31 maio 2008

Raposa de Fogo

Estava eu lendo umas coisas na Web quando vi um link do Firefox onde o navegador era chamado de "organic software". Eu tinha que ver que diabos era isso:

As software companies go, we’re a little unusual. We use the term ‘organic software’ to sum up the various ways we’re different from the other guys:

Our most well-known product, Firefox, is created by an international movement of thousands, only a small percentage of whom are actual employees.

We’re motivated by our mission of promoting openness, innovation and opportunity on the web rather than business concerns like profits or the price of our stock (guess what: we don’t even have stock).

And as a non-profit, public benefit organization, we define success in terms of building communities and enriching people’s lives. We believe in the power and potential of the Internet and want to see it thrive for everyone, everywhere.

Sei, sei. Igualzinho ao "banco que nem parece banco".

Dei umas googleadas e achei um site interessante cujo objetivo é acabar com certos mitos envolvendo a marca.

Enjoy.

Nada mais pentelho que um usuário de software que passa a ser seguidor de seita. Cara, se você usa uma versão obscura de Linux que faz sua máquina voar baixo, bom para você. Recomendar aos amigos é ÓTIMO. Fazer pregação é um SACO.

By the way, resolvi botar a preguiça de lado e instalar o Opera para ver qualé.

Sem-noção

Às vezes eu gostaria de saber o que vai na cabeça de alguém que fala isso:

Se usam de tamanha truculência com jornalistas, imagina o que elas fazem com pessoas humildes que moram na comunidade e não seguem as leis locais.

O que ele pensa? Que jornalistas estão, de alguma forma, acima do bem e do mal e que a realidade à qual estamos todos submetidos para eles não se aplica? Que os milicianos, cujo ganha-pão é expulsar traficantes de favelas, correriam assustadinhos?

Já passou da hora de acordar, não?

Num futuro hipotético

Não fumo, detesto fumaça de cigarro e fico muito puto quando alguém acende um cigarro ao meu lado, mas é impossível não imaginar esse hipotético futuro:

- Abra a porta! É a polícia!
- Pois não. Qual o problema, policial?
- Recebemos uma denúncia anônima de que havia pessoas fumando cigarro neste apartamento.
- Isso é um absurdo!
- O Senhor se incomodaria se déssemos uma olhadinha?
- Claro que não! Podem entrar... Como vocês podem ver, ali está minha esposa se injetando heroína, meu filho mais velho fumando haxixe, minha sobrinha dançando embalada por alguns comprimidos de ecstasy - ou speed, não lembro - e, sobre aquela mesa, está a carreira de cocaína que eu preparava quando vocês chegaram.
- É, parece que está mesmo tudo em ordem. Desculpe-nos os transtorno, cidadão.
- Não tem problema, mas se eu fosse vocês daria uma olhadinha no apartamento 603. O cara que vive lá é meio esquisitão...

30 maio 2008

Ameaça ou favor?

Susan Sarandon diz que deixará EUA se McCain vencer eleições

A atriz americana Susan Sarandon, uma das estrelas de Hollywood mais politicamente engajadas e que já anunciou seu apoio ao pré-candidato democrata à Presidência Barack Obama, disse que, se John McCain chegar à Casa Branca, abandonará o país e se mudará para a Itália ou o Canadá.

Em declarações ao site "Independent.ie" reproduzidas nesta sexta-feira pelos meios de comunicação americanos, a ganhadora de um Oscar por "Os Últimos Passos de Um Homem" disse: "Estes são momentos críticos, mas tenho fé na população americana".

Sei, sei... Igual a outras celebridades nas últimas eleições?

Claro que a Susy não poderia deixar passar seu momento teen:

Este papa, em especial, não é um dos meus favoritos. Suspeito bastante dele e minha única mensagem a ele é que deveria ser mais compassivo, se envolver mais nas necessidades do mundo e deixar a infra-estrutura arcaica e misógina que a Igreja tem atualmente.

29 maio 2008

Ótima

Enquanto tem gente que jura que feto não é pessoa, outros acham que macaco é.

Não entendeu? Vê isso aqui.

Células-tronco

Não tô acompanhando a questão de perto. No máximo ouço pedaços de depoimentos e reportagens aqui e ali. A única coisa que me deixa bolado nisso tudo é o fato de boa parte da galera "a favor" soar como aqueles pastores de Igrejas evangélicas que prometem fazer cego enxergar, surdo ouvir e aleijado andar.

27 maio 2008

Sowell

Nem vou falar nada, só linkar o texto, porque já está pegando mal eu, a toda hora, ficar elogiando o negão.

For people on the left, however, blacks are trophies or mascots, and must therefore be put on display.

(...)

The problem with being a mascot is that you are a symbol of someone else's significance or virtue. The actual well-being of a mascot is not the point.

(...)

Using human beings as mascots is not idealism. It is self-aggrandizement that is ugly in both its concept and its consequences.

Links

Um velho conhecido de casa nova (mais duradoura, espero).

E um blog muito interessante: Preço do Sistema.

