Com a agilidade de sempre, nossa imprensa descobre agora algo que já é de conhecimento público faz anos. Entidades responsáveis pela emissão de carteiras de estudante fornecem-nas para não-estudantes.
"Foram necessários R$ 60 e 17 minutos dentro da loja da Blockbuster da praça Charles Müller, em São Paulo, para duas profissionais da Folha, afastadas há anos dos bancos escolares, diga-se, receberem carteirinhas de estudante com seus números de RG e CPF e respectivas fotografias.
Os documentos vieram com a logomarca da União Nacional dos Estudantes (UNE), a assinatura do seu presidente, Gustavo Petta, e são garantia de um direito: o de pagar meia entrada em cinemas, shows e bilheterias de teatro. Também franqueiam acesso a descontos em 4.500 lojas."
A questão, porém, é outra: por que existe a tal carteira de estudante in the first place? Alguém acredita que os empresários do ramo estão abrindo mão do seu lucro para fomentar a cultura? Ou eles estão ajustando o preço - na medida do possível, claro! - de modo que quem não é estudante está na verdade pagando mais do que poderia estar pagando?
Agora vejam como essas medidas acabam gerando resultados indesejáveis (ninguém do governo deve ter lido Bastiat): uma pessoa de baixa renda, que não está estudando e que não tem o dinheiro ou os contatos para adquirir uma carteirinha da UNE terá que arcar com o fardo de subsidiar o filhinho de papai, estudante ou não estudante, que deu seu jeito de conseguir sua carteirinha. Ainda que não houvesse a - mais do que previsível - corrupção a situação seria injusta.