27 maio 2009

O sábio

Há um filme, cujo título não me recordo, onde um agente secreto morre e um Zé Mané, seu sósia, é colocado para completar a missão (agora nem lembro mesmo se é um agente ou um rei ou político, sei lá. Mas vale o exemplo assim mesmo...). Ciente da incapacidade do Zé Mané de exercer tal papel com a competência do falecido espião, a agência de espionagem coloca uma baita equipe de agentes para dar cobertura ao Zé Mané. Assim, todas as cagadas que este vai fazendo são corrigidas pelos agentes de apoio e, no final das contas, as coisas saem como esperado. Após sucessivos êxitos, porém, o Zé Mané começa a acredtiar que ele é realmente "o cara."

Esta conversinha fiada é para mostrar porque discordo redondamente da afirmação de que Lula é ignorante mas inteligente. Em primeiro lugar, como bem diz minha esposa, um ignorante inteligente deixa de ser ignorante assim que tem uma chance. Segundo, com ficou provado neste escandaloso episódio da candidatura da Ellen Gracie para o Órgão de Apelação da OMC, quando Lula não tem o suporte do seu time de apoio (imprensa, ONGs, sindicatos, etc.) o que acontece é fracasso retumbante atrás de fracasso retumbante. Veja que o ponto não é fracassar, o que seria completamente normal mas, como bem disse o editorial, como isso acontece:

A candidata Ellen Gracie não foi derrotada numa disputa normal entre dois ou mais pretendentes com qualificações mais ou menos iguais. Seu despreparo para o posto foi evidenciado numa arguição realizada por uma banca presidida pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.

Como não tenho nenhum compromisso com o rigor científico, posso conjecturar à vontade. Então vejamos este trecho do mesmo editorial:

O Itamaraty não se limitou a fazer campanha a favor de uma candidatura inadequada. Tentou defendê-la com argumentos patéticos. Essa candidatura, segundo o Ministério das Relações Exteriores, refletia a importância atribuída pelo governo brasileiro ao Órgão de Apelação e a seu trabalho em defesa do sistema multilateral de comércio. Além disso, o despreparo técnico da candidata foi apontado como uma vantagem, porque isso lhe permitiria - segundo a alegação - examinar os temas sem preconceitos.


Garanto que, se esse argumento da falta de preparo fosse usado numa sabatina aqui no Bananão por um candidato indicado por Lula, teríamos manifestações fervorosas de apoio. Teríamos editoriais e colunas exaltando a coragem e humildade do canditado ao reconhecer que não é preparado mas que está disposto a aprender. Aquelas baboserias de sempre.

Sem o back-up team, contudo, o resultado é sempre esse: trolha! E ainda há quem queira me fazer crer que este homem é inteligente.