30 abril 2009
26 abril 2009
Sigilo bancário
Entrevista com o secretário-geral da Associação de Banqueiros Privados da Suíça (grifos meus):
Parte 1.
Parte 2.
Parte 1.
O sigilo bancário ainda é um dos grandes mitos da Suíça?
A Suíça sempre quis manter um sigilo bancário, pois faz parte da sua tradição financeira e também da mentalidade do seu povo. Uma mentalidade em que as pessoas são reservadas sobre o que têm e o que mostram. Isso também diz respeito à relação que existe entre o cidadão e o Estado. Afinal, na Suíça os cidadãos confiam neste, mas porque, em primeiro lugar, o controlam largamente graças às votações (n.r.: os plebiscitos e referendos), mas desconfiam muitas vezes dos funcionários. Nós, suíços, gostamos de restringir o poder do Estado para mantê-lo sob controle.
Parte 2.
Bode expiatório
Tava há algum tempo criando saco para escrever algo sobre como George W. Bush foi - e Obama tem feito de tudo para que ele ainda seja - o bode expiatório do mundo. O saco não veio, logo eu uso esta passagem de um post do Fiúza (que, lembremos, escreveu barbaridades sobre o caso da brasileira em Zurich):
George W. Bush encarnou para as massas a imagem do MAL absoluto. Seu personagem foi capaz de fazer com que políticos corruptos, ditadores, tiranos, terroristas, puxa-sacos, pusilânimes, enfim, canalhas de todo tipo, se sentissem pessoas melhores.
Apenas por serem contra George W. Bush.
Obama veio como o complemento ideal. Não somente as pessoas maravilhosas odiaram George W. Bush com todas as suas forças, como também "ajudaram" a tirá-lo do poder e colocaram lá alguém que representava toda a bondade dos seus coraçõezinhos imaculados.
Obama, que não é bobo nem nada, aceitou de bom grado esse papel e, após 100 dias de governo, temos a Coréia do Norte toda assanhadinha e o oriente médio começando a ferver novamente. Isso para não falar da gastança e aumento do Estado nos EUA.
Vamos ver como esse espetáculo vai terminar.
Quanto aos puros de coração, por via das dúvidas, é bom manter o registro do domínio www.sorryeverybody.com. Mas algo me diz que reconhecer seus erros não é exatamente uma virtude que lhes seja característica.
O estereótipo fedorento dos políticos serve para isso. Para o cidadão comum se sentir cheiroso.
George W. Bush encarnou para as massas a imagem do MAL absoluto. Seu personagem foi capaz de fazer com que políticos corruptos, ditadores, tiranos, terroristas, puxa-sacos, pusilânimes, enfim, canalhas de todo tipo, se sentissem pessoas melhores.
Apenas por serem contra George W. Bush.
Obama veio como o complemento ideal. Não somente as pessoas maravilhosas odiaram George W. Bush com todas as suas forças, como também "ajudaram" a tirá-lo do poder e colocaram lá alguém que representava toda a bondade dos seus coraçõezinhos imaculados.
Obama, que não é bobo nem nada, aceitou de bom grado esse papel e, após 100 dias de governo, temos a Coréia do Norte toda assanhadinha e o oriente médio começando a ferver novamente. Isso para não falar da gastança e aumento do Estado nos EUA.
Vamos ver como esse espetáculo vai terminar.
Quanto aos puros de coração, por via das dúvidas, é bom manter o registro do domínio www.sorryeverybody.com. Mas algo me diz que reconhecer seus erros não é exatamente uma virtude que lhes seja característica.
25 abril 2009
Mais ou menos assim
Essa tirinha do Calvin expressa, de certa forma, como funciona a cabeça dos ideólogos comunistas e libertários:
Tá ficando esquisito
Parece que o "bom de lábia" não está pedindo desculpas o suficiente. Ou talvez ele precise liberar mais informações privilegiadas da CIA, sei lá!
O fato é que tem neguinho se engraçando...
O fato é que tem neguinho se engraçando...
24 abril 2009
Newsweek
Recebi um link com esta reportagem da Newsweek. Só consegui ler até aqui:
Não parece coisa do The Onion?
Brazil has become a solid free-market democracy, a rare island of stability in a region of turmoil and governed by the rule of law instead of the whims of autocrats.
Não parece coisa do The Onion?
23 abril 2009
You wanted a change, didn't you?
Now, suck it up! (via FYI)
PS: O título desse post poderia ser também "Obama é Lula. Agora este tem sua herança maldita."
Mark down the date. Tuesday, April 21, 2009, is the moment that any chance of a new era of bipartisan respect in Washington ended. By inviting the prosecution of Bush officials for their antiterror legal advice, President Obama has injected a poison into our politics that he and the country will live to regret.
Policy disputes, often bitter, are the stuff of democratic politics. Elections settle those battles, at least for a time, and Mr. Obama's victory in November has given him the right to change policies on interrogations, Guantanamo, or anything on which he can muster enough support. But at least until now, the U.S. political system has avoided the spectacle of a new Administration prosecuting its predecessor for policy disagreements. This is what happens in Argentina, Malaysia or Peru, countries where the law is treated merely as an extension of political power.
PS: O título desse post poderia ser também "Obama é Lula. Agora este tem sua herança maldita."
21 abril 2009
Detalhe
No post anterior, percebam, no caso de estudo linkado, a duração da coisa!
Notem a diferença brutal com o Brasil onde as coisas têm que acontecer no período do mandato governamental (a tal necessidade de inaugurar obras que nos brinda com aberrações como a Cidade da Música no Rio de Janeiro). Em Zurich, o plano se iniciou na década de setenta e passou pelas de oitenta, noventa até chegar ao ano 2000 sem que nenhum governo começasse coisa alguma do zero novamente.
