Na mente confusa do brasileiro, em especial do carioca, as contradições são tantas que ele nem é mais capaz de perceber o ridículo de certas situações:
No mesmo espaço que dá mais um dos tantos exemplos da causa desta cidade não passar de destino de turistas sexuais, há o delírio de que a eleição do Cristo Redentor para uma das sete novas maravilhas do mundo irá fazer maravilhas pelo turismo.
Do jeito que está, nem que fosse a única Maravilha do Mundo.
Momento psicólogo de botequim:
A auto-estima do brasileiro anda beirando o zero absoluto. Daí essa necessidade quase obsessiva de receber elogios, de ser considerado um povo maravilhoso, que vive num país de belezas inigualáveis. Basta uma celebridade dizer meia-dúzia de palavras gentis - o que qualquer um faria ao visitar o país alheio - e é motivo de primeira página nos jornais e destaque nos programas televisivos. Pode até virar estátua.
Por outro lado, uma simples crítica, não importa quão verdadeira seja, desperta a ira nacional. Meios de comunicação e políticos logo correm para atacar o maldito que ousou maldizer este país maravilhoso, abençoado por Deus e bonito por natureza.
Voltando ao Cristo. Se ele fosse eleito naturalmente como uma das Novas Sete Maravilhas eu estaria andando para o fato. Este concurso só tem relevância na cabecinha dodói do brasileiro, cujo ego corre atrás de um afago como um coelho atrás de cenoura.
Agora quando o governo começa a gastar dinheiro público para que uma estátua vença um concurso cuja importância só existe na cabeça dodói dos brasileiros, aí eu fico P da vida.
Povinho doido esse...