Confesso que sou muito implicante com os colunistas dos jornais que leio. Sou porque acho que o mínimo que alguém que pense em viver da escrita deve fazer é conhecer o sentido correto das palavras. Para mim, um colunista que confunde o sentido das palavras é como um médico que confunde a função dos órgãos.
Por exemplo, vejamos este trecho de uma coluna publicada na Folha:
"Traduzindo, a democracia permite que se digam desaforos sobre o Deus em que creio porque me é facultado desafiar a crença ou a descrença dos outros."
Claramente o autor, que escreve sobre política, tornando seu erro ainda mais escandaloso, desconhece o sentido da palavra "democracia". Segundo seu entendimento, a palavra que na verdade descreve uma forma de governo, assume ares de virtude.
Trata-se obviamente de um engano pois é possível que, democraticamente, um Estado chegue a conclusão de que desafiar uma crença constitui crime cuja pena é a morte.