Eufemismos globais

Vi hoje no Bom dia Brasil, a apresentadora dizer que a lei do filho único, na China, estimula as famílias a terem único filho. Isso mesmo: estimula. Vejamos:

China's one child policy was established by Chinese leader Deng Xiaoping in 1979 to limit communist China's population growth. Although designated a "temporary measure," it continues a quarter-century after its establishment. The policy limits couples to one child. Fines, pressures to abort a pregnancy, and even forced sterilization accompanied second or subsequent pregnancies.

De agora em diante podemos dizer que o ladrão estimula a vítima a se desfazer dos seus bens. Ou que o assassino estimula a sua vítima a deixar de viver.

25 maio 2008

Elasticidade da demanda II

Via Marginal Revolution:

Eleven Billion Fewer Vehicle Miles Traveled in March 2008 Over Previous March

Mais P.J. O'Rourke

Dessa vez, um texto que eu vi no Filisteu.

A introdução, no melhor estilo O'Rourke:

Well, here you are at your college graduation. And I know what you're thinking: "Gimme the sheepskin and get me outta here!" But not so fast. First you have to listen to a commencement speech.

Don't moan. I'm not going to "pass the wisdom of one generation down to the next." I'm a member of the 1960s generation. We didn't have any wisdom.

We were the moron generation. We were the generation that believed we could stop the Vietnam War by growing our hair long and dressing like circus clowns. We believed drugs would change everything -- which they did, for John Belushi. We believed in free love. Yes, the love was free, but we paid a high price for the sex.

My generation spoiled everything for you. It has always been the special prerogative of young people to look and act weird and shock grown-ups. But my generation exhausted the Earth's resources of the weird. Weird clothes -- we wore them. Weird beards -- we grew them. Weird words and phrases -- we said them. So, when it came your turn to be original and look and act weird, all you had left was to tattoo your faces and pierce your tongues. Ouch. That must have hurt. I apologize.

Vai lá ler o resto pois o texto está ótimo!

P.J. O'Rourke

If you’re electing Democrats to control government spending, then you’re marrying Angelina Jolie for her brains.

Elasticidade da demanda

Uma série de posts de Greg Mankew mostrando como os americanos estão lidando com os constantes aumentos do preço da gasolina.

Imprensa homofóbica

Claro que nada disso deve ter acontecido. Não passa de uma manobra das forças conservadoras do país para atribuir a um movimento de paz, amor e solidariedade uma conotação negativa.

O fato é que eventos como esse dariam Ibope não importa a causa que eles alegassem defender. É uma boa chance de muita gente faturar uma graninha pública, de travecos se roçarem em público e de doidões consumirem drogas sem serem importunados pela polícia.

Esse é o cara

Obama diz que EUA podem aprender com "progresso" do Brasil

Aparentemente os americanos - pelo menos os Democratas - já aprenderam muito com a gente, considerando o fato deles terem praticamente escolhido Obama como candidato à presidência.

Depois das eleições presidenciais saberemos quão parecidos conosco os americanos, de um modo geral, estão.

A síntese do Brasil

Se eu tivesse que escolher uma única palavra para sintetizar o Bananão, só poderia ser uma: cartório.

E se os números dessa reportagem estiverem corretos, podemos ver a quantia absurda de recursos que eles drenam da sociedade: 4 bi por ano.

Big Banana

Leis esdrúxulas, relativismo, proliferação de losers e crescente criminalidade.

Será a Inglaterra o Big Banana da Europa?

24 maio 2008

São Paulo II

Primeira partida das quartas de final da Libertadores. O jogador do tricolor paulista, Dagoberto, é substituído no segundo tempo e a torcida o homenageia:

"Dagoberrrrrrrto! Dagoberrrrrrrto! Dagoberrrrrrrto!"

Foi uma das coisas mais engraçadas que eu vi nos últimos anos.

O Rio de Janeiro é provinciano mas São Paulo é caipira demais, "meu"!

São Paulo

A cidade quer mostrar que é a capital do Estado que leva nas costas...

Ou melhor, leva o país nas costas.

Ideologiaaaaa, eu quero uma pra viver

Eis um argumento de base puramente ideológica:

No auge do Napster, você podia baixar praticamente qualquer música para o seu computador. E não precisava se esforçar muito para colocá-las em seu mp3 player ou gravá-las em um CD. Ambos os métodos permitiam ao usuário apreciar músicas em qualidade tão alta quanto a de um CD, mas sem ter que gastar dinheiro nenhum com isso.

Os críticos do Napster argumentavam que o Napster era um roubo. E, embora os fãs de música adorassem o Napster, os críticos diziam que um Napster próspero, legal e acessível, no fim das contas, puniria os próprios fãs. Se o Napster fosse legal e difundido, as vendas de discos zerariam e isso destruiria os incentivos para quem quisesse ser músico. O Napster significaria o fim da comunidade musical profissional.

Segundo essa visão, a única razão para alguém comprar um CD no auge do Napster era por não saber da existência dele ou por não ter acesso à banda larga. Os críticos venceram nos tribunais, o Napster perdeu força na internet e vem sofrendo uma morte lenta.

Mas será que aquele velho mundo, onde o Napster operava livremente, era mesmo o mundo do roubo? Eu não sei. Mas eu defendo uma tese segundo a qual o uso de tribunais para fechar servidores como Napster pode, no fim das contas, prejudicar os amantes da música, mesmo aqueles que, como eu, nunca usaram o Napster. Em outras palavras, eu defenderia que furtar músicas pelo Napster poderia, na verdade, aumentar a receita da indústria musical beneficiando os amantes e os criadores da música.