Notem a diferença brutal com o Brasil onde as coisas têm que acontecer no período do mandato governamental (a tal necessidade de inaugurar obras que nos brinda com aberrações como a Cidade da Música no Rio de Janeiro). Em Zurich, o plano se iniciou na década de setenta e passou pelas de oitenta, noventa até chegar ao ano 2000 sem que nenhum governo começasse coisa alguma do zero novamente.
Cuidado para o bebê não ir junto
Viver no Brasil e nunca ter colocado os pés em um lugar civilizado contamina o nosso jeito de ver as coisas. É perfeitamente normal que uma pessoa que sempre tenha vivido no Brasil chegue à conclusão de que o Estado deva ser abolido totalmente, jogando o bebê fora junto com a água da bacia. Afinal de contas, tudo que o nosso Estado se propõe a fazer é caro, mal feito (quando feito) e envolto em corrupções mil. Ou seja: dinheiro do pagador de impostos jogado no ralo. O dilema, no que diz respeito às empreitadas estatais, não é se é mais ou menos eficiente algo ser feito pelo Estado ou ser entregue ao livre mercado. E nem mesmo a questão filosófica. No que diz respeito ao Estado brasileiro, paga-se o imposto e também adquire-se o serviço da iniciativa privada porque o Estado não o fornece ou o faz com qualidade inaceitável.
Mas as coisas não são assim no mundo todo (são piores em alguns lugares, é verdade).
Eis aqui um pequeno exemplo de como o Estado pode agir para melhorar a qualidade de vida de uma forma geral.
Public choice na veia, certo Xará?
Mas as coisas não são assim no mundo todo (são piores em alguns lugares, é verdade).
Eis aqui um pequeno exemplo de como o Estado pode agir para melhorar a qualidade de vida de uma forma geral.
Public choice na veia, certo Xará?
Jesuis!
O Globo, seguindo a tendência mundial de dar voz aos seus leitores, abriu espaço para uma leitora escrever esta maravilha sobre mais uma conferência da ONU sobre sei lá o quê (leia com atenção):
Agora veja quem foi exemplo de conduta, na opinião da leitora (grifos meus):
Selvageria, barbárie e civilização, estágios da humanidade. Estamos na civilização, mas este boicote por parte de Alemanha, Austrália, Estados Unidos da América, Canadá, Itália, entre outros, ao discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad na conferência da ONU sobre racismo, nos remete ao período de selvageria, onde diálogos inexistem, muito menos o conceito de relativização.
Agora veja quem foi exemplo de conduta, na opinião da leitora (grifos meus):
Por sua vez, Ahmadinejad, apenas com a atitude de confirmar sua presença na conferência, demonstrou estar no estágio da civilização, onde as pessoas respeitam organizadores de eventos deste porte e se dispõem a dialogar, não falou sozinho e ouviu também. Educação à parte. A intolerância se revela pelo lado onde teoricamente não se esperava.
Muros e muros
Tem uma expressão em inglês que eu adoro: walk your talk. Ou seja, faça o que você fala. Nem sempre é possível dada a nossa condição humana que nos condena a muitos fracassos (I can't walk my talk) ou graças à boa e velha hipocrisia (I don't want to walk my talk).
O mais novo bafafá carioca é o caso dos muros que estão sendo construídos para evitar o avanço das favelas sobre - Rá! Rá! Rá! Vamos fazer de conta que esta é a motivação! - as áreas verdes do Rio.
Caguei pro muro. Eu acho que tinha que ser construído um muro em volta da América do Sul inteira. Minha dúvida é: quantas das pessoas que hoje clamam pela construção do tal muro não fizeram cara de nojinho quando Israel construiu o seu muro para barrar terroristas?
Em geral as pessoas que não estão dispostas a walk their talk também são adeptas da máxima "no fiofó dos outros é refresco".
O mais novo bafafá carioca é o caso dos muros que estão sendo construídos para evitar o avanço das favelas sobre - Rá! Rá! Rá! Vamos fazer de conta que esta é a motivação! - as áreas verdes do Rio.
Caguei pro muro. Eu acho que tinha que ser construído um muro em volta da América do Sul inteira. Minha dúvida é: quantas das pessoas que hoje clamam pela construção do tal muro não fizeram cara de nojinho quando Israel construiu o seu muro para barrar terroristas?
Em geral as pessoas que não estão dispostas a walk their talk também são adeptas da máxima "no fiofó dos outros é refresco".
Se tivesse três desejos
Um deles seria poder ver como será o mundo daqui a uns duzentos ou trezentos anos. Gostaria de ver com meus próprios olhos onde vamos chegar com o politicamente correto, multiculturalismo e a supressão de quaisquer vozes discordantes.
A julgar pelo andar da carruagem, se hoje perde-se empregos ou concursos de beleza por causa de uma opinião, daqui a duzentos anos será a coisa mais natural, no ocidente "livre", parar na cadeia. Ou coisa pior.
Está claro que a liberdade de opinião de alguém não significa que todos sejam obrigados a aceitá-la e nem mesmo a não reagir a ela. Oras, o que a miss achava que ia acontecer num nicho de mercado com grande presença de homossexuais?
O que me surpreende é que não basta mais discordar: é preciso odiar o discordante com todas as forças. Desprezá-lo e humilhá-lo até que ele, ainda que não concorde com suas causas, pelo menos se cale.
Essa tirania dos modernos e dos virtuosos. É o resultado dela que eu gostaria de ver com meus próprios olhos daqui a duzentos anos
A julgar pelo andar da carruagem, se hoje perde-se empregos ou concursos de beleza por causa de uma opinião, daqui a duzentos anos será a coisa mais natural, no ocidente "livre", parar na cadeia. Ou coisa pior.
Está claro que a liberdade de opinião de alguém não significa que todos sejam obrigados a aceitá-la e nem mesmo a não reagir a ela. Oras, o que a miss achava que ia acontecer num nicho de mercado com grande presença de homossexuais?
