06 abril 2007

A gente reconhece um buraco...

... Pelo preço dos bens supérfluos.

O mesmo vale para todo o resto: carros, eletrônicos, etc.

Em um bistrô simpaticíssimo como la Petite Périgourdine, na Rue des Écoles, paguei oito euros por uma tranche de uns bons 150 gramas. Considero então um roubo o que me cobra meu maître-traiteur - se assim pudesse chamá-lo - de Higienópolis, pelos mesmos gramas: 174 reais. Não consigo entender como cinco euros, com todos impostos embutidos, possam se transformar em 174 reais. Isto é roubo que só tem suporte na suposta sofisticação de nouveaux-riches brasileiros: "eu consumo porque é caro".

Consumo, no que a mim diz respeito, primeiro porque gosto. Segundo, porque o preço é razoável. I74 reais, por baixo, dá mais de 50 euros. Bem entendido, não estamos falando do foie gras em si, mas do patê de foie gras. Ora, se em Paris posso comer 150 gramas de patê de foie gras em um bom bistrô por oito euros, não vejo porque pagar 50 em uma mercearia em São Paulo. O responsável por este preço é este brasileirinho abominável, que acha que come bem quando paga caro.