Vejamos uma reportagem sobre taxa de juros na compra de carros:
RIO - Incentivados pelas financeiras, vendedores de automóveis oferecem aos compradores financiamento com altas taxas de juros, sem que o consumidor saiba que poderia pagar bem menos ao mês. Como recompensa, os vendedores recebem bonificações em dinheiro ou produtos como televisões ou equipamentos de som. A sobretaxa tem até um nome: retorno, ou Fator R.
Ora, em toda a negociação existe a possibilidade de que um dos lados pague mais do que o outro esperaria receber. O repórter que escreveu esta notícia pode ter recebido uma proposta de salário superior ao que ele estaria disposto a receber. Ele estaria sendo desonesto com seu empregador?
Digamos que a financeira esteja disposta a operar com uma taxa de juros mensais que varie entre 0,6% e 0,99%. Claro que, se ela simplesmente disser isso para o vendendor, este, procurando maximizar suas vendas, irá sempre propor a taxa mais baixa de financiamento. As alternativas para a financeira seriam:
1) Adotar somente a taxa de 0,99%. Isso seria um problema pois alguns negócios poderiam ser perdidos com clientes que estariam dispostos a pagar uma taxa de juros de 0,70% que ainda está acima da taxa de juros que a financeira considera interessante.
2) Adotar somente a taxa de 0,6%. Isso seria um outro poblema pois a financeira deixaria de ganhar daqueles clientes que estariam dispostos a pagar até 0,99%.
Como resolver isso? Operando com uma faixa e dando incentivos para que os vendedores tentem sempre usar o topo da faixa.
Para nós, claro, que fomos doutrinados a achar o lucro (alheio, claro) o mais mortal dos pecados (ver os comentários da notícia) isso é um ato desonesto, comparável ao roubo de dinheiro público dos políticos corruptos. Os cidadãos clamam pela ação do PROCON para que o seu lucro sobre a financeira seja garantido pela coerção.
Se é genético ou se é culpa da água eu não sei mas o anticapitalismo corre solto na veia dos brasileiros.