O que me surpreende é que não basta mais discordar: é preciso odiar o discordante com todas as forças. Desprezá-lo e humilhá-lo até que ele, ainda que não concorde com suas causas, pelo menos se cale.
Essa tirania dos modernos e dos virtuosos. É o resultado dela que eu gostaria de ver com meus próprios olhos daqui a duzentos anos
20 abril 2009
Car crash
Sacam o efeito "batida de automóvel"?
Não?
É quando você sabe que vai ver algo desagradável mas não consegue desviar os olhos. Assim está minha relação com este blog.
Tava aqui de bob na internet, a rede mundial de computadores, e pensei "o que será que aquele carinha escreveu dessa vez?" Fui checar e, como sempre, ele não decepciona.
Parece incrível, mas isso aqui foi escrito por um adulto:
Não?
É quando você sabe que vai ver algo desagradável mas não consegue desviar os olhos. Assim está minha relação com este blog.
Tava aqui de bob na internet, a rede mundial de computadores, e pensei "o que será que aquele carinha escreveu dessa vez?" Fui checar e, como sempre, ele não decepciona.
Parece incrível, mas isso aqui foi escrito por um adulto:
Eu só posso ver este fenômeno com bons olhos. Não gosto da tirania cristã católica ou protestante em lugar algum do mundo e tenho horror só de pensar em bancadas políticas evangélicas nos EUA e no Brasil. Entendo totalmente a necessidade religiosa das pessoas, o imperativo da expressão da fé de cada um, mas sempre achei que as instituições religiosas, de um modo geral, empurram mais os países e as pessoas para trás do que para a frente. A onda criacionista nos EUA (e o furor com que ela se lança contra o Darwinismo) é algo só comparável, em falta de noção das coisas e de ridiculice, com a cientologia de Tom Cruise e John Travolta.
Uma coisa é uma pessoa buscar conforto psicológico na idéia de que, afinal, há uma entidade superior que rege tudo e todos num espírito de tolerância, compaixão, amor e respeito mútuo. Outra é achar que minha entidade superior é melhor do que a sua e que, portanto, como pregam os fundamentalistas, todos os que não compartilham da minha fé devem ser eliminados, constrangidos, banidos e, no caso da Al Qaeda, mortos. Ou que as leis do Estado devam se submeter às leis religiosas, sejam elas quais forem, de modo que uma bancada de políticos evangélicos impeça um sério programa de planejamento familiar com o argumento de que isso fere a vontade de Deus. Que Deus, cara-pálida? E quem acredita em Buda faz o que? E quem é espírita ou umbadista tem que entubar a vontade de Deus também?
Sempre achei que a lei dos homens (a possibilidade de cadeia e a supressão da liberdade, por exemplo) e o convívio social e familiar (a vergonha junto a pais ou amigos) fazem muito mais pela civilidade das pessoas do que a lei de Deus. Ninguém tem ou deixa de ter um amante ou de roubar um banco "porque é pecado capital". A destruição de reputações e carreiras ou a cadeia aterrorizam muito mais gente, com exceção dos políticos de Brasília, mas isso é outro post.
JP
Parei tudo que estava lendo (na verdade já tava meio paradão mesmo) para ler o livro do gajo.
Achei a crônica abaixo espetacular.
Me engana que eu gosto (link somente para assinantes)
É impressão minha ou a alegria do Brasil vem embalada numa tristeza de quem ri para não chorar?
Espantoso: A revista "Vanity Fair" já publicou Dorothy Parker ou Robert Benchley. Hoje publica A.A. Gill, jornalista que visitou o Brasil para escrever um texto que dá pena. Diz Gill, com erudita sofisticação, que existem dois povos no mundo. Os que gostam de seios e os que gostam de bundas. Os americanos gostam de seios. Grandes. Enormes. Os brasileiros preferem as bundas. O filósofo Gill gosta de brasileiros, ou seja, gosta de bundas. E oferece um ensaio onde está o supremo clichê sobre o Brasil: apesar do crime, das favelas, da corrupção política e do fosso miserável entre ricos e pobres, o Brasil é só alegria. O Brasil é só bundas.
Será? Uns meses atrás, em Lisboa, comentei o fato com uma atriz brasileira que conhece por dentro as manifestações de alegria que o Brasil oferece ao mundo. E perguntei: era impressão minha ou a alegria do Brasil vinha sempre embalada numa tristeza funda -a tristeza própria de quem ri para não chorar?
Ela gostou da pergunta e contou uma história a respeito: a história de como os cariocas transbordam de agrado para as câmeras durante o Carnaval, mas regressam à melancolia sincera quando as câmeras se apagam. Questão de segundos. Ela própria presenciara o fenômeno repetidas vezes numa única noite: o sorriso, o festejo automático, a vibração do corpo perante as lentes; e, quando as lentes se afastam, o desânimo progressivo, o desencanto e finalmente a solidão. A imagem é perfeita como comentário de outra imagem: a imagem que os brasileiros constroem de si próprios para iludir a realidade em volta.
É um problema de estima. De "auto-estima", a palavra fatal que acabou por substituir outra. "Auto-respeito." Não são a mesma coisa. Montaigne explica. A estima pressupõe o olhar dos outros sobre nós. O respeito pressupõe o olhar de nós sobre nós próprios. A auto-estima depende da opinião alheia. O auto-respeito depende da opinião pessoal: de aceitarmos o que somos sem a obrigação tirânica de sermos o que os outros esperam que sejamos. Para Montaigne, é o auto-respeito que permite uma felicidade serena, ou possível. A auto-estima, porque dependente de terceiros, é volátil como o vento. E gera uma insatisfação voraz que transforma qualquer ser humano num escravo.
Os brasileiros vivem para os outros, não para si próprios. E a constante preocupação com a imagem - uma imagem radiosa, perfeita e feliz- é apenas a expressão mais visível dessa escravidão: com menos rugas; mais seios; mais bunda; melhor nariz; e com a máscara jubilosa de quem passa pela vida a sambar, talvez a realidade seja sublimada, ou apagada. E talvez a tristeza não venha quando as câmeras se apagam.
