Ali Kamel (link móvel), uma das poucas cabeças pensantes nas organizações Globo.
"Com freqüência, porém, dizem que minhas afirmações são fruto do que chamam de pensamento convencional. E eu concordo: de fato, chego a essas conclusões usando apenas o raciocínio lógico. É justamente a falta do pensamento convencional que embaça o debate. Há dias, vi na TVE alguém defendendo a ação do Ministério Público do Trabalho: 'Esse programa é uma revolução silenciosa porque está fazendo as empresas olharem para dentro de si e verem que não têm trabalhadores negros. O programa está combatendo os clichês de que o racismo é um problema econômico, social e educacional. Porque, na verdade, está sendo demonstrado que há vários negros capazes em número suficiente, e eles não estão sendo absorvidos pelo mercado de trabalho.' Taí um pensamento não convencional. Ou bem é verdade que o racismo barra os negros nas universidades ou bem é verdade que as universidades despejam no mercado todos os anos muitos profissionais de qualidade que não são absorvidos pelas empresas por racismo. Os dois fenômenos não podem coexistir na mesma medida. Apesar disso, as cotas são vistas como remédio para ambos os fenômenos."