Afirmo isso, mesmo aceitando a visão de que o Napster era uma forma de roubo. Mas como poderia ser possível o Napster beneficiar a indústria da música?

O furto via Napster aparentemente destruiria a indústria musical. As pessoas respondem a incentivos. Certamente, a música gratuita sobrepujaria a música cara. Se for mais barato roubar música do que pagar por ela, as pessoas irão roubá-la. Mas a história não é tão simples assim.

Nós sabemos que o risco de ser pego e punido não é a única razão pela qual as pessoas pagam legalmente por um produto, em vez de roubá-lo. Existem outros custos no roubo, além dos custos monetários. Algumas pessoas se sentem culpadas por obterem algo sem dar nada em troca. A cultura e as leis podem ser usadas para encorajar um comportamento socialmente útil.

Afinal, as pessoas dão gorjetas em restaurantes e em taxis, e a freqüência de suas visitas não parecem ser explicações suficientes para tamanha generosidade. As pessoas escolhem não jogar lixo no chão, mesmo na trilha deserta de uma montanha. As pessoas votam, mesmo que os economistas continuem a afirmar que votar não é racional.

Em todos esses casos, as pessoas agem de acordo com uma gama mais ampla de custos e benefícios do que apenas os custos monetários diretos. (E, claro, algumas pessoas dão pouca ou nenhuma gorjeta, algumas jogam lixo no chão e o comparecimento nas urnas não é de 100% da população em uma sociedade livre).

Assim, embora o uso difundido de servidores como o Napster realmente causem dano às vendas da indústria musical, algumas perdas podem ser aliviadas pelas normas sociais e pela cultura. Há, de fato, uma perda de renda para os músicos, já que muitas pessoas simplesmente não pagam. Porém, muitas pessoas ainda pagarão por música. Há quem utilize esses servidores para experimentar algumas músicas antes de comprá-las.

Entretanto, as normas sociais nem sempre são eficientes. É possível que elas fracassem em deter efetivamente os ladrões de música. Na verdade, as normas sociais no auge do Napster foram em direção oposta. As pessoas reivindicavam um direito à música gratuita.

Mas é possível que mesmo que a opção da norma social fracasse completamente, os músicos e a indústria musical ainda tenham sucesso, caso se permita que servidores como o Napster operem livremente. Se fosse permitido ao Napster prosperar, é possível que novas tecnologias teriam sido criadas para permitir aos músicos cobrarem por seu trabalho ao mesmo tempo em que os consumidores teriam se beneficiado das oportunidades de acesso fornecido pelo Napster.

Assim como o socialista que imagina que as pessoas trabalhariam sem incentivos, este texto sugere que as pessoas pagariam por um produto se tivessem como obtê-lo fácil e legalmente "de grátis". Curioso é que o autor do texto não aplica sua teoria quando a propriedade intelectual é dele. Ele bem que poderia vender seus livros no esquema "Faça o download e pague o quanto você achar que deve" (se houver links disponíveis para download desses livros que passaram despercebidos, por favor me avisem. Terei o prazer de fazer a correção).

Por favor, antes de dizer "ah, mas os livros têm custos de impressão, revisão, etc." lembre-se de que uma música para ser gravada com qualidade requer um bom stúdio, equipamentos, equipe técnica, etc.

18 maio 2008

Fred se divertindo

Fred Reed divertindo-se com o non-sense dos darwinistas:

I think it a shame that discussion of evolution usually boils down to a pledge of allegiance either to Darwin or to the handling of snakes. This view admirably distracts attention from the observation that much of Darwinism doesn’t square with observation or even make sense. Religion has nothing to do with it, being an innocent bystander.

(...)

I have heard of suspension of disbelief, but I am too weak a cord by which to suspend that much disbelief. What astounds me is that evolutionists believe it without effort.

(...)

Nothing is too silly for Darwinian consumption.

(...)

The entire Darwinian structure rests on the willingness to accept wild theories without examination.

Essas explicações dos darwinistas, a posteriori, são realmente criativas. Mais engraçado é que aqueles que reclamam da inconsistência lógica ou da inexistência de evidências que comprovem a teoria são os acusados de jogar contra a ciência.

E, para matar de raiva, nem dá para chamar o Fred de fanático religioso.

Teste da Veja

A está com um daqueles testes de orientação político-econômica.

Eu acho muito complicado esses testes porque geralmente o conjunto limitado de respostas tende a enfiar-nos num grupo com o qual não estamos 100% de acordo. Por exemplo:

5 - É correto que o Estado decida se determinadas greves são ilegais ou não.

Aqui eu tive que votar sim. Como exemplo, cito setores como os controladores de vôo, hospitais públicos (podemos discutir se o Estado deve prover esses serviços, mas não é este o caso. Dentro do cenário atual eu acho correto que o Estado defina a legalidade da greve de alguns setores).

8 - Nas relações comerciais entre os países, o protecionismo é às vezes necessário.

