28 setembro 2009

Olha o teu rabo, brazuca...

Agora que a manada está tomando conhecimento de que Zé Laia violou a Constituição hondurenha, parece que o foco é atacar a Constituição em si. Há gente dizendo que a "Constituição hondurenha deve ter inúmeros absurdos." Nenhum cidadão de um país cuja a Constituição determina que o lazer é um direito pode dar pitaco na dos outros.

Cultura pop

Não deixa de me surpreender como alguns assuntos polêmicos são abordados na TV americana. Seriados de TV chegam a ser mais profundos, na discussão de certos assuntos, que toda a nossa academia reunida. Se por aqui, ainda chafurdamos nos estereótipos "pobrinho bom, rico mau" ou nos programas humorísticos cuja as piadas consistem em mostrar mulheres semi-nuas chifrando seus maridos ou bichas afetadas, lá questões como discriminação, qualidade da educação, etc. são colocadas de forma provocadora e fora do receituário politicamente correto.

Neste domingo estava vendo a reprise de um episódio de "The new adventures of old Christine", estrelado pela atriz que fazia a Elaine em Seinfeld. Segue um resumo.

Após ler, para a classe de seu filho, um livro com a história de Ruby Bridges, Christine percebe que na escola não há um único negro sequer e fica incomodada com a falta de diversidade da escola, fazendo disso sua mais nova causa.

Num belo dia, no pátio da escola, enquanto ela explica para o filho as virtudes da diversidade ela nota uma família negra visitando a escola. Após alguma constrangedora conversa, ela se oferece para indicar a família ao conselho da escola. Quando um membro do conselho lhe pergunta o que ela tinha a dizer sobre a família, ela orgulhosamente responde "They are black!"

Agradecida pela indicação, a família convida Christine para um jantar. Lá pelas tantas, o pai pergunta à Christine se a escola era do tipo que cultivava valores, o que Christine responde positivamente. O pai então diz:

"Ótimo porque a escola anterior era cheia de bichas..."

Christine fica arrasada por ter indicado uma família que discrimina gays e tenta reparar seu erro, indicando para a escola um casal homossexual. Transbordando de orgulho, ela apresenta o casal a um dos membros do conselho que questiona o motivo deles querem mudar de escola. Um dos homens do casal então diz:

"A escola está cheia de judeus"

Para Christine nada mais resta a não ser dizer "Damn it!"

27 setembro 2009

Uma Era

Se algum dia o Brasil vier a ser algo parecido com uma civilização, historiadores chamarão este período no qual vivemos de "Os oito anos de infâmia."

E tome esculacho:

Os dois [Amorim e Rice] continuaram discutindo, mas era inaudível para os jornalistas, que estávamos em uma galeria. Amorim parecia um adolescente tomando bronca da coordenadora da escola.

De cabeça pra baixo

Você sabe que o mundo está de cabeça pra baixo quando um presidente americano fala como um maricas e é um presidente francês que chama todos na chincha:

France fully supports your initiative to hold this meeting, Mr. President, as well as the efforts you have made with Russia to reduce nuclear arsenals. However, let us speak frankly. We are here to guarantee peace. We are right to talk about the future. But the present comes before the future, and the present includes two major nuclear crises. The peoples of the entire world are listening to what we are saying, including our promises, commitments and speeches. But we live in the real world, not in a virtual one.

We say that we must reduce. President Obama himself has said that he dreams of a world without nuclear weapons. Before our very eyes, two countries are doing exactly the opposite at this very moment. Since 2005, Iran has violated five Security Council resolutions. Since 2005, the international community has called on Iran to engage in dialogue. A proposal for dialogue was made in 2005. A proposal for dialogue was made in 2006. A proposal for dialogue was made in 2007. A proposal for dialogue was made in 2008. And another was made in April 2009. President Obama, I support America’s extended hand. But what have those proposals for dialogue produced for the international community? Nothing but more enriched uranium and more centrifuges. And last but not least, it has resulted in a statement by Iranian leaders calling for wiping off the map a Member of the United Nations. What are we to do? What conclusion are we to draw? At a certain moment, hard facts will force us to take decisions. If we want a world without nuclear weapons in the future, we must not accept violations of international rules. I completely understand the differing positions of others. But all of us may one day be threatened by a neighbour that has acquired nuclear weapons.

