09 maio 2007

Meramente uma questão de saúde pública

Ok, vamos adotar o ponto de vista do senhor ministro da Saúde:


Eu queria ouvir as mulheres. As manifestações são majoritariamente compostas por homens. Parece que infelizmente os homens não engravidam. Se engravidassem essa questão já estaria resolvida há muito tempo. As mulheres é que sofrem e se vêem sozinhas e as leis são feitas pelos homens", argumentou Temporão.

Para ele, a sociedade brasileira evoluiu bastante nos últimos anos e a discussão sobre aborto não pode mais ser considerada apenas do ponto de vista religioso ou ético e sim do prisma da saúde pública. "Eu tenho tentado há muito tempo tirar essa discussão da questão ética, religiosa, filosófica e do fundamentalismo e trazê-la para o campo real da dor, da morte e do sofrimento", comentou.

Vou adotar esse ponto de vista também e ver as coisas pelo prisma da Saúde Pública e abandonar qualquer visão ética ou religiosa.

Quantas pessoas nestepaís não ficam com seqüelas ou sofrem terrivelmente ao morrer devido a assassinatos mal realizados? É uma vergonha que, por estarmos presos a um dogma religioso ("não matarás"), nós condenemos inúmeros brasileiros à dor e sofrimento. Por isso, sugiro a criação da Secretaria de Execução Pública. O departamento funcionaria assim:

Aquele que tiver algum desafeto deve se dirigir à Secretaria munido de nome completo, endereço e foto do futuro alvo. Um profissional altamente qualificado comparecerá à residência do infeliz e realizará o serviço da forma mais indolor e higiênica possível, reduzindo, assim, as chances de sofrimento, dor e eventuais seqüelas que poderiam ocorrer caso o serviço fosse executado por um pistoleiro qualquer ou pelo próprio interessado. Além de tudo isso, a família do defunto receberá acompanhamento psicológico para superar a perda do ente querido.

O importante nesta questão toda é manter o foco na saúde pública e deixar de fora questões abstratas como ética e religião. Somente aqueles que morreram sofrendo ou ficaram com graves seqüelas sabem que não podemos deixar que dogmas continuem causando mais dor e sofrimento. Tirar das pessoas o direito de serem assassinadas com o acompanhamento do Estado é desumano.

Soa ridículo, não? Por que será?