Mas a tristeza vem quando as câmeras se apagam. Porque ela sempre esteve lá. E a realidade permanece intocada pelo som efusivo do pandeiro: crime, favelas, corrupção política, o fosso miserável entre ricos e pobres. E a obrigação pessoal, e crescente, e permanente, de sorrir para as câmeras. De sorrir para os outros.
Até quando, Brasil? Até quando negarás que não existe coisa mais triste do que a alegria do teu povo?
Achei a crônica abaixo espetacular.
Me engana que eu gosto (link somente para assinantes)
É impressão minha ou a alegria do Brasil vem embalada numa tristeza de quem ri para não chorar?
Espantoso: A revista "Vanity Fair" já publicou Dorothy Parker ou Robert Benchley. Hoje publica A.A. Gill, jornalista que visitou o Brasil para escrever um texto que dá pena. Diz Gill, com erudita sofisticação, que existem dois povos no mundo. Os que gostam de seios e os que gostam de bundas. Os americanos gostam de seios. Grandes. Enormes. Os brasileiros preferem as bundas. O filósofo Gill gosta de brasileiros, ou seja, gosta de bundas. E oferece um ensaio onde está o supremo clichê sobre o Brasil: apesar do crime, das favelas, da corrupção política e do fosso miserável entre ricos e pobres, o Brasil é só alegria. O Brasil é só bundas.
Será? Uns meses atrás, em Lisboa, comentei o fato com uma atriz brasileira que conhece por dentro as manifestações de alegria que o Brasil oferece ao mundo. E perguntei: era impressão minha ou a alegria do Brasil vinha sempre embalada numa tristeza funda -a tristeza própria de quem ri para não chorar?
Ela gostou da pergunta e contou uma história a respeito: a história de como os cariocas transbordam de agrado para as câmeras durante o Carnaval, mas regressam à melancolia sincera quando as câmeras se apagam. Questão de segundos. Ela própria presenciara o fenômeno repetidas vezes numa única noite: o sorriso, o festejo automático, a vibração do corpo perante as lentes; e, quando as lentes se afastam, o desânimo progressivo, o desencanto e finalmente a solidão. A imagem é perfeita como comentário de outra imagem: a imagem que os brasileiros constroem de si próprios para iludir a realidade em volta.
É um problema de estima. De "auto-estima", a palavra fatal que acabou por substituir outra. "Auto-respeito." Não são a mesma coisa. Montaigne explica. A estima pressupõe o olhar dos outros sobre nós. O respeito pressupõe o olhar de nós sobre nós próprios. A auto-estima depende da opinião alheia. O auto-respeito depende da opinião pessoal: de aceitarmos o que somos sem a obrigação tirânica de sermos o que os outros esperam que sejamos. Para Montaigne, é o auto-respeito que permite uma felicidade serena, ou possível. A auto-estima, porque dependente de terceiros, é volátil como o vento. E gera uma insatisfação voraz que transforma qualquer ser humano num escravo.
Os brasileiros vivem para os outros, não para si próprios. E a constante preocupação com a imagem - uma imagem radiosa, perfeita e feliz- é apenas a expressão mais visível dessa escravidão: com menos rugas; mais seios; mais bunda; melhor nariz; e com a máscara jubilosa de quem passa pela vida a sambar, talvez a realidade seja sublimada, ou apagada. E talvez a tristeza não venha quando as câmeras se apagam.
Mas a tristeza vem quando as câmeras se apagam. Porque ela sempre esteve lá. E a realidade permanece intocada pelo som efusivo do pandeiro: crime, favelas, corrupção política, o fosso miserável entre ricos e pobres. E a obrigação pessoal, e crescente, e permanente, de sorrir para as câmeras. De sorrir para os outros.
Até quando, Brasil? Até quando negarás que não existe coisa mais triste do que a alegria do teu povo?
Será que é por causa da reforma?
Diz o G1:
Europeus deixam evento da ONU após presidente do Irã taxar Israel de 'racista'
Imagem aqui.
Como não dei muita bola pra tal reforma ortográfica, fico na dúvida se esta definição ainda está valendo:
tachar
ta.char
(tacha1+ar2) vtd 1 Pôr tacha em; acusar de mancha ou defeito; censurar: Muitas vezes os incapazes é que tacham os talentosos. 2 Considerar depreciativamente; censurar: Tacham-no de hipócrita. 3 Notar, qualificar.
Europeus deixam evento da ONU após presidente do Irã taxar Israel de 'racista'
Imagem aqui.
Como não dei muita bola pra tal reforma ortográfica, fico na dúvida se esta definição ainda está valendo:
tachar
ta.char
(tacha1+ar2) vtd 1 Pôr tacha em; acusar de mancha ou defeito; censurar: Muitas vezes os incapazes é que tacham os talentosos. 2 Considerar depreciativamente; censurar: Tacham-no de hipócrita. 3 Notar, qualificar.
13 abril 2009
Definitivamente, assim não dá
Homem abre fogo a esmo, mata dois e é preso no norte da França
Acho que a imprensa deveria ser mais consciente do seu papel e voltar a noticiar somente os casos de tiroteiro nos EUA. Fica confundindo a cabecinha dos seus leitores, pô!
Acho que a imprensa deveria ser mais consciente do seu papel e voltar a noticiar somente os casos de tiroteiro nos EUA. Fica confundindo a cabecinha dos seus leitores, pô!
Princípios
Não é raro ver nos debates que envolvem decisões morais uma distorção, intencional ou não, do conceito da palavra princípio.
Princípios nos servem como uma bússola moral para guiar nossas ações. Assim como a bússola, o princípio nos indica o caminho certo a seguir. Fazer isso ou não, porém, depende do viajante.
