26 abril 2008

E depois reclamam dos Simpsons

Quatro policiais americanos faziam turismo no Rio quando foram abordados num táxi na Avenida Rainha Elisabete da Bélgica, em Copacabana, por volta das 3h30m, pelos soldados. Eles saíam do restaurante anexo à Boate Help. Após revistar os turistas, os PMs encontraram um canivete com o policial da Califórnia John Arthur Junior. Para intimidá-lo, um dos PMs afirmou que portar o canivete caracterizava crime. Os soldados detiveram John e o colega Carlos Arenivas Sanchez, exigindo que o primeiro pagasse US$ 2 mil em troca da liberdade de Carlos, mantido como refém. John entregou aos soldados tudo que tinha de valor no apartamento em que estavam hospedados: US$ 900 e um I-Pod novo, avaliado em US$ 259.

É mole?

A ladainha de sempre

Aí vou eu, jornalista engajado e preocupado com o direito das minorias, engarregado de noticiar a morte de um negro pela racista polícia americana, e escrevo:

Absolvidos policiais que fuzilaram negro em NY

Pronto! Uma passada de olhos, como aquelas que a grande maioria das pessoas dá nos portais da rede duranta o expediente, deixará claro quão racistas são estes americanos!

E o jornalista pode dormir satisfeito, ciente de que fez a sua parte para tenhamos um mundo melhor.

Mas espere! Alguém decidiu ler a notícia inteira:


Os três policiais que dispararam contra ele, Michael Oliver, Gescard Isnora e Marc Cooper - dois negros e um branco - optaram por não enfrentar um júri popular, escolhendo serem julgados apenas pelo juiz Arthur J. Cooperman, da Suprema Corte estadual de Nova York.

Provavelmente o branquelo disparou os cinqüenta tiros enquanto os dois negros tentavam impedi-lo.

Este pode ser um caso de despreparo policial? Sim.
Pode ser um caso de violência excessiva? Sim.
Pode ser um caso de racismo? Talvez, se os policiais negros atenderem pelo nome de Michael Jackson.

E se o fuzilado fosse branco? Seria um caso digno de nota em "O Grobo"?

Pegunta meramente retórica, claro.

21 abril 2008

Uma vez buraco, sempre buraco

Incrível como o futebol é uma das poucas coisas no mundo que não evoluem. Aqui no Bananão, nem estagnado fica. Anda para trás.

O São Paulo voltou bem mais cedo para o segundo tempo (assista ao vídeo ao lado que mostra os jogadores em campo antes da hora). Ao chegar no vestiário de visitante do estádio Palestra Itália, jogadores, comissão técnica e diretoria do clube do Morumbi se depararam com um mau cheiro de spray de pimenta.

Um dos mais revoltados com o acontecimento foi o vice-presidente de futebol do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O chefe do policiamento, Coronel Botelho, disse que o mais provável é que a torcida tenha comprado um produto similar e atirado por uma das janelas do vestiário de visitante.

Incrível o espírito de vale-tudo que impera no nosso futebol. O jogo era para ter sido interrompido e o estádio interditado, mas não. O próprio time do São Paulo não demonstrou tanta indignação assim, já que voltou para jogar o segundo tempo.

20 abril 2008

Muita calma nessa hora...

Novamente - e como é freqüente esse tipo de coisa - estamos diante de mais um daqueles casos onde, segundo a opinião pública, todos deveríamos pular essas formalidades processuais tolas e partir logo para a condenação do pai da infeliz menina e da madrasta. Ficamos todos indignados e queremos que os safados que temos certeza de que assassinaram a criança apodreçam na cadeia.

Confesso que nada ou quase nada sei sobre este caso. Procurei, desde o início, me afastar do sensacionalismo que imperava e impera até hoje nos meios de comunicação para que eu não seja contagiado pela irracionalidade.

Em certas horas, principalmente em casos de forte apelo sentimental, é muito fácil ceder à tentação de mandar os mecanismos do Estado de Direito para os ares. Uma pessoa despreparada no lugar errado pode colocar tudo a perder.

A mistura é bombástica: meios de comunicação irresponsáveis que apelam para tudo por um ponto ou dois no IBOPE, delegados e promotores ávidos pelos seus 15 minutos de fama e um povo ignorante que vive, institucionalmente falando, na Idade da Pedra lascada.

