Trabalhadores negros com curso superior recebem, em média, R$ 13,86 por hora trabalhada, aproximadamente 28,8% a menos do que a remuneração de R$ 19,49 por hora paga a não-negros com a mesma formação. Os dados foram divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) como parte de um estudo sobre negros no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo.
Para a coordenadora da pesquisa pelo Dieese de São Paulo, Patrícia Lino Costa, uma das explicações para essa diferença de remuneração é o preconceito racial que acontece de forma velada no mercado de trabalho brasileiro. "Pudemos ver pelo estudo e por entrevistas que realizamos que os negros percebem que, quando há vagas abertas nas empresas que trabalham, a opção de promoção é para o não-negro prioritariamente", disse a coordenadora.
Vamos imaginar o pensamento do gerente da empresa na qual a teoria da coordenadora está fundamentada:
- Estou com uma aberta vaga para vendas. O João (negão) é bom demais nisso e já está com a gente há três anos. Acho que ele sozinho seria capaz de aumentar nossa receita em uns quinze por cento. Isso iria aumentar a visibilidade do meu departamento e eu poderia abocanhar aquela vaga de Vice-presidente que tô de olho. Ah, mas ele é negão! Vou promover aquele merda do Pedro que é branco.