Mesmo que acreditemos em um conjunto determinado de princípios, somente saberemos ser capazes de nos manter fiéis a eles quando uma situação real se coloca diante de nós. Até lá, tudo o que temos é a direção que acreditamos ser a correta. Um exemplo simples: sou contra o aborto, mas somente saberei se sou forte o bastante para me ater a este princípio, quando uma situação real da vida me colocar numa encruzilhada que me faça escolher um caminho.
O ser humano, entretanto, é um bicho esquisito, dotado de certos mecanismos psicológicos que visam a proteger sua auto-imagem. Diante da constatação da impossibilidade se ater a um dado princípio, em vez de assumir sua fraqueza e tentar se fortalecer para encarar as próximas encruzilhadas que a vida lhe proporcionará, pode-se às vezes seguir o caminho mais fácil: abandonar o princípio.
No final das contas cada indivíduo apenas se atém aos princípios aos quais ele consegue manter-se fiel. Não precisa se gênio para saber onde esse tipo de relativismo leva uma sociedade, principalmente no que diz respeito à elaboração de cartas magnas.
É comum aquele que não consegue se manter fiel a um princípio ser acusado de hipócrita. Essas acusações partem, freqüentemente, daqueles indivíduos que já abandonaram o mesmo princípio em algum momento de sua vida (*). Esta é uma acusação é muito comum em debates envolvendo militantes ateus e religiosos, com os primeiros pretendendo de atacar os princípios que fundamentam uma determinada religião. Isso é uma tolice, grande demais para não ser encarada como má-fé se a pessoa que a profere é razoavelmente inteligente.
(parênteses anti-idiotas: não estou dizendo que todo ateu critica a religião nessas bases e nem que um ateu não possa se ater a princípios)
Hipocrisia é apregoar uma qualidade que não se tem, não acreditar que um princípio é correto mesmo quando não se consegue segui-lo. Se afirmo que o aborto errado e, diante de uma situação da vida, eu o pratique, o que vai me definir como hipócrita será o fato de eu afirmar que “nunca pratiquei aborto”. Se eu reconheço a validade do princípio e reconheço minha fraqueza em não segui-lo, isso não faz de mim um hipócrita, mas apenas humano.
Princípios são tão importantes para uma sociedade que constituem uma das primeiras coisas a serem demolidas por movimentos revolucionários. Eles são o que mantém unido o tecido social, orientando a relação entre os indivíduos. Quando essa “cola” desaparece, certo ou errado será aquilo que alguém, com poder forte o bastante para impor-se aos demais, disser que é certo ou errado. Quem será? Quem será?
(*) “O grande prazer do devasso é arrastar à devassidão” (André Gide)
Princípios nos servem como uma bússola moral para guiar nossas ações. Assim como a bússola, o princípio nos indica o caminho certo a seguir. Fazer isso ou não, porém, depende do viajante.
Mesmo que acreditemos em um conjunto determinado de princípios, somente saberemos ser capazes de nos manter fiéis a eles quando uma situação real se coloca diante de nós. Até lá, tudo o que temos é a direção que acreditamos ser a correta. Um exemplo simples: sou contra o aborto, mas somente saberei se sou forte o bastante para me ater a este princípio, quando uma situação real da vida me colocar numa encruzilhada que me faça escolher um caminho.
O ser humano, entretanto, é um bicho esquisito, dotado de certos mecanismos psicológicos que visam a proteger sua auto-imagem. Diante da constatação da impossibilidade se ater a um dado princípio, em vez de assumir sua fraqueza e tentar se fortalecer para encarar as próximas encruzilhadas que a vida lhe proporcionará, pode-se às vezes seguir o caminho mais fácil: abandonar o princípio.
No final das contas cada indivíduo apenas se atém aos princípios aos quais ele consegue manter-se fiel. Não precisa se gênio para saber onde esse tipo de relativismo leva uma sociedade, principalmente no que diz respeito à elaboração de cartas magnas.
É comum aquele que não consegue se manter fiel a um princípio ser acusado de hipócrita. Essas acusações partem, freqüentemente, daqueles indivíduos que já abandonaram o mesmo princípio em algum momento de sua vida (*). Esta é uma acusação é muito comum em debates envolvendo militantes ateus e religiosos, com os primeiros pretendendo de atacar os princípios que fundamentam uma determinada religião. Isso é uma tolice, grande demais para não ser encarada como má-fé se a pessoa que a profere é razoavelmente inteligente.
(parênteses anti-idiotas: não estou dizendo que todo ateu critica a religião nessas bases e nem que um ateu não possa se ater a princípios)
Hipocrisia é apregoar uma qualidade que não se tem, não acreditar que um princípio é correto mesmo quando não se consegue segui-lo. Se afirmo que o aborto errado e, diante de uma situação da vida, eu o pratique, o que vai me definir como hipócrita será o fato de eu afirmar que “nunca pratiquei aborto”. Se eu reconheço a validade do princípio e reconheço minha fraqueza em não segui-lo, isso não faz de mim um hipócrita, mas apenas humano.
Princípios são tão importantes para uma sociedade que constituem uma das primeiras coisas a serem demolidas por movimentos revolucionários. Eles são o que mantém unido o tecido social, orientando a relação entre os indivíduos. Quando essa “cola” desaparece, certo ou errado será aquilo que alguém, com poder forte o bastante para impor-se aos demais, disser que é certo ou errado. Quem será? Quem será?
(*) “O grande prazer do devasso é arrastar à devassidão” (André Gide)
12 abril 2009
Quero ser de esquerda
Deve ser gostoso ser de esquerda.
Sério.
Imagine que maravilha não seria viver ignorando a lógica, as leis da economia e num mundo onde só há preto e branco. Nenhum tom de cinza.
Que inveja.
Que delícia poder jogar para o alto qualquer princípio e, ao mesmo tempo, aceitar argumentos conflitantes como os abaixo:
1) Não podemos esperar pela melhoria do ensino fundamental e secundário. Temos que combater a exclusão dos negros e pobres com cotas agora.
