30 julho 2006

Edição extra

Interrompemos o recesso para comentar os acontecimentos recentes no Líbano.

Hoje vemos o maior exemplo do que vem a ser
Guerra Assimétrica:

"Objetivo da Guerra Assimétrica

Como já vimos, o objetivo da guerra é impor uma vontade. De forma mais clara, o objetivo da guerra assimétrica é o mesmo da guerra irregular, ou seja, exaurir o inimigo, desgastá- lo internamente, de tal modo, que com o correr do tempo, ele estará enfraquecido de tal forma, não só física como psicologicamente, que se mostrará incapaz de uma volição política. O objetivo central é a imobilização operacional do adversário. A imobilização do adversário significa sempre numa guerra o começo da vitória. Assim o é também na guerra assimétrica.

Ao término da guerra assimétrica se tem muito mais uma vitória política do que uma vitória militar. A guerra assimétrica é muito mais a guerra do político. Por isso, quem conduzir uma guerra assimétrica deve procurar evitar teste diretos de poder e buscar, ao invés disso, tirar a estabilidade, surpreender, exaurir o adversário, para desequilibrá- lo. O seu maior objetivo deve ser o de mitigar intelectual e moralmente o adversário.
"

(...)

"Sabemos que toda arma tem um alvo adequado. A guerra assimétrica não oferece alvos a um dos lados e oferece qualquer oportunidade como alvo ao outro. Em função disso, em um dos lados há muita dificuldade no emprego de determinados tipos de armas militares e no outro há a ampla possibilidade de se empregar qualquer facilidade como arma."

(...)

"Na verdade, do lado dos militantes, todos são passíveis de serem classificados como militantes potenciais, portanto, não é fácil estabelecer uma clara divisão entre militantes e não militantes. Todavia, os militantes podem ser divididos entre:

Militantes atuantes; e
Militantes simpatizantes.

Os atuantes são aqueles que lutam na guerra assimétrica. Os atuantes se inserem no meio dos simpatizantes. São como sal se diluindo na água. Os atuantes formam os chamados grupos de ação e são os participantes dos núcleos ou das células que se envolvem diretamente nas ações de combate. Quanto menor for efetivo dos atuantes e quanto menor apoio possuírem na população, melhores e mais bem treinados devem ser os grupos de ação.

Os simpatizantes se dividem em simpatizantes ativos e simpatizantes passivos. Os simpatizantes ativos se envolvem no apoio às ações de luta. Os simpatizantes passivos só exercem sua ação pela empatia que demonstram com os demais militantes, ao adotarem uma posição de ausência sensitiva do processo: nada vêem, nada ouvem e nada falam. Há uma fluidez de posição ao longo do combate entre atuantes e simpatizantes e nestes entre simpatizantes ativos e passivos. Uns passam a ser outros e vice-versa com o correr do tempo.
"

(...)

"A simpatia da população é sem dúvida o melhor disfarce que os militantes possuem, mas, essa simpatia não substitui o terreno nem as condições populacionais adequadas. Duas áreas são extremamente propícias à guerra assimétrica e à guerra irregular. Estas áreas são as áreas de baixíssima densidade populacional, que impedem a observação ou tornam o reconhecimento no mínimo improvável, e as áreas de altíssima densidade onde pequenos grupos ou indivíduos são absorvidos ou engolidos pela coletividade."

(...)

"O soldado está preso às convenções da guerra e o militante está liberto de tudo, que não as regras de sua luta."

E assim vai... Vale a pena ler o documento todo.

PS: Por lar em guerra assimétrica, os mísseis do Rebolá devem ser de segunda categoria porque não vi nenhuma foto de um israelense morto até agora. Sai uma nota ou outra no jornal mas quem me garante que não é notícia plantada pelo governo de Israel? Hein? Hein?

29 julho 2006

Filadélfia aí vou eu...

