14 novembro 2007

Time out

Tempo para uma paradinha. Reacionário também tira férias.

Volto na primeira semana de Dezembro.

Aloha!

13 novembro 2007

Gatinho, gatinho...

É comum fazer chacota de figuras como Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo ou Diogo Mainardi, para citar apenas os mais barulhentos. Parte da "blogosfera", principalmente aquela que se diz "nem de esquerda, nem de direita", adora arrotar uma superioridade olímpica sobre esses "hidrófobos histéricos". Para eles nada de estranho está acontecendo no país. Tudo não passa de um resultado espontâneo da nossa brasilidade. Livros didáticos saudando comunistas e demonizando o capitalismo? Incompetência. Aparelhamento do Estado? Que nada... Apoio financeiro e vista grossa para atos do "movimentos sociais"? Coincidência, gente!

Da minha parte, confesso que me incomoda muito viver num país onde há o seguinte na sua Constituição:

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Podemos chamar isso do que quiser, mas continuarão valendo as palavras "se mia como gato, cheira a gato e se parece com um gato, então deve ser um gato". O mínimo que se espera de alguém alérgico a gatos é que este fique bolado quando o bichinho se aproximar demais.

12 novembro 2007

Não estou só!

Aliás, em muito boa companhia:

Como qualquer head shrinker recomendaria, tenho resolvido de maneira criativa uma das minhas grandes pequenas irritações. Sabem aquelas gentes que, logo após descer pela escada rolante, ficam paradas na frente, ponderando o Grande Mistério da Existência, de costas para a legião de pessoas que vem descendo? Sim, vocês sabem -e certamente já se esgueiraram por aquela ínfima fresta entre o imbecil parado no final da escada (identificado, deste ponto em diante, pela sigla IPFE) e o corrimão rolante, para evitar um desastroso efeito dominó de grandes proporções.

11 novembro 2007

Stretching

Vejamos este trecho de um post no Blog do David Friedman:

If morality is real and you act as if it were not, you will do bad things--and the assumption that morality is real means that you ought not to do bad things. If morality is an illusion and you act as if it were not, you may miss the opportunity to commit a few pleasurable wrongs--but since morality correlates tolerably well, although not perfectly, with rational self interest, the cost is unlikely to be large.

Honestamente, isso é um stretch da melhor qualidade!

Quer dizer que um ladrão, um estuprador ou um serial killer estão todos agindo contra seus próprios interesses quando cometem seus respectivos atos imorais? Então todos os criminosos do mundo não passam de altruístas agindo em interesse de terceiros e contra os seus próprios?

E o que é isso de tudo agora ser causado pelos genes?
Fulano é vagabundo? Genes!
Fulano é idiota? Genes!
Fulana é uma vadia? Genes!

Fecho com o Reinaldão

Acho que já falei algo parecido com isso por aqui, mas nunca é demais repetir:

Lula é um sintoma do Brasil que deploro, não é a causa. É personagem. É circunstância.

Eu lembro as palavras de Morpheu dirigidas a Neo:

Neo: What are you trying to tell me? That I can dodge bullets?
Morpheus: No, Neo. I'm trying to tell you that when you're ready, you won't have to.

Pois é. Quando - melhor, SE - estivermos prontos não será necessário combater figuras como o Lula. Elas definharão e ficarão recolhidas à sua insignificância.

Racismo light

Ou racismo soft, é o pior tipo que existe. Não, não falo sobre aquilo que se convencionou chamar de "racismo velado" aqui no Bananão. Falo daqueles que acham que, sim, os negros são inferiores e precisam de um tratamento diferenciado por parte dos brancos privilegiados senão nunca chegarão a ser nada na vida. Aqueles que não acreditam que, dando-lhe consições iguais, um negro é capaz de disputar uma vaga de trabalho em igualdade de condições ou até mesmo levar vantagem sobre um branco. Não, esses racistas acreditam que há algo defeituoso nos negros e que é papel dos brancos fazer com que os pobres miseráveis tenham uma vida mais digna.

Tadinhos, não conseguem passar no vestibular... Vamos criar cotas para eles nas universidades.

Tadinhos, não conseguem arrumar emprego... Vamos criar cotas para eles nas empresas.

Tadinhos, ... E assim vai. Tudo vale para poder colocar a cabecinha no travesseiro e dormir se achando uma pessoa bacaninha.

Uma das mais divertidas críticas que eu já vi a esse racismo soft foi no seriado americano Everybody Hates Chris, inspirada na infância do comediante Chris Rock. Na série, Chris tem uma professora, Ms. Morello, branquinha como leite e de voz macia. Um verdadeiro doce de pessoa. Entretanto Ms. Morello sempre assume que Chris, o único aluno negro da turma, está sempre envolvido com drogas, vem de um lar desfeito e quer ser jogador de basquetebol (Chris não sabe nada de basquetebol). Mas, claro, ela sempre fala essas coisas com um suave tom de preocupação.

