06 maio 2007

Ubaldo: the welfare state rocks!

Ainda que tardiamente João Ubaldo enxerga os perigos deste governo para um Brasil minimamente democrático.

Resta saber sse sua opinião é apenas sobre este governo ou sobre a ideologia que os move. Lendo este trecho:

Você tem, enfim (agora o necessário gerúndio, para ficar logo de vez na moda) de estar fazendo um pequeno esforço para estar lembrando os tipos de Estado, como o totalitário com xilocaína que muitos americanos desejam acabar de instituir por lá, ou o totalitário tipo você-é-para-mim-e-eu-não-sou-para-você, como o nazi-fascismo.

Não entendo de onde ele tirou a idéia de que os EUA caminham para um estado totalitário (a não ser que ele se refira, o que eu duvido, às recentes decisões da banda liberal da Suprema Corte, dando ao governo poderes de confiscar propriedades privadas para repassá-las a empresas que gerariam mais tax revenue). Mais incrível é colocar os EUA no saco de gatos totalitário e não mencionar nada sobre os estados totalitários socialistas de ontem e de hoje.

Vejamos este outro trecho. Quando a ideologia entra em jogo, um senhor de sei-lá-quantos-anos é capaz de proferir frases dignas de uma criança de 10 anos:

Há (...), por exemplo, o Estado do bem-estar social, dos quais o caso logo recordado é a Suécia. Nele o cidadão paga quase tudo o que ganha de impostos, mas o Estado também lhe dá quase tudo e todos vivem bem. E você tem do outro lado o Estado gendarme, o liberal clássico, que exerce funções básicas, como a segurança e outros serviços essenciais, e deixa o resto a cargo do jogo natural de interesses do indivíduo ou de grupos de indivíduos associados, em nossos dias o popular e nervosíssimo mercado.

Ok, talvez seja paranóia minha, mas o trecho não me parece uma explicação sobre modelos de Estado. Soa-me claramente uma declaração de preferência pelo modelo de bem-estar social. Afinal, se de um lado você tem um Estado onde "todos vivem bem" por que eu iria querer o outro lado, onde ficamos submetidos ao "nervosíssimo mercado"?

A ingenuidade deste trecho é fenomenal. Se, como indivíduos, temos nossos interesses (e isso é um fato) e o Estado é, em última instância composto por indivíduos, então os impostos pagos, tanto por nós quanto pelos suecos ou pelos americanos, ficam, no final das contas, a serviço dos interesses dos indivíduos membros do Estado que usam o recursos coletados de acordo com sua agenda pessoal. Achar que é possível a existência de um Estado onde o interesse individual fique completamente isolado do interesse coletivo (seja lá que diabos isso signifique) é a matéria-prima dos regimes totalitários. Só a oferta de um estado onde "todos vivem bem" já é uma oferta irrealizável, típica das oferecidas pelos vigaristas para fisgar trouxas,