Por motivo de trabalho, passarei 4 semanas em Nova Jersey, bem próximo com a fronteira com a Pensilvânia. Tava meio cabisbundo por não estar indo para um hot spot turístico, mas uma breve pesquisa me mostrou que a luta contra ignorância é realmente uma batalha contínua.

Num
site de informações turísticas sobre a Filadélfia vi que há muita coisa interessante, principalmente em termos históricos, para se ver naquela que foi a primeira capital americana.

Sem contar que Nova Iorque está logo ali...

Nos vemos no final de Agosto.

Apanhado

Sabe aquelas as besteiras todas que a gente ouve falar por aí sobre questões raciais? Pois é, este texto conseguiu reunir todas elas num lugar só. Fica até difícil escolher o clichê mais destacado, mas esse é imbatível:

"Nunca é demais repetir que, no Brasil, pobreza tem cor e é negra."

Outros trechos que merecem destaque:

"Mas a velocidade de ascensão dos negros é sempre menor."

É que nóis temo pobrema pra aprendê, dotô! Mas com a ajuda do sinhozinho nóis chega lá. E o senhô vai pudê dormir sastifeito de ajudado nóis a ter uma migalha do que vocês têm...

Tem esse também:

"Pesquisas novas e velhas confirmam uma espantosa resistência social à inclusão de pobres e, entre esses, dos negros."

Onde está essa resistência? Quem a pratica? Que pesquisas são essas?

E pra finalizar:

"Sem isso, nascer negro continuará a ser o caminho mais natural para crescer pobre."

Por isso que nóis precisa da ajuda dos sinhozinho, né?

Como sempre, mais um amontoado de bullshit...

Hã?

Início da sinopse do filme "Diabo a quatro", de Alice de Andrade:

"Rita de Cássia, desiludida com a vida de babá, resolve se prostituir. (...)"

Nem li o resto.

Depois nego me pergunta por que não gosto de cinema nacional... ;-)

23 julho 2006

Politics no more

Raramente vocês verão, de agora em diante, algum comentário político neste cafofo. Algumas zoações, provavelmente, mas nada muito profundo.

Como esperar um ambiente político minimamente sadio onde nada mais o é.

Esperar que um país moralmente podre [Claro que eu generalizei!] como o Brasil tenha bons políticos é até covardia com estes. Num país onde tudo é podre [Oops! I did it again!], porque apenas os políticos deveriam ser exemplos de moralidade?

Faça-se a seguinte pergunta: se viola as mais básicas regras de trânsito por nada, por que um político não violaria uma lei para faturar uma grana altíssima?

Outro dia uma conhecida disse que precisava acreditar que isso aqui tem jeito. Até entendo sua preocupação de mãe, mas isto está menos para esperança que para a psicose.

Alías, leiam esta definição de psicose:

"Quando alguém nos conta uma história realista dependendo da confiança que temos nessa pessoa acreditaremos na história. Na medida em que constatamos indícios de que a história é falsa começamos a pensar que nosso amigo se enganou ou que no fundo não era tão confiável assim. Nesse evento o que se passou? Primeiro, um fato é admitido como verdadeiro, depois novos conhecimentos ligados ao primeiro são adquiridos, por fim a confrontação dos fatos permite a verificação de uma discordância. Do raciocínio lógico surgiu um questionamento. Essa forma de proceder provavelmente é exercida diariamente por todos nós. A forma de conduzir idéias confrontando-as com os fatos é uma maneira de estabelecer o contato com a realidade. O que aconteceria se essa função mental não pudesse mais ser executada? Estaríamos diante de um estado psicótico!

Pois bem, o aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, dependendo da intensidade da psicose."

Não resta mais nada a fazer a não ser aceitar o fato de que estamos nos tornando um país de psicóticos, incapazes de confrontar as informações que nos são dadas com a realidade que nos rodeia.

Como veadinhos na selva...

É interessante notar os comentários inseridos nas notícias policiais que relatam o ataque de criminosos: "não havia policiamento", "não havia viaturas da polícia no local".

