06 fevereiro 2006

Boring

É muito chato ficar comentando este tipo de infantilidade que insiste em feqüentar as pautas dos nossos jornais, revistas e programas televisivos. A seções destinadas à cultura são, ironicamente, aquelas onde há menor densidade intelectual. Pior, somente os cadernos esportivos, mas pelo menos ninguém lá se propõe a guiar corações e mentes.

Agora vejo no Globo Online que - Oh! Horror dos horrores! - os Rolling Stones tiveram algumas de suas músicas censuradas no show que eles fizeram no Super Bowl. Segundo o comentarista do site, Jabba, the hut, este tipo de coisa é "mais um exemplo de como a liberdade de expressão funciona na terra de George W.Bush."

Até nisso deram um jeito de meter o Bush!

Bem, vamos ao que interessa que é a tal censura.

Se a rede ABC, que deve ter contratado os RS por uma pequena fortuna, se acha no direito de não se arriscar a ofender seus telespectadores (vale lembrar que o Super Bowl é um evento assistido pelos mais diferentes tipos) e cortar o conteúdo que ela considera potencialmente ofensivo, cabe ao RS dizer "No cú pardal! Ou as músicas saem na íntegra ou nada feito!"

Se os RS toparam ter sua música picotada, então tá mundo feliz e não se fala mais no assunto. Caso contrário eles que resolvam o problema coma a ABC.

O ponto é: a ABC como consumidora tem todo o direito de definir o produto que ela quer receber. Os RS, como fornecedores, têm todo o direito de aceitar ou não os termos da ABC.

Censura, com a conotação que o Jabba quis dar ao termo, seria se o governo federal, estadual ou municipal tivesse proibido os RS de cantarem suas músicas mesmo estando a ABC de pleno acordo com o conteúdo.

Com a ascensão que as amebas e os oportunistas tiveram nos meios de comunicação, atualmente se uma empresa se recusa a bancar um trabalho que, seja por que motivo for, não quer ver associado ao seu nome, ela é logo acusada de estar praticando censura. Ou seja: o artista se acha no direito não de se expressar mas de ter alguém bancando sua expressão mesmo que este alguém não concorde com ela ou que a ache desagradável. É uma chantagem disfarçada de vitimização.

Quando nosso iluste presidente quis expulsar o repórter do NYT por tê-lo chamdo de bebum, aquilo sim foi um ato digno de manifestações por parte de todos. Ali sim era o momento de defender o direito a livre expressão, mesmo que ela fosse a mais completa idiotice (o que não era nem o caso).

Mas não, repórter ianque sendo expulso por ofender a honra nacional? Onde é que eu assino?