21 outubro 2006

Futilidades II

Qual o pré-requisito que você exigiria de um profissional que escreve em um caderno de cultura? Pelo menos uma cultura geral acima da média, certo? Errado!

Estava eu "folheando" o Segundo Caderno do Globo hoje - coisa que faço com uma raridade espantosa e agora me lembro o porquê - e me chamou a atenção uma reportagem sobre um musical infantil que está sendo exibido pelo canal Disney Channel.

Na matéria, a jornalista usa - ainda! - a qualificação "tipicamente americano" em valores que, até onde eu sabia, são universais: perseverança, amor, perdão, confiança, etc. Talvez, sim, exaltar tais valores seja tipicamente americano e desprezá-los seja tipicamente brasileiro, o que explicaria muito da atual situação de cada país.

Todos esses elementos aparecem no filme, mas a jornalista é incapaz de descobrir porque o filme faz tanto sucesso entre as crianças, justamente aqueles que ainda não foram contaminados pela podridão cultural que gerou jornalistas de cadernos de cultura. Para ela, uma das causas possíveis do sucesso do filme seria - claro! - a colonização.

Alguém pode dar corda no nosso relógio cultural, por favor? O mundo está andando e nós estamos parados em algum lugar do passado.

Mas se para a jornalista a causa do sucesso é insodável, isso não ocorre para todos:


- Já vi o filme um monte de vezes! Ele tem uma dica legal no final: a de que cada um tem que proteger e confiar no outro.

Claro, temos também o elemento lúdico: danças bem coreografadas, figurinos bem elaborados e músicas bem aranjadas:
- As músicas são muito legais. Eu também gosto da Sharpay porque ela é bonita e da Gabriella porque ela canta bem.

Quem diria que as crianças, essas colonizadinhas, iriam gostar de filmes bem feitos e que passam mensagens positivas? Temos que fazer algo a respeito!