Aparentemente trata-se de uma exigência pertinente, mas revela claramente porque a coisa não tem mais jeito: é senso comum a idéia de que o crime é a normalidade e apenas a ação do Estado impede a atuação dos criminosos.

Não existe Estado no mundo que seja capaz de policiar todas as regiões dentro das suas fronteiras. É humanamente impossível. É aquela velha estória do cobertor curto: enquanto a viatura está aqui, ladrões agem ali e vice-versa.

Na "melhor" das hipóteses o Estado tenta policiar regiões freqüentadas por turistas ou por pessoas politicamente influentes, capazes de mexerem seus pauzinhos para colocar uma viatura na porta de suas residências (como hipoteticamente faz uma determinada família, dona de uma determinada rede de televisão). Mesmo neste caso, os recursos são escassos e, enquanto as viaturas estão em Copacabana, a bandidagem corre para as Paineiras. Agora que
morreu um turista nas Paineiras, algumas viaturas correrão para lá e outra região ficará desguarnecida.

Costumo dizer que ser carioca hoje é ser como um cervo na selva. Diariamente os cervos vão para o pasto sabendo que seus predadores estarão lá à espreita. Mesmo assim, eles vão e tudo que lhes resta é torcer para não ser a presa do dia. Quando o leão ataca é aquele bundalelê mas, 30 ou 40 minutos depois, lá estão os cervos de volta ao pasto, torcendo...


É o ciclo da vida no Rio de Janeiro.


Cariocas curtindo um solzinho
Cariocas curtindo um solzinho

22 julho 2006

Não precisa ser nenhum gênio...

Tax cuts

Novela de altíssimo nível

(Post baseado no que tenho lido da tal novela na internet)

Dois amigos conversam animadamente sobre um filme de sacanagem:

- Aí, a mulher perguntou pro entregador de pizza, fazendo aquela carinha sapeca: "estou sem dinheiro em casa, como posso pagar pela pizza?" E os dois foram logo tirando a roupa e...

Neste momento mais um amigo se mete na conversa:

- Ah, vocês também viram "Páginas da vida" ontem?


PS: Estuda-se mudar o nome da novela para "Vaginas da vida"

17 julho 2006

Fred - o reacionário - Reed

Minha maior diversão ao ler um texto do Fred Reed, mesmo quando não concordo com ele, é imaginar a espuma saindo do canto da boca de um progressista, politicamente correto e socialmente responsável ao dar de cara com algo como isso:

"Boys need someone who can control them until, in a few years, the internal controls are in place. Women can’t do it. Therefore we have police in the schools, and we drug boys into somnolence with amphetamines. Parents, instead of even trying to control their kids, will litigate.

Boys cease to be students and become problems, so teachers don’t like them.

Further, in the schools today we have feminization, feminization, feminization. Instead of treating girls like girls, and boys like boys, all are expected to be girls. It doesn’t work. Boys by their very nature like to roughhouse. They like contact sports. You don’t have to force them to play football. They are competitive. Women don’t understand this, and what they don’t understand, they outlaw. Today estrogenated school after estrogenated school bans dodge ball as too dangerous, outlaws tag ('They get too rough,” meaning too rough for Mrs. Teacher), and insists on “groups games led by a caring adult.'

It is hideous for boys. Everything they are, it isn’t. 'Ohhhhh, let’s have a caring non-competitive game….' If he is really bright, with an IQ north of 150, he will decide that his teachers are idiots, which most of them are, and withdraw. There will be a price for this one day.

You want to end the 'boy crisis'? Easy. Give boys male teachers who understand boys and care about them. Women do neither. Let them compete. It’s how they are. Encourage them to burn off energy in the gym. Reward achievement, not pretty projects. Turn them into men, not transvestites.

Nahhh, never happen."

16 julho 2006

Acelera o passo!

