06 outubro 2009

Ah, agora sim

Faz pouco tempo o G1 - Governo 1? - comemorava, na sua home page, a queda da desigualdade no Brasil apontada pelo insuspeitíssimo IPEA. Como sempre, a notícia foi dada omitindo alguns detalhes importantes para a análise daquele evento. Detalhes esses que o jornal Globo nos dá agora:

RIO - A classe média parou de crescer e até encolheu em 2008, após três anos de expansão. A conclusão é de um estudo do economista Waldir Quadros, da Unicamp, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Como mostra reportagem de Cássia Almeida, publicada na edição desta terça-feira do Globo, a alta classe média, com renda per capita a partir de R$ 3.177 e que reúne, entre outros, professores universitários, médicos, arquitetos, caiu de 5,7% para 5,1% entre os brasileiros ocupados com renda. A média classe média, com renda entre R$ 1.588 e R$ 3.177, e formada por técnicos e professores do ensino médio, por exemplo, recuou de 9,6% para 9,2%.

O estudo mostra ainda que a baixa classe média dos professores primários, balconistas e auxiliares de escritório, com renda entre R$ 635 e R$ 1.588, caiu de 30,6% para 29,8%. A exceção, revela o estudo, é a massa trabalhadora, que ganha até R$ 635 e avançou de 34,3% para 35%.

Quando dizemos que a diferença entre duas varíaveis, A e B, está caindo ao longo do tempo, temos que analisar se A está aumentando ou se B está diminuindo. Considerando as duas notícias, tudo indica que B está diminuindo e não A aumentando, como seria o desejado. Conseqüentemente, o G1 deveria lamentar o empobrecimento da classe média em vez de comemorar o achatamento.