Aqui eu balancei. Num mundo ideal eu acho que o protecionismo é desnecessário e injustificável, mas não é nele que vivemos, certo? Fiquei pensando em uma série de situações onde eu toleraria o levantamento de barreiras. O grande problema é de ordem estrutural: quando permitimos a existência de barreiras, mesmo que por motivos legítimos, elas serão usadas para criar monopólios e reservas de mercado para empresários ineficientes. Difícil essa.

9 - O Estado deveria ter controle apenas sobre as áreas de segurança pública, saúde e educação, deixando os demais setores sob responsabilidade das empresas privadas.

Questão mal elaborada por causa da "ter controle sobre." Não descarto a idéia do Estado como provedor de educação e saúde, mas não queria ele com o controle sobre essas áreas. E ambém acho que o Estado pode agir como regulador através das tais agências reguladoras.

11 - Direitos como férias, décimo-terceiro e FGTS deveriam ser retirados da lei e negociados caso a caso, entre patrões e empregados.

Num cenário mais próximo da perfeição, com oferta de trabalho mais abundante, um baita SIM. Num país como o Brasil, não consigo ser a favor disso.

Rio de Janeiro, cidade modelo

É, juro:

Under one model, local gangs have a more or less fixed ability to terrorize a neighborhood. Even if everything is legalized, the gangs will continue local monopolies to maximize tribute, subject of course to constraints from other gangs and the police. In this model, legalizing drugs doesn't do much good. The local gang either shifts its monopoly to another area (milk and sugar, if need be), or de facto the gang's local monopoly on the drug trade continues. The gang busts you if you try to get your supply of crack cocaine from Merck. I call this the Rio de Janeiro model; no, drugs are not formally legal there but I don't think it would much matter if they were.

17 maio 2008

Quem tiver saco que comente...

... A mais nova proposta do "noço" guia:

"Começa a fomentar na minha cabeça a idéia de que o Estado vai ter que fazer uma nova empresa. Não quero fazer, acho que o Estado não precisa fazer. Mas se os empresários não tiverem ousadia, vamos ter que ter ousadia pelo menos para forçá-las a fazer ou incetiva-las a fazer", afirmou.

Eu não vejo a hora de ver o transporte aéreo com a mesma qualidade e eficiência que tinha a Telerj é com os mesmos preços competitivos praticados pela Petrobras.

Nossa herança maldita

Isso que segue mostra de onde tiramos a cara-de-pau de certas pessoas ao serem pegas com dólares na cueca ou dossiês embaixo do braço (grifos meus):

A polémica foi desencadeada após ter sido noticiado que José Sócrates, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, e outros membros do Governo fumaram a bordo do avião da TAP que os transportou terça-feira até à Venezuela, onde efectuam um visita de três dias.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, pediu desculpas caso se verifique que violou a lei.

"Estava convencido que não estava a violar nenhuma lei nem nenhum regulamento. Infelizmente há essa polémica em Portugal e eu quero lamentar essa polémica. Se por algum motivo violei algum regulamento, alguma lei, lamento e peço desculpa, não voltará acontecer", declarou o primeiro-ministro, que anunciou também que iria deixar de fumar em definitivo.

Pior que é isso mesmo

Olavão sobre os debatedores de fraldas:

Primeiro: os sujeitos que menos toleravam objeções eram precisamente aqueles que mais proclamavam a relatividade de tudo e a inexistência de verdades absolutas. O mecanismo mental aí subentendido de maneira quase sempre inconsciente era no entanto simples e claro: livre de quaisquer exigências superiores que pudessem travá-lo, cada um desses fulanos tornava-se ele próprio o único absoluto. Discutir com deuses, os senhores compreendem, é cansativo e inútil.

Indeed. Indeed.

13 maio 2008

Olha a discriminação!

Em pleno século XXI ainda temos que conviver com homens e mulheres ganhando salários diferentes para desempenhar o mesmo trabalho:

Segundo Carlão, os homens recebem bem menos que as mulheres nas cenas. "Geralmente o homem ganha metade que a mulher. Mas a Leila está em outro patamar. Não sei quanto ela ganhou, mas acredito que tenha sido algumas vezes o meu cachê".

Igualdade de direitos já!

12 maio 2008

Quando é para valer...

... Assuntos "prioritários" como o Aquecimento Global ficam em segundo plano.

CLEAR FORK, Estados Unidos (Reuters) - Tanto Hillary Clinton quanto Barack Obama estão falando menos em aquecimento global e preferindo termos como "carvão limpo" ao discursar para eleitores da Virgínia Ocidental e do Kentucky - dois Estados que estão no coração da economia carvoeira dos EUA.

Política é um troço muito engraçado.

Bravo

Sabe quando você tem um texto na cabeça mas não o talento para torná-lo algo concreto? Pois bem, graças ao meu xará, descobri que alguém fez isso pra mim:

The upshot: If you and I feel equally successful but you make four times as much as I do, we will be equally happy about our lives. Of course, successful people make more money than unsuccessful people, on average. But it is the success—not the money per se—that is giving them the happiness. I have no doubt that some people do get pleasure from lording their higher incomes over others. But the evidence says this is not the biggest reason that having more than others gives us happiness.

Financial status is the way we demonstrate to others (and ourselves) that we are successful—hence the fancy watches, the expensive cars, and the bespoke suits. We use these things to show other people not just that we are prosperous, but that we are prosperous because we create value.

