01 outubro 2012

Só mesmo a direita

Dei de cara com este site hoje:

http://olavettes.org/

Não avaliei o conteúdo, nem mesmo superficialmente. Dei uma rapidíssima passagem de olhos nele.

O meu ponto é que, de uma forma geral, a raivosa, beligerante e radical direita faz graça de si mesma enquanto a esquerda se leva tão a sério...

21 julho 2012

Just messing with you

- Quem te garante que até mesmo o experimento do tal Bozó de Higgs tenha ocorrido? Já te passou pela cabeça que você pode estar comemorando um baita de um engodo?
- Ah, mas esses experimentos são acompanhados por uma junta de cientistas...
- Quem te garante que eles não fazem parte do esquema?
- Ah, mas aí já é teoria de conspiração! No meio de tanta gente, como impedir alguém de contar a verdade?
- Sim, mas então por que o Cristianismo é uma mentira acobertada há mais de dois mil anos?

Não desperdice uma crise

A frase do título é de um cinismo ímpar. Tirando o verniz, na verdade o que ela quer dizer é: aproveite que todos estão aterrorizados com algum evento traumático para empurrar sua agenda política.

Aqui no Bananão, temos a Globo para fabricar as crises e mantê-las vivas até que as agendas moderninhas sejam empurradas goela abaixo da população. Curiosamente, falharam absurdamente no famigerado "Estatuto do Desarmamento," mas agora seguem firmes e fortes no intuito de criminalizar a homofobia, seja lá o que isso signifique.

Não me espantaria se, diante da notificação de um homicídio, antes mesmo de perguntar o nome da vítima, eles tentassem descobrir a sua orientação sexual. Só para ver se a notícia merece a devida cobertura.

Mas vida que segue...

Nos EUA, diante de mais um massacre, volta à cena o debate sobre a posse de armas. Claro, as pessoas estão assustadas. Claro, as pessoas estão apavoradas. Claro, alguém vai tentar se aproveitar disso.

Justamente quando seriam necessários tranqüilidade, cabeça fria e pensamento objetivo, tenta-se explorar a comoção nacional para empurrar uma agenda.

http://en.wikipedia.org/wiki/Number_of_guns_per_capita_by_country

http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_firearm-related_death_rate

Fazendo um rápido cruzamento de dados entre posse de armas de fogo e mortes por armas de fogo, a gente percebe que não há nem mesmo uma correlação entre ambos. Países que aparecem no topo de uma lista aparecem na parte de baixo da outra e vice-versa. Descontando a credibilidade da Wikipedia (quem quiser que conteste, eu não sou estudioso, apenas curioso), podemos chegar a pelo menos duas conclusões:

1) Provavelmente vários fatores contribuem para o aumento dos índices de homicídio.
2) Aparentemente a posse de armas não é um deles,

Claro que pode-se argumentar que os países que possuem leis menos restritivas e estão bem posicionados no ranking de homicídios poderiam estar ainda melhor posicionados se as armas fossem proibidas. É um argumento válido, mas há como prová-lo sem fazer (a) uma análise de todos os fatores sócio-econômicos ou (b) uma experiência social?

08 julho 2012

Oh, numbers, numbers...

Uma colunista fez uma bela peça de propaganda neste post:

Some awesome news: all 17 states that elected a Republican governor in 2010 has seen a reduction in their unemployment levels. In just over a year and a half since those new executives took office, these states have seen some serious improvement:

Verdade seja dita: ela não disse que os Democratas não obtiveram o mesmo resultado, mas a mensagem poderia ser considerada implícita.

Por que o título? Ora, os números que ela está divulgando não significam nada - e, novamente, ela não está afirmando nada em termos de performance, apenas deixando a mente do leitor inferir isso sozinha. São tantos fatores a observar para determinar se foram de fato políticas "Republicanas" as responsáveis por alguma eventual queda no desemprego que, NA MELHOR DAS HIPÓTESES, a única conclusão que se pode tirar, de fato, destes números, é: "Boa notícia: os 17 governadores Republicanos não estão piorando as coisas!"

