18 novembro 2005

Confusão mental

"Não dou esmola. Sou contra a esmola tanto como ato individual de caridade quanto como política governamental. A despeito do alívio imediato para quem dá e recebe, ela tende não apenas a congelar a miséria como a expandi-la, tornando os despossuídos dependentes de quem os segrega e/ou cobra votos. Votos que alimentam o círculo vicioso."

Hmm, entendi: já que não podemos - ou queremos? - resolver o problema, que morram todos os miseráveis! Ou o paraíso da igualdade ou nada!

(...)

"Na nossa cultura cristã, como tantas outras coisas, a esmola tem a ver com a culpa. O pecado original do pequeno-burguês é ter o que comer, vestir e calçar. Shoppings são freqüentados pela pequena burguesia. Para que ela consuma em paz, é preciso deixar lá fora não só as condições meteorológicas e os relógios, mas também a própria História. O rapaz diante da loja de material esportivo profanava o chamado templo de consumo."

Fale por você cara-pálida!

Essa é a principal característica de quem tem culpa: tentar transformar seus pecados em virtudes ("não dou esmola porque só faz prolongar a situação") ou, quando isso não é possível, trazer todos para compartilhar da mesma lama ("na nossa cultura cristã"). Se houvesse em você algum resíduo de cultura cristã o rapaz teria ido embora com o R$1,00 que pediu.