There is nothing strange about measuring our success with money; we measure things indirectly all the time. I require my students to take exams not because I believe their scores have any inherent value, but because I know these scores correlate extremely well with how much they have studied and how well they understand the material. Your doctor draws your blood to check your cholesterol not because blood cholesterol is interesting in and of itself, but because it measures your risk of having a heart attack or a stroke. In the same way, we measure our professional success with green pieces of paper called “dollars.”

11 maio 2008

Rio Favela

O que me espanta não é que isso aconteça numa cidade-favela como o Rio de Janeiro, mas que as pessoas ainda se surpreendam com o fato.

O carioca é um bicho engraçado demais.

JP Coutinho

Uma das grandes cabeças da atualidade (parece até panfleto promocional):

Durante cinquenta anos, a obra de Steiner perseguiu uma pergunta curial: como foi possível a uma civilização que se julgava intelectualmente avançada descer ao abismo do horror no século XX? A pergunta faz sentido sobretudo para quem sempre depositou na "cultura" uma fé profundamente optimista. E, no entanto, é possível encontrar exemplos de homens cultos que, depois de uma sonata de Schubert ou de umas páginas de Flaubert, acordavam no dia seguinte e iam gasear judeus com entusiasmo burocrático.

Se a cultura não nos torna mais "humanos", para que serve a cultura, afinal?

Disse que a pergunta é inevitável para um humanista porque ela questiona directamente a estrutura intelectual do Ocidente, isto é, a ideia de que o conhecimento é virtude. Mas a pergunta será ainda mais premente num humanista judeu: para Steiner, a identidade judaica não se define por um qualquer apelo à religião, ou à "raça" (termo equívoco, eu sei). O "judeu" é aquele que mantém com a palavra escrita uma relação vital. Foi essa relação que lhe permitiu viver, e sobreviver, ao longo de séculos de perseguições.

Resta, assim, uma última e terrível hipótese: a cultura, fonte de "humanização", pode também revelar-se um instrumento de desumanização". Essa hipótese é levantada por Steiner num breve ensaio que a Gradiva publicou entre nós. Intitula-se "O Silêncio dos Livros" e, depois de uma viagem histórica sobre a leitura e os seus inimigos (humanos, físicos, bélicos, tecnológicos), Steiner levanta esse paradoxo: o contacto habitual com a intensidade das grandes obras pode tornar os homens insensíveis à banal realidade. Num outro livro, Steiner define esse paradoxo como "o paradoxo de Cordélia", em referência directa à personagem do bardo: será que existe no mundo um grito tão pungente como aquele que Lear lança à sua filha tão amada?

Às vezes, é preferível não responder a certas questões. Como diria um velho filósofo inglês, encontrar a verdade não significa que ela será confortável.

07 maio 2008

Índio é tão legal...

... Lá em Roraima! Aqui não!

A presença do grupo de guaranis, que chegou há três meses de Paraty, no Sul fluminense, provocou insatisfação entre os moradores de Camboinhas. Foram eles que acionaram o MP por intermédio da Sociedade Pró-Preservação Urbanística e Ecológica de Camboinhas (Soprecam).

Os residentes de Camboinhas alegam que a presença da tribo está desrespeitando uma lei federal de agosto de 2006. Esta norma teria transformado o local onde está fixada a aldeia em área de preservação permanente, onde nada poderia ser construído.

05 maio 2008

Cedendo à tentação

Quando alguém adquire uma platéia - ou acha que adquiriu - fica difícil ceder à tentação de não ser desonesto, intelectualmente falando.

Reinaldo Azevedo defendeu a proibição da tal Marcha da Maconha.

Podemos passar anos discutindo essa posição, com excelentes argumentos de ambos os lados. Mas daí a afirmar que ele disse que quem a legalização das drogas deve ir preso, vai uma distância abissal.

Discordar sim, mas pelo menos discorde do que a pessoa realmente afirmou.

Fiscais do Sarney - Reloaded

Consumidor deve denunciar postos que aumentarem preço da gasolina, afirma Lula

- Feito um jogo combinado: o aumento com desconto na Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] e isso diminui o efeito do aumento. É importante as pessoas ficarem atentas. A gasolina não aumenta nada no posto. Se algum posto estiver aumentando, as pessoas podem denunciar, porque [a gasolina] não aumenta nada e o óleo diesel aumenta 8,8% - disse Lula em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente.

E este nosso período paleocapitalista que não termina nunca?

House

Você não sabe como pode gostar tanto de uma série onde o protagonista é um tipo como House?

Talvez este excelente texto ajude a clarear suas idéias.

Homem de Ferro (a última, eu prometo)

Já perdi muito tempo com essa bobagem, mas é que ela está desencadeando uma reação em cadeia de tal magnitude que é impossível ler certas coisas e deixar passar em branco.

Dessa vez a crítica do filme é nacional:

Este trecho tem alguns acertos e um erro gravíssimo:


Pra começar, eles têm um entendimento excepcional de quem é Tony Stark e suas motivações, peneirando todas as suas fases e tirando daí para a competente trama de origem apenas o que há de mais interessante e guardando outros momentos importantes para a inevitável (e desejada, claro!) continuação. O bilionário da indústria bélica não é um herói no sentido convencional da palavra - nunca foi (ao menos quando bem trabalhado). Ele age como um herói visando o (sic) reconhecimento, saciando a própria vaidade, e não por altruísmo, como um Super-Homem. E o filme acerta esse aspecto na mosca.

