguma coisa por ser verdade. Eles dizem o que querem que aconteça, ou o que acham que é bom para eles, e chamam isso de ‘verdade’.”

É a experiência de um garoto que veio para os EUA dezoito meses atrás. Se tivesse desembarcado no Japão ou em Angola seria a mesma coisa. Ele tinha descoberto a diferença entre o Brasil e a espécie humana.

Sobretudo é preciso que tenha despertado na sua alma aquilo mesmo que falta no ambiente: o desejo de conhecer a realidade, de sacudir de si o torpor solipsista e tentar descobrir as coisas como são. O brasileiro a quem isso aconteça vê logo um abismo abrir-se entre ele e os outros. O que ele aprendeu é incomunicável na linguagem comum, feita para expressar desejos, temores, esperanças, não fatos, coisas, situações. Ele é agora o portador de um segredo, e quanto mais se esforça em revelá-lo mais parece ocultá-lo sob um manto esotérico. Os profanos se vingam, chamando-o de arrogante e esnobe. A família ri dele, a namorada ameaça largá-lo. Então ele não agüenta mais: vende a consciência em troca de afeição. Está maduro para tornar-se um professor da USP.

Perfeito. De quem? De quem? ;-)

É preciso coerência

Depois do "espetacular" - breve em um cinema perto de você - sequestro do ônibus 499 o programa Globo Repórter logo se apressou para fazer uma edição sobre violência contra a mulher. O tom era de denúncia indignada. Mas como criticar honestamente a violência contra a mulher quando, em uma de suas novelas, uma personagem reclamou que o marido era muito bonzinho e disse que precisava de um homem que lhe desse uns bons sopapos?

10 novembro 2006

Previsão

Acho que será negro o futuro do Nosso Guia quando ele não puder mais assinar nenhuma liberação de verba para companheiros ou empresas de comunicação. Acho que muita gente está com ele por aqui, só tolerando-o porque é ele quem está com a chave do cofre.

Será?

Que data tão importante terá passado em branco?

Eu não vi nada por aí... Mas confesso não ter visto muita TV ontem e nem lido sites jornalísticos.

09 novembro 2006