03 julho 2007

Ele

Uns posts atrás falei que ia tentar escrever sobre como lido com o Cara lá de cima.

Bem, de início vale dizer que não sou praticante de nenhuma religião e nem mesmo, como a maioria dos brazucas, católico por default.

Começando por Ele: tenho a incapacidade de assimilar tal conceito. Sei que, por definição, Ele é incompreensível para nós, mas eu tenho essa necessidade de compreender ou pelo menos captar levemente os conceitos fundamentam alguma coisa. Não consigo simplesmente aceitar a existência de algo onipotente e onisciente. Não espero ter nenhuma resposta consistente nesta vida, então só me restam dois caminhos: a aceitação pela fé ou o velho é bom "se eu não entendo é porque não existe". Ultimamente me situo em algum lugar entre esses dois extremos, pendendo mais para o primeiro.

O surgimento da vida, tal e qual a ciência-pop: trata-se de outro conceito que eu não consigo aceitar. Tenho grande curiosidade pelo funcionamento do corpo humano e sempre que descubro como funciona um pedaço de nós, a compleixadade dos mecanismos que formam nosso corpo, só uma coisa vem à minha cabeça: isso tudo não pode ter surgido após mutações aleatórias.

Alguns biólogos fizeram as contas (é, nem todo cientista é pop) da probalilidade matemática de, um milhar de enzimas se unirem aletoriamente para formar uma única célula viva: 10 elevado a 1000 contra 1.

O tempo necessário para que uma agregação de nucleotídeos reusltasse, aleatoriamente, numa molécula de ARN utilizável seria de 10 elevado a 15 anos, valor 100.000 vezes maior que a idade total do Universo.

Outra explicação que não faz sentido, para mim, do ponto de vista biológico é quando alguém diz que um determinado organismo evoluiu para se adaptar a uma situação externa. Por exemplo, "o peixe xpto desenvolveu a capacidade de emitir luz por viver em águas profundas onde a luz do Sol não chega." Este tipo de explicação é comum em programas de ciência-pop. Ora, procurem analisar o que está por trás disso, desde a consciência do peixe da existência do problema ("opa! preciso de luz!") até a capacidade dele transmitir essa necessidade ao seu próprio organismo e modificar a sua própria estrutura! A explicação dada para este fato é de que, na verdade, o que ocorrem são milhões de mutações que ocorrem aleatoriamente até que uma que gere um peixe que emana luz se estabeleça. Ok, acietável, mas aí precisamos de provas. Caso contrário precisarei de algo para acreditar nisso: fé.

Tão incompreensível para mim quanto um ser capaz de criar isso tudo que está aí é imaginar uma cadeia de acontecimentos aleatórios que obtivesse o mesmo resultado. Tenho plena consciência de que vou morrer sem resolver este dilema e isso nem me aflige tanto assim. Seria fácil adotar o lado daqueles que fazem mais barulho e que estão por cima hoje, a ciência-pop. Isso pouparia um monte de trabalho e ainda daria para tirar uma onda de iluminista em vez de fleratar com o rótulo de obscurantinsta. Mas não tenho a menor vocação para membro de rebanho, seja ele conduzido por pastores, seja por pseudo-cientistas.

Meu conforto é que existe gente ralando, e muito, para descobrir isso tudo sem se preocupar se no final da linha encontrarão o acaso ou Deus.