Note como Stark só se envolve nos conflitos depois que eles o atingem de alguma maneira; ou como só decide sair de sua garagem, onde cria as incríveis armaduras que povoam o filme, depois de perceber que está sendo passado para trás. Stark é um vencedor, um cientista, um conquistador e, principalmente, alguém dificílimo de se relacionar.

Primeiro os acertos: Stark é, de fato, um vencedor, um cientista e um conquistador.

O erro grave na análise é a motivação de Stark: não precisa ser fanático pelos quadrinhos, está tudo lá no filme. Será que o crítico viu a película?

Tony Stark era tudo aquilo que ele falou e mais um pouco: não queria saber como o dinheiro que chegava em sua conta bancária era gerado. Se iludia com a afirmação de que era um patriota e que suas armas salvavam vidas americanas. Tudo até o dia em que sofreu uma emboscada e os soldados que o escoltavam, com os quais já estabelecera uma rápida simpatia, foram brutalmente mortos, tentando defendê-lo. A última coisa que ele viu antes de ser nocauteado foi uma bomba com o logotipo de sua empresa cair ao seu lado.

No cativeiro ele conhece a pessoa que o faz pensar sobre tudo isso. Tem contato com a lealdade e, principalmente, o sacrifício.

Quando volta aos EUA, após escapar dos terroristas, ele não poderia ser mais claro: vai parar de fabricar armamentos e sua empresa vai fazer algo mais que "explodir coisas". Sim, Tony Stark mudou sua perspectiva do mundo, mas nem por isso ele precisa se tornar um chato, uma pessoa desinteressante ou um coitadinho como Peter - chato bagaray - Parker. Ele continua vaidoso, mulherengo, bon vivant. E sim, ele gosta do reconhecimento que lhe trouxe o Homem de Ferro. Mas o filme deixa claro, mesmo para quem nunca viu o personagem mais gordo, que houve uma mudança em Tony Stark e, na verdade, a mudança mais importante.

Quando ele volta ao oriente médio para combater os terroristas, não foi porque ele foi passado para trás, mas porque as suas armas estavam sendo usadas para massacrar um vilarejo. Lá chegando ele não saiu botando tudo abaixo. Quando vidas inocentes foram colocadas na linha de fogo ele agiu com a preocupação e com a firmeza esperadas dos heróis.

Resumindo, o Homem de Ferro é sim um super-herói no sentido clássico. A única diferença é que Tony Stark não é o chato de galochas Peter Park e nem precisa fazer contas para pagar o aluguel de uma espelunca no final do mês. Isso sim, talvez gere alguma dissonância na cabeça das pessoas. Afinal, fomos treinados desde pequeninos para acreditar que pessoas ricas são malvadas ou, na melhor das hipóteses, egoístas.

Homem de Ferro dispara avalanche de tolices

Comic Books não são assuntos muito sérios. Entretanto, como tudo na vida, eles são criados dentro de um contexto específico. Alguns dos principais super-heróis da Marvel surgiram durante a Guerra Fria. Não é de se espantar que alguns deles tivessem como vilão aquilo que era visto como o Mal da época, o Comunismo.

Um leitor (valeu, Alessandro!) mandou-me um artigo da Slate sobre o filme e o personagem. O artigo poderia explorar o contexto no qual surgiu o Homem de Ferro e o fez. Mas com aquela ótica esquerdista de sempre (capitalistas são indivíduos maus e egoístas que precisam ser dominados pelo governo. Inclusive há uma citação de Alan Greespan no início do artigo defendendo esta posição).

No artigo, Homem de Ferro enfrentava os vilões apenas para favorecer as empresas Stark, destruindo os competidores da empresa. Para o autor, o fato de os vilões depois se revelarem maníacos homicidas era apenas para validar o ataque inicial do Homem de Ferro motivado pela ganância.

Empregados preguiçosos eram despedidos (Oh! Crime dos crimes!). Segundo o artigo - não lembro mais, li essas coisas quando era garoto - esses ex-empregados se transformavam em vilões o que servia para justificar a política de recursos humanos de Stark. Ora, uma coisa nada tem a ver com a outra - me supreende quão incapazes de estabelecer raciocínios lógicos são essas pessoas. Se o funcionário demitido era maluco ou mau-caráter e passou a querer matar todo mundo, deve ser impedido com todos os meios que forem necessários e para isso havia o Homem de Ferro. Eram duas esferas diferentes, embora um evento tenha disparado outro. Será que o autor estaria justificando o fato de alguém sair matando as pessoas a torto e a direito porque foi demitido do trabalho? Não creio, mas não me surpreenderia.