Eu, assim como todo mundo, quero ver o responsável por essa atrocidade em cana, sim! Mas após o devido processo e com todo o direito à defesa que a lei garante. Não quero delegados ou promotores tomando atalhos para conedenar ninguém sob o pretexto de que todos sabem que ele é culpado. E não faço isso por nenhum motivo mais nobre. Faço por interesse próprio, pois um dia o alvo do linchamento poderei ser eu. Defender o Estado de Direito é, antes de mais nada, um ato de autopreservação.

Vale lembrar alguns trechos de um documentozinho que chamamos Constituição:


LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Creepy people

Ao ver Jurema vestida de preto, sua mãe comenta:

- Ah, Jurema, é hoje o enterro da Carminha, né? Que bom que você está indo. Vocês duas cresceram juntas; eram praticamente unha e carne! A família dela vai precisar do apoio dos amigos neste momento tão difícil.
- Que enterro da Carminha, o quê? Estou indo é para a vigília em frente ao prédio onde morava a menina Isabella. Meu cabelo está bom? E a maquiagem?

19 abril 2008

O óbvio

Em letras garrafais:

"O Exército serve ao Estado brasileiro e não ao governo."


Falou e disse (o óbvio mas nestepaiz é sempre necessário).

Triste verdade

Não há situação calamitosa que um carioca não consiga piorar.

16 abril 2008

Bush bashing - Parte II

Agradeço ao leitor Tiago pelo link com os votos dos senadores americanos em relação ao uso da força no Iraque.

Vale mencionar o voto de alguns senadores:

Clinton (D-NY), Yea
Kerry (D-MA), Yea
Edwards (D-NC), Yea

Claro que nada disso importa, já que todos eles poderão continuar chamando o conflito de "Guerra do Buxi" sem que ninguém lhes pergunte "Ué, mas você não votou a favor?"

Bush bashing: esporte olímpico

Este é o esporte preferido de 10 entre 10 intelequituais: esculachar o Jorgibuxi. Pena que muitos ditos conservadores ou "de direita" estejam caindo nessa e iniciando a prática do esporte, não pelos motivos certos, mas porque todo mundo está fazendo.

Numa era de reinado do homem-massa isso é até compreensível, afinal, como bem disse o texto:

O homem-massa adquire idéias do mesmo modo que os ratos adquirem pulgas infestadas de peste bubônica. Ele é infectado por elas.

E também:

O homem-massa é uma criatura facilmente manipulável. Ele é presa fácil dos adversários, dos vendedores de óleo de cobra e de charlatães de todo naipe.

Como é possível que ninguém faça a seguinte pergunta aos Senadores que hoje chamam a guerra do Iraque de Guerra do Bush: se a guerra é criminosa e foi apenas por petróleo, por que o senhor deu voto autorizando a invasão? Se essa guerra é de alguém ela também é dos senhores Senadores.

Entretanto essa admissão de culpa (ou reconhecimento de que havia sim motivos para invadir o Iraque) é desnecessária. O homem-massa está pronto para engolir todas as asneiras que os Michael Moores da vida vomitarem em suas boquinhas, como porcos esperando lavagem. Alguns chegaram ao limite de, após descobrirem que Michael Moore mentira descaradamente em seus filmes e livros, afirmarem "Ah, mas ele tem sua importância no combate ao Bush." E isso não ouvi de nenhum "povão" não. Foi de gente graduada e até pós-graduada. Como disse Gasset, o homem-massa transcende classes sociais.

Se Obama for eleito presidente dos EUA, estará confirmada a chegada do homem-massa ao topo do poder (*). E aí, mundo, se cuida!

(*) Não que os demais candidatos sejam espetaculares, mas o eleitorado de Obama é basicamente formado por homens-massa, essas criaturas "facilmente manipuláveis." Mantidas as devidas proporções, são criaturas como a intelequitualidade e classe média brasileiras que elegeram Lula em 2002.

Petrobras acha mais petróleo!

Petrobras achou outra reserva de petróleo, dessa vez no Alaska. Agora, para essa descoberta se converter em ganhos, só precisamos invadir os Estados Unidos, transformar o Alaska em território brasileiro, combater os ambientalistas e instalar as plataformas para então perfurar os poços.

Piece of cake!

A as ações da Petrobras vão disparar!

06 abril 2008

Reciprocidade

Uma brasileira que acusa a polícia da Suíça de maus-tratos causa polêmica no país. Jaqueline Lima, de 26 anos, foi presa por sete dias por ter vivido sem visto na Suíça e tentado retornar. Tratada como criminosa, a mulher se queixou no consulado brasileiro e na embaixada de maus-tratos. Ela afirmou que teria sofrido revista anal por parte da polícia antes de ser presa. A policia nega as acusações, mas admite que a revista completa - inclusive das partes íntimas - era "imperativo" para verificar se a brasileira levava drogas.