Secondly, there is North Korea — and there it is even more striking. It has violated every Security Council decision since 1993. It pays absolutely no attention to what the international community says. Even more, it continues ballistic testing. How can we accept that? What conclusions should we draw? I say that also in this case, whatever the opposition, at a certain moment we will all have to unite to adopt sanctions and to ensure that Security Council and United Nations decisions are complied with.

Lastly, I share the views of the Presidents of Uganda and China with regard to access to nuclear energy for civilian purposes. We the nuclear Powers must accept the transfer of technology in order that everyone can have access to this clean energy. I should add that this should prevent those claiming to be carrying out nuclear research for civilian purposes from conflating their activities with military research.

We support the totality of what is contained in the resolution. We also fully support President Obama’s initiative. I hope that we will have the courage together to declare sanctions against countries that violate Security Council resolutions. In doing so, we will confer credibility on our commitment to a future world with fewer nuclear weapons and, perhaps one day, a world free of nuclear weapons.

26 setembro 2009

MM

Meu xará indica um link onde Michael Moore é mais uma vez desmascarado - incrível como após tudo que já viu dele, ainda haja gente disposta a pagar por seus lixos.

No texto que desmascara MM, porém, um trecho talvez nos sirva para entender a supremacia do ideário esquerdista, mesmo em países como os EUA:

One difference between libertarianism and socialism is that a socialist society won’t put up the money for people to make libertarian movies, but in a capitalist/libertarian society the capitalists are happy to put up the money for anti-capitalist movies.

Como disse no comentário que deixei no site do xará, uma interpretação para o trecho acima é: a única coisa que importa ao capitalista é o lucro, mesmo que para obtê-lo ele invista em quem quer destruí-lo. O trecho acabou corroborando MM, que disse numa entrevista que fez o filme porque o capitalismo é uma besta fora de controle que só visa ao lucro e vai atrás dele sem se importar com nada no seu caminho.

25 setembro 2009

Janjão

Oito anos. Menos que oito anos foram necessários para o Brasil ser transformado num tipo de Janjão, aquele menino grande, bem maior que os colegas de turma, porém lentinho e bobão. Aquele grandão retardado de quem todos tomam o dinheiro do lanche, no qual todos passam a mão na bunda e no qual todos aplicam seguidos atomic wedgies.

Krugman, essa metamorfose ambulante

The Paul Krugman of 2009 completely disagrees with the Paul Krugman of 2003.

Artigo do Mises.org.

24 setembro 2009

You have to turn it off

Ler notícias com o cérebro ligado nos dá motivos para muito espanto mas também para muitas gargalhadas.

Por exemplo, o portal Terra nos dá a manchete:

Golpistas buscam mandado judicial para invadir embaixada, diz Zelaya

Homer Simpson, com seu lápis de cera enfiado no cérebro, diria:

'Malditos golpistas!"

Já Didi Mocó diria:

"Cuma? Golpista agindo apenas com ordem judicial?"

Um cérebro que lê uma manchete dessas sem nenhum estranhamento merece muito estudo.

Águas

Em post recente Cristaldo fala sobre como o Brasil maltrata cruelmente suas águas:


O Brasil não tem respeito algum por suas águas. Enquanto na Europa os rios são componentes do lazer urbano, para nós constituem depósitos de lixo. Em Paris, o Sena faz a alegria da cidade. Em Londres, este papel é desempenhado pelo Tamisa. Já foram rios poluídas, mas tanto britânicos como franceses tiveram o bom senso de recuperá-los. Há nove anos, passei um sábado delicioso às margens do Limmat, em Zurique. O bar se chamava Panta Rei, o que me evocou Heráclito. Me lembrei muito de São Paulo naquele sábado. O rio, que atravessava a cidade, era cristalino, podia-se ver uma moedinha jogada em seu leito. Lá pelas tantas, alguém desceu a rampa e passou uma boa hora nadando. Nadar em um rio que atravessa o centro de uma cidade, para mim, egresso de Porto Alegre e São Paulo, pareceu-me utopia. Não era.

