18 julho 2007

Perplexos

É exatamente esse sentimento que eu percebo nas pessoas com as quais convivo:

A tragédia com o avião da TAM, dez meses depois do acidente da Gol, provocou um estranho misto de incredulidade misturada a frieza até mesmo nos jornalistas que estavam de cara para as chamas. Durante alguns minutos, via-se a cauda de um avião enterrado no depósito — sim, era, inequivocamente, a cauda de um avião —, e os repórteres falavam no "incêndio do prédio". No máximo, mesmo com aquele rabo da tragédia exposto, especulava-se sobre um “possível” acidente. Um avião derretia numa impressionante bola de fogo, e ninguém queria acreditar.

Mas não era daquelas resistências sofridas diante da tragédia. Talvez fosse outra coisa. Talvez fosse a manifestação de uma descrença generalizada na lógica. Ora, dados nove meses de caos, quanto tempo demoraria para que um novo acidente nos assombrasse? A perplexidade fria, creio, tinha a ver justamente com isto: a gente se dava conta de que, vejam só, é mesmo verdade; se fizermos as coisas erradas, colheremos desastres. Na aviação ou em qualquer lugar.