2) Não podemos partir para a repressão pois ela não resolve o problema da violência. O que resolve é educação e emprego para todos.
Aaah, que delícia! Por um lado não podemos esperar, por outro temos que esperar. Por quê?
Porque é que pessoas maravilhoas fazem, ora bolas!
A vida de um esquerdista é uma eterna partida de Calvinbol.
Sério.
Imagine que maravilha não seria viver ignorando a lógica, as leis da economia e num mundo onde só há preto e branco. Nenhum tom de cinza.
Que inveja.
Que delícia poder jogar para o alto qualquer princípio e, ao mesmo tempo, aceitar argumentos conflitantes como os abaixo:
1) Não podemos esperar pela melhoria do ensino fundamental e secundário. Temos que combater a exclusão dos negros e pobres com cotas agora.
2) Não podemos partir para a repressão pois ela não resolve o problema da violência. O que resolve é educação e emprego para todos.
Aaah, que delícia! Por um lado não podemos esperar, por outro temos que esperar. Por quê?
Porque é que pessoas maravilhoas fazem, ora bolas!
A vida de um esquerdista é uma eterna partida de Calvinbol.
11 abril 2009
Você sim, você não!
E onde vocês achavam que isso chegar?
Segundo ele [pró-reitor da Universidade], outros alunos, neste ano e no ano passado, quando o sistema de cotas da UFSM foi implantado, já tiveram suas vagas canceladas em função de não conseguirem comprovar sua condição. Outros processos estariam em andamento. O pró-reitor não soube precisar quantos casos de cancelamento já ocorreram. No mesmo dia em que Tatiana foi avaliada, outros oito foram chamados para entrevista.
Peraí que isso me confundiu
O cara lê esta notícia:
E o cérebro do pobre diabo entra em curto-circuito. Afinal, como pode um europeu efetuar disparos num bar? E na Holanda?
Desde pequeno ele aprendeu que esste tipo de coisa só acontece nos EUA, terra onde impera a cultura da violência e onde compram-se armas como compra-se chiclete.
Holandês mata 1 e fere 3 em café de Roterdã
E o cérebro do pobre diabo entra em curto-circuito. Afinal, como pode um europeu efetuar disparos num bar? E na Holanda?
Desde pequeno ele aprendeu que esste tipo de coisa só acontece nos EUA, terra onde impera a cultura da violência e onde compram-se armas como compra-se chiclete.
Dedo-duro
De um modo geral eu tenho certo desprezo por aqueles que vivem de fazer denúncias. Por alguns motivos muito simples:
1) Quem vigia o vigilante? Um exemplo claro disso é que, nas ruas que circundam a sede do jornal "O Globo" no Rio de Janeiro, há placas afirmando que as vagas de estacionamento ali são exclusivas do jornal e não me recordo de ter visto uma só vez uma notinha no Alcemo Gois, tão dedicado vigilante das ruas cariocas, algo a respeito disso.
2) A popularização desta cultura de deduragem faz esmorecer a confiança entre as pessoas e cria um ciclo de vitimização que resulta numa sociedade onde todo mundo de acha vítima do seu próximo.
Finalizando:
3) Normalmente quem dedura não quer saber do contexto da infração. Muitas vezes, como podemos ver aqui, quer apenas passar por cidadão exemplar.
Sobre este último exemplo posso falar bastante porque moro perto do bar mencionado. Primeiro vamos levantar o histórico da situação: naquele trecho da Av. 28 de Setembro, em dia de clássicos sempre, SEMPRE, há pancadaria generalizada entre torcidas organizadas, não raro com a ocorrência de tiroteiros, explosões de bombas caseiras e interrupção do tráfego da avenida.
Pois bem, diante deste cenário perturbador, o dono do bar, de um tempo pra cá, se viu diante de duas opções:
1) Não fazer nada, deixando seus clientes e seu estabelecimento à mercê dos bárbaros - são muitos mesmo. A coisa é assustadora a ponto de eu programar meus horários de saída e chegada de acordo com o horário de término dos jogos.
2) Tentar proteger, de alguma forma, seu estabelecimento e seus clientes. Os prédios daquele trecho já fizeram algo, colocando portões antes da entrada principal para tentar impedir o acesso dos vândalos aos prédios.
Obviamente o dono do bar optou pela segunda alternativa, cercando um perímetro do bar com as grades que aparecem na "reportagem." Curiosamente outro estabelecimento faz a mesma coisa poucos metros adiante na mesma rua e o intrépido "repórter" não registrou. Vale lembrar que isso é uma solução que está longe de ser 100% eficaz, dada a selvageria que já presenciei naquele trecho.
A localização do bar fica numa esquina da Av. 28 de Setembro com a rua Felipe Camarão. No trecho da Av. 28 de Setembro, via extremamente movimentada, as grades são colocadas de forma a não impedir a circulação de pessoas. A rua Felipe Camarão, no trecho em frente ao bar, é praticamente uma rua de pedestres, usada mais como estacionamento. A circulação de carros ali é mínima. Portanto, o bar não expõe os pedestres a risco de morte como disseram alguns bons cidadãos indignados. Na verdade, mesmo sem as grades, vários pedestres optam por circular pela rua mesmo. Não estou justificando nada, apenas ilustrando as coisas como elas são.
Quando você cria uma cultura de vitimização, as pessoas passam a chorar e reclamar mesmo sem saber do quê. Nos comentários da "reportagem" vi reclamações sobre as cadeiras na calçada. O bar tem licença para colocar cadeiras na calçada. Ainda assim o trecho que fica para circulação de pedestres é bem maior do que eu vi em muitas calçadas em frente aos cafés de Paris que todo mundo acha um charme (e são mesmo!).