Para que vocês não pensem que Cristaldo de alguma forma exagerava, eis duas fotos do Rio Limmat que eu tirei, uma no ano passado e outra há poucos dias:


Rio Limmat
Foto tirada onde o Limmat encontra o Lago Zurique (Setembro 2008)

Rio Limmat
Rio Limmat (Setembro 2009)


E aqui a foto de um riacho que cruza o centro de Zurique:

Rio Limmat

23 setembro 2009

22 setembro 2009

Exemplo de tolerância

Sem nem mesmo se dar conta, o dono de um dos piores blogs sobre política americana em todo o universo dá um exemplo de como funciona a cachola progressista:

O leitor Marcelo - uma das pessoas mais ponderadas que escreve aqui, desde o lançamento do blog, apesar do seu viés político conservador - me enviou um texto muito legal com seu entendimento sobre esta rixa virulenta entre conservadores e liberais americanos que parece rachar o país.

Essa é equivalente ao "preto de alma branca" ou "pobre mas é limpinho."

Depende do que você chama de imposto



É um cara-de-pau...

Universal heathcare

Greg Mankiw faz, neste artigo, a pergunta da qual todos se esquivam de responder:

Who gets the magic pills, and who pays for them?

Didático, claro e, por isso, não vai descer fácil pela goela dos progressistas.

21 setembro 2009

Simulacro de civilização

Mal ponho meus pés neste país e já dou de cara, naquela coisa maravilhosa chamada Linha Vermelha, com um cartaz me informando que amanhã, dia 22 de setembro, será o tal do "Dia Sem Carro."

A vontade era de dar meia-volta ali mesmo.

A população de buracos como o Rio de Janeiro parece ter desistido mesmo de ser uma civilização e se contentar apenas com o simulacro fornecido pelos governantes. O que interessa é como vai ficar a foto.

Ao contrário de cidades (por exemplo, Zurique, de onde acabo de chegar) que possuem um fenomenal sistema de transporte público, a oferta que nos fazem é trocar o carro por essas porcarias de ônibus e essa piada que eles chamam de metrô. Quem já tentou pegar o metrô na estação Botafogo, em direção ao Centro, por volta das 18:00, sabe que a lei que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço simultaneamente é a maior balela.

Nem vou entrar no mérito dos ônibus porque já é covardia.

Ótimo dia para voltar ao Bananão...

18 setembro 2009

CNN

Jornalisticamente falando, depois de um ano acompanhando o canal nas minhas viagens, considero a CNN uma porcaria. E como o canal é apenas de notícia...

Ontem vi o anúncio do Messias de que ele iria suspender o projeto de escudo antimísseis do Jorgibuxi. Caguei pro escudo, mas me surpreendeu o fato dele ter dito que iria substituí-lo por um projeto melhor, mais eficiente e mais inteligente, sem no entanto dizer absolutamente nada sobre o empreendimento. E os caras da CNN acharam tudo isso muito natural. Obama falou, tá falado. No further questions.

Segundo os experts da CNN, esta foi uma jogada de mestre da adminstração do Messias no sentido de fazer com que a Rússia, que se rasgava de raiva do plano original do Jorgibuxi, una-se aos EUA e imponha sanções mais rigorosas ao Irã. A Rússia, até agora, não manfestou nenhum sinal de que vá fazê-lo. Só fizeram comemorar essa vitória e zoar os poloneses e checos que estão meio putos com o Messias neste momento.

16 setembro 2009

Kind of a Matrix, isn't it?

Estou viajando e, onde estou hospedado, o único canal em inglês é a CNN International. Não fosse pelos blogs que leio, não saberia da existência da tal marcha do milhão em Washington, DC. Por outro lado, a todo momento a CNN mostra o tal que atirou o sapato no Jorgibuxi sendo libertado.

