Então Bono foi eleito pela revista Time, junto com os Gates, a personalidade do ano. Segundo a reportagem o fato motivador foi sua generosidade nas campanhas contra a fome. Uma dúvida genuína de um cínico incurável:
Qual destes doa parte da sua fortuna pessoal e qual destes milita pela "doação" de dinheiro dos outros?
A pegunta é pertinente pois fazer pressão para que governos doem a outros países o dinheiro obtido através de impostos está longe de ser algo altruísta ou generoso.
Tenho o hábito de deixar um pé atrás com qualquer figura que faça muito alarde das suas generosidades e ultimamente ninguém tem feito mais alarde que o vocalista do U2. Quando esse alarde é meramente para alimentar uma imagem, vá lá, até é aceitável, mas analisemos este caso:
Num spot do Canal Sony o apresentador diz que Bono lançou uma "grife social" cujo design é feito pela sua esposa e a fabricação é feita em lugares pobres, para aproveitar e dar oportunidades aos talentos locais.
A pergunta que fica é: será que o bom samaritano paga salários de primeiro mundo aos tais "talentos locais" ou, como todas as demais empresas "capitalistas selvagens" do ramo de confecção, está apenas atrás de mão-de-obras mais barata?
Colocando em outros termos: quando é a Nike o termo é "exploração de mão-de-obra barata" mas quando é a "grife social do Bono" o termo é "aproveitamento dos talentos locais"?