01 julho 2012

Kindle et alii

A maior prova de que os ambientalistas são, na verdade, melancias é o fato deles não fazerem - se o fazem não é com a mesma intensidade que dedicam a outros temas - campanhas amplas para adoção de e-books, principalmente nas escolas.

Se o mundo for depender de ambientalistas, tá lascado.

28 junho 2012

Só pode ser piada

Uma chamada de um programa da Globonews pergunta "para onde ruma a frágil democracia paraguaia?"

Uma pergunta dessas vinda de uma emissora cujo país tem um sistema político onde o Executivo legisla através de medidas provisórias, compra o Legislativo com cargos e coisas piores, pressiona o Judiciário e um ex-presidente atua abertamente nos bastidores dos gabinetes federais.

Só pode ser piada. E de muito mau gosto!

27 junho 2012

You are an ASS

O título foi só pra fazer uma graça com as iniciais do Alexandre Soares Silva que escreveu um dos melhores textos de sociologia que eu já vi:
Se uma classe social gasta da mesma maneira que uma classe abaixo da dela gastaria se tivesse dinheiro para isso, então não estamos falando de duas classes diferentes, mas de uma só. Se isso é verdade, então tudo que chamamos de classes sociais no Brasil, a baixa, a média e a alta, são uma só: pobres, com diferentes saldos no banco. A grande maioria dos brasileiros forma uma só gigantesca classe social, a das pessoas com mais ou menos dinheiro; e isso inclui o que se convencionou chamar de “as elites”. Thor Batista, por exemplo, esse rapaz com o corte de cabelo e o físico de uma carcereira de campo de concentração na Polônia, parece ter hábitos de consumo iguais aos que qualquer pobre teria se pudesse pagar por eles. Não há diferenças culturais ou espirituais significativas entre elas.

Psicopata

No post anterior o Olavão indica uma entrevista para as pessoas entenderem o que é um psicopata. Não vale a pena não. Depois do quebra pau recente envolvendo um leigo e a Ciência, longe de mim querer desafiar os possuidores de títulos, mas há naquela entrevista vários erros conceituais que podem ter sido decorrentes da tentativa da entrevistada de tornar o tema mais fácil de ser digerido pela audiência. Um deles, o mais escandaloso, foi contrapor o psicopata às pessoas "do bem."

Este assunto (mente humana) é fascinante e se você quer mesmo saber algo mais sobre o assunto é melhor buscar na Internet, mesmo correndo o risco de ser linchado pela Ciência. ;-)

Mais Olavão

Não sei se foi motivado por bate-boca recente, mas o timing está perfeito:

É também natural que, justamente por isso, os debatedores procurem abrigar-se sob a proteção da “ciência”, mas nenhuma acumulação de dados estatísticos, nenhuma carga de citações acadêmicas ou mesmo de alegações cientificamente válidas em si mesmas dará qualquer legitimidade científica a um argumento, se este não inclui a reprodução fiel e a discussão científica dos argumentos antagônicos. Ciência é, por definição, a confrontação de hipóteses: se, em vez de ser examinadas extensivamente, as opiniões adversas são escamoteadas, caricaturadas, deformadas ou expulsas in limine da discussão sob um pretexto qualquer, de pouco vale você adornar a sua própria com as mais belas razões científicas do mundo. Não se faz ciência acumulando opiniões convergentes, mas buscando laboriosamente a verdade entre visões divergentes.

O teste da dignidade científica de um argumento reside precisamente na objetividade paciente com que ele examina os argumentos adversos. Quem logo de cara os impugna como “preconceitos” nada mais faz do que tentar criar contra eles um preconceito, dissuadindo a platéia de examiná-los.

Leia tudo aqui.

24 junho 2012

Lá e cá

Nos EUA, alguns cargos públicos são preenchidos através de eleição - promotor, por exemplo. Um dia fiquei matutando qual dos dois sistemas (eleição ou concurso) seria mais efetivo, quando então caí na real: uma sociedade corrupta como a nossa vai dar um jeito de estragar qualquer sistema.
Deixei pra lá.