08 setembro 2009

Pequena grande diferença

Lá, depois que Obama e seus czares se mostraram despreparados, incapazes e chegados a um populismo rasteiro, a popularidade do presidente despencou.

Aqui, depois que Lula e seus "cumpanheiros" se mostraram despreparados, incapazes e chegados a um populismo rasteiro, a popularidade do presidente disparou.

Heil Pré-Sal

Interrompo minhas merecidas férias para mostrar a vocês o relato de um evento comemorativo do Pré-Sal, segundo a correspondente do jornal suíço NZZ (achei aqui):

Christiane Hanna Henkel começa as suas linhas descrevendo um evento organizado no Cine Odeon, centro do Rio, e que mais parece ter escapado de arquivos empoeirados dos anos 1970. Ele começa com uma apresentação patriótica de um coro de funcionários da Petrobrás. Pouco depois, uma jovem "liberta-se" da bandeira americana e cobre-se com uma gigantesca verde e amarela, convidando os presentes a cantar o Hino Nacional. Todos se levantam com lágrimas nos olhos e o peito na mão. O ato é seguido por um "O Petróleo é nosso", bradado por um dos presentes. As cenas apoteóticas terminam para a apresentação do filme realizado pela Sindipetro e a Associação de Engenheiros da Petrobras.

Há alguma razão para excluirmos o Bananão do Clube das Republiquetas?

03 setembro 2009

Manchete alternativa

Inspirado pelo meu xará, deixo aqui uma manchete alternativa:

Merda traz felicidade

Fala sério

Você, brasileiro, não se sente um pouco diminuído ao ler uma notícia dessas não?

Um pai foi preso por beijar a filha de 8 anos na boca, na beira de uma praia, em Fortaleza. A polícia diz que essa atitude é condenada pela nova lei do estupro, que está em vigor no Brasil desde o mês passado.

O italiano de 40 anos, a mulher e a filha estavam na piscina de uma barraca de praia. O pai beijou a menina na boca e foi advertido por outros turistas.

Eu morro de constrangimento.

Caindo pelas tabelas

Surpreso (claro!) com a vertiginosa queda de popularidade do Messias, o autor de um dos piores blogues mainstream do Brasil credita a queda daquele aos - buuuu - conservadores (música de fundo de filme de terror!):


Trata-se do mais rápido declínio entre a opinião pública de um presidente recentemente eleito nos EUA. Pior que a queda nas pesquisas de opinião é saber que, de acordo com os números, a maior perda de apoio está entre democratas desiludidos com um governo que começa a fazer muitas concessões para os conservadores republicanos nos debates para a aprovação do projeto de reforma do sistema de saúde. A maioria dos americanos comuns já não sabe exatamente no que vai resultar o projeto de reforma e não se sente seguro com isso.

Bail out, health care reform, cash for clunkers, GM, política externa vacilante quando não alinhada com o que há de pior no mundo, isso para citar o que eu lembro de cabeça. E o cara vem dizer que o problema do Messias é o mesmo que atacou o impoluto Lula: a tal "aliança com os segmentos mais conservadores da sociedade."

Só mesmo o Sobrenatural de Almeida conseguiria explicar como uma pessoa que é capaz de fazer apenas leituras maniqueístas primárias do mundo que o rodeia consegue o posto de correspondente na maior potência do planeta.

Ô raça

Aparentemente, com o intuito de invalidar o racismo na sua origem - como se o racista fosse um ser altamente lógico - a onda do momento é a que não existe raça. Já até posso ver o cara da KKK cedendo ao argumento e tendo uma epifania no meio de uma reunião:

- Geez! That crap makes no sense! There is no race, dude! I'm outta here.

Isto me lembra a velha piada da professora que, para acabar com a discriminação racial na sala de aula, determinou que não haveria branco ou negro, mas apenas verde.

Todos seriam verdes.

- Joãozinho, você é verde claro e o Pedrinho é verde escuro.

No futuro, para acabar com a homofobia, podemos tentar acabar com o conceito de sexo.

01 setembro 2009