Um outro belo exemplo é este trecho da entrevista de Renato Janine Ribeiro no site Trópico:
Hayek e Thatcher puderam ser cruéis, mas notaram bem o esgotamento de um discurso esquerdista piedoso e sem base real. Quem pensa de verdade não precisa endossar o darwinismo social da direita, nem a piedade invertida do que chamo a pseudo-esquerda. Deve aprender com os dois. Os valores mais dignos de nosso tempo ainda estão à esquerda, como os da solidariedade. Os meios mais eficazes de ação sobre o mundo foram definidos pela direita ou, se quisermos, pelo capital. É preciso saber combinar uns e outros.
O senso comum transmitido aqui é que Hayek, Thatcher são pessoas cruéis, assim também o sendo o liberalismo com o qual ambos estavam envolvidos, cada um ao seu modo. Sem conhecer a obra de Hayek, fica-se com a impressão - no caso do consumidor de fast opinion, com a certeza absoluta - de que este foi um oportunista que, aproveitando-se da ingenuidade do discurso esquerdista, atacou a sua ineficiência econômica.
Fora a mensagem subliminar, ainda temos os bons e velhos clichês presentes em 11 entre 10 cabeças esquerdistas:
1) Tudo que vem de ruim da esquerda na verdade vem de uma peseudo-esquerda.
2) Quem é de direita não se preocupa com mais ninguém, somente com ele próprio.
3) A esquerda detém o monopólio das virtudes do nosso tempo.
4) A unica vantagem da direita é sua eficácia econômica (mas isso por causa da sua total falta compaixão para com o próximo).