08 outubro 2006

Da inviabilidade brasileira

Muitos amigos ficam chocados quando afirmo que não há mais jeito - pelo menos um jeito razoável - para este grande país.

Muitos apelam para o otimismo ingênuo: "Claro que tem, basta isso, isso e aquilo". Outros são mais realistas: "Cara, se eu não acreditar que tem jeito o que eu vou fazer?"

Mas deixe-me ser claro aqui: não é um problema do Brasil apenas. Creio que outros países, principalmente na América Latina e África, compartilham o mesmo destino.

Outro esclarecimento: a inviabilidade desses países não decorre do fato de serem países pobres. Decorre do fato de serem países cujas mentalidades ficaram estagnadas em algum lugar do passado. O mundo de hoje não tem lugar para idiotas.

A História já comprovou que o único regime capaz de fazer um país crescer é o liberalismo. Por outro lado, a mesma História já mostrou com riqueza de detalhes a inviabilidade do socialismo.

Mas temos um problema: o liberalismo é ótimo para uma população educada que pode lutar pelo seu futuro. Num ambiente razoavelmente apropriado, o liberalismo faz a economia fluir em direção à eficiência.

Lamentavelmente não é isso que ocorre no Brasil. Temos uma enorme população totalmente desqualificada que, num regime amplamente aberto, iria comer o pão que o diabo amassou.

O socialismo, sabemos, está fora de questão. Foi pensado para ser posto em prática por qualquer espécie, menos a humana.

Entre esses dois teríamos o que se chama social-democracia: um ambiente economico relativamente livre e uma considerável presença do Estado em determinados setores da sociedade, principalmente educação e saúde.

O jeito que eu consigo ver países pobres como o nosso saindo dessa situação seria uma adoção de imediato da social-democracia [liberais, contenham-se e leiam o resto] com uma gradativa diminuição do Estado em conseqüencia do aumento da competitividade das pessoas. Seria como aquela rodinha da bicicleta que deixamos de usar assim que aprendemos a manter o equilíbrio.

Aí começam a surgir os problemas: normalmente Estados tendem a aumentar sua presença e não diminuir. Mesmo países desenvolvidos lutam constantemente contra o apetite dos políticos que freqüentemente oferecem direitos à população em troca de votos. A social-democracia, nestes países, é vista como uma ferramenta de bem-estar social. Ora, como o bem-estar é algo que queremos sempre aumentar, o Estado social-democata acaba inchando em demasia, minando valiosos recursos da população. Isso para não falar nas pessoas que deixam de produzir para viver sob o manto do Estado já que a relação custo/benefício do trabalho já não é mais interessante.


Mas no nosso caso o problema é ainda pior: se tudo se resumisse ao inchamento do Estado, estaríamos apenas falando de eficiência. Por exemplo, o Estado gasta X para manter uma escola que seria mantida por X/2 pela inciativa privada. O nosso problema é mais grave porque, a pretexto de manter uma escola que para ele custaria X, o Estado nos tira 2X, os gasta de acordo com seus próprios interesses e nós ainda temos que bancar os X/2 da inciativa privada.

O resultado é que ficamos com o pior dos dois mundos: a população fica entregue à própria sorte como se vivesse num regime plenamente liberal e as - poucas - riquezas que se consegue produzir são confiscadas para manter uma máquina estatal corrupta e gigantesca.

Junte-se a isso a pobreza cultural dominate, que faz com que a retórica usada pelos políticos seja facilmente engolida pela população, e temos uma combinação a qual nenhum país consegue resistir.

O resultado é um só: bancarrota.