23 setembro 2007

Mané holandesa

Talvez tenha havido um tempo em que eu me comovesse com este tipo de coisa (*):

Antes de embrenhar-se nas selvas da América do Sul, Tanja vivia em Groningen, uma pacata cidade universitária no norte da Holanda. A renda média dos habitantes supera os US$ 30 mil anuais e miséria e violência são termos restritos ao noticiário internacional ou às palestras sobre as mazelas do Terceiro Mundo. Em 2001, depois de formar-se em letras com especialização em espanhol, a jovem resolveu voltar para a Colômbia, país no qual havia vivido um ano antes participando de um programa de intercâmbio.Tanja dizia-se tocada pela pobreza da população colombiana e o objetivo declarado de sua viagem era “fazer trabalhos humanitários” com o apoio de uma ONG. Pouco depois, a holandesa já se havia integrado às fileiras das Farc e recebido um novo nome. Nascia a guerrilheira Eillen.

Quando a unidade do Exército colombiano atacou, em julho, o acampamento coordenado por Carlos Antonio Lozada, dirigente das Farc, Eillen estava tomando banho. Nem ela nem seus companheiros tiveram tempo de recolher seus pertences. O diário que os soldados encontraram é o testemunho de como todos esses anos combatendo com o grupo esquerdista desgastaram as convicções da jovem idealista. “Estou cansada das Farc, cansada dessa gente, cansada da vida em comunidade e de nunca ter nada só pra mim. Que tipo de organização é essa em que alguns têm dinheiro, cigarros e doces e os demais (subordinados) têm de mendigar?”, pergunta-se a holandesa.

Alguns acreditam que a vida da holandesa está risco devido à publicação do seu diário (estou assumindo que ele é verídico. Lembremos que numa guerra propaganda vale muito).

Bem feito!

Que sua estória sirva de exemplo para outros cabeças ocas do primeiro mundo. Querem curtir o povo da floresta? Vão ouvir bossa nova ou dançar salsa!

(*) Via De Gustibus ...