Um outro cidadão consciente reclama que o bar colocou vasos de plantas junto ao meio-fio em um trecho da calçada que dá para a Av. 28 de Setembro, tornando difícil atravessar a rua ali naquele ponto. Ora, meu caro cidadão consciente dos seus direitos, no trecho mencionado, além de ser perigosíssimo atravessar, não há faixa de pedestres nem semáforo. Por que um cidadão consciente como você iria querer atravessar ali? Provalmente estes vasos salvaram as vidas de alguns idiotas.
1) Quem vigia o vigilante? Um exemplo claro disso é que, nas ruas que circundam a sede do jornal "O Globo" no Rio de Janeiro, há placas afirmando que as vagas de estacionamento ali são exclusivas do jornal e não me recordo de ter visto uma só vez uma notinha no Alcemo Gois, tão dedicado vigilante das ruas cariocas, algo a respeito disso.
2) A popularização desta cultura de deduragem faz esmorecer a confiança entre as pessoas e cria um ciclo de vitimização que resulta numa sociedade onde todo mundo de acha vítima do seu próximo.
Finalizando:
3) Normalmente quem dedura não quer saber do contexto da infração. Muitas vezes, como podemos ver aqui, quer apenas passar por cidadão exemplar.
Sobre este último exemplo posso falar bastante porque moro perto do bar mencionado. Primeiro vamos levantar o histórico da situação: naquele trecho da Av. 28 de Setembro, em dia de clássicos sempre, SEMPRE, há pancadaria generalizada entre torcidas organizadas, não raro com a ocorrência de tiroteiros, explosões de bombas caseiras e interrupção do tráfego da avenida.
Pois bem, diante deste cenário perturbador, o dono do bar, de um tempo pra cá, se viu diante de duas opções:
1) Não fazer nada, deixando seus clientes e seu estabelecimento à mercê dos bárbaros - são muitos mesmo. A coisa é assustadora a ponto de eu programar meus horários de saída e chegada de acordo com o horário de término dos jogos.
2) Tentar proteger, de alguma forma, seu estabelecimento e seus clientes. Os prédios daquele trecho já fizeram algo, colocando portões antes da entrada principal para tentar impedir o acesso dos vândalos aos prédios.
Obviamente o dono do bar optou pela segunda alternativa, cercando um perímetro do bar com as grades que aparecem na "reportagem." Curiosamente outro estabelecimento faz a mesma coisa poucos metros adiante na mesma rua e o intrépido "repórter" não registrou. Vale lembrar que isso é uma solução que está longe de ser 100% eficaz, dada a selvageria que já presenciei naquele trecho.
A localização do bar fica numa esquina da Av. 28 de Setembro com a rua Felipe Camarão. No trecho da Av. 28 de Setembro, via extremamente movimentada, as grades são colocadas de forma a não impedir a circulação de pessoas. A rua Felipe Camarão, no trecho em frente ao bar, é praticamente uma rua de pedestres, usada mais como estacionamento. A circulação de carros ali é mínima. Portanto, o bar não expõe os pedestres a risco de morte como disseram alguns bons cidadãos indignados. Na verdade, mesmo sem as grades, vários pedestres optam por circular pela rua mesmo. Não estou justificando nada, apenas ilustrando as coisas como elas são.
Quando você cria uma cultura de vitimização, as pessoas passam a chorar e reclamar mesmo sem saber do quê. Nos comentários da "reportagem" vi reclamações sobre as cadeiras na calçada. O bar tem licença para colocar cadeiras na calçada. Ainda assim o trecho que fica para circulação de pedestres é bem maior do que eu vi em muitas calçadas em frente aos cafés de Paris que todo mundo acha um charme (e são mesmo!).
Um outro cidadão consciente reclama que o bar colocou vasos de plantas junto ao meio-fio em um trecho da calçada que dá para a Av. 28 de Setembro, tornando difícil atravessar a rua ali naquele ponto. Ora, meu caro cidadão consciente dos seus direitos, no trecho mencionado, além de ser perigosíssimo atravessar, não há faixa de pedestres nem semáforo. Por que um cidadão consciente como você iria querer atravessar ali? Provalmente estes vasos salvaram as vidas de alguns idiotas.
Vale acompanhar
Recomendo o excelente blog "No Império" no portal Globo.
O blog em si é fraquinho, bem fraco mesmo, mas mostra com clareza como a cabeça de um típico brasileiro, que freqüentou faculdade e tudo mais, funciona ao entrar em contato com uma civilização: a insistência em sempre medir as coisas com a régua tupiniquim.
Gostei, particularmente, de dois trechos deste post:
Meu caro, quem te falou que a única forma de aprender sobre semiologia é num banco de uma faculdade? Ainda mais na tal era digital! É bem provável que uma pessoa autodidata e interessada acabe aprendendo muito mais sobre o assunto do que com um professor entediado que já veio de outro trabalho e está contando os minutos para a aula acabar. O trecho a seguir dá uma dica do porquê o carinha pensa assim:
Não sei se o cara tem noção, mas ele resumiu brilhantemente uma certa mentalidade que circula por essas bandas: "papo-cabeça", para o brasileiro, é como trabalho: só obrigado, de segunda à sexta e no horário do expediente. Ler ou estudar para aprender algo sem ser forçado? O conhecimento pelo conhecimento? Nem pensar! Todo o tempo que sobra além do "horário do expediente" é dedicado única e exclusivamente às vogues da vida. Se isso fosse somente uma característica do tal povão nem seria tão catastrófico - afinal, povão, no sentido Homer Simpson da palavra, é povão em todo lugar - mas esse maravilhoso blog nos dá um belo exemplo do profissional de comunicação, aspirante a formador de opinião, que não passa de "povão" mas que, sabe lá Deus como, teve acesso a um grande veículo de comunicação. Dada a qualidade do que se lê, vê e ouve por aí, fico pensando se ele seria regra ou exceção.
Por essas e outras que os blogs "independentes" são, de uma forma geral, muito superiores aos blogs dos grandes portais. Seja no conteúdo, seja no estilo.