Pode escrever

Minha aposta é que, se a derrota de Obama, o Afro-Lula, vier a se confirmar, o que ouviremos por aqui, das suas viúvas bananenses, será algo do tipo "A América não estava ainda preparada para ter um presidente negro" ou "Os americanos de fato nunca aceitaram um negro na Casa Branca" ou "Um presidente negro foi demais para a cabecinha dos americanos" ou qualquer coisa neste sentido.

20 junho 2012

É o fim

Depois de ver a celeuma que um post criticando um estudo gerou na Academia Econômica (como diversos liberais que eu vi criticarem a aversão da esquerda à troca de idéias) acho que é mesmo hora de encerrar de vez qualquer atividade intelectual no país. Não nascemos para isso; nossa parada são os conchavos, os grupinhos, os círculos de auto-louvor e coisas do tipo.

A carta resposta que o cara mandou pro Reinaldo Azevedo foi uma coisa constrangedora. Tão constrangedora que parece ter causado um efeito de dissonância cognitiva em muita gente que teve que catar agressões no post do RA para poder dizer "ah, mas o RA agrediu".

Bem, enfim... Este é o nosso destino mesmo: seja no Maraca ou na Academia, tudo se resume a manifestações próprias da "geral". E eu fico aqui quietinho como meu cartaz dizendo "Galvão, filma eu! Eu já sabia!"

13 maio 2012

Idiota

O caso mais comum de idiota que há por aí é aquele que é incapaz de analisar qualquer dado dentro de um contexto. Para ele o dado, em si, já é a própria informação.

11 maio 2012

Agora sim!

Milhares de papers produzidos, contra e a favor. Estudos, debates, palestras, peeer reviews. Até então então, tudo isso não passava de fofoquinha digna das páginas de Caras.

Somente agora a questão do aquecimento global está, de fato, solucionada: saiu no programa do Jô.

10 maio 2012

Inevitável

Praticamente inevitável que escritores iniciantes, que prentendem fazer disso seu sustento e, por que não dizer, sua fonte de fortuna, acabem caindo naquele "emcimadomurismo" enfadonho. Afinal, nem todo mundo pode se dar o luxo de sair pisando nos calos das pessoas que terão a palavra final - ou grande influência, ao menos - na contratação dos seus serviços.

Durante sua fase amadora, digamos, ele angaria um grande número de leitores e admiradores, principalmente por expor pontos polêmicos que normalmente não são vistos na chamada grande mídia. Seu nome começa a circular até que algumas ofertas de trabalho aparecem, mas aí surgem os obstáculos: suas palavras contundentes agradam aqueles leitores que não lhe rendem nenhum centavo, mas desagradam terrivelmente os potenciais patrocinadores.

E assim, certos assuntos começam a ser evitados, certos laços inconvenientes começam a ser cortados e os textos do promissor escritor tornam-se sem graça e repetitivos.

Mas as contas estão pagas.

Esquisitão

Minha sensação ao observar a empolgação - ou falta de - com que as pessoas encaram seus trabalhos - e não falo de sub-emprego, falo de trabalhos teoricamente qaulificados - é que uma boa, grande mesmo!, parte dos brasileiros poderia ser definida como "aquele que gostaria que estar fazendo qualquer outra coisa."

08 maio 2012

BBC

Acho que, oficialmente, a sigla BBC que designa a cadeia britânica ostenta menos dignidade que a sua irmã gêmea pornô. A gota d'água que apenas tornou pública a sua pusilanimidade foi a entrevista dada pelo seu Diretor Geral afirmando, categoricamente, que eles apenas se eximem de ofender os islâmicos, mas sentam a bordoada nos cristãos, porque estes não reagem da mesma forma que os primeiros.