Penso seriamente em votar no Lula nestas eleições. Além de:

* Começar a defender a política de cotas raciais;
* Exigir do MinC apoio à produção de programas infantis eróticos para a TV;
* Sugerir o banimento de qualquer jornalista ou intelectual com tendências minimamente liberais (para não dar chance ao azar, talvez até mesmo dos sociais-democratas);
* Sugerir a destruição e proibição de livros que não apóiem o socialismo e todas as suas variações;
* Sugerir a obrigatoriedade de filiação ao PT, PSOL ou PCdoB (preferencialmente ao PCO) para se tornar funcionário público;
* Propor maior destinação de verbas às ONGs e movimentos sociais, principalmente MST;
* Por falar em MST, tornar nacional a cartilha do MST ensinada nos assentamentos;
* Incentivar a formação de grupos semelhantes ao MST nas grandes cidades;
* Propor a criação de mais alíquotas de IR (35%, 57%, 79% e 93%) para incentivar a transferência de renda.

Estou farto dessa lenta e dolorosa descida rumo ao fundo do poço. Quero chegar lá logo para então, quem sabe, começarmos a pensar em como sair dele. Talvez, então, as perspertivas sejam apenas de melhora.

Hoje, do jeito que as coisas estão, a única perspectiva possível é que amanhã sentiremos saudade de hoje...

Patriotismo

A onda agora, principalmente entre os so-called formadores de opinião, é cobrar patriotismo dos jogadores brasileiros.

Curioso.

Vivemos num país onde tudo e todos conspiram para que as crianças se tornem losers. Se forem pobres, muito provavelmente seu futuro será um sub-sub-sub-sub-emprego ou a criminalidade.

Milagrosamente surgem alguns gatos pingados que, graças unicamente a seu esforço individual e ajuda da família ou amigos chegados, conseguem escapar dessa armadilha. E o que o Bananão exige deles? Uma carona no seu sucesso!

Aos quintos dos infernos todos! Um jogador como Ronaldinho Gaúcho não nos deve nada, absolutamente nada, porque ele não é o que por causa do Bananão, mas apesar de.


09 julho 2006

Último post futebolístico

Zidane é o caray!



Próxima parada: Euro 2008

Leo Jaime estava certo

Na ânsia de parecerem isentos, nossos atletas de Playstation são capazes de falar as coisas mais estúpidas. Acabo de ouvir de um deles que Zidane foi o último grande craque desde Maradona. Isso de um compatriota de Ronaldinho Gaúcho.

***

Lamentavelmente o futebol não permite que os dois time percam, pois este seria o melhor resultado para esta copinha assim-assim (a campeã moral - argh - pra mim é a Alemanha). Dentro do cenário, a vitória da Itália foi melhor para o futebol porque, caso contrário, este timinho xexelento da França teria seu futebol super-valorizado pelos adoradores do óbvio, ou seja, pela crônica esportiva.

Obra de arte

Show sem pedalada.


08 julho 2006

Mesa redonda

Muitos comentaristas de mesa redonda aparentam conhecer o futebol apenas através do Playstation.

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Interessante que nessa discussão toda sobre técnicos o nome do Zico nem surja como alternativa.

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O que é o Armando Nogueira?

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Mesas redondas são a exarcebação do óbvio. Originalidade é barrada na porta.

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Faculdade de comunicação não jubila seus alunos; os faz jornalistas esportivos.

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Se vamos chamar Zidane de gênio precisamos criar uma palavra nova para designar o Pelé.

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Semana que vem recomeça o Brasileirão e a mulambada estará de volta.

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Se fosse vivo, Nelson Rodrigues reformularia sua célebre frase: toda a unanimidade é burra, mas nada supera a mesa redonda.

