02 fevereiro 2012

A filha do mal

Recentemente li os interessantes livros How to Lie with Statistics e 42 Fallacies, muito úteis para educar o leitor na arte de identificar estratagemas para ludibriar os incautos.

Segue um exemplo bem tolinho: todos sabemos da necessidade quanse doentia da imprensa local de exaltar as qualidades dos brasileiros, mesmo onde estas não existem. Pois bem, foi lançado um filme chamado "A filha do mal" que conta com uma brasileira no elenco - pausa para celebraçoes, apesar de até o surgimento do filme eu não saber sequer da existência dela. Até aí, bom pra ela, mas nossa imprensa precisava caprichar mais na conquista e tascou:

"A filha do mal", filme que estreia nesta sexta-feira (3) nos cinemas do Brasil, assustou as bilheterias norte-americanas tanto quanto seus espectadores quando chegou às telas daquele país - sem que ninguém esperasse, foi direto ao topo da lista de mais vistos, derrubando a superprodução "Missão: Impossível 4", estrelada por Tom Cruise.
O problema desta afirmação é que ela não é uma mentira em si. Mas ela omite uma série de outras verdades na intenção de sugerir que o filme com a brasileira teve muito melhor aceitação do que o filme do Tom Cruise (que aqui entrou como o americano famoso a ser desbancado pelo brasileiro que não desiste nunca). São elas:

1 - Quando o filme "A Filha do Mal" foi lançado o filme "Missão Impossível 4" já estava indo pro sua quarta semana de exibição.
2 - Na semana seguinte do lançamento, o filme "Missão Impossível 4" estava em terceiro lugar enquanto o filme "A Filha do Mal" despencava para o sétimo - repito, sétimo - lugar.

Se este tipo de falácia é cometida intencionalmente ou não, eu não sei. Só quem conhece a realidade das redações pode dizer. Mas se isso acontece com uma notícia besta dessas, imagina o que não rola quando o assunto envolve grana, muita grana.