26 abril 2008

A ladainha de sempre

Aí vou eu, jornalista engajado e preocupado com o direito das minorias, engarregado de noticiar a morte de um negro pela racista polícia americana, e escrevo:

Absolvidos policiais que fuzilaram negro em NY

Pronto! Uma passada de olhos, como aquelas que a grande maioria das pessoas dá nos portais da rede duranta o expediente, deixará claro quão racistas são estes americanos!

E o jornalista pode dormir satisfeito, ciente de que fez a sua parte para tenhamos um mundo melhor.

Mas espere! Alguém decidiu ler a notícia inteira:


Os três policiais que dispararam contra ele, Michael Oliver, Gescard Isnora e Marc Cooper - dois negros e um branco - optaram por não enfrentar um júri popular, escolhendo serem julgados apenas pelo juiz Arthur J. Cooperman, da Suprema Corte estadual de Nova York.

Provavelmente o branquelo disparou os cinqüenta tiros enquanto os dois negros tentavam impedi-lo.

Este pode ser um caso de despreparo policial? Sim.
Pode ser um caso de violência excessiva? Sim.
Pode ser um caso de racismo? Talvez, se os policiais negros atenderem pelo nome de Michael Jackson.

E se o fuzilado fosse branco? Seria um caso digno de nota em "O Grobo"?

Pegunta meramente retórica, claro.