Mandou bem

Conitnuando com minha série de post futebolísticos, encontrei esse artigo do Leo Jaime que tem alguns pontos interessantes:

"Não vou enumerar todos os erros da crônica nesta jornada pois eles são incontáveis. Denoto, porém, a incapacidade da autocrítica e de lidar com os meios-tons: ou os jogadores são gênios ou são medíocres. Observei também uma preocupação enorme em criticar os salários, os hotéis, os patrocinadores, o sucesso, enfim, dos nossos ídolos. Isso é o que posso chamar de uma marcação cerrada, homem a homem, no âmbito pessoal e profissional, punindo cada um da comissão por ser escolhido para representar as cores nacionais. Isso é o que eles chamam de 'pressão'. Isso que os cronistas exercem com prazer pois, fazendo-o, pensam ser idôneos e ter 'atitude'. Acham que a crítica impiedosa e a violação de qualquer limite é uma prova de caráter e de idoneidade moral. A copa se desenrola de um lado e um outro campeonato, para ver quem é o mais cruel, o mais durão, rola do outro."

07 julho 2006

A Copa de 2010 é nossa!

Quando li isso no site do meu xará, rezei com todas as minhas forças para que fosse um hoax.

Mas infelizmente não é...

"Brasília (4 de julho) - O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) apresentou hoje projeto de lei limitando a convocação de atletas, técnico e demais membros da comissão esportiva para representar o país em evento internacional oficial organizado pela Federação Internacional de Futebol ou outras entidades de caráter internacional.

De acordo com a proposta, somente poderão ser convocados para a seleção aqueles que tenham vínculo permanente e estejam em atuação em clubes nacionais nos doze meses anteriores à data de início da competição internacional. Jogador que tenha dupla nacionalidade terá sua participação vedada."

06 julho 2006

3 letras e 2 erros

Parreira tem razão

Seguindo minha série de posts futebolísticos, venho através deste dar apoio à posição de Parreira: o importante é mesmo ganhar. Se o time ganha, não importa como, seus jogadores são alçados à posição de gênios do futebol, não importando quão perebas eles sejam.

O melhor exemplo é este time safado da França. Zidane, muito bom jogador sem dúvida, foi alçado à condição de gênio desde a Copa de 98 porque... Foi campeão.

Rivaldo, alvo de severas - e algumas justas - críticas foi abençoado em 2002 porque... Foi campeão.

Dunga foi redimido como símbolo de garra porque... Foi campeão.

Os mesmos jogadores que hoje são hostilizados, até mesmo Cafu e Roberto Carlos, retornarão aos seus pedestais se eles jogarem a Copa América e se o Brasil... For campeão, de preferência em cima da Argentina.

Sejamos honestos, o importante mesmo é ganhar. O resto é bônus.

Aos perdedores, as batatas.

PS: jornalista esportivo que chama Zidane de gênio deveria passar o resto da vida vendo as jogadas do Pelé.

05 julho 2006

Olha aí

Tá vendo Cristaldo? Não é apenas esse "povinho" daqui que perde a linha com a paixão pelo futebol e acaba confundindo as coisas. Até mesmo os sofisticadíssimos e civilizados alemães têm sua cota de perdedores:

"Revoltados com a derrota para a Itália na semifinal da Copa do Mundo-06, torcedores alemães descontaram sua decepção com atos de vandalismo, principalmente em restaurantes italianos.

Em Quedlinburg, cerca de 25 torcedores invadiram um estabelecimento e jogaram mesas e cadeiras para o alto. No município vizinho, Stendal, foram 40 os vândalos que atacaram uma sorveteria. Em Magdenburgo, o alvo foram os canteiros nas janelas de outro restaurante --o proprietário ficou ferido levemente."

Eu não li nenhuma notícia sobre agressões a franceses por aqui...

País do futebol

Discordo totalmente da visão do Janer Cristaldo sobre a paixão do brasileiro sobre futebol, mas confesso que, muitas vezes, o comportamento das pessoas que orbitam o meio futebolístico irrita mesmo, elevando um mero esporte à condição de assunto de segurança nacional (após uma outra derrota da seleção, juro que ouvi um cronista dizendo que o cargo de técnico da seleção deveria ser ocupado via eleição direta!).

Agora a moda na "imprensa especializada" é criticar qualquer jogador brasileiro que participe de uma festa (qual será o período de luto exigido?) ou que, neste caso muito pior, venha a gastar seu dinheiro comprando carrões, mansões ou o que quer que seja.

