03 maio 2008

Guerra preventiva

Um dos principais argumentos dos liberais e libertários contra guerras preventivas é o de que uma nação somente deve se defender de ataques e nunca iniciá-los. Num passado distante eu estaria 100% de acordo. Naquele tempo era possível detectar um ataque e combatê-lo antes que ele causasse severos danos à população civil.

Nos dias de hoje confesso que não estou tão seguro dessa posição. Hoje temos armas químicas, biológicas e nucleares capazes de matar centenas de milhares de pessoas num piscar de olhos. Imagine um governante dando uma coletiva após um ataque nuclear que custou a vida de milhares de cidadãos do seu país:

- Senhor Presidente, como nossos serviços de inteligência não detectaram esse plano?
- Nós detectamos, mas não podemos atacar uma nação sem que tenhamos sido agredidos antes. Agora vamos partir para o contra-ataque!
- Agora? Depois de centenas de milhares de mortos?

Você acha esse questionamento do repórter fantasioso?

Além do avanço tecnológico das armas, há também maior capacidade logística. Uma nação pode dar pleno suporte a organizações terroristas e fazê-lo de modo totalmente imperceptível.

Tenho verdadeiro fascínio pela História americana e pelos ideais dos Founding Fathers. É um fato que a grande nação que vemos hoje foi construída naquela época por aquelas pessoas. Entretanto há que se reconhecer que aqueles tempos eram outros. Suas idéias foram ótimas para aqueles tempos e muitas delas são excelentes até hoje. Outras, porém, precisam ser ajustadas ao contexto atual.

Claro que isso não vem de graça. Uma guerra preventiva deve ser travada com o dobro, o triplo!, de cuidados de uma guerra normal. Afinal de contas, e se as informações levantadas pelos serviços de inteligência forem incorretas? São questões cruciais que devem atormentar a cabeça de quem governa uma nação: partir pro ataque e ser massacrado pela opinião pública? Aguardar a agressão para, então, contra-atacar e ser igualmente massacrado pela opinião pública?

Certamente são questões que devem tirar o sono de qualquer governante que não tenha uma imprensa chapa-branca como a nossa para lhe dar cobertura.