Diálogo real, ligeiramente adaptado pois estou citando de cabeça. Não posso divulgar os nomes dos envolvidos por questões éticas:
- Dizem que Saddam não era isso tudo de ruim, não. Eu sei que era uma ditadura, mas no tempo dele as universidades iraquianas se desenvolveram muito.
- Que interessante! O mesmo aconteceu com o Chile na época do Pinochet. Era uma ditadura mas o país se desenvolveu bastante e hoje é o mais avançado da América do Sul.
- Ah não, o caso do Pinochet era diferente.
- Ué, por quê?
Término do diálogo por incapacidade de prover uma resposta diferente de "Porque Pinochet é de direita."
Este é um caso clássico - com outro exemplo apontado pelo meu xará no final deste post - de quando as análises viram meras discussões políticas, mesmo neste caso em que a pessoa em questão nem era militante de coisa alguma. Acontece que o pensamento foi corrompido de tal forma que, diante de uma situação qualquer, primeiro analisam-se os agentes envolvidos (esquerda, direita, homem, mulher, pobre, rico, etc.) para depois adotar a linha de "raciocínio" adequada.
É por isso que Pinochet é um ditador nojento e Fidel um líder carismático; ter orgulho de ser negro é um ato louvável de amor à sua etnia e ter orgulho de ser branco é racismo abjeto; jogar papel na rua da janela do ônibus é falta de orientação e da janela do carrão é descaso pelo meio-ambiente e desconsideração, típica dos riquinhos, pelas pessoas com as quais compartilham o espaço público.