Sou obrigado a discordar do texto do Paulo Guedes publicado hoje no Globo sob o título "Nem esquerda nem direita". Pareceu menos uma postura balanceada que uma tentativa de angariar simpatia da esquerda.
Ao definir o conjunto de leis que irá reger uma sociedade é fundamental sim o modo como se vê o ser humano. Se pensamos que o ser humano pode ser cruel, preguiçoso, indolente e vil, iremos criar dispositivos legais que impeçam os piores de causar males à sociedade quando, por ventura, chegarem ao poder. Por outro lado, se achamos que o ser humano é intrinsecamente bom e altruísta e que basta uma ordem social corretamente desenhada para que tudo funcione, iremos desprezar esses freios legais e, quando os piores tomarem o poder, estarão com a faca e o queijo na mão para agir.
Para que as "interações de milhões de pessoas tomando decisões, cooperando nas empresas, competindo nos mercados e atuando à base da reciprocidade e de outras normas culturais, cuidando de sua vida diária" possa resultar em algo sadio e produtivo é necessário, antes um framework legal, corretamente desenhado, que irá reger todas essas interações. Como exemplos práticos temos a Constituição dos Estados Unidos da América e a nossa Constituição Cidadã.
Não precisa falar mais nada.