O problema não é a paixão pelo futebol, mas a tendência de ocupar todo nosso vácuo craniano com esse esporte. Entretanto, Janer comete um erro clássico cometido por outros intelectuais: pensar que se não fosse o futebol, o brasileiro seria a intelectualidade personalizada, voltada para os problemasque afligem o país. Isso é bullshit.

O futebol, como qualquer outra coisa, só faz ocupar vácuos cranianos pré-existentes. Não conheço caso de alguém que tenha abandonado uma promissora carreira de poeta para se dedicar a acompanhar o Palmeiras em todos os jogos.

Não fosse essa gigantesca quantidade de vácuos cranianos, seríamos plenamente capazaes de torcer, vibrar, sofrer, comemorar e depois tocar nossas vidas normalmente, como muita gente faz, inclusive aqui mesmo no Brasil.

A irritação de Janer e de todos
seus leitores que torceram contra a seleção é tola porque coloca a paixão exacerbada pelo futebol como causa, quando ela é um efeito. Parecem não entender que, se o futebol miraculosamente desaparecesse da face da Terra, outra coisa apareceria para substituí-lo. E lá estariam eles a torcer contra essa coisa até que o país se encaixasse no molde que eles acreditam ser o melhor.

03 julho 2006

Atleta de Cristo

Ou será de Mefisto?

"Faltou um líder dentro de campo. Alguém para gritar, dar um bico para cima na hora que o Zidane dava lençolzinho. Tinha que dar um bico nele. Faltou uma chegada dura. Que negócio é esse de fazer frescura?"

Imaginem o que o
atual treinador do América não deve mandar seus jogadores fazerem!!!

Mas esse aí, desde os tempos de Flamengo, nunca me enganou.

É gênio

Para ter idéia do nível intelectual da imprensa esportiva, eles consideram o Parreira um intelectual. Isso tudo porque o futuro ex-técnico da seleção costuma usar palavras ignoradas pelos repórteres mas que não têm nenhum sentido ou até mesmo se contradizem. Por exemplo, numa entrevista ontem Parreira disse que seu futuro na seleção tinha sido acertado com o presidente da CBF de forma "tacitamente explícita".

02 julho 2006

Mais do mesmo

Não esperem que a imprensa "especializada" faça grandes críticas ao Parreira. Pelo menos não enquanto houver chances dele assumir algum alto posto na CBF. Jornalista esportivo não difere muito de nenhum outro: paparicam aqueles que podem lhes conceder um ou outro furo de reportagem ou entrevista exclusiva.

Por isso que o papel de grande vilão desta Copa deverá mesmo ficar com o Ronaldinho Gaúcho que não atuou como nos comercias da Pepsi ou da Nike.

Técnico da seleção

Eis o que faltou ao Ronaldinho Gaúcho

Samuel Eto'o

Síndrome do vira-latas

Gosta de zoar os hermanos? Beleza, faz parte. Mas fazer beicinho quando é zoado de volta, aí não!

Argentinos perdem a linha a linha na comemoração

O chato é precisar ler em um jornal argentino uma coisa óbvia dessas sobre o Parreira:

"Um tipo que é capaz de jogar contra o Platense com sete atrás."

E agora o choro

Acho que um dos mais injustiçados nestes comentários pós-eliminação é o técnico Carlos Alberto Parreira.

Injustiçado porque estão exigindo dele algo que ele não tem para dar.

Sério. Aqueles que acompanham o futebol me digam: qual foi o último bom time (time e não conjunto de bons jogadores) que você viu ser treinado pelo Parreira? Pode pensar aí e me manda um e-mail se você lembrar.

Seleção de 94? Ganhou nos pênalis, após chegar à final graças a uma das melhores atuações individuais que eu já vi de um jogador em Copa do Mundo: Bebeto.

Fluminense de 84? Era um bom grupo de jogadores que ganhava "de goleada" de 1 x 0 e dependia incrivelmente do talento do Romerito.