Num exercício proposto para a sua classe, Ms. Morello selecionou casais de alunos para que fingissem ser uma família. A sua tarefa seria cuidar de um ovo durante a semana como se fosse um bebê. Ao final da escolha das duplas, Chris terminou sozinho. Ms. Morello lhe deu um ovo marrom (!) e disse ele deveria fingir ser um pai solteiro já que ele nunca teve um pai. Chris retruca dizendo que, sim, ele tem um pai. Docemente a professora responde: claro que tem querido, mas sua mãe não sabe quem é.

Todas as referências que eu encontrei no Google sobre a Ms. Morello a tratam como ela de fato é: racista. Se Ms. Morello fosse personagem de alguma novela das oito por aqui, duvido que a percepção seria a mesma.

Não custa lembrar a resposta que recebi quando escrevi para uma certa colunista de economia de um certo jornal discordando de sua opinião de que no Brasil há uma sistemática exclusão de negros das universidades e do mercado de trabalho e relatando que eu, mulato e de origem nada abastada, às custas de alguma ralação, me formei em universidade pública e hoje tenho uma renda superior inclusive a de colegas brancos na mesma empresa:

- Ah, mas nem todo mundo tem a sua sorte.

Ouch!

Reportagem no JB sobre o crescente consumo de drogas, em particular o ecstasy, por jovens (nem tão jovens assim, na minha opinião...).

Ao perguntar a um jovem de 21 anos (depoimento ao lado) que motivo levaria a nova geração a fazer de si um laboratório ambulante, o repórter ouviu uma resposta tão significativa quanto desconcertante:

- Porque somos filhos da geração de vocês.

08 novembro 2007

Essas coisas acontecem...

Um dos líderes do bando é Bruno Pompeu D'Urso, morador de um prédio de luxo na Fonte da Saudade. Ele mora com a mãe e uma empregada, que o criou desde pequeno. Ao testemunhar a prisão, a empregada assustou-se, dizendo que pessava que esse tipo de coisa só ocorria em favelas. Depois, ela pediu demissão, dizendo ser uma pessoa digna.

Aqui.

05 novembro 2007

Contardo Calligaris

Reinaldo Azevedo entrevista o psicanalista Contardo Calligaris. A entrevista é muito boa (ainda mais se você é um simpatizante do individualismo). Este trecho, particularmente, bate 100% com minha visão sobre o Bananão e seus habitantes:

Existe um caráter brasileiro?
Eu tenho uma implicância, não com o conjunto da obra, mas com algumas coisas do Roberto DaMatta. Acho que ele tem leituras certas do Carnaval etc. Mas não gosto da complacência indentificatória que consiste em dizer: “Sou brasileiro porque gosto de samba e futebol”. Isso eu acho horrível. Um dos perigos desse tipo de definição é que cria um grande momento de prazer coletivo. “Ah, nós somos brasileiros, malandros, todos à venda, gostamos de jeitinho...”

E, se não podemos convencer pelo argumento, vai pela nossa sedução...
Exatamente. Ou então se diz: “Não gostamos de conflito”. Isso é o que tem de pior na tentativa de obliterar nossa história subjetiva e coletiva por meio de uma visão muito fácil de nós mesmos. Veja a frase “O Brasil não é para principiantes”. Isso supõe que a nossa malandragem nos torna especiais e só interpretáveis por especialistas. Pelo contrário: o Brasil é para amadores e principiantes. Porque pagar e corromper é muito fácil. O difícil é construir uma coletividade em que haja leis, institucionalidade. O difícil é ser moral. Ser imoral é que é para principiantes. A malandragem é uma conduta moral de uma criança de 9 anos. O difícil é crescer. Governar pagando o cara para votar comigo é que é amador. O profissional é construir um discurso que convença, é falar com o outro. É claro que o brasileiro não é só isso. A contraparte do jeitinho é o recurso ao foro íntimo acima da convenção, o que é altamente moral.

Todos seguindo o líder

Hoje cedo, comentando a Maratona de New York, Robson Caetano disse que a última subida, antes da chegada, era o "pulgatório".
À tarde, durante a cobertura da queda do bimotor em São Paulo, Leila Sterenberg, da Globo News, avisou: " Estamos acompanhando o trabalho de resgate desta casa que caiu em um bairro residencial de São Paulo".
E, há pouco, Renato Maurício Prado, no Troca de Passes, disse que a FIFA é uma senhora "vestuta".
Vou para o DVD.

Aqui

Há um comercial da Natura, onde a atriz faz críticas a um tal "protótipo de beleza". Este nem mesmo tem a desculpa de ser ao vivo! Ninguém na cadeia de produção deste comercial sabe a diferença entre "protótipo" e "estereótipo".