Mas o ponto que me chamou a atenção neste texto foi a perfeita colocação do jornalista Nick Cohen, que levanta o fundamento do pensamento politicamente correto:

The defining characteristic of Islamophobic prejudice is the belief that all Muslims are potential terrorists, and yet here, apparently, is the BBC seconding that motion by arguing that a dramatic examination of terrorism would be offensive to all Muslims.

Eis a raiz do pensamento politicamente correto. Se você escavar após a camada bonitinha de um - por exemplo - ativista dos direitos dos negros (exceto os que ganham $ com isso) você vai encontrar lá, quietinho, o racista bonzinho. Racista bonzinho? Exatamente: aquele que acredita que o negro é de fato inferior aos brancos, que o negro tem algum dipo de deficiência congênita que o impede de alcançar qualquer sucesso na vida. Este racista bonzinho, uma pessoa caridosa, decidie que a solução então é remover as barreiras do caminho dos negros para que eles possam ao menos avançar um pouquinho.

Os resultados? Estes pouco importam, na verdade. O racista bonzinho já fez "a sua parte" e pode dormir o sono dos justos, lamentando apenas que a corja da Direita tenha o coração tão duro, como uma rocha.

"- Ah, se todos fossem maravilhosos como eu...."

http://www.youtube.com/watch?v=vJOi0ykRGPs

Chinelada

Esta chinelada do Olavão foi pior que o sapeca-iaiá que o Flu deu no Botafogo, Domingo passado.

"O traço mais pitoresco do analfabeto funcional é que ele não compreende o que diz. A maneira mais rápida e fácil de diagnosticar isso é verificar se as afirmações dele conduzem, de maneira imediata e incontornável – não remota e forçada – a conseqüências que ele mesmo não subscreve de maneira alguma."

06 maio 2012

Triste mas...

Eu sou, ideologicamente falando, um liberal, mas dada a vocação escravocrata da nossa classe média, infelizmente reconheço a necessidade da existência de coisas como Justiça do Trabalho, salário mínimo, férias remuneradas, etc.

Subdesenvolvimento

A Internet veio para, entre outras coisas, acabar com o mito que era propagado, principalmente pelas esquerdas, de que o subdesenvolvimento tinha causas majoritariamente externas (opressão, exploração dos países mais ricos ou, como eles adoram dizer, imperialistas). Depois de mais de uma década de Internet aqui no Bananão, a informação ainda é privilégio de poucos. A boa notícia é que, não havendo nenhum tipo de censura governamental, qualquer um que queira sair da Matrix pode fazë-lo tranqüilamente, dada a quantidade crescente de informação disponível na web.

O brasileiro, principalmente o de classe média, se mostra extremamente passivo em relação à informação que ele consome. Esta, curiosamentte, continua em grande parte pautada pelos meios de comunicação de massa. Não parece ser costume do brasileiro, de um modo geral, complementar, ou até mesmo confrontar, as informações que lhe foram dadas.

Comparemos o pensamento de um brasileiro de hoje com o que se pensaava há uns vinte anos atrás, sobre questões como política e economia, e creio não haver muita diferença.

04 maio 2012

Da impossibilidade estrutural do Liberalismo

Como pode o liberalismo nascer e prosperar num país onde a população é incapaz de cumprir qualquer contrato - principalmente os sociais tácitos - sem que haja algum tipo de coerção?

03 maio 2012

Obras de arte

Algumas séries da HBO têm uma fómula infalível: elas pegam um assunto bobo qualquer - vampiros por exemplo - e envolvem com putaria e carnificina. E assim viram primores da TV, já que os muderninhos-intelequituais-chiques podem saciar sua sede de sangue e séquissu sem ter que compartilhar o recinto com o populacho. O fueda disso é ter que ouvir nego de oclinhos retangulares com armações grossas dizendo:

"Law and Order é um lixo. Bom mesmo é True Blood."

02 maio 2012

Sinergia às avessas

Volta e meia alguém me manda (por que será?) um texto de algum gringo dizendo que o Brasil é um país de gente amável, gentil e maravilhosa (o maravilhosa é deboche por minha conta). Pena que raramente dou de cara com essas pessoas no dia-a-dia. Devo, por azar, estar trombando apenas com alemães, holandeses, austríacos e americanos, esses bárbaros.

