Pelo mesmo motivo que um anão nunca será jogador de baquetebol profissional na NBA.
Deve haver outros motivos mas eu cito dois aqui:
1) Falta base.
Ao contrário dos liberais que seguem a linha economicista, penso que a liberdade econômica é consqüência de uma sociedade que evoluiu até se tornar liberal. A liberdade demanda um conjunto de pré-requisitos para que possa existir plenamente nas várias esferas da nossa vida. Olhando um pouco para a história do mundo, me parece que o liberalismo coincidiu com o ápice das sociedades onde ele aflorou. À medida que as bases morais dessas mesmas sociedades foram ruindo, estas foram se tornando menos liberais. Hoje chegamos ao ponto do governo dos EUA aprovar pacotes que fazem nossos programas governamentais parecerem coisa de amador. Por isso, penso que a tendência dos países que experimentaram um dia o liberalismo é se tornarem cada vez menos liberais. E os países que nunca foram, nunca serão.
Mas ei! Eu sou um pessimista. Espero estar errado.
2) Faltam bons evangelizadores.
Não encontrei outra expressão, então peguei essa emprestada do meu nicho de mercado. Evangelizador é aquela pessoa que vai ao mercado mostrar para os potenciais clientes por que eles deveriam adquirir um determinado produto. Neste aspecto, os evangelizadores do liberalismo - salvo raras excecões - são uma catástrofe. Na verdade, ao ler artigos de alguns deles, sinto uma compulsão de me filiar ao PSTU.
Alguns, por falta de base filosófica, se atêm ao mero aspecto da eficiência econômica. Outros, decoram uma meia de dúzia de citações de autores austríacos, e acreditam que recitá-las constitui argumentação. Mal comparando, é como um muçulmano recitando trechos do Alcorão. Não querem adaptar idéias ao mundo, mas o mundo às idéias. Finalmente temos um outro tipo de liberal que parece mais um bebê chorão. Tem problemas com autoridade e prega o liberalismo apenas porque quer pagar menos impostos e porque não quer ninguém dizendo-lhe o que fazer; nunca. Se acha um ser auto-suficiente embora produza quase nada de útil e usufrua de tudo que a sociedade opressora lhe dá. Não aceita "trocar liberdade por segurança" mas também não quer nem saber como obter os dois ao mesmo tempo.