Marcus Taylor diz (só para assinantes) que:
Há nessa visão [de que o avanço econômico do Chile se deveu à ditadura de Pinochet] uma armadilha, a crença de que sem a ditadura não teria sido possível atingir um bom desempenho econômico. Reformas liberais similares promovidas por Margaret Thatcher na Inglaterra resultaram em desenvolvimento econômico acelerado sem arranhar minimamente a democracia. Por outro lado, modelos econômicos ultrapassados não dão certo mesmo quando garantidos por regimes de força. De outra forma, a ditadura cubana teria criado um país próspero, e não um dos mais pobres da América Latina. Tampouco é correto imaginar que o golpe de Estado de 1973 foi uma reação justificável diante da crise institucional criada pelo governo marxista. O golpe, com sua inevitável seqüência de brutalidade e horror, não se justifica. Sobretudo porque o objetivo dos golpistas não era apenas afastar o perigo comunista, e sim acabar com a democracia.
Acho que o sociólogo forçou um pouco a barra para defender seu ponto de vista:
1) Comparar o ambiente político do Chile de Allende com o da Inglaterra de Margaret Thatcher é um absurdo fora de proporções.
2) A maior prova de que a economia de mercado não é um modelo que pode brotar naturalmente do ambiente político "democrático" é a situação econômica atual dos países latino-americanos, praticamente todos vivendo em regimes democráticos. Para não irmos muito longe, o Brasil é um exemplo de país que se afasta do modelo de economia de mercado ao mesmo tempo em que a democracia se consolida. A democracia nas mãos de selvagens cai exatamente naquela definição de Ben Franklin: dois lobos e um carneiro decidindo o que terá para o jantar. A ditatura, por outro lado, não resulta em coisa melhor. O caso do Chile é uma aberração.
3) Tento imaginar qual seria umaa reação justificável da sociedade chilena diante daquele panorama? Que fique claro que essa não é uma pergunta retórica: como combater um governante que não apenas corroeu as insitituições do seu país como iniciou um processo de perseguição política? Qualquer resposta que não se encaixe em "democracia acima de tudo" será aceita.