28 setembro 2008

Opinião

Outro dia, almoçando com colegas de trabalho, surgiu uma pequena polêmica em torno do nome do Ayrton Senna. Ele era isso, ele era aquilo. Minha impressão sobre ele não é das melhores, mas não passa disso: impressão. Uma impressão é resultado menos de análise que dos nossos preconceitos. Falei que era impossível ter qualquer opinião a respeito da pessoa Ayrton Senna apenas levando em consideração sua habilidade para dirigir. Se alguém poderia dizer algo sobre ele, somente poderia se alguém do seu convívio. Notei que algumas pessoas ouviram essa obviedade como se fosse uma revelação divina.

É interessante como uma grande parte das nossas opiniões é formada sem nenhuma base concreta. Em quantas ocasiões não passamos de uma caixa de reverberação, propagando a opinião de alguém sobre determinado assunto, sem nunca parar para examiná-la?

Quantas pessoas acham o americano idiota, o francês arrogante, o suíço frio, o caribenho alegre, etc. sem nunca ter tido um contato sequer, em toda sua vida, com um deles para corroborar ou questionar sua opinião? Quantas pessoas se acham liberais, socialistas, nazistas, etc. sem nunca terem avaliado o que essas coisas realmente significam?

Há algum tempo procuro fazer uma constante reavaliação das minhas opiniões para me certificar de que elas são realmente minhas ou se peguei emprestada de alguém. Se for minha mesmo, não me incomodo que seja estúpida pois temos mais chances de consertar uma opinião quando ela é verdadeiramente nossa. Se não for uma opinião originalmente minha, tento analisá-la o máximo possível. Caso eu tenha instrumentos - inclusive intelectuais - para validá-la, ela passa a fazer parte do meu repertório. Caso contrário, procuro me manter o mais neutro possível sobre o assunto, o que não me impede ter ter impressões sobre ele.