Se formos levar a sério essas simpáticas ou diplomáticas ou ainda interessadas palavras, então só me resta concluir que o Brasil é um caso de sinergia às avessas, onde a soma das partes maravilhosas resulta em um todo de merda.

Futebolisticamente falando, é como se alguém juntasse onze pernas de pau, cegos, surdos e mudos mas, por algum processo misterioso, acabasse formando um timaço de fazer medo ao Barça.

Menos, né? Bem menos!

Não consigo entender essa insistência da nossa imprensa esportiva em fazer do Boca Jrs. uma espécie de Barcelona sul-americano.

Tá com essa bola toda não, meu filho!

Liberou geral

Vendo certas coisas lamentáveis no feicibuqui, não me resta outra coisa a concluir a não ser que, com liberais como os nossos, chegados a um espírito de manada, quem precisa de socialistas?

12 fevereiro 2012

Nosso futebol será sempre uma merda

No Campeonato Carioca deste ano há jogos com 10 (DEZ) pagantes. Fluminese e Vasco acabam de jogar. Um clássico que costumava botar dezenas de milhares de pessoas no Maracaná, teve público de pouco mais de sete mil pagantes. Mas o que fazer se os próprios clubes são os primeiros a demonstrar total falta de profissionalismo. E para piorar as coisas, temos uma arbitragem escandalosamente fraca, combinando com uma imprensa esportiva que é mais preocupada em acirrar rivalidades tolinhas do que execer seu papel de informar e cobrar postura da clubes e entidades.

Mas por que não se faz nada para melhorar?

Aparentemente somos incapazes de fazer qualquer coisa séria e profissional. Por exempo, o juiz do clássico (?) hoje foi escandaloso contra o Fluminense. As torcidas rivais zoam, afirmando que é choro. Amanhã o prejudicado será o Botafogo e as demais torcidas zoarão os botafoguenses. E assim vai, com jogos sendo decidido por erros escandalosos da arbitragem, enquanto os dirigentes afirmam que isso é que dá graça ao futebol. Pelo público que vem comparecendo aos jogos, parece que as pessoas não estão achando a coisa tão engraçada assim...

Cada dia pior

Se "nestepaís" houvesse qualquer interesse na qualidade da imprensa, uma notícia como esta iria direto para as salas de aula, como exemplo de péssimo jornalismo. Vamos à manchete:

Homossexual é morto com 25 golpes de faca em João Pessoa, diz delegado

Aquele leitor que meramente passa os olhos pelo portal (eu arriscaria dizer que é a esmagadora maioria) antes de ir para a seção que interessa (esporte, fofoca ou TV) guardará no seu subconsciente que mais um crime foi cometido contra essa gente tão perseguida.

Mas espere. E se algum chato (presente!) resolver ler a notícia toda?

A vítima, Cícero Santos Dias, era homossexual e usuária de crack, segundo o delegado. O companheiro dele também foi ferido por golpes de faca e encaminhado para o Hospital de Trauma da capital. Ele está sob custória da Polícia Civil, que vai investigar qual foi o envolvimento dele no caso e se existiu a participação de uma terceira pessoa no crime.

Percebemos então que há mais motivações possíveis para o crime, como crime passional, briga motivada por drogas ou ainda - mais remotamente - acerto de contas feito por um traficante.

O nível da nossa imprensa é tão ruim que já não dá para saber se a coisa é pensada ou já é apenas conseqüência de um processo.

05 fevereiro 2012

Lessons learned

Seven things I learned about transition from communism

Fifth, economists have greatly exaggerated the benefits of incentives by themselves, without changes in people. Economic theory of socialism has put way too much weight on incentives, and way too little on human capital. Winners in the communist system turned out not to be so good in a market economy. Transition to markets is accomplished by new people, not by old people with better incentives. I realised this and wrote about it in the mid-1990s, but the lesson both in firms and in politics in profound: you cannot teach an old dog new tricks, even with incentives.