Por essas e outras que você lê um post nos blogs dos grandes portais, uma reportagem num jornal ou revista e fica com aquela sensação de que já ouviu aquilo antes.
Provavelmente foi do porteiro do seu prédio, do trocador do ônibus ou do motorista de taxi.
O blog em si é fraquinho, bem fraco mesmo, mas mostra com clareza como a cabeça de um típico brasileiro, que freqüentou faculdade e tudo mais, funciona ao entrar em contato com uma civilização: a insistência em sempre medir as coisas com a régua tupiniquim.
Gostei, particularmente, de dois trechos deste post:
Tudo isso me fez lembrar das aulas de semiologia na universidade (e ainda tem gente que acha que jornalismo prescinde do diploma?).
Meu caro, quem te falou que a única forma de aprender sobre semiologia é num banco de uma faculdade? Ainda mais na tal era digital! É bem provável que uma pessoa autodidata e interessada acabe aprendendo muito mais sobre o assunto do que com um professor entediado que já veio de outro trabalho e está contando os minutos para a aula acabar. O trecho a seguir dá uma dica do porquê o carinha pensa assim:
Mas chega de papo-cabeça. Vou ali ler uma Vogue e já volto que hoje é sexta.
Não sei se o cara tem noção, mas ele resumiu brilhantemente uma certa mentalidade que circula por essas bandas: "papo-cabeça", para o brasileiro, é como trabalho: só obrigado, de segunda à sexta e no horário do expediente. Ler ou estudar para aprender algo sem ser forçado? O conhecimento pelo conhecimento? Nem pensar! Todo o tempo que sobra além do "horário do expediente" é dedicado única e exclusivamente às vogues da vida. Se isso fosse somente uma característica do tal povão nem seria tão catastrófico - afinal, povão, no sentido Homer Simpson da palavra, é povão em todo lugar - mas esse maravilhoso blog nos dá um belo exemplo do profissional de comunicação, aspirante a formador de opinião, que não passa de "povão" mas que, sabe lá Deus como, teve acesso a um grande veículo de comunicação. Dada a qualidade do que se lê, vê e ouve por aí, fico pensando se ele seria regra ou exceção.
Por essas e outras que os blogs "independentes" são, de uma forma geral, muito superiores aos blogs dos grandes portais. Seja no conteúdo, seja no estilo.
Por essas e outras que você lê um post nos blogs dos grandes portais, uma reportagem num jornal ou revista e fica com aquela sensação de que já ouviu aquilo antes.
Provavelmente foi do porteiro do seu prédio, do trocador do ônibus ou do motorista de taxi.
10 abril 2009
Hayek
Como sou um cara maneiro, digito aqui um trecho do início do livro Individualism and Economic Order:
What, then, are the essential characteristics of true individualism? The first thing that should be said is that its is primarily a theory of society, an attempt to understand the forces which determine the social life of man, and only in the second instance a set of political maxims derived from this view of society. This fact should by itself be sufficient to refute the silliest of the common misunderstandings: the belief that individualism postulates (or bases its arguments on the assumption of) the existence of isolated or self-contained individuals, instead of starting from men whose whole nature and character is determined by their existence in society.
Uma coisa é uma coisa...
Falei isso lá no Not Tupy e acho que merece ser repetido aqui: por favor, aspirantes a liberais, ponham na cabeça que individualismo não é a mesma coisa que egoísmo (*). Não há contradição nenhuma em ser individualista e, em determinados assuntos, pensar na melhor alternativa para uma determinada coletividade.
Aceitar os dois como sinônimos é cair em armadilha bobinha do adversário.
(*) Leiam - por favor, leiam! - "Individualism and Economic Order" do Hayek!
Aceitar os dois como sinônimos é cair em armadilha bobinha do adversário.
(*) Leiam - por favor, leiam! - "Individualism and Economic Order" do Hayek!
05 abril 2009
Thomas Sowell em dois momentos
1) Quando ele também (além de mim, eh eh eh) acha que os EUA estão a caminho de se tornarem uma República das Bananas:
2) Quando, em alguns trechos, fica quase impossível saber se ele está falando de Obama ou de Lula:
Whatever the political or economic issues involved, this is not the way such issues should be resolved in America. We are not yet a banana republic, though that is the direction in which some of our politicians are taking us-- especially those politicians who make a lot of noise about "compassion" and "social justice."
2) Quando, em alguns trechos, fica quase impossível saber se ele está falando de Obama ou de Lula:
What is even worse than making mistakes is having sycophants telling you that you are doing fine when you are not. In addition to all the usual hangers-on and supplicants for government favors that every President has, Barack Obama [ou Lula?] has a media that will see no evil, hear no evil and certainly speak no evil.
They will cheer him on, no matter what he does, short of first-degree murder-- and they would make excuses for that.
Sonho de consumo
Nessa época de celulares que mostram a hora, preciosidades como esta ficam restritas aos admiradores.
Eu sou um deles.
Pena que não tenho cacife para bancar esses luxos...
Eu sou um deles.
Pena que não tenho cacife para bancar esses luxos...
Davos
Fui lá para protestar mas o encontro era em Londres. Então aproveitei para dar um rolé e conhecer a cidade.
04 abril 2009
Novíssimos amigos
Quem assiste à cobertura da CNN (e imagino, por tabela, à cobertura aí no Bananão) do tal "G20 Summit" e agora do "NATO Summit" fica com a idéia de que, até a eleição do Obama, EUA e UE eram desafetos que vieram a se reconciliar pelas mãos do salvador.
E parece que foi Obama que inaugurou a OTAN também.
E parece que foi Obama que inaugurou a OTAN também.
01 abril 2009
Ironia é
Pessoas que - na melhor das hipóteses - não fazem nada de útil pra ninguém nas 8759 horas restantes do ano se acharem no direito de dar lição de moral em quem não participou da tal hora do planeta.
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