Me ocorrem estas reflexões ao saber que o consagrado violinista norte-americano Joshua Bell, de 39 anos, a convite do jornal The Washington Post, aceitou executar composições em uma estação de metrô da capital norte-americana. A idéia do jornal - leio no noticiário on line - era descobrir se a beleza seria capaz de chamar a atenção num contexto banal e num momento inadequado. Para executar sua música, Bell usou um Stradivarius de 1713, avaliado em U$ 3,5 milhões. Ao longo dos 43 minutos em que tocou, mal conseguiu arrecadar 32,17 dólares. Caso se apresentasse no Boston Symphony Hall, os amantes de boa música não hesitariam em pagar 100 dólares por um assento apenas razoável.
A experiência proposta pelo Washington Post mostra, definitivamente, que as pessoas não se emocionam com a grande arte, mas com a pompa que a envolve. De tempos em tempos, temos notícia que foi encontrado um quadro em algum antiquário, avaliado em quatro ou cinco dólares. Surge então um expert e atesta que o quadro é de um algum Van Gogh da vida. Imediatamente sua cotação sobe para milhões de dólares. A pergunta se impõe: o valor residiria no quadro ou na assinatura de quem o pintou? Cultuamos o belo? Ou a griffe?
Bom texto.