Freqüentemente em listas de discussão ou mesmo em caixas de comentários ouço alguém dizer que o consumidor está refém de alguma empresa privada. Esta afirmação é, sem dúvida, uma deturpação do sentido da palavra refém (interessados olhem no dicionário). Quem é refém de alguém o é contra a vontade e na relação consumidor/fornecedor a relação que existe é voluntária.
Mas aí chega o espertinho e diz "ah, mas o ser humano precisa de água para viver, logo somos reféns das empresas fornecedoras de água."
Não!
Seríamos reféns se, e apenas se, nos fosse tirado o direito de obter água pelos nossos próprios meios e se fôssemos obrigados, mediante ameaça de privação da liberdade ou mesmo da vida, a consumir a água fornecida por esta empresa.
O acontece é que, para a grande maioria das pessoas, mais vale a pena consumir a água da empresa especializada e dedicar seu tempo a outras atividades do que sair por aí cavando poços.
Isso chama-se divisão do trabalho.
Não é porque um bem é vital que nos tornamos reféns das empresas que o fornecem. Somente somos reféns daqueles que nos impedem de consegui-lo por outros meios. Geralmente essa figura é representada pelo Estado.
Já estamos tão acostumados com essa cultura dos direitos positivos que atualmente pensamos que tudo que é importante para nós é um direito fundamental.
Daí surgem os excluídos e obviamente seus salvadores.