A conclusão do artigo poderia ser escrita por qualquer universitário brasileiro semi-alfabetizado entre uma rodada e outra de sueca no Centro acadêmico (grifos meus):

Even now, Iron Man represents Stan Lee's adolescent dog-eat-dog version of capitalism, the version that appeals to our "might makes right" monkey brains: Innovation is good; monopolies rock when we run them, suck when we don't; big corporations need CEOs rich enough to own space jets; and regulations should be a result of the CEOs' benevolence and wisdom, not imposed by outsiders. Tony Stark is a self-made man who believes that we can build ourselves out of trouble. He's one of America's romanticized lone inventors who, like Steve Jobs, solve problems by locking themselves away in secret workshops to emerge later with their paradigm-shifting inventions.

These days, the Iron Man comic book sells worse than not only the Hulk, Daredevil, Captain America, and Thor but the six different titles featuring Wolverine. So why an Iron Man movie? In a maneuver worthy of Tony Stark himself, Marvel Comics is producing Iron Man on its own after getting burned on licensing deals for the lucrative Spider-Man and X-Men franchises. Who's left in the stable? Captain America and Daredevil have already bombed on film, and the Hulk and Thor are in movies coming later this year, and so Iron Man it is. The Iron Man movie is a decision born of greed and pragmatism, a decision based on Marvel's best corporate interests. It's a purely capitalist decision, and according to Iron Man ethics, that makes it practically heroic.

Como podemos ver, não importa a bobagem, o esquerdismo pode torná-la ainda maior.

04 maio 2008

Hein?!

Onde o autor deste texto viu isso no filme Homem de Ferro?


"Homem de Ferro" é estrelado por Downey, 43, interpretando o industrial bilionário e playboy Tony Stark, que enfrenta uma crise de meia-idade conforme cria uma armadura de alta tecnologia que o transforma em super-herói.

Certamente o autor nem deu uma espiada no filme. Ou então confundiu "crise de meia-idade" com "crise de consciência."

E ainda querem questionar a credibilidade dos blogs. Rá!

Modern soylent green

Sempre que vejo aquelas passeatas, cheias de deficientes na linha de frente, com cara de cão sem dono, a favor da pesquisa envolvendo células-tronco embrionárias eu fico com aquela sensação de que já vi isso antes.

Trata-se da moderna versão do Soylent Green. Somente coroas vão lembrar desse clássico da ficção - e eu espero que assim continue - científica.

[Spoiler: o parágrafo a seguir estraga a surpresa do filme]

Num futuro - 2022, agora não tão distante - a escassez de alimentos aflige o mundo. As pessoas são alimentadas por uma ração chamada "soylent green". Para encurtar a conversa, o protagonista do filme descobre que os tabletes de "soylent green" têm como matéria-prima os corpos das pessoas vítimas de "eutanásia". Mas não se escandalize, por favor: o procedimento é realizado em clínicas do governo para garantir uma morte digna, higiênica e - aham - agradável.

É engraçado tentar imaginar o contexto político deste filme, projetando o que vemos hoje em relação à pesquisa com células-tronco embrionárias (*): a Igreja recriminando a produção de alimento a partir de corpos humanos mortos pelo governo e vários grupos políticos fazendo pressão contra o obscurantismo religioso e promovendo passeatas cheias de famintos na linha de frente. Imagino os editoriais, repletos de "intelequituais" pomposos, discorrendo sobre como a ciência não pode ser obstruída e nos lembrando que o Estado é uma entidade laica.

A vida imita mesmo arte. (sempre quis usar essa frase!)

(*) É interessante reparar que a discussão malandramente se afastou do questionamento da existência ou não de vida humana num embrião. Usar como argumento a promessa de futuras possíveis curas de doenças, desprezando o que se está atropelando para consegui-las, me parece o mecanismo que o governo do filme utilizou para produzir o soylent green.

03 maio 2008

Marketing one-to-one

Acabo de comprar dois CDs num famoso site de comércio eletrônico brasileiro. Em algum momento devo ter dado a entender que sou um consumidor extremamente eclético, pois a recomendação que eles me fizeram foi, digamos, peculiar:


Hein?!?!?

O amor $upera tudo

Família de Bia Antony perdoa Ronaldo

Rio - ”Como eu não posso querer bem a uma pessoa que só deu alegrias [!!!!] para a minha filha e para o meu País?”, disse-me ontem Magnólia Antony, mãe de Bia e sogra de Ronaldo Fenômeno. Mulher de fibra, potiguar das boas, Magui, como é conhecida por todos, diz que ama o ex-futuro genro “mais do que nunca” e que inclusive o convidou para ir à sua casa em Brasília depois do escândalo.

Grifos meus. Como se precisasse...

Guerra preventiva

Um dos principais argumentos dos liberais e libertários contra guerras preventivas é o de que uma nação somente deve se defender de ataques e nunca iniciá-los. Num passado distante eu estaria 100% de acordo. Naquele tempo era possível detectar um ataque e combatê-lo antes que ele causasse severos danos à população civil.

Nos dias de hoje confesso que não estou tão seguro dessa posição. Hoje temos armas químicas, biológicas e nucleares capazes de matar centenas de milhares de pessoas num piscar de olhos. Imagine um governante dando uma coletiva após um ataque nuclear que custou a vida de milhares de cidadãos do seu país:

- Senhor Presidente, como nossos serviços de inteligência não detectaram esse plano?
- Nós detectamos, mas não podemos atacar uma nação sem que tenhamos sido agredidos antes. Agora vamos partir para o contra-ataque!
- Agora? Depois de centenas de milhares de mortos?