04 fevereiro 2012

Drama na TV

Quem é fissurado em TV, principalmente americana, não deve ter deixado de notar que, por incrível que pareça, as séries de comédia lidam de forma muito melhor com ambigüidades do que as séries de drama. São poucos os dramas que conseguem trabalhar com personagens ambíguos, como são os seres humanos normais, com fraquezas, com falhas de caráter.

Nas séries de drama, quando a mocinha fica grávida, ela geralmenete não precisa decidir entre abortar ou não: um acidente ou algum problema na gestação tomará esta decisão por ela. O mocinho não precisa viver com a culpa de ter matado o vilão sanguinário: este será atropelado ou caírá de um prédio durante uma perseguição. É mais comum ver um protagonista agindo de forma pouco ética numa sitcom (Will & Grace, King of Queens, Everybody Loves Raymond, etc). Nos dramas, os personagens são de uma forma geral mais preto no branco.

Isso gera situações inusitadas como ex-agentes de operações especiais, com centenas de mortes no currículo, cheios de pudores na hora de matar um criminoso vil, por exemplo. Em Dexter temos algo que vai contra essa linha mas eu creio que o sucesso da série nem é por isso, mas sim por causa da carnificina. Pornografia dá IBOPE! Até por que Dexter é um psicopata, logo não há dramas morais nas mortes que ele comete.

E a coisa parece intencional. Alguns shows começam bem (Person of Interest, por exemplo) mas lentamente parece que vai havendo algum tipo de ajuste interno e o personagem, de assassino, ex-forças especias, CIA, etc. se torna uma versão aguada do MacGyver.

Num futuro hipotético (espero)

Manchete: "O Congresso aprovou hoje por esmagadora maioria projeto de lei dando ao governo poderes para fazer o que bem entender, prender cidadãos por tempo indeterminado, sem necessidade de recorrer ao moroso judiciário, inverter o ônus da prova, etc. O projeto vai agora para a mesa do Presidente que já adiantou que vai sancioná-lo sem restrições."

O líder do Governo: "- Foi uma vitória da sociedade. Nunca fizemos nada tão arrojado desde aquelas modificações na Lei Seca. Aquilo foi o embrião deste processo revolucionário."

Cidadãos aprovam a medida: "-Quem não deve, não teme, né?"

Embora sempre haja os radicais lunáticos de sempre: "- Isso é uma afronta aos direitos civis!"

03 fevereiro 2012

#$@%#$##@#!$%

O pior mal que o PT está causando ao país não é a corrupção, sempre convivemos com isso. O pior mal é a aniquilação da individualidade dos pobres e "minorias". Pobre, neste Brasil de Lula, ou é vítima ou é beneficiado de algum programa estatal. Não é uma pessoa capaz de lidar com as cartas que a vida lhe deu.

Circula por aí a foto de uma moça, chamada Laíssa, que, segundo dizem, é catadora de papel e acaba de matricular na USP. O site (sem links para ativistas de esquerda, sorry) que divulga o feito diz:

"Essa é a geração dos jovens inspirados pelo presidente Lula, não tem mais retorno, eles vão ganhar o mundo."

Inspirados no presidente Lula? Como assim? Ele sempre deixou claro que estudo não lhe fez falta alguma. Se a moça fosse inspirada em Lula ela estaria agora ocupando alguma posição no Sindicato dos Catadores de Papel.

Assumindo que tudo é o que está noticiado, a premissa é que não existe o esforço individual de Laíssa, a sua luta, a sua batalha. Ela só chegou lá porque "nós" lhe demos a chance.

Outra premissa escondida é que pobre é imbecil, ignorante, incapaz de, mesmo com esforço, alcançar algum sucesso intelectual.

E mais triste ainda é ver os comentários que transformam Laíssa em um mero pet dessa classe média culpada cheia racistas bonzinhos. "Olha que bonitinha a Laíssa! Chegou lá porque eu sou uma pessoa maravilhosa e lhe dei essa brecha!"

