Já perdi muito tempo com essa bobagem, mas é que ela está desencadeando uma reação em cadeia de tal magnitude que é impossível ler certas coisas e deixar passar em branco.
Dessa vez a
crítica do filme é nacional:
Este trecho tem alguns acertos e um erro gravíssimo:
Pra começar, eles têm um entendimento excepcional de quem é Tony Stark e suas motivações, peneirando todas as suas fases e tirando daí para a competente trama de origem apenas o que há de mais interessante e guardando outros momentos importantes para a inevitável (e desejada, claro!) continuação. O bilionário da indústria bélica não é um herói no sentido convencional da palavra - nunca foi (ao menos quando bem trabalhado). Ele age como um herói visando o (sic) reconhecimento, saciando a própria vaidade, e não por altruísmo, como um Super-Homem. E o filme acerta esse aspecto na mosca.
Note como Stark só se envolve nos conflitos depois que eles o atingem de alguma maneira; ou como só decide sair de sua garagem, onde cria as incríveis armaduras que povoam o filme, depois de perceber que está sendo passado para trás. Stark é um vencedor, um cientista, um conquistador e, principalmente, alguém dificílimo de se relacionar.
Primeiro os acertos: Stark é, de fato, um vencedor, um cientista e um conquistador.
O erro grave na análise é a motivação de Stark: não precisa ser fanático pelos quadrinhos, está tudo lá no filme. Será que o crítico viu a película?
Tony Stark era tudo aquilo que ele falou e mais um pouco: não queria saber como o dinheiro que chegava em sua conta bancária era gerado. Se iludia com a afirmação de que era um patriota e que suas armas salvavam vidas americanas. Tudo até o dia em que sofreu uma emboscada e os soldados que o escoltavam, com os quais já estabelecera uma rápida simpatia, foram brutalmente mortos, tentando defendê-lo. A última coisa que ele viu antes de ser nocauteado foi uma bomba com o logotipo de sua empresa cair ao seu lado.
No cativeiro ele conhece a pessoa que o faz pensar sobre tudo isso. Tem contato com a lealdade e, principalmente, o sacrifício.
Quando volta aos EUA, após escapar dos terroristas, ele não poderia ser mais claro: vai parar de fabricar armamentos e sua empresa vai fazer algo mais que "explodir coisas". Sim, Tony Stark mudou sua perspectiva do mundo, mas nem por isso ele precisa se tornar um chato, uma pessoa desinteressante ou um coitadinho como Peter -
chato bagaray - Parker. Ele continua vaidoso, mulherengo,
bon vivant. E sim, ele gosta do reconhecimento que lhe trouxe o Homem de Ferro. Mas o filme deixa claro, mesmo para quem nunca viu o personagem mais gordo, que houve uma mudança em Tony Stark e, na verdade, a mudança mais importante.
Quando ele volta ao oriente médio para combater os terroristas, não foi porque ele foi passado para trás, mas porque as suas armas estavam sendo usadas para massacrar um vilarejo. Lá chegando ele não saiu botando tudo abaixo. Quando vidas inocentes foram colocadas na linha de fogo ele agiu com a preocupação e com a firmeza esperadas dos heróis.
Resumindo, o Homem de Ferro é sim um super-herói no sentido clássico. A única diferença é que Tony Stark não é o chato de galochas Peter Park e nem precisa fazer contas para pagar o aluguel de uma espelunca no final do mês. Isso sim, talvez gere alguma dissonância na cabeça das pessoas. Afinal, fomos treinados desde pequeninos para acreditar que pessoas ricas são malvadas ou, na melhor das hipóteses, egoístas.