Você acha esse questionamento do repórter fantasioso?

Além do avanço tecnológico das armas, há também maior capacidade logística. Uma nação pode dar pleno suporte a organizações terroristas e fazê-lo de modo totalmente imperceptível.

Tenho verdadeiro fascínio pela História americana e pelos ideais dos Founding Fathers. É um fato que a grande nação que vemos hoje foi construída naquela época por aquelas pessoas. Entretanto há que se reconhecer que aqueles tempos eram outros. Suas idéias foram ótimas para aqueles tempos e muitas delas são excelentes até hoje. Outras, porém, precisam ser ajustadas ao contexto atual.

Claro que isso não vem de graça. Uma guerra preventiva deve ser travada com o dobro, o triplo!, de cuidados de uma guerra normal. Afinal de contas, e se as informações levantadas pelos serviços de inteligência forem incorretas? São questões cruciais que devem atormentar a cabeça de quem governa uma nação: partir pro ataque e ser massacrado pela opinião pública? Aguardar a agressão para, então, contra-atacar e ser igualmente massacrado pela opinião pública?

Certamente são questões que devem tirar o sono de qualquer governante que não tenha uma imprensa chapa-branca como a nossa para lhe dar cobertura.

02 maio 2008

Dois pesos e duas medidas

Recentemente o mundo se escandalizou com o caso do austríaco que abusou sexualmente da filha por 24 anos. Casos macabros como este e o da menina que foi seqüestrada e mantida em cativeiro por oito anos podem gerar a tentação de levantar a questão: o que há de errado com a Áustria?

Antes de começar a elaborar teorias mirabolantes, reflita sobre as declarações do coordenador do curso de medicina da UFBA.

Não há como fugir: se uma área geográfica é capaz de gerar psicopatas, ela também é capaz de gerar pessoas estúpidas. Não há como aceitar a idéia de que a Áustria é um país onde seu habitantes têm tendências homicidas, mas classificar a declaração do coordenador da UFBA como absurda e obtusa.

Lamento Olavão...

... Mas eu falei isso antes. :-)

Embora sob um aspecto ou outro possamos levar desvantagem, no conjunto a depravação nacional é um fenômeno inédito, incatalogável, sem similares na história do mundo. Nenhuma nação jamais consentiu em tolerar o intolerável com aquele misto de indiferença búdica, amoralismo cínico e auto-satisfação masoquista que o Brasil chama de “normalidade institucional”.

Mas algo me diz que nossos dias de glória estão contados. Aqui e ali, aos poucos, vão despontando indícios de que certas condutas, antes julgadas inaceitáveis fora das nossas fronteiras, vão conquistando espaço nas sociedades ditas avançadas, aí encontrando a mesma receptividade cúmplice que tanto as fez prosperar no Brasil.

Na sua breve carreira de pré-candidato, o sr. Barack Obama já contou, comprovadamente, mais de sessenta mentiras só sobre a sua biografia (excluídas as mentiras políticas). Ele mente sobre suas origens, sobre sua família, sobre sua educação, sobre seus amigos, sobre o pastor da sua igreja. Nenhum político faz isso. Todos são verazes nas miudezas para poder falsificar melhor o conjunto. Obama mente no atacado e no varejo, no todo e nos detalhes, até em detalhes óbvios que não levam meia hora para ser desmentidos. Chamá-lo de mentiroso seria eufemismo. Ele é uma farsa total, uma palhaçada completa. É um intrujão desprezível que em situações normais alcançaria sucesso, no máximo, como locutor de rádio interiorana. Sua simples candidatura – para não falar da possibilidade da sua eleição – mostra que a capacidade de julgamento do eleitorado americano desceu abaixo do nível do ridículo: está beirando o tragicômico. Quanto mais se comprova que o sujeito é postiço, mais devotos se tornam os seus seguidores. Cada vez que ele é desmascarado, mais o aplaudem. Já vão para oitenta por cento os democratas que juram votar nele. É um efeito que, até algum tempo atrás, só se observava num único país do mundo. O bom e velho país dos otários que, para não dar o braço a torcer, fingem admirar o malandro que os engana.

Podem vir que "nóis é gente boa"

Disse uma colunista de economia de um grande jornal brasileiro (*):

O capital que virá é um capital que pode investir em longo prazo, exatamente por serem investidores mais cuidadosos e de olho em retorno que leve mais tempo. Os setores que podem receber recursos nesse novo momento de grau de investimento são, por exemplo, obras de infra-estrutura. Mas, ao mesmo tempo, ter grau de investimento não resolve tudo: é preciso que haja um bom ambiente de negócios e bons marcos regulatórios.

Agora responda-me você: você faria um investimento de longo prazo num país onde o governo acaba de MUDAR A LEI para favorecer a fusão de duas empresas de telecomunicações e, além disso, ainda vai financiar a brincadeira?

Você concorda com o presidente do Banco Central que disse que, com essa recomendação, o Brasil demonstra ter um ambiente de investimento estável?

(*) Colunista de economia por aqui é algo como um colunista social, só que as futricas são da esfera econômica. Não há análises com base em fundamentos da economia ou coisa parecida. É sempre "fulano me disse que..." ou "uma fonte no Planalto informou que...".