O blog em si é fraquinho, bem fraco mesmo, mas mostra com clareza como a cabeça de um típico brasileiro, que freqüentou faculdade e tudo mais, funciona ao entrar em contato com uma civilização: a insistência em sempre medir as coisas com a régua tupiniquim.
Gostei, particularmente, de dois trechos deste post:
Tudo isso me fez lembrar das aulas de semiologia na universidade (e ainda tem gente que acha que jornalismo prescinde do diploma?).
Meu caro, quem te falou que a única forma de aprender sobre semiologia é num banco de uma faculdade? Ainda mais na tal era digital! É bem provável que uma pessoa autodidata e interessada acabe aprendendo muito mais sobre o assunto do que com um professor entediado que já veio de outro trabalho e está contando os minutos para a aula acabar. O trecho a seguir dá uma dica do porquê o carinha pensa assim:
Mas chega de papo-cabeça. Vou ali ler uma Vogue e já volto que hoje é sexta.
Não sei se o cara tem noção, mas ele resumiu brilhantemente uma certa mentalidade que circula por essas bandas: "papo-cabeça", para o brasileiro, é como trabalho: só obrigado, de segunda à sexta e no horário do expediente. Ler ou estudar para aprender algo sem ser forçado? O conhecimento pelo conhecimento? Nem pensar! Todo o tempo que sobra além do "horário do expediente" é dedicado única e exclusivamente às vogues da vida. Se isso fosse somente uma característica do tal povão nem seria tão catastrófico - afinal, povão, no sentido Homer Simpson da palavra, é povão em todo lugar - mas esse maravilhoso blog nos dá um belo exemplo do profissional de comunicação, aspirante a formador de opinião, que não passa de "povão" mas que, sabe lá Deus como, teve acesso a um grande veículo de comunicação. Dada a qualidade do que se lê, vê e ouve por aí, fico pensando se ele seria regra ou exceção.
Por essas e outras que os blogs "independentes" são, de uma forma geral, muito superiores aos blogs dos grandes portais. Seja no conteúdo, seja no estilo.
Por essas e outras que você lê um post nos blogs dos grandes portais, uma reportagem num jornal ou revista e fica com aquela sensação de que já ouviu aquilo antes.
Provavelmente foi do porteiro do seu prédio, do trocador do ônibus ou do motorista de taxi.