09 agosto 2007

Se a realidade me contradiz...

Que se mude a realidade, então!

Uma escola so sul país criou um interessante programa de "incentivo" para que seus alunos não falem palavrões: a cada palavrinha suja, o aluno tem que pagar uma multa de R$0,10.

Como todo veículo jornalista sério, o portal G1 catou a dedo especialistas isentos para opinarem sobre a medida.


Ana Bock, que é professora de psicologia educacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e presidente do Conselho Federal de Psicologia, criticou o recurso. “Essa medida é quase uma bobagem, porque tira a espontaneidade do aluno. A escola perdeu a oportunidade de usar essa questão num trabalho realmente pedagógico e escolheu o constrangimento dos estudantes. Poderia ter feito um debate sobre palavrões na aula de português, por exemplo”, diz.

Calma, que tem mais especialista:


Mesmo com o impacto na mesada, para a psicóloga especialista em educação Marta Bitetti, a medida só ataca o bolso dos pais. “Nessa faixa etária, quem tem o dinheiro não é o adolescente ou o pré-adolescente. Quem vai pagar são os pais. A punição tem de estar diretamente relacionada com o que se quer ensinar”, afirma.

Essa aqui é a radicalzona:


“Castigo nenhum dá certo. Sentir a conseqüência de ato é o único caminho que serve para mudar o comportamento. Talvez, o colégio queria corrigir com boa intenção, mas isso não é para ser levado a todas as escolas. Pode ter dado certo circunstancialmente”, diz Maria Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

Parece que a opinião dos especialistas é realmente unânime:


A idéia unânime dos especialistas ouvidos é que a escola poderia pensar uma outra forma de agir. “Mesmo que os jovens estejam falando muito palavrão, porque não acolher e fazer um trabalho de interpretação do que estão falando?”, questiona a especialista em educação e psicanalista Maria Luiza Andreozzi. “Se a norma não levar em conta um processo interno, as pessoas vão ter de ser punidas cada vez com uma multa maior.”

Trata-se de uma medida descabida e ineficaz, certamente. Vamos comprovar isso consultando aqueles que estão sujeitos às tais multas:


No começo da aplicação da multa, alguns alunos se sentiram desconfortáveis, mas, segundo Gabriel Luiz Brueckheimer Bretzki, 16, estudante do segundo ano do ensino médio, o comportamento melhorou. “Aos poucos a idéia foi sendo mastigada e compreendida. O pessoal ficou com medo de ter que entregar a mesada inteira”, conta. Ele mesmo foi punido uma vez, quando errou um exercício e soltou um palavrão irritado.

Uma voz solitária? Talvez haja mais alguém...


Ananda Roper, 13, estudante da 7ª série do ensino fundamental é uma que parece ter entendido o ato simbólico da multa. “O valor não é muito importante. Palavrão é uma falta de respeito. Tem gente que fica bravo, tem gente que fica triste”, afirma.

Esses especialistas realmente são uma coisa de outro mundo. Em sua homenagem reproduzo aqui uma tirinha do Calvin que eu faço questão de guardar até hoje:


Calvin, o Especialista (clique para aumentar)