O mesmo Fluminense, quando despencou para a 3a. divisão, jogava recuado para garantir resultados até mesmo contra o time do corpo de bombeiros de Catanduva do Leste.

01 julho 2006

Reading minds

Sempre que vejo a expressão constrangida de satisfação de uma celebridade yankee numa dessas entregas de prêmios, durante a apresentação de um grupo de rap ou hip-hop, tenho a clara sensação de que, na verdade, ela está pensando:

"Que lixo! As coisas que eu tenho que aguentar para sobreviver nesse meio..."

The broken window

Para não dizerem que eu sou tendencioso (mas é claro que eu sou! Afinal, este blog é meu e eu falo o que eu quiser nele!) vou fazer um pequeno comentário sobre um texto de um "companheiro de viagem". Paulo Leite, descrevendo os avanços da - impressionante - economia americana, disse que:

"O impacto do devastador furacão Katrina também foi menor do que se podia prever. A reconstrução dos Estados atingidos pela tempestade está dando emprego para muita gente, especialmente no setor da construção civil."

Deixo a explicação do porquê disso não ser uma coisa boa para
Frederic Bastiat.

O tolerante

Entendo que uma das mais difíceis tarefas do ser humano nesse planetinha é tentar conviver com o diferente. Acho que todos temos aquele genezinho ditador com tendência a esmagar aqueles que são diferentes de nós. Não nascemos programados para conviver com as diferenças. A tolerância (o nome já diz tudo) é algo que se alcança através de uma batalha diária do homem com ele mesmo. Não é algo auto-declarado tipo "sou tolerante, e ponto final".

Curiosamente, aqueles se intitulam tolerantes raramente se furtam de apontar para os seus diferentes e gritarem "olha lá que ridículo!".

Vemos isso principalmente nos colunistas que se dedicam a falar sobre cultura e comportamento. Para eles não basta gostarem de algo, é necessário tornar ridículas as alternativas opostas.

Vejam o texto deste colunista. (o link é móvel)

O assunto do dia é o consumismo. O autor não entende o conceito de oferta excessiva de produtos e vê nisso uma "lógica do que não se pode ter". Ora bolas, por que um lojista iria expor produtos para quem nunca poderá comprá-los? A visão correta seria, ao meu ver, a de que o lojista expõe produtos para compradores potenciais, imediatos ou não. Sim, muitos dos que passam pelas vitrines não poderão comprar os produtos ofertados imediatamente, outros tantos jamais poderão comprá-los e alguns felizardos comprarão no ato.


Assim é a vida.

Mas tudo bem, faz parte do conceito de liberdade e - lá vem ela novamente - tolerância aceitar que alguém não goste do modelo de hiper-mega-ultra-shopping-centers. Eu também não não gosto muito, mas isso é questão de gosto e ponto final.

E quando a coisa se volta contra o tolerante? Freqüentemente o autor volta suas baterias contra os religiosos porque estes desaprovam o homossexualismo, o consumo de drogas, orgias sexuais, etc. Recebem sem perdão os mais pejorativos rótulos por não concordarem com o estilo de vida que o autor aceita ou pratica, sei lá. Em termos de princípios, qual a diferença entre os religiosos que ele ataca e o texto que ele escreveu na coluna de hoje? Nenhum, ao meu ver. Ambos criticam um estilo de vida com o qual não concordam, apontando aspectos que os desagradam.

Outro dia fiz uma brincadeira de palavras aqui perguntando se aquele que não tolera intolerância não seria um intolerante também. Mas a pergunta é muito pertinente para esses dias de correção política nos quais vivemos. Tolerar aquilo que nos agrada é molinho.

E para encerrar o texto, o autor faz uma analogia totalmente descabida (incompreensível, na verdade):

"Entendo o ato da compra e o prazer da posse. Mas o princípio de passear para observar o que não se terá me parece muito confuso. Quando a gente passa a funcionar não pela lógica do que se pode ter, mas pela do que não se pode ter, o consumismo fica muito parecido com uma versão torta do comunismo."