Os gays suíços devem estar em polvorosa:

- Aaai, vamos para o Brasil porque eles vão querer aplicar a reciprocidade!

Proud to be black

Minha metade negra se enche de orgulho, não quando ouve batuque de samba (isso qualquer tribo pode fazer), mas quando eu leio os textos deste dois negões com N maiúsculo:

Obama's Philadelphia Speech: A Theatrical Masterpiece, por Thomas Sowell

Someone once said that a con man's job is not to convince skeptics but to enable people to continue to believe what they already want to believe. Accordingly, Obama's Philadelphia speech -- a theatrical masterpiece -- will probably reassure most Democrats and some other Obama supporters. They will undoubtedly say that we should now "move on," even though many Democrats have still not yet moved on from George W. Bush's 2000 election victory. Like the Soviet show trials during their 1930s purges, Obama's speech was not supposed to convince critics but to reassure supporters and fellow-travelers, in order to keep the "useful idiots" useful.

Obama's Speech Ignores The Fundamental Issue, por Walter Williams

For the nation and for black people, the first black president should be the caliber of a Jackie Robinson and Barack Obama is not. Barack Obama has charisma and charm but in terms of character, values and understanding, he is no Jackie Robinson. By now, many Americans have heard the racist and anti-American tirades of Obama's minister and spiritual counselor. There's no way that Obama could have been a 20-year member of the Rev. Jeremiah Wright's church and not been aware of his statements.

Wright's racist and anti-American ideas are by no means unique. They are the ideas of many leftist professors and taught to our young people. The basic difference between Sen. Obama, Wright and leftist professors is simply a matter of style and language. His Philadelphia speech demonstrated his clever style where he merely changed the subject. The controversy was not about race. It was about his longtime association with such a hatemonger and whether he shared the Reverend's vision.

Obama's success is truly a remarkable commentary on the goodness of Americans and how far we've come in resolving matters of race. I'm 72 years old. For almost all of my life, a black having a real chance at becoming the president of the United States was at best a pipe dream. Obama has convincingly won primaries in states with insignificant black populations. As such, it further confirms what I've often said: The civil rights struggle in America is over and it's won. At one time black Americans did not have the constitutional guarantees enjoyed by white Americans; now we do. The fact that the civil rights struggle is over and won does not mean that there are not major problems confronting many members of the black community but they are not civil rights problems and have little or nothing to do with racial discrimination.

Todo mundo se indignou (o esporte predileto nos dias de hoje) com o personagem do ator Nicolas Cage no filme O Senhor da Guerra. De fato, é repugnante ver alguém ganhar a vida às custas da dor e do sofrimento da guerra. É uma pena que as pessoas não canalizem essa indginação para os Senhores da Guerra Racial, gente que fatura, e muito, provendo armas e inventando batalhas para manter viva uma guerra que já não tem mais sentido algum.

Corporative bitch

Um dos personagens que eu mais gosto é o Dilbert, do Scott Adams. A leitura das suas tiras fazem parte da minha rotina. O forte do Dilbert é a verossimilhança das situações absurdas vividas num ambiente corporativo.

Por várias vezes, ao ler uma tirinha, tive a sensação de que Scott Adams, na verdade, seria a identidade secreta de algum colega de trabalho.

Outra coisa que faz com que eu me identifique muito com o Dilbert, é sua resistência em aceitar o non-sense que inunda o ambiente das grandes empresas.

São tantos absurdos que, após algum tempo nesse meio, posso afirmar: o sucesso de um projeto não passa de um mero acidente, um efeito colateral.

Chega um momento na sua carreira em que você tem que escolher: (A) manter um mínimo de dignidade ou (B) se tornar uma corporative bitch. Se optar pelo primeiro, é aconselhável que você seja muito competente, a ponto de a empresa ter que te aturar mesmo que você não babe o ovo dos seus chefes. A maioria, entretanto, opta pelo segundo, o que torna seu career path muito mais fácil, embora muito mais humilhante.

Como corporative bitch, ao longo de sua carreira, seu chefe lhe dará todos os cargos inúteis mas de nomes pomposos onde sua incompetência não ofereça riscos ao projeto. Project Director, por exemplo.

Tive o desprazer de ver um profissional extremamente competente ceder aos encantos do corporative bitchness. Em vez excelência técnica, chopinho com os chefes (é assim que uma corporative bitch define Networking). Em vez de atualização, estaginação adornada com doses e doses de meaningless bullshit. Foi como ver Anakin Skywalker se entregar ao lado negro da Força.