Laíssa não deve nada a ninguém. Ninguém tem direito de sentir orgulho de tal feito, a não ser ela mesma.

02 fevereiro 2012

A filha do mal

Recentemente li os interessantes livros How to Lie with Statistics e 42 Fallacies, muito úteis para educar o leitor na arte de identificar estratagemas para ludibriar os incautos.

Segue um exemplo bem tolinho: todos sabemos da necessidade quanse doentia da imprensa local de exaltar as qualidades dos brasileiros, mesmo onde estas não existem. Pois bem, foi lançado um filme chamado "A filha do mal" que conta com uma brasileira no elenco - pausa para celebraçoes, apesar de até o surgimento do filme eu não saber sequer da existência dela. Até aí, bom pra ela, mas nossa imprensa precisava caprichar mais na conquista e tascou:

"A filha do mal", filme que estreia nesta sexta-feira (3) nos cinemas do Brasil, assustou as bilheterias norte-americanas tanto quanto seus espectadores quando chegou às telas daquele país - sem que ninguém esperasse, foi direto ao topo da lista de mais vistos, derrubando a superprodução "Missão: Impossível 4", estrelada por Tom Cruise.
O problema desta afirmação é que ela não é uma mentira em si. Mas ela omite uma série de outras verdades na intenção de sugerir que o filme com a brasileira teve muito melhor aceitação do que o filme do Tom Cruise (que aqui entrou como o americano famoso a ser desbancado pelo brasileiro que não desiste nunca). São elas:

1 - Quando o filme "A Filha do Mal" foi lançado o filme "Missão Impossível 4" já estava indo pro sua quarta semana de exibição.
2 - Na semana seguinte do lançamento, o filme "Missão Impossível 4" estava em terceiro lugar enquanto o filme "A Filha do Mal" despencava para o sétimo - repito, sétimo - lugar.

Se este tipo de falácia é cometida intencionalmente ou não, eu não sei. Só quem conhece a realidade das redações pode dizer. Mas se isso acontece com uma notícia besta dessas, imagina o que não rola quando o assunto envolve grana, muita grana.

31 janeiro 2012

Coisa de louco

No pedra-papel-tesoura ideológico, parece que na disputa entre os trabalhadores dos sweatshops chineses e a dissonância cognitiva, esta levou a melhor:

Kristof é um personagem importante. É colunista do "New York Times", especializado em questões sociais no mundo. Um daqueles raros jornalistas que chegou a um ponto tal da carreira que não tem orçamento. Marca quando quer uma viagem para onde desejar e vai. Quase sempre são buracos do mundo. Ele é conhecido pela sensibilidade extrema, pela empatia. Quando diz que sweatshops não são tão ruins assim, a afirmação carrega um peso que choca.
Não diz à toa. Sua mulher é chinesa, de uma família que vivia tradicionalmente numa região próxima de Shenzhen. Trata-se da terceira maior cidade da China. São 14 milhões de habitantes. E, 31 anos atrás, era um vilarejo. Foi beatificada por Deng Xiaoping para se tornar uma zona econômica especial e receber as fábricas que se transformariam na locomotiva chinesa. Quem mora lá trabalha na indústria ou quer trabalhar. Antes, viviam no campo. Pode parecer cruel, mas a vida dessa gente toda melhorou muito com a migração do campo para a cidade. Eles têm teto e têm comida. Quando plantavam arroz, nem teto, nem comida eram garantidos. A vida no mundo lá fora é dura.
Devemos ter culpa? A vida é dura e bem mais complicada do que a fabricação de um iPad. Porque não basta abrirmos mão de tablets da Apple, celulares Samsung ou computadores Dell.

Nova palavra

Por não ter filhos, meu vocabulário no que diz respeito aos pimpolhos é bem limitado. Por exemplo, apenas recentemente aprendi que existe uma coisa chamada "folguista." Aparentemente, trata-se de uma profissional cujo propósito é cobrir a ausência da babá no final de semana. Quer dizer que os pais não querem saber dos seus pimpolhos nem no final de semana?