Em breve, todos seremos como nosso grande líder, este modelo de ser humano!

Confusão

Sinceramente não sei o que se passa na cabeça de um jornalista. Quando li esta chamada logo pensei no espancamento daquela empregada doméstica na Barra:

Rapazes de classe média atacam prostitutas

A agressão foi jogar fumaça de extintor em prostitutas e travestis.

O que a "brincadeira" é: idiota, estúpida, de mau gosto, pateta, boçal, etc.

O que não é: nada parecido com o que aconteceu com a empregada doméstica, que foi espancada e assaltada.

Se uma pessoa não sabe distinguir e hierarquizar os dois atos, mantendo uma sgnificativa distância entre ambos, vamos parar tudo e começar do zero.

04 novembro 2007

Bananices

Incrível como brasileiro dá um jeito de fazer merda até quando tem razão. Surreais as palavras de um familiar do mineiro assassinado pela polícia britânica:

É a mesma coisa que multar uma pessoa em R$ 5. O valor de 175 mil libras, na Inglaterra, para quem é inglês, não é nada - disse o primo de Jean Charles, Alex Pereira.

Meu caro milionário, dê uma olhada nos classificados londrinos e me diz quantos empregos existem oferecendo um salário simbólico como este.

Mas eu entendo. A gente vive num país onde as mutretas são sempre contabilizadas em milhões. Quando ouve um valor na casa dos milhares, mesmo sendo em libras, acha que é merreca.

03 novembro 2007

Novos tempos

O Brasil vive uma estranha era. Atualmente o acusado não mais brada:

- Sou inocente!

Não. Não. Hoje vivemos a era do:

- Não há nada que me incrimine!

05 pega a vassoura!

Diante de tão desagradável perspectiva, os números confessarão tudo.

Até mesmo inverdades.

Este é o problema das estatísticas. Na verdade não é delas, mas de quem as tortura.

Greg Mankiw mostra que o depoimento das estatísticas, extraído sob tortura, pode esconder fatos muito diferentes daqueles que se deseja provar.

WITH the health care system at the center of the political debate, a lot of scary claims are being thrown around. The dangerous ones are not those that are false; watchdogs in the news media are quick to debunk them. Rather, the dangerous ones are those that are true but don’t mean what people think they mean.

Here are three of the true but misleading statements about health care that politicians and pundits love to use to frighten the public:

STATEMENT 1 The United States has lower life expectancy and higher infant mortality than Canada, which has national health insurance.

(...)

STATEMENT 2 Some 47 million Americans do not have health insurance.

(...)

STATEMENT 3 Health costs are eating up an ever increasing share of American incomes.

Discussão civilizada

O texto - este especificamente - não é verídico, mas basta uma circulada pelas caixas de comentários do blogs para ver que variações dele existem aos montes.

Meu caro,

Na verdade acho que o senhor é um fiel representante da camada mais asquerosa da nossa sociedade. Graças a figuras repugnantes como o senhor temos hoje várias pessoas miseráveis neste país.

Um grande abraço

Uma das grandes vantagens de ter sido "criado na rua" é que a gente tem desculpa para deixar de lado essas viadagens e voar com os dois pés - virtualmente falando - no peito do babaquinha.

02 novembro 2007

Please, meet Sam!

Esses animais irracionais...

Mídia reacionária golpista

Rio de Janeiro, 1 de Novembro de 2007, 10:44.

Sabem quantas notícias sobre o Lancelove havia no portal do Globo (procurei nas seções País e São Paulo)?

Zero! Rosca! Nada! Nenhuma!

Essa é a mídia golpista que todo aspirante a ditador pediu a Deus.

E lá vai o Homer novamente...

O que acontece quando você incentiva o consumo de um determinado produto e, "repentinamente", ocorre uma discrepância exacerbada entre as curvas de oferta e demanda?

Acontece a realidade, Homer.

O gás vai aumentar!


Preço do gás natural deve subir, diz presidente da Petrobras

Onde será?

Vejam a foto abaixo:



Eis um trecho - editado para remover o local - da reportagem que explica o ocorrido:

Estudantes e policiais voltaram a se enfrentar nesta quinta-feira, durante uma manifestação convocada pela oposição contrária à reforma da Constituição proposta pelo presidente.

Esta sucinta descrição não é suficiente para definir onde a manifestação ocorreu, mas dá para saber onde NÃO ocorreu:

1) Oposição reagindo a uma tentativa de mudança da constituição cujo interesse é fazer o presidente se perpetuar no poder?

2) Estudantes atendendo em massa a uma convocação da oposição contra o presidente "do povo"?

A única certeza que se pode ter é que a manifestação mostrada acima NÃO É NO BRASIL!