09 agosto 2008

Trânsito carioca

Dizem que o nosso trânsito é assassino. Discordo. Nosso trânsito é selvagem sim, na medida em que os motoristas ignoram solenemente toda e qualquer norma de condução de veículos (aposto o que quiserem que a maioria dos motoristas desconhece o que vem a ser aquele sinal de trânsito representado por um triângulo de cabeça para baixo). Claro que, em um ambiente de completa informalidade onde veículos trafegam velozmente para lá e para cá, as chances de ocorrerem acidentes aumentam barbaramente (quem conhece o trânsito de Miami, onde há "coincidentemente" uma enorme quantidade de latinos, sabe do que estou falando).

Se nossos motoristas fossem assassinos, em vez de meros selvages, haveria muito mais mortes do que já há atualmente, principalmente causadas por atropleamento. O pedestre carioca anda pela rua seguindo exatamente a mesma conduta dos motoristas: completo descaso pelas normas de trânsito. O simples fato de não haver dezenas de atropelamentos por dia é uma forte evidência de que, se por um lado os motoristas cariocas são selvagens, por outro não há a intenção deliberada de jogar pedestres para o alto. E eu ainda extrapolaria: mesmo desrespeitando inúmeras leis de trânsito, o motorista carioca zela, do seu jeito distorcido, pela integridade dos pedestres idiotas que insistem em esperar o sinal abrir no meio-fio e não na calçada. Ou aquele que, diante de um obstáculo na calçada, desvia para a rua sem olhar se um carro está vindo. Ou do ciclista que transita pelo meio-fio na mesma mão do trânsito e desvia de um buraco indo em direção ao centro da pista sem olhar se vem um carro. Ou do passageiro que acaba de descer do ônibus e corre para atravessar a rua - fora da faixa, claro! - na frente do ônibus (instintivamente, muitos motoristas aumentam o nível de alerta quando passam por um ônibus parado).

Os exemplos são inúmeros.

Trânsito carioca: selvagem sim, assassino não.