Bem, isso pelo menos explica a legião de pscopatas que vemos por aí.

Já partiram pro escárnio

O Bananão tá chegando num ponto onde não há mais o que ser analisado seriamente - Ciência Política deve ser a mais depropositada carreira que alguém pode seguir. A classe política dominante, aparentemente entediada, resolveu fazer um teste:

"Até onde este povinho aguenta?"

A mais nova experiência: eles decidiram "enquadrar motoristas na Lei Seca mesmo sem bafômetro."

28 janeiro 2012

Capitalismo de Estado

Por que isso não existe:

Ao mesmo tempo, outra decisão já tomada em relação à Petrobras, que será presidida por Maria das Graças Foster a partir do dia 13, é a criação de mais uma Diretoria, a Corporativa, que deverá ser usada para acomodar José Eduardo Dutra, ex-senador e ex-presidente do PT e da Petrobras, como antecipado pelo GLOBO.

E lembrar que tem gente que ainda tem a cara de pau de dizer que a Petrobras não é estatal.

25 janeiro 2012

O (nosso) Príncipe

Se um dia nossa história for revista com lentes mais limpas, Lula será considerado uma versão tropicalizada, movida a álcool, do Príncipe de Maquiavel.

Repassando sua trajetória nesses últimos anos, ficou marcante a capacidade do ex-sindicalsita de potencializar e explorar o que de pior existe nas pessoas.

Claro também ficou que ele não mede esforços para realizar suas vendetas e que para ele, a vingança não é um prato que se come frio, mas um sorvete que se saboreia geladíssimo. O que ele fez com Ciro Gomes e Mangabeira Unger, principalmente este último, entraria para a história política do país se aqueles que a estão escrevendo agora não fossem tão... Aham! ... comprometidos.

22 janeiro 2012

The Economist escreve sobre oxímoro

Capitalismo de Estado

"The crisis of liberal capitalism has been rendered more serious by the rise of a potent alternative: state capitalism, which tries to meld the powers of the state with the powers of capitalism. It depends on government to pick winners and promote economic growth. But it also uses capitalist tools such as listing state-owned companies on the stockmarket and embracing globalisation."

21 janeiro 2012

Vai dar merda...

Governo regulamenta profissões do mercado de beleza. Vi muitas manicures comemorando, mas algo me diz que o resultado não vai ser exatamente o que muitas delas esperam.

Foi bom pra você como foi pra mim?

Eis a cena que fez o Sidney Resende ter um orgasminho ontem no Globonews Em Pauta.

20 janeiro 2012

Sachs

Muito bom texto que eu pesquei lá no Selva.

Update: Leiam também uma réplica aqui.

Visão de mundo

Uma chamada mínima no portal d'O Globo carrega tanta informação a respeito de como é longa a estrada para que os brasileiros, não importa a classe social, entendam o que vem a ser um Estado Democrático de Direito. Até lá, vamos aturando Lula, Dilma e quem mais vier...

Mitos

Interessante como, apesar de todas as informações fartamente disponíveis atualmente, certas idéias permanecem firmes no imaginário das pessoas. Até mesmo das pessoas mais instruídas.

Acho que todas as gerações seguintes foram vítimas disso:

The 19th century was a period in which the perception of an antagonism between religion and science was especially strong. The disputes surrounding the Darwinian revolution contributed to the birth of the conflict thesis, a view of history according to which any interaction between religion and science almost inevitably would lead to open hostility, with religion usually taking the part of the aggressor against new scientific ideas.

Perguntas (atendendo a pedidos)

Se há tanta vaga disponível para a tal mão-de-obra especializada no país, por quê:

1) Há baixa movimentação de profissionais entre empresas?
2) Há tanto concurseiro por aí?

A baixa oferta, combinada com uma alta demanda, não geraria uma disputa acirrada pelos profissionais existentes, fazendo com que os salários subissem?