22 fevereiro 2009

Certo, errado, racional e irracional

Faz um tempo, o Paulo se surpreendeu com este comentário feito por Tyler Cowen:


But I'm also worried about the incentives we are producing by applying tougher standards. Knocking out the caught cheaters won't make all the DC people honest or virtuous.

Razão em estado bruto: evitar a nomeação de pessoas competentes, mas desonestas, não tornará todos os poiticos honestos e privará a cadeira de ter alguém competente à sua frente.

Interessante a época em que vivemos: aparentemente algumas pessoas nutrem, no dia de hoje, a esperança de que boas coisas surjam naturalmente de decisões puramente racionais. Como disse um ícone do movimento liberal brasileiro, “será que eles não percebem que ser bom é bom?”

Não.

Coisas boas resultam de boas ações (em mesmo assim, nem sempre) e não necessariamente da aplicação da razão pura e simples. Sabem aquele herói do filme que, arriscando a sua missão de salvar o mundo, volta para resgatar a donzela em perigo?

Pois é, por isso ele é o herói do filme.

O racional, aquele que não acredita em certo ou errado, mas apenas na eficiência, deixaria a infeliz se explodir e cumpriria sua missão burocraticamente. E que depois ninguém venha cobrar-lhe alguma coisa, afinal ele fez o que qualquer pessoa racional faria.

Nelson Rodrigues disse uma vez algo como “se a existência da humanidade depender da morte de um único indivíduo, então que a humanidade pereça”.

Racionalmente falando, é uma estupidez a frase acima. Como dixar bilhões morrerem apenas para não matar uma pessoa? O sentido, porém, é claro: não importa quão nobres sejam suas intenções, um assassinato jamais será justificado por elas. Explicado sim, justificado nunca.

A razão nos serve para avaliar os caminhos que temos disponíveis e avaliar as conseqüências de segui-los, mas na hora de agir, o que nos move (ou deveria nos mover) é a distinção entre o certo e o errado, o Bem e o Mal, palavrinhas tão fora de moda nos dias de hoje.

Portanto, a não ser que você seja um psicopata, não saia por aí dizendo que, se fosse salvar a vida de milhões, você mataria uma criança, sem problemas. Na hora H você pode não os cojones necessários para fazê-lo.

Mesmo seja a coisa mais racional a ser feita.