Bastou alguém dizer (a verdade) que pais que deixam seus filhos passarem a madrugada nas casas noturnas são negligentes e aquela gente bronzeada mostrou seu valor: no Globo de hoje dezenas de cartas indignadas reclamando que a juíza não tem o direito de exigir que os pais tenham qualquer responsabilidade sobre a vida dos seus pimpolhos.
Se o pimpolho consegue burlar eventuais esquemas de fiscalização e entra na boate permitida apenas para adultos, a culpa é do Estado que não fiscalizou como deveria e não do papi e da mami que deixaram uma criança de 16 anos chegar às 2 da manhã numa casa noturna.
Esse é o homo bananus em ação: avesso a qualquer responsabilidade ("é muito difícil", "é impossível seguir todos os passos de um adolescente") e pronto para passar para terceiros suas atribuições.
Hoje esta a família-padrão carioca: papai, mamãe, babá(s) e filhote(s).
Num badalado restaurante aqui do Rio vi uma mesa com pai, mãe, babá e filho. Este somente se dirigia, carinhosamente diga-se de passagem, à babá. Papi e mami se concentravam nos seus pratos e mal dirigiam o olhar ao garoto. Gostaria de dizer que isso é uma triste exceção, mas vejo o mesmo na Lagoa, na praia, nos cinemas, shoppings, etc.
A classe média terceirizou o pátrio poder e depois se escandaliza com as conseqüências.
Aguardemos a próxima "fatalidade".