11 setembro 2008

Melhor ler certas coisas que ser cego

Antigamente os pensadores esquerdistas (oxímoro, eu sei) pelo menos ainda tinham algum talento para enganar aos outros ou a si próprios. Suas incongruências e seus deslizes não apareciam juntos de uma forma que expusesse os autores ao desmascaramento ou a uma epifânia ("Caraca, o que eu disse agora foi a maior estupidez que eu ja ouvi!").

Mas agora eles estão menos sagazes ou mais caras-de-pau. Este tal de Sergio Augusto (o "tal" não é para conferir-lhe irrelevância. Eu não o conheço mesmo) faz tudo num parágrafo só (via Resistência):

Foi assustador. Aquele mar de caucasianos, caipiras, plutocratas, mal-amados, ressentidos, órfãos do macarthismo, peruas botocadas e lábios finos, vociferando ódio, zombarias, calúnias e slogans chauvinistas, é bem o retrato de uma América que não gostaríamos que existisse, mas que, lamentavelmente, existe e é poderosa.

Peraí! É ele quem está sendo preconceituoso, é ele quem está zombando, é ele quem está ofendendo e, finalmente, é ele quem até gostaria que essa América não existisse ou fosse menos poderosa. Enfim, é ele quem vomita ódio nas páginas do Estadão e, no mesmo parágrafo, diz que isso é uma característica da tal América republicana?

Ou ele é muito cara-de-pau tipo "Ah! Os leitores são idiotas mesmo e nunca perceberão isso!" ou ele próprio é um dos idiotas, incapaz de